DESASTRE DA SELEÇÃO BRASILEIRA ENSINA: A
FALÁCIA 🙏 DE
QUE 'A MELHOR DEFESA É O ATAQUE' 🫣.
DEU NO QUE DEU : DEU PIRIPAQUE.⚰️🤷🏾♂️
"
Lindolivo Soares Moura(*)]
"A marcha da sabedoria
é saber ler o
momento presente e marchar
de acordo com a ocasião"
( Homero).
Parte I
Chaves, chavinhas e chavões lapidares
costumam ser música para os ouvidos.
"Caem como uma luva", dirão os
pedreiros mais espertos, precavidos e experimentados. Agora mesmo, nesse exato
momento, você pode estar sendo seduzido, atraído e cooptado por um ou outro
chavão - eu disse chavão, não palavrão! - cuidadosamente elaborado. Mas assim
como para com tudo na vida, com chavões na poderia ser diferente: é preciso ter
cuidado. Chavões são pensamentos de alta
performance e grande profundidade, "lapidares" e exemplares, que
portam consigo lições e mensagens impactantes, por vezes quase arquetípicas e
paradigmáticas, mensagens e lições estas que costumam ficar guardadas na
memória, na mente, sobretudo na mente "inconsciente". Carl Jung sabia
disso mais que ninguém - inclusive mais que Freud. Por isso falou de um
"inconsciente coletivo", transpessoal e plasmador dos protótipos e
arquétipos estruturantes da memória "coletiva" desse labirinto,
verdadeira esfinge, que é a mente humana.
Freud não gostou nada da ideia!
Considerou aquilo uma mera ilusão, brincadeira de mau gosto, para não dizer
pura verborreia de quem para ele não tinha o que fazer e menos ainda o que
dizer. De tanta decepção e indignação, quase arrancou, sem dó e nem piedade, as
orelhas do "discípulo amado": "que foi que você me aprontou, meu
caro Carl!? Só me faltava essa!". Mas Jung não se deu por vencido e menos
ainda se fez de rogado. Arrumou as malas e foi abrir caminho próprio, deixar
suas próprias pegadas, não sem antes agradecer ao mestre por tudo que com ele
havia aprendido, os dias, meses e anos que juntos haviam passado. Discípulos
brilhantes, fadados a se tornarem também eles grandes mestres, não são
orgulhosos e arrogantes; pelo contrário, são pessoas humildes, respeitosas,
reconhecidas e generosas, que sabem aprender com a vida e serem gratas e
agradecidas. Isso não os impede - pelo contrário os impele - a trilhar seu
próprio caminho quando a hora é chegada. Foi o que fez Aristóteles: "sou
muito amigo de Platão - ele disse ao seu mestre- mas amigo ainda maior da
verdade". Arrumou as malas, abraçou e agradeceu por tudo, e partiu. Viver
talvez não seja senão isso: aprender com os que nos amam nossos primeiros
passos, para depois então partir tomando rumo próprio, entre choros e abraços.
Não foi o que disse o poeta? - "mãe, eu volto a te ver na antiga sala,
onde um noite te deixei sem fala, dizendo adeus como quem vai partir. E me
viste sair pela neblina, porque a sina das mães é esta sina: amar, criar, e
depois perder!". Por isso Khalil Gibran, outro incansável peregrino e
caminhante, deixou um recado precioso para os pais: "vossos filhos não são
'vossos' filhos - ele disse - são filhos e filhas da saudade da vida por si
mesma. Eles vêm 'através' de vós, mas não 'de' vós, e embora vindos através de
vós não vos pertencem!". Sabia das coisas, esse Khalil!
Grandes Mestres sabem como poucos a
importância da liberdade quando chega a hora de partir e ir embora. Jamais
"aprisionam" seus discípulos nas malhas de seus discursos e
ensinamentos, como pretendia Odisseus que seu colega Neptolemus fizesse,
aprisionando com suas palavras a alma de
seu poderoso inimigo Philoctetes. Sabem, por experiência própria, que
todo ser humano nasce com coração de águia, voltado para as alturas, e não se
contenta em permanecer no chão a ciscar feito galinha, cujas asas são mais para
abrigar que para voar. Talvez tenha sido pensando em algo assim que C. Dossi
escreveu: "dêem aos outros muita
liberdade se vocês quiserem ter a sua parte". Sem ela, a liberdade, e sem
incentivo e autonomia - e como isso às vezes é difícil! - permanecemos por muito tempo, mais que o
devido e necessário sob as asas de nossos cuidadores, sobretudo se forem nossos
pais. "Cada pessoa deve brilhar com luz própria entre todas as outras -
nos ensina Eduardo Galeano - pois não existem duas fogueiras iguais". O
importante quando chega a hora de partir, como sucedeu com o "filho
pródigo" de uma certa história, é "não permitir que nossa cabeça
sobrepuje a sabedoria do nosso coração", como nos lembra Lao-tsé. Bem
lembrado, por sinal.
Partir para novas terras e mundos
estranhos pode ser perigoso? Claro que sim, como não!? Mas, como nos ensina
Erica Jong, "o problema é que se a gente não arrisca o risco pode ser
ainda maior". E é preciso afastar o medo nessas horas, pois o receio e o
temor, quando nascidos da indecisão, e pior ainda, da fraqueza e do medo -
covardia então...! - não são bons companheiros de viagem, não são não. Pelo
contrário, "o medo é um microscópio que sempre aumenta o perigo", nas
palavras de Commerson, e "se o caminho não tem acidentes, porque jogar
pedras à nossa frente?", deixou escrito certo autor desconhecido. Afinal,
"só existe um sucesso - segundo Cristopher Morley - ser capaz de viver à
nossa própria maneira". Por isso o ensinamento de Eleanor Roosevelt se
torna um estímulo precioso: "o futuro - ela diz - pertence àqueles que
acreditam na beleza de seus sonhos". Ou quem sabe Jung teria simplesmente
sido "telepaticamente" orientado - seria o tal "inconsciente
coletivo" entrando em ação? - pelas palavras de Muriel Strode: "não
se contente em trilhar um caminho estabelecido. Ao contrário, vá para onde não
existe caminho algum e deixe seu próprio rastro". Jamais saberemos ao
certo quem ou o que exatamente o moveu a tomar a decisão final. O fato é que
ele "arrumou as trouxas", abraçou seu mestre, agradeceu por tudo, e
saiu. Se voltaram a se encontrar novamente, não sabemos. Freud era sem dúvida
muito inteligente, mente brilhante, mas o que tinha de inteligência tinha
também de teimoso e cabeçudo; como certas pessoas, que a gente encontra pela
frente! Faz parte do jogo.
Falando em jogo está na hora de
retomarmos o assunto central de nossa reflexão: o tremendo fiasco da nossa
Seleção. O chavão escolhido para falar da "hecatombe" que representou
o desastre, e das lições que tamanho fracasso coloca à nossa disposição, é
certamente bem conhecido de todos, pois costuma andar à solta em palestras,
conferências, assim como nas falas e preleções de técnicos e tecnólogos dos
mais variados desportos. Refiro-me à conhecida e categórica afirmação de que
"a melhor defesa é o ataque", que aplicado ao presente caso culminou
em verdadeiro "piripaque", coletivo diga-se de passagem.
"Piripaque", como assim o denominei, mas não um piripaque qualquer,
semelhante a uma enxaqueca passageira e que demanda pouca preocupação, e sim um
piripaque gigante, medonho e sem proporções. No caso específico da partida que
resultou no fiasco final, só perdoável se se for Cristão - "perdoar
setenta vezes sete vezes, elevado ao quadrado e depois remultiplicado à enésima
potência" - arrisco-me, sem ser perito no assunto, a afirmar exatamente o
contrário: "o melhor ataque teria sido a defesa". É claro que aí do
outro lado você deve estar objetando: "agora é tarde; não adianta chorar o
leite derramado!". No que você não deixa de ter razão; mas apenas em
parte, eu diria, porque se chorar o leite derramado de fato não adianta mais,
adianta e muito - aliás é o mais importante - analisar e refletir com calma
sobre a razão ou as razões que levaram mais de duzentos milhões de brasileiros
a ficar sem leite de uma hora para outra, em questão de quatro ou cinco minutos
. Já não é mais pouca coisa, não é verdade? Quando um Ministro de um Tribunal
Supremo, por exemplo - ou melhor, na "falta dele" - responde a um cidadão que paga parte do seu
salário, e para quem "o leite mal acabara de ser todo ele derramado",
com uma chacota do tipo "perdeu, mané", ele está em última instância
ironizando - para não dizer
"ofendendo" - "ipso facto", mais de cinquenta e dois
milhões de cidadãos - e não "manés" - que pagam outro montante
considerável do seu salário, e que também viram seu leite, manteiga e
margarina, serem "despudoradamente" derramados. E aqui entre nós,
salários de Ministros do tal Supremo ficam a quilômetros-luz do salário do
"mané". De qualquer forma, trouxe o caso à tona apenas para lembrar
que podemos por vezes considerar pequeno o montante do leite derramado, até mesmo insignificante, quando na verdade
ele daria para alimentar um grande contingente de pessoas; no caso da
bancarrota da nossa Seleção, daria para alimentar uma nação.
Vou permanecer apenas em um parágrafo
para ficar no fato "em si", e depois nas possíveis lições que ele
possa nos trazer, que em última instância é o que realmente nos interessa, como
já mencionado. Então vamos lá. A modalidade da partida, lembram-se? -
"mata mata"; ou seja, perdido por
um perdido por mil, não faria a mínima diferença! A Contrapartida do
raciocínio é igualmente simples: ganhando por um ou ganhando por mil não faria
da mesma forma a mínima diferença, absolutamente nenhuma. Aí vem a pergunta que
o líder máximo chamado de "Técnico", o líder em campo chamado de
"Capitão", os mais "experientes" para não dizer "mais
velhos", o goleiro, que mais que ninguém sabe o que é ficar desprotegido e
que para exigir proteção só precisa dar um "berro", precisam
responder URGENTEMENTE, sob pena de a gente acabar perdendo a compostura;
sim, porque a paciência, assim como a
vaca, também já foi para o brejo: POR QUAL RAZÃO ESTAVAM OS DEZ JOGADORES DO
TIME - só faltou o goleiro - PRATICAMENTE ENCIMA DA LINHA DO MEIO CAMPO,
DEIXANDO TOTALMENTE DESGUARNECIDA A DEFESA E LITERALMENTE "TROMBANDO"
UNS COM OS OUTROS NA LINHA DE FRENTE, TAMBÉM CHAMADA DE LINHA DE ATAQUE? Vou
aguardar o tempo que for necessário para que alguém me dê uma resposta;
convincente, naturalmente. Pode ser por telefone, "e-mail", ZAP, telégrafo,
assovio ou interfone, do jeito que achar melhor! Escolham! Ah, deixei ainda de
considerar o fato de que faltavam apenas e tão somente quatro ou cinco minutos
para terminar a segunda parte "da prorrogação" - não era do tempo
normal de jogo não! Da "pror-ro-ga-ção"! Nesse caso, me desculpem,
mas já é coisa de "kamikase", coletiva diga-se de passagem. Ocorre
que até onde eu sei coisa de kamikases está mais para situações drásticas,
dramáticas e sem saídas, quando bate o desespero, e a morte está prestes e já
entrando no raio de ação. Teria sido esse o caso? Se alguém respondeu que sim,
eu pergunto: se a situação da nossa seleção era de tamanho desespero naquele
momento - aos cento e dezesseis minutos do segundo tempo da prorrogação, e
vencendo o jogo - a de nossos
"adversários" era de quê!? Tem nome!? Na minha modestíssima
capacidade de percepção - não sou técnico nem de "jogo de botão" -
quem àquela altura deveria estar morrendo de medo, desesperado, "cagando
nas calças" - ou melhor, nos calções - se me permitem a expressão, era
eles m.... caramba! Gostaria confesso de usar outra palavra, mas não vou me
atrever a fazer isso não. Sei lá; vai que alguém mais religioso e praticante
acabe ficando indignado, escandalizado, e lá vou eu para o purgatório mais
próximo; e mais cedo, claro. Isso para não mencionar outro lugar muito mais
desconfortável, apertado e muito menos arejado, no qual só de pensar no nome já
me dá arrepios e calafrios.
Pelo amor de Deus, gente, quedê o Tite -
foi no banheiro!? - quedê o Capitão desse time, quedê o goleiro, quedê os
jogadores mais experientes!? A garotada, paciência - "vamos em frente, que
atrás vem gente!". Se alguém gritou, certeza que não foi ouvido, e se foi
ouvido, é certo que foi ignorado; e se todo mundo nesse time tá surdo, ou o que
seria ainda pior, escuta mas não obedece ninguém, aí a vaca tinha mesmo é que
ir pro brejo; não sozinha, claro, mas levando junto bois e boiada! E segue o casório que atrás vem gente!
Desculpem, eu quis dizer o velório. Mas o que foi que deu nesse povo, gente,
nessa bendita seleção!? Quem foi que disse que em toda e qualquer situação a
melhor defesa é o ataque!"? Foi o Tite, a Judite, o Tiuru, a Berenice!?
Pelo amor de Deus alguém me diga! Caso contrário eu vou acabar concluindo que
foi burrice; e aí o leite todo entorna de vez!
Na antiga tradição dos samurais ao
receber a ordem para cometer o suicídio ritual chamado "sepuku" o
guerreiro deveria antes do gesto final escrever um "haicai", isto é, um poema mínimo e brevíssimo, de
pouquíssimas palavras, pois a morte exige brevidade de tempo. Visto que nossos
grandes guerreiros na trágica disputa em que cometeram seu "sepuku"
coletivo, sequer tiveram tempo para o cumprimento desse detalhe do ritual, em
nome de todos e de cada um deles, incluindo toda a Comissão Técnica, o Tite e a
CBF, escreverei o "haicai" que imagino seria, se não do gosto de
todos, ao menos da maioria. Ei-lo:
"VIEMOS, VIMOS E PERDEMOS! ATÉ AS
CALÇAS! DEUS DO CÉU, QUANTA DESGRAÇA!!!".
Feita a análise "fisiológica"
do fato, deixemos de lado por um tempo essa primeira modalidade de
interpretação e passemos agora à segunda, menos simbólica e folclórica, em
busca das lições para a vida - vida que segue! - que o fato nos proporciona.
Para facilitar o acesso, a leitura e a reflexão, enumerá-las pode servir de
facilitação. Sigamos em frente, então.
1°Lição: a importância fundamental da
liderança.
Qualquer tipo de instituição onde a
liderança está ausente, é fraca, ou é forte mas sabe-se lá Deus por qual motivo
é simplesmente ignorada, sinaliza tragédia e fracasso. A isso se chama "anarquia", do
grego "an"= sem, ou ausente, e "arché"=
"princípio" original e originante. Na falta de tal princípio
organizador - aí teríamos a "anarché" = anarquia" - o que temos
é um todo ou um grupo sem rumo e sem direção, "acéfalo", literalmente
sem cabeça e sem cérebro, consequentemente incapaz de pensar e raciocinar. Isso
vale não só para a Seleção, vale para qualquer grupo, sociedade, comunidade ou
instituição. "Perder a cabeça" é expressão bem conhecida entre nós,
assim como sabemos bem quais costumam ser as consequências quando isso
acontece. Liderança pressupõe autoridade, claro, mas também hierarquia,
respeito e obediência. Trabalhar com um conceito de democracia que não este,
seja na família, na escola, na empresa ou em qualquer situação, é certeza de
caos e tragédia, como foi o caso da Seleção. Pode-se levar anos para formar um
boa equipe, um "time" realmente competitivo em qualquer área da vida
humana; ausente ou ignorada a hierarquia e a liderança, bastam minutos - às
vezes segundos - para o edifício inteiro vir abaixo. Até que se aprenda bem
essa lição, muito leite certamente é derramado, acompanhado sem dúvida de muito
choro, consolo e choramingança, como foi o caso da Seleção. É claro que o excesso
de mando e controle também pode descambar para a burocracia, forma de liderança
ou governo que, se acrescentarmos um pequeno "r' ao "buro", já
sabemos que tipo de governança teremos. Hierarquia sim, bur(r)ocracia não! Mas
para ser seguida e obedecida. Caso contrário é tragédia na certa!
2°Lição: a difícil tarefa de aliar
experiência e juventude: seria perfeito se os mais jovens possuíssem a
experiência dos mais velhos, e
estes a energia e a força dos mais jovens. "Seria"! Com certeza! Mas
na vida raramente é assim que as coisas acontecem. Portanto para ser
competitivo aliar força e experiência torna-se imperativo em situações e
desafios que a vida nos coloca, mas se a experiência falha, a força fica sem
rumo e sem direção. Uma jamanta desgovernada é certeza de desastre e quase
sempre perda de muitas vidas e outras consequências. Para que isso não aconteça
é preciso sinergia e sincronismo, e isso só é possível com um equilíbrio de
ciência e arte. Se a balança pende em excesso, para qualquer um dos lados,
"já era!", tem tudo para dar errado. Excesso de experiência também
pode não ser bom? Pode! Não se está dizendo que é, "apriori". Mas em
se tratando de experiência até o excesso precisa ser controlado. Caso contrário
pode levar ao exagero de confiança e à superestimação da própria capacidade de
percepção, de julgamento e de tomada de decisão. Foi esse o caso com nossa
seleção? Jamais saberemos! Mas na dúvida não ultrapasse: melhor manter em dia a
lição.
3°Lição: todo cuidado é pouco quando se vai ao pote: esse é sem
dúvida um ensinamento bem antigo. Quanto maior a sede, maior deve ser o cuidado
quando se vai à fonte. A razão é simples, mas as consequências podem ser
trágicas. Você está num deserto, sol a pique, e seu estoque de água é o mínimo
do mínimo. Se você não tiver calma nessa hora, e a ânsia pela água falar mais
alto que que a serenidade e o equilíbrio...Pronto! Atabalhoadamente você acaba
deixando a garrafa aberta cair, e lá
se vão suas últimas gotas de água, o que pode acabar comprometendo sua sobrevivência.
Na Seleção não foi, e na vida não é diferente: nunca vá com excesso de pressa
ao pote. Sobretudo quando a situação por si só já é delicada e por vezes
periclitante. "A pressa - ao menos na maioria das vezes - é inimiga da
solução". Sei que você esperava "perfeição", como reza o dito
popular, e não "solução". Esquece! O perfeccionismo é ainda mais
desastroso que a pressa. E o que é triste: raramente admite exceção. É claro
que você já percebeu que a água do pote, da qual aqui se fala, é um conceito-elemento
arquetípico. Assim como o pão é para a fome, as chaves para a segurança e Deus
para as diversas religiões, a água o é para a sede e para a própria
subsistência. Ir ao pote, portanto, é ir de encontro a qualquer meta ou
objetivo a que nos propomos perseguir buscando alcançá-lo, para então, a partir
dele, continuarmos seguindo em frente. No caso da Seleção o objetivo era vencer
a partida para que pudesse continuar perseguindo um objetivo ainda maior: ser
campeão. Foi com muita sede ao pote, isto é, ao ataque, deu no que deu! Deu
piripaque. Na vida e pela vida afora é preciso ter calma e equilíbrio diante
das metas e objetivos a serem alcançados. Sobretudo aqueles todos como mais
importantes e por vezes cruciais. Antes mais tarde em casa do que cedo no
cemitério, não é verdade? Antes ir com calma e procurar conter a ansiedade, do
que ter que se arrepender mais tarde, como foi o caso.
4°Lição: pior que o "já
perdeu" é o "já ganhou":
o primeiro redobra o esforço, o segundo a desatenção. "Camisa não ganha
jogo", diz o refrão, que de tão conhecido a gente por vezes até esquece.
Coisas do "inconsciente", diria Jung! E como Jung tinha razão! Todo
mundo dizendo: "cuidado com as amarelinhas!"; "Brasil favorito
para ser campeão! "Essa seleção joga bonito!", e por aí seguia o
andar da autoestima, da autoimagem e da autopercepção. Para piorar as coisas os
adversários, que de bobo não tinham nada, inflavam ainda mais o ego da
"meninada": "Brasil é favorito!"; "primeira fase já
está garantida!"; "como joga, essa Seleção!". Deu no que deu!
Deu em nada! Ego é como balão de aniversário: só se deve explodir ou pocar
depois da festa terminada. Pocaram antes, muito antes! A festa foi adiada. É
triste mas é verdade; a mais pura e dura realidade. Daqui quatro anos tem mais;
nada de pocar os balões do ego de tanto inflá-lo antes da hora! Vale para a
vida toda? Claro que sim, como não!? A não ser que não se esteja disposto a
aprender a lição. "Sobriedade", talvez seja essa a virtude necessária
em situações do tipo; sobriedade, discrição e moderação. "Quem fala muito
- tanto de si como dos demais - acaba dando bom dia a cavalo". Correto, o
ditado! Para ser "vivido", certamente, e não apenas aprendido ou
ensinado.
5°Lição: "meus meninos" e seus
poderosos jatinhos!
Gente, vamos acabar com a palhaçada: tragédia anunciada, tragédia acontecida,
duas atitudes entre outras chamaram a atenção. Primeiro a saída do técnico em
direção ao vestiário visivelmente decepcionado, frustrado ou enraivecido, uma
das três coisas ou as três juntas, atitude que acabou sendo bastante
contestada. Enquanto isso o Capitão da Seleção dava entrevista, e dentre outras
coisas uma dela chamou a atenção: "...de qualquer forma - disse ele -
estou muito satisfeito com 'os (meus?) meninos....', e a entrevista prosseguiu
com a papagaiada. Agora paremos pra pensar um instante: você investe milhões em
mais de 25 atletas por durante mais ou menos quatro anos, sem contar
"staffings" e Comissão Técnica; atletas que recebem praticamente
todos eles milhões de euros Europa afora, além de investir outros tantos
milhões para acompanhar a estrutura de
uma Copa por praticamente um mês. Atletas que depois, num gesto da mais
irrestrita irresponsabilidade jogam em quatro minutos todo esse projeto pelos
ares, e que depois choram feito crianças como se o pirulito lhes tivesse sido
tomado, e que no dia seguinte no mais
absoluto conforto já estavam regressando aos seus clubes de origem, alguns
inclusive em seus jatinhos particulares. Aqui entre nós, que história é essa de
chamar de "meninos" duas dúzias de marmanjos que proporcionam um
fiasco sem tamanho decorrente da mais absoluta irresponsabilidade!? Espera aí!
Tem alguma coisa errada! Para usar uma expressão bem nossa: "gente, essa
ficha não cai não!?". Que brincadeira é essa!? Não restou ninguém para
colocar ordem nessa casa ou nessa desordem não!? Viche Maria, Deus meu! Que foi
que você disse mesmo, Capitão!? Chame do que você quiser seus
"pupilos", mas por favor, de "meninos" não!
Esse é um dos problemas da nossa
Seleção: se vencem viram "heróis - tipo Ulisses, Menelau e Aquiles - e se
perdem são tratados como crianças!? Paulo Freire neles: "Professora sim,
tia não!". Perder faz parte do jogo, todo mundo sabe disso! Perder em
razão da mais absoluta irresponsabilidade não de um ou dois, mas de toda uma
Seleção, isso não é coisa de menino e de criança não! Coerente sim, foi o
Técnico, que não aceitou ser "porta-lágrimas" e menos ainda sair
passando a mão na cabeça de marmanjo! Ora essa, era o que faltava! Quando muito
desse um pirulito pra cada um e mandasse todo mundo ir "tomar banho"!
Que por sinal era o passo seguinte. Lição que fica para a vida!? Premie quando
houver mérito, cobre quando couber responsabilização! Caso contrário estará
(mal)criando patricinhas e filhinhos de papai! E bastam os que já andam à solta
por aí! Qualquer leigo em filosofia e
Psicologia da educação, bem como em política de prevenção, sabe disso! Só
alguns capitães que não! Já dizia certo comentarista - dos bons, por sinal! -
que hoje não mais se encontra entre nós: "e aí!? O que é que eu vou dizer
lá em casa para os meus filinhos!?". Gente, esporte é esporte, sem dúvida,
todo mundo de acordo! Mas não se pode levar na brincadeira, no banho-maria e
nas coxas não! Afffff!!!
(*) Texto enviado por whatsapp,
Vitória(ES).
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