Pe. Zezinho critica uso mal explicado da espada de São Miguel na liturgia
Pessoas sem catequese empunham espadas diante da imagem de São Miguel
sem entenderem corretamente o simbolismo, comenta o padre
O pe. Zezinho criticou o uso mal
explicado da espada de São Miguel na liturgia. Ele escreveu em sua rede social:
“Se a Igreja tem uma festa litúrgica
para Três Arcanjos, um dos quais é São Miguel, é porque ela mantém a devoção a
ele. Mas tentemos esclarecê-la. Se ninguém explicou a você, eu explico. A
narrativa sobre Miguel, “Mi ka el”, era para ser explicada. “NINGUÉM OUSE SER
COMO DEUS”. O nome significava “DEUS está acima de tudo”.
Como não foi explicada, virou mais do
que uma história ilustrativa. Virou um arcanjo guerreiro, o que ele não é.
Miguel veio antes da criação dos
humanos. Através dos tempos, por falta de interpretação e estudo dos símbolos,
virou coisa real. Então vestiram São Miguel de Arcanjo como comandante das
milícias celestes, que expulsou o anjo Lúcifer do céu, jogando-o nas
profundezas do inferno. Uma pintura do longínquo passado voltou a ser devoção
atual com roupas e uniformes de 2 a 3 mil anos atrás. Não explicado, isto vira
devoção perigosa”.
Uso
mal explicado da espada de São Miguel
O padre prossegue:
“Por isso há pessoas sem catequese
empunhando espadas de “ouro” ou luminosas diante da imagem de São Miguel e
garantindo que São Miguel liberta o sujeito de satanás, do demônio Lúcifer; e,
no culto, sem explicação adequada, vários fiéis empunham a espada dele para
combater o pecado. Jesus prometeu muito mais do que isto. Devidamente
explicado, é um bom símbolo, nada comparado à cruz de Jesus ou ao sacrário que
tem muito mais catequese do que uma espada de ouro.
Quem hoje divulga a devoção a São Miguel
deveria explicar melhor o que diz. Na verdade, o personagem é bíblico e é
citado pouquíssimas vezes na Bíblia. 4 vezes. O tal anjo teria existido no
tempo em que só havia anjos e ainda não havia seres humanos. Seria anterior à
criação da Terra ou dos outros seres. A narrativa era destinada a levar os
crentes hebreus a adorar a Deus, Javé, e a saber que ninguém enfrenta ou
desobedece a Deus.
A mesma narrativa é usada para a punição
dos humanos Adão e Eva, que desobedeceram às ordens de Deus. Não se tratava de
maçã. A árvore do bem e do mal no centro do paraíso era uma alegoria para
lembrar que o ser humano nunca atingirá o conhecimento total da vida, por mais
que tente. Deus é mais. Aceitemos o limite da fé e da ciência! Há coisas que
nunca saberemos! Nunca!”
Símbolos precisam ser explicados
O sacerdote continua:
“As palavras Miguel, Rafael, Lúcifer,
Adão e Eva vêm do hebraico, traduzidas em grego ou em latim, e, ao serem
traduzidas, deveriam ser devidamente explicadas.
O uso da espada num culto deve ser
explicado, até porque Jesus mandou seu apóstolo guardar a espada na bainha. Ele
poderia, se quisesse, defender-se de outro jeito. Foi o que ele disse! Não pela
espada nem pela violência! E espada era símbolo de defesa, mas também de
ataque. Ele resolveu o gesto com uma cura. Curou a orelha de Malco decepada por
Pedro.
Um cristão deve ir mais longe nos seus cultos. Poderia mostrar orelhas curadas ao invés de espadas douradas no altar. Se querem usar o simbolismo, então expliquem isto cada vez que usarem a espada dourada e luminosa de São Miguel. Símbolos precisam ser explicados. Sem isto, viram devoções altamente questionáveis e até erradas”.
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