sábado, 9 de outubro de 2021

RELIGIÃO

Pe. Zezinho critica uso mal explicado da espada de São Miguel na liturgia

Public Domain

Pessoas sem catequese empunham espadas diante da imagem de São Miguel sem entenderem corretamente o simbolismo, comenta o padre

O pe. Zezinho criticou o uso mal explicado da espada de São Miguel na liturgia. Ele escreveu em sua rede social:


“Se a Igreja tem uma festa litúrgica para Três Arcanjos, um dos quais é São Miguel, é porque ela mantém a devoção a ele. Mas tentemos esclarecê-la. Se ninguém explicou a você, eu explico. A narrativa sobre Miguel, “Mi ka el”, era para ser explicada. “NINGUÉM OUSE SER COMO DEUS”. O nome significava “DEUS está acima de tudo”.


Como não foi explicada, virou mais do que uma história ilustrativa. Virou um arcanjo guerreiro, o que ele não é.


Miguel veio antes da criação dos humanos. Através dos tempos, por falta de interpretação e estudo dos símbolos, virou coisa real. Então vestiram São Miguel de Arcanjo como comandante das milícias celestes, que expulsou o anjo Lúcifer do céu, jogando-o nas profundezas do inferno. Uma pintura do longínquo passado voltou a ser devoção atual com roupas e uniformes de 2 a 3 mil anos atrás. Não explicado, isto vira devoção perigosa”.

 

Uso mal explicado da espada de São Miguel

O padre prossegue:


“Por isso há pessoas sem catequese empunhando espadas de “ouro” ou luminosas diante da imagem de São Miguel e garantindo que São Miguel liberta o sujeito de satanás, do demônio Lúcifer; e, no culto, sem explicação adequada, vários fiéis empunham a espada dele para combater o pecado. Jesus prometeu muito mais do que isto. Devidamente explicado, é um bom símbolo, nada comparado à cruz de Jesus ou ao sacrário que tem muito mais catequese do que uma espada de ouro.


Quem hoje divulga a devoção a São Miguel deveria explicar melhor o que diz. Na verdade, o personagem é bíblico e é citado pouquíssimas vezes na Bíblia. 4 vezes. O tal anjo teria existido no tempo em que só havia anjos e ainda não havia seres humanos. Seria anterior à criação da Terra ou dos outros seres. A narrativa era destinada a levar os crentes hebreus a adorar a Deus, Javé, e a saber que ninguém enfrenta ou desobedece a Deus.


A mesma narrativa é usada para a punição dos humanos Adão e Eva, que desobedeceram às ordens de Deus. Não se tratava de maçã. A árvore do bem e do mal no centro do paraíso era uma alegoria para lembrar que o ser humano nunca atingirá o conhecimento total da vida, por mais que tente. Deus é mais. Aceitemos o limite da fé e da ciência! Há coisas que nunca saberemos! Nunca!”

 

Símbolos precisam ser explicados

O sacerdote continua:


“As palavras Miguel, Rafael, Lúcifer, Adão e Eva vêm do hebraico, traduzidas em grego ou em latim, e, ao serem traduzidas, deveriam ser devidamente explicadas.


O uso da espada num culto deve ser explicado, até porque Jesus mandou seu apóstolo guardar a espada na bainha. Ele poderia, se quisesse, defender-se de outro jeito. Foi o que ele disse! Não pela espada nem pela violência! E espada era símbolo de defesa, mas também de ataque. Ele resolveu o gesto com uma cura. Curou a orelha de Malco decepada por Pedro.


Um cristão deve ir mais longe nos seus cultos. Poderia mostrar orelhas curadas ao invés de espadas douradas no altar. Se querem usar o simbolismo, então expliquem isto cada vez que usarem a espada dourada e luminosa de São Miguel. Símbolos precisam ser explicados. Sem isto, viram devoções altamente questionáveis e até erradas”.


https://pt.aleteia.org/2021/08/24/pe-zezinho-critica-uso-mal-explicado-da-espada-de-sao-miguel-na-liturgia/

Nenhum comentário:

Postar um comentário