REFLEXÃO
DOMINICAL III
JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO.
O ano litúrgico
inicia com o primei- ro domingo do advento e conclui com a solenidade em que
aclama- mos Jesus como Rei do universo. Logo que nasceu, magos vindos do
oriente perguntam: “Onde está o recém-nascido Rei dos judeus”. Durante o ano, a
cada domingo e nas grandes celebrações fomos conhecendo quem é o Rei Jesus e
como ele atua. No seu reino as crianças, os órfãos, as viúvas, os estrangeiros,
as mulheres, os pecadores, os famintos estão em primeiro lugar. Na parábola do
juízo final há um diálogo entre os que aliviaram o sofrimento dos mais
necessitados e os que passaram a vida negan- do-lhes ajuda. Nada se pergunta de
ações religiosas e o juiz, Cristo ressuscitado, faz um elogio ao amor solidário
numa sutil advertência aos que passaram a vida se refugiando numa vivência
religiosa sem despertar para obras de caridade. Sabemos que Jesus ensinou que o
maior mandamento é amar uns aos outros como ele nos amou, no entanto, na
parábola do juízo final não aparece a palavra amor. Jesus foi mais direto
falando de coisas concretas em vista da vida que precisa ser cuidada: alimentar
o faminto, vestir quem está nu, acolher o estrangeiro, cuidar do que está
doente e visitar quem está preso. Este é o grito de Jesus a todos nós:
ocupai-vos com os que sofrem, cuidem dos pequenos e dos vulneráveis. Da parábola
brota um comprometedor questionamento: o que estou fazendo para que o mundo em
minha volta seja melhor para àqueles que sofrem? São João Crisóstomo questiona:
“Que proveito teria se a mesa de Cris- to está coberta de taças de ouro se ele
morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna a sua
mesa. Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de
cobrir a mesa com véus de ouro, se não lhe concederes, nem mesmo uma coberta
necessária”? São Basílio de Cesareia diz que “O pão que ganha bolor, ou que se
desperdiça na tua mesa, é pão roubado do faminto; a quem está descalço
pertencem os sapatos alinhados em teus armários; a quem está nu pertencem as
roupas que as traças consomem nos teus baús; é do pobre o dinheiro que se
desvaloriza nos teus cofres ou nos teus bancos”. Hoje celebramos o dia dos
cristãos leigos, pessoas que atuam nas comunidades cuidando com capricho das
diversas pastorais e onde vivem intensamente sua vocação laical. Contudo, a
missão dos cristãos leigos não se esgota nas ati- vidades internas da Igreja,
mas se abre ao mundo, a toda sociedade. Que no julgamento final possam estar
cristãos professores, médicos, empresários, agricultores, padres, bispos,
psicólogos, coletores de lixo, pedreiros e tantos outros, transbordando do amor
solidário cultivado ao longo da vida. A estes Jesus dirá: “Vinde, benditos de
meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação
do mundo”.
Dom José Benedito Cardoso Bispo Auxíliar de São Paulo
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