Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (
Ano A)
Eliana Alvarenga
“Contemplemos
e fiquemos abismados diante da mais bela História do Amor de Deus por nós:Jesus Cristo, 0 Filho Amado do Pai.”
Com a Santa Missa do Domingo de Ramos
e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, que culminará na Ressurreição
do Senhor.
A Liturgia (Ano A) nos convida a
contemplar a ação de Deus que vem ao encontro da humanidade, por meio de Jesus
Cristo, que Se fez o Servo da humanidade, em doação total de Sua vida por amor,
não fugindo do horizonte da Cruz sempre presente em Sua missão.
Na passagem da primeira Leitura (Is
50,4-7), é
nos apresentado o terceiro Cântico de Javé, e a figura do Servo sofredor, que a
fé cristã identifica perfeitamente com a pessoa de Jesus Cristo no Mistério de
Sua Paixão e Morte:
“A vida de Jesus realiza plenamente
esse destino de dom e entrega da vida em favor de todos; e a sua glorificação
mostra que uma vida vivida deste jeito não termina no fracasso, mas na
Ressurreição que gera vida nova” (1)
O Servo sofredor escuta, sofre, resiste
e confia na intervenção de Deus que jamais abandona aqueles a quem chama. O
Profeta tem convicção de que não está só, e que a força de Deus é sempre mais
forte que a dor, o sofrimento e a perseguição, e que jamais ficará
decepcionado.
Reflitamos:
– Temos coragem de fazer da nossa vida
uma total entrega ao Projeto de Deus, no compromisso de libertação de tudo que
seja sinal de morte e opressão?
– De que modo vivemos a vocação
profética que Deus nos concedeu pela graça do Batismo?
– Temos confiança na força de Deus,
como o Servo sofredor que é o próprio Senhor?
O Apóstolo Paulo, na passagem da
segunda Leitura (Fl 2, 6-11), apresenta-nos
o exemplo de Jesus Cristo que viveu obediência, fidelidade e amor total ao Pai
por amor à humanidade.
Embora a comunidade de Filipos,
gozando de afeto especial do Apóstolo, seja entusiasta, generosa e
comprometida, é exortada a aprofundar sua prática de desprendimento com maior
humildade e simplicidade, como pode acontecer com toda comunidade que adere ao
Senhor.
Paulo nos apresenta, portanto, numa
breve e densa passagem, a missão de Jesus:
“Em traços precisos, o hino define o
‘despojamento’ (‘Kenosis’) de Cristo: Ele não afirmou com arrogância e
orgulho a Sua condição divina, mas aceitou fazer-Se homem, assumindo com humildade
a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos
homens o Ser e o Amor do Pai.
Não deixou de ser Deus, mas aceitou
descer até aos homens, fazer-Se servidor dos homens, para garantir vida nova
para os homens. Esse ‘abaixamento’ assumiu mesmo foros de escândalo: Jesus
aceitou uma Morte infamante – a Morte de Cruz – para nos ensinar a suprema
lição do serviço, do Amor radical, da entrega total da vida” (2).
Em consequência disto, Deus o fez
“Kyrios” (Senhor), para reinar sobre toda a terra e sobre toda a humanidade.
A comunidade dos seguidores de Jesus
haverá de fazer sempre este mesmo caminho de despojamento, amor, doação e
fidelidade total a Deus, para alcançar a glória da eternidade.
A
passagem do Evangelho (Mt 26, 14-27,66) nos apresenta a Paixão de Nosso
Senhor Jesus.
Com
Mateus, o primeiro Evangelista, contemplamos a Paixão de Jesus: uma vida feita
dom e serviço, culminando na morte de Cruz, em que revela o Amor de Deus que
nada guarda para Si, que Se faz um dom total, para que sejamos redimidos.
A mensagem central: a morte de Jesus é
a consequência lógica do anúncio do Reino, que provocou tensões, resistências,
pelos que detinham o poder religioso, econômico, político e social do Seu
tempo.
A Morte de Jesus é o culminar de Sua
vida: “é a afirmação última, porém, mais radical e mais verdadeira (porque
marcada com Sangue), daquilo que Jesus pregou com Palavras e com gestos: o
Amor, o dom total, o serviço” (3)
Na narrativa de Mateus tem algumas
particularidades em relação aos outros Evangelistas: a iniquidade do processo e
a inocência de Jesus; o sonho da mulher de Pilatos, sugerindo que não foi o
império romano, mas sim o próprio judaísmo que rejeitou Jesus e Sua Proposta do
Reino; a descrição dos fatos que acompanharam a Sua Morte (o véu do Templo que
se rasga em duas partes, de alto a baixo; o tremor da terra e o fender das
rochas; a abertura dos túmulos e muitos corpos de santos que tinham morrido
ressuscitaram; o episódio da guarda do sepulcro, com o objetivo de confirmar que
o corpo não foi roubado, mas Ele foi Ressuscitado).
Que as celebrações da Semana Santa,
ricas em espiritualidade, repletas de ritos significativos, renovem nosso
apaixonamento por Jesus, assim como Ele foi um apaixonado de Deus Pai, com a
força e presença do Espírito, em todos os momentos.
(1) (2) (3) www.dehonianos.org.br
http://peotacilio.blogspot.com/2020/04/domingo-de-ramos-e-da-paixao-do-senhor.html?m=0
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