Domingos: a humanidade de um pregador
“Deus, que manifestou a ternura (benignitatem) e a
humanidade de nosso Salvador em seu amigo Domingos, vos transfigure à imagem de
Seu Filho”. Encontramos esta formulação na bênção solene para o dia de São
Domingos, no lecionário próprio de nossa Ordem. Domingos traz em si a ternura
do próprio Senhor. Para o antigo Mestre da Ordem frei Bruno Cadoré, como lemos
em sua carta “A Santidade de Domingos, luz para a Ordem dos Pregadores” (2018),
nesta ternura encontra-se o coração da santidade de Domingos.
Neste quadro, não é à toa que o escritor francês Georges Bernanos,
autor de uma vida de São Domingos, define a Ordem dos Pregadores “como a
própria caridade de São Domingos realizada no espaço e no tempo, como se fosse
sua oração visível” (Saint Dominique, 1939, p. 10); caridade de um homem de
“terna urbanidade, que seus filhos tanto amaram” (p. 18).
Em um mundo e numa Igreja onde as divisões se aprofundam, não
faltam palavras cheias de ódio e de dureza. Quantas não são as pessoas que se
sentem longamente feridas por ações e discursos duros, frutos de impulsos e
preconceitos.
Logicamente, o mistério do mal, do pecado e da fragilidade humana
sempre se fazem presentes em nossas vidas (e querer explicar cabalmente estas
realidades pode nos levar à tentação de justifica-las, lembrava Paul Ricœur).
Justamente por isso, na escola de Domingos aprendemos a “lutar” não com as
armas do mal, que machucam e dividem, mas confiando na força da caridade.
Como lemos nas atas do processo de canonização de São Domingos,
nosso Pai “era tão cheio de zelo pela salvação das almas que sua caridade e sua
compaixão estendiam-se não somente aos fieis, mas também aos infiéis, aos
pagãos e mesmo aos condenados ao inferno” (testemunho de frei Ventura de
Verona, 11). Boa festa de São Domingos. Bom mês vocacional.
fr. André Luis Tavares, OP
prior provincial
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