REFLEXÃO DOMINICAL III
Manifestação e o reconhecimento da divindade de
Jesus por todos os povos
1ª Leitura - Is 60,
1-6
Salmo - Sl 71,
1-2.7-8.10-11.12-13 (R. Cf.11)
2ª Leitura - Ef
3,2-3a.5-6
Evangelho - Mt 2,1-12
Aíla Luzia Pinheiro de Andrade(*)
Na liturgia da Epifania do Senhor,
celebramos a manifestação e
o reconhecimento da
divindade de Jesus por todos os povos. Nas liturgias passadas,
o enfoque estava na humanidade do Filho de Deus. O que celebramos na liturgia é
o que esperamos: que todos as nações reconheçam e adorem em Jesus o Deus de
Israel. A primeira
leitura (Is 60, 1-6) já vislumbra a vocação das nações à
fé no Deus vivo e verdadeiro. No evangelho, em torno de Jesus estão os magos
(sábios do Oriente), como representantes de todos os povos, para prestar-lhe
homenagem e adoração. Na humildade do ambiente onde se encontra o menino,
deve-se reconhecer a luz da salvação oferecida por Deus a todas as pessoas sem
distinção de raças (etnias) e culturas.
Epifania significa literalmente
manifestação.
Nesta solenidade, a liturgia nos apresenta a manifestação da universalidade da
salvação realizada em Cristo. Jesus, o rei dos judeus, é adorado pelos magos,
representantes de todos os povos. Isso significa que a promessa feita
primeiramente a Israel atinge agora a todos os que acolhem o Cristo.
Na época em que foi escrito o Novo Testamento, os povos ainda eram politeístas
(adoravam muitos deuses). Por isso se usava a metáfora de que as nações
caminhavam nas trevas enquanto Israel era orientado pela luz da Escritura.
Com a entrada de Jesus na
história, a palavra
de Deus incultura-se. O evangelho afirma que sábios estrangeiros
(do Oriente) viram a estrela e a seguiram. Isso significa que Deus se valeu da
admiração que os astros exerciam sobre as nações politeístas e as guiou para o
Cristo. Os sábios
orientais enfrentaram um caminho desconhecido e encontraram o Menino,
a verdadeira luz, da qual a estrela era apenas um sinal. Os sábios se deixaram
guiar e encontraram um menino muito mais humilde e também mais importante do
que pensaram. Depois daquele encontro, eles percorreram outro caminho, não mais
guiados por um corpo estelar, mas pela estrela de Davi, o Messias. Seguiram o
caminho indicado por Deus, o caminho que é a verdade e a vida, o próprio Jesus.
O evangelho (Mt 2,1-12) afirma que os
mestres (ou sábios) judeus tinham conhecimento até do local onde deveria nascer
o Messias descendente de Davi. Mas, apesar de serem os primeiros destinatários
das promessas de Deus, aqueles mestres de Jerusalém não acolheram a luz
verdadeira que é Jesus. Foi necessário que sábios estrangeiros viessem do
Oriente para lhes anunciar (orientar sobre) a chegada do Messias de Israel,
quando, ao contrário, Israel é que deveria orientar as nações para Deus.
Também Paulo (Ef 3,2-3a.5-6) fala
desse grandioso mistério que ele mesmo teve a missão de anunciar: os gentios
são chamados a formar o mesmo corpo, isto é, a ser participantes da mesma
promessa anteriormente destinada apenas a Israel. É na luz de Jesus que caminham os
cristãos e é para essa luz que deve se encaminhar toda a humanidade
O apóstolo afirma ter recebido um
encargo sagrado: foi-lhe conferida a graça de proclamar o evangelho aos
gentios, ou seja, aos não judeus.
Paulo insiste que sua atividade
missionária entre os gentios não foi uma decisão pessoal. Dar a conhecer o
evangelho a todas as nações foi um ato poderoso de Deus em seu plano eterno de
salvação da humanidade. Coube a Paulo a docilidade e a fidelidade ao chamado
divino.
Solicitude e prontidão são as
atitudes dos magos e do apóstolo Paulo, que servem de exemplo aos cristãos de
nosso tempo. Quem vê a luz da estrela deve pôr-se a caminho.
No hoje de nossa existência, faz-se
necessário reconhecer a luz de Cristo numa sociedade dividida na pluralidade de
tantas luzes que apontam para várias direções, mas nem sempre refletem a luz
inextinguível que é o Cristo.
Para que as pessoas de hoje
possam adorar o
Deus vivo e verdadeiro, é necessário que os cristãos saiam do
comodismo e individualismo e, por meio da missão e do testemunho de vida, façam
brilhar para o mundo a “estrela de Davi”, o Filho de Deus.
(*) A reflexão é de Aíla Luzia Pinheiro de Andrade, religiosa do Instituto Nova Jerusalém. Ela possui graduação em Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (1998), graduação (2000), mestrado (2003) e doutorado (2008) em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia FAJE/BH. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Carta Aos Hebreus, atuando principalmente nos seguintes temas: Messianismo, Philon de Alexandria, Flávio Josefo, Judaísmo, Targum, Midrash, Talmud.s
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