sábado, 24 de fevereiro de 2024

BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM DE 2024- ÚLTIMO DOMINGO DE FEVEREIRO

 



SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA,  25 DE FEVEREIRO DE 2024 

 

Liturgia para a 2.º Domingo da Quaresma- Ano B

 

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2024 Tema: Fraternidade e Amizade Social / Lema: "Vós sois todos irmãos e irmãs" (Cf. Mt 23,8)

Ano de Oração pelo Jubileu em 2025

 

Numa nuvem resplendente fez-se ouvir a voz do Pai: / Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós.

"SE DEUS ESTÁ AO NOSSO FAVOR, QUEM ESTARÁ CONTRA NÓS"? "SE DEUS ESTÁ AO NOSSO FAVOR, QUEM ESTARÁ CONTRA NÓS"?

 

MÚSICA DA CF  2024

 

https://youtu.be/wEmSaxz8IWY?t=48

 

 

SEJA BEM-VINDO!

SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA, 25 DE FEVEREIRO DE 2024

I-             SEJA BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM


OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA....

 

 

01- Olá! Pra começo de conversa...

 

Irmãos e irmãs, sejam bem-vindos! Assim como Jesus chamou seus discípulos para o monte Tabor, para ali ser transfigurado, hoje Ele nos chama para fazermos a mesma experiência. Este lugar sagrado em que nos reunimos, torna-se, para nós, um espaço da manifesta- ção da glória do Senhor, da qual participamos sacramentalmente pelo Batismo, sinal antecipado de nossa Páscoa.

 

. Irmãos e irmãs, sejam bem-vindos à Casa do Pai! Vivendo hoje o 2º Domingo da Quaresma, o convite é que abramos o coração, deixemos que o Espírito Santo nos preencha e vivamos este tempo de graça com intensidade.

 

A Quaresma é tempo favorável para darmos novos passos em direção à mudança de vida. Ela nos introduz nos caminhos do Mestre, a Face mais acolhedora e misericordiosa do Pai. A Liturgia deste domingo nos ensina que para compreendermos o amor do Pai é preciso mergulharmos no amor misericordioso de Jesus e nos deixarmos conduzir pelo Espírito Santo. Subamos a montanha com Ele!

 

 

02- Liturgia do Segundo Domingo da Quaresma- Ano B

 

 

- Neste Domingo da Quaresma, iluminados pela transfiguração de Jesus Cristo, somos convidados a trilhar o caminho da conversão. O verdadeiro discípulo escuta a Palavra, adere à vontade de Deus e transforma seu modo de agir e pensar

 

. - Na primeira leitura vemos o testemunho de Abraão, nosso pai na fé. Deus quis pôr Abraão à prova, pedindo-lhe o sacrifício de seu filho, Isaac, em Moriá, sobre uma montanha. Um aspecto histórico que influenciou esse relato é que os sacrifícios de crianças eram uma prática bastante comum entre os cananeus e nas colônias fenícias do norte africano. Israel condenava a prática e agia substituindo os sacrifícios humanos por animais. Para Israel, o primogênito humano deve ser resgatado e consagrado ao Senhor em sinal de uma aliança fecunda.

 

 - No Salmo 115(116) cantamos: "É sentida por demais pelo Senhor a morte de seus santos, seus amigos". Deus estima seus filhos e filhas e não deseja que percam a vida. Por isso, Ele nos oferece a vida eterna: "Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos".

 

- A segunda leitura da carta aos Romanos parece ser um hino ao amor de Deus. Paulo diz para a comunidade que Deus nos ama sem reservas, de maneira que "não poupou seu próprio Filho". Iluminados pelo Novo Testamento, entendemos que o sacrifício de Isaac prefigurou a Paixão de Jesus. Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e tenha vida em abundância. No altar nós não somos sacrificados, mas consagrados como filhos e filhas do mesmo Pai. A oferenda vem d'Ele: o Filho

 

 - O Evangelho de Marcos quer responder à pergunta "Quem é Jesus". Jesus Cristo revela sua identidade gloriosa como o amado Filho de Deus. Ele é o maior dos profetas e mais que a Lei. O relato acontece após o primeiro anúncio da Paixão. O evangelista relaciona a transfiguração com a morte e a ressurreição de Cristo. Nota-se que elementos como "seis dias", "alta montanha", "tendas", "nuvem e sombra" são referências fortes a momentos da história bíblica em que Deus manifestou sua glória aos homens. Estas manifestações de Deus chamamos de "Teofania". Pedro, Tiago e João viveram essa visão externa da glória de Deus em Jesus. Hoje, diferente daquele momento místico, Cristo se revela em nosso interior quando oramos e vivemos o serviço ao próximo. A presença de "Elias e Moisés" significa Profecia e Lei realizadas no Filho Bendito, conforme ensinou a voz que saiu da nuvem: "Este é meu Filho amado. Escutai-o!" A visão da glória futura tem um fundo de lição: o discípulo de Cristo deve trilhar o mesmo caminho do seu Mestre.

 

- Muitos de nós gostaríamos de Páscoa sem cruz. No entanto, a cruz de Jesus permanece no alto do monte como sinal de amor incondicional de Deus por nós. A Cruz é porta da transfiguração, escada que liga a terra e o céu e braços que acolhem a humanidade inteira. A Cruz é caminho que conduz ao Ressuscitado. Não devemos perder tempo perguntando como Deus nos prova. Desafios e superações também são inerentes à vida cotidiana. A melhor atitude é a prontidão: "Eis-me aqui!", acompanhada da esperança no Senhor. A provação é momento para amadurecer a fé, de passarmos ao amor mais elevado. Essa dinâmica deve ser aplicada na vida comunitária e familiar.

 

- Que neste tempo favorável abramos nosso coração à ação do Espírito Santo para que Ele nos converta profundamente ao amor do Pai e ao amor ao próximo. Deixemos que Jesus nos transforme e sejamos mulheres e homens novos, sensíveis aos apelos do Pai.

 

https://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2023/12/25_02_24.pdf

SEJA BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM DE 25 DE FEVEREIRO DE 2024

 

I-             SEJA BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA – ANO B;

 

II-            SB SABENDO BEM  DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA –ANO B;

01- OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA....

02-  Liturgia do Segundo Domingo da Quaresma-Ano B;

 

III-           SB SABENDO BEM DE 25 DE FEVEREIRO DE 2024;

 

IV-           LEITURAS  DO SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA- ANO B:

 

V-           LEITURAS DA SEMANA: DE 25 DE FEVEREIRO A 03 DE MARÇO  DE 2024- ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES;

 

VI-          REFLEXÃO DOMINICAL  I:  O QUE TEM NO ALTO DA MONTANHA?

 

VII-        REFLEXÃO  DOMINICAL  II: 2.º DOMINGO DA QUARESMA- B:TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR;

 

VIII-       REFLEXÃO DOMINICAL III: HOMILIA DE D. HENRIQUE DA COSTA- II DOMINGO DA QUARESMA B;

 

IX-          ESPIRITUALIDADE: HOMILÉTICA 2.º DOMINGO DA QUARESMA B: “TRIBULAÇÕES E CONSOLAÇOES”;

X-           SANTO AGOSTINHO: RECOMENDAÇÕES PARA A BOA VIVÊNCA DA QUARESMA;

XI-          DICAS DE LEITURAS

01-  Tomas Neivinson (Javier Marias);

 

02-  Apaixonados pela Bíblia: Plano de Leitura para 2023-2024.

 

XII-        SB SABENDO BEM INFORMA BLOG DE 25DE FEVEREIRO DE 2024.

LEITURAS DA MISSA SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA –ANO B

 

 

LEITURAS DA MISSA

 

SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA –ANO B

 

Obedientes à voz que vem dos céus e que diz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz!”, acolhamos o Senhor que vai falar.

PRIMEIRA LEITURA (Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18)

Leitura do Livro do Gênesis.

 Naqueles dias, 1 Deus pôs Abraão à prova. Chamando-o, disse: “Abraão!” E ele respondeu: “Aqui estou”. 2 E Deus disse: “Toma teu filho único, Isaac, a quem tanto amas, dirige-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um monte que eu te indicar”. 9 Chegados ao lugar indicado por Deus, Abraão ergueu um altar, colocou a lenha em cima, amarrou o filho e o pôs sobre a lenha em cima do altar. 10Depois, estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho. 11E eis que o anjo do Senhor gritou do céu, dizendo: “Abraão! Abraão!” Ele respondeu: “Aqui estou!” 12E 2 o anjo lhe disse: “Não estendas a mão contra teu filho e não lhe faças nenhum mal! Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único”. 13Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro preso num espinheiro pelos chifres; foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto no lugar do seu filho. 15O anjo do Senhor chamou Abraão, pela segunda vez, do céu, 16e lhe disse: “Juro por mim mesmo - oráculo do Senhor -, uma vez que agiste deste modo e não me recusaste teu filho único, 17eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descendentes conquistarão as cidades dos inimigos. 18Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste”.

- Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

SALMO 115(116B)

Andarei na presença de Deus, / junto a ele na terra dos vivos.

 1. Guardei a minha fé, mesmo dizendo: * “É demais o sofrimento em minha vida!” / É sentida por demais pelo Senhor * a morte de seus santos, seus amigos.

 2. Eis que sou o vosso servo, ó Senhor, + vosso servo que nasceu de vossa serva, * mas me quebrastes os grilhões da escravidão! / Por isso oferto um sacrifício de louvor, * invocando o nome santo do Senhor.

 3. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor * na presença de seu povo reunido; / nos átrios da casa do Senhor, * em teu meio, ó cidade de Sião!

SEGUNDA LEITURA (Rm 8,31b-34)

Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos

. Irmãos: 31Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32Deus que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo junto com ele? 33Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? 34Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está, à direita de Deus, intercedendo por nós?

- Palavra do Senhor. T. Graças a Deus

 

ACLAMAÇÃO (L.:Lc 9,35| M.: Adenor Leonardo Terra)

 Louvor a vós, ó Cristo, Rei da eterna glória! (bis)

 Numa nuvem resplendente fez-se ouvir a voz do Pai: / Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós.

 

 EVANGELHO (Mc 9,2-10)

 P. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós!

P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos

. T. Glória a vós, Senhor.

 P. Naquele tempo, 2 Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3 Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4 Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5 Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7 Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

 - Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor.

LEITURAS DA SEMANA: DE 26 DE FEVEREIRO A 03 DE MARÇO DE 2024 - ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

 

LEITURAS DA SEMANA: DE 26 DE FEVEREIRO A 03 DE MARÇO DE 2024

2ª Dn 9,4b-10 / Sl 78(79) / Lc 6,36-38

 3ª Is 1,10.16-20 / Sl 49 / Mt 2301-12

4ª Jr 18,18-20 / Sl 30(31) / Mt 20,17-28

 5ª Jr 17,5-10 / Sl 1 / Lc 16,19-31

 6ª Gn 37,3-4.12-13a.17b-28 / Sl 104(105) / Mt 21,33-43.45-46

 Sáb.: Mq 7,14-15.18-20 / Sl 102(103) / Lc 15,1-3.11-32

03/03- Dom.:  3.º Domingo da Quaresma- Ano B

Ex 20,1-17

Sl 18(19),8.9.10.11 (R. Jo 6,68c)

1Cor 1,22-25

Jo 2,13-25

 

 

ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

 

 O Papa Francisco nos lembra que "a vocação nasce na oração e da oração e só na oração podem perseverar e dar fruto".

Rezemos, pedindo ao Senhor da messe que envie mais operários para a sua messe:

Jesus, mestre divino que chamastes os apóstolos para vos seguirem, continuai a passar pelos nossos caminhos, pelas nossas famílias, pelas nossas escolas. E continuai a repetir o convite a muitos de nossos jovens. Dai coragem às pessoas convidadas, dai forças para que vos sejam fiéis como apóstolos leigos, como sacerdotes, como religiosos e religiosas para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade. Amém.

(São Paulo VI).

 

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL I O QUE TEM NO ALTO DA MONTANHA?

 

REFLEXÃO DOMINICAL  I

O QUE TEM NO ALTO DA MONTANHA?

Dizem que foi no monte Tabor! É a mais alta montanha da Galileia. Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. Lá Ele se transfigurou. Apareceu-lhes cheio de glória, como se fosse a revelação do fim. O segredo parecia desvendado. Afinal, Ele se mostrava como enviado do Céu. Tudo parecia estar resolvido. Daí a ideia de que não precisariam mais descer aquela montanha. A Igreja proclama essa passagem duas vezes no ano. Uma delas é no dia 6 de agosto, festa da Transfigu- ração do Senhor. E parece muito lógico que um acontecimento as- sim seja celebrado de maneira solene. Mas, curiosamente, a outra vez que a Liturgia o lê é no segundo Domingo da Quaresma, quando a Igreja reflete sobre o mistério da Paixão e morte do Senhor. Parece que não tem muito senti- do contemplar a glória quando se quer, na verdade, refletir sobre o sofrimento. Porém é exatamente isso que acontece. O sentido da Transfiguração de Jesus não está tanto em querer que os discípulos, tendo acesso à sua glória, desejem permanecer nessa condição, mas em prepará-los para a incompreensível morte em Jerusalém. Jesus, ao levar os discí- pulos para o monte da Transfigu- ração, na verdade, queria levá-los ao monte Calvário. Esse, sim, é no- meado pelos Evangelhos e sabe- mos que se trata do verdadeiro lugar da crucifixão. A glória de Deus não se confunde com a glória do mundo. Jesus disse isso tantas vezes e de formas tão variadas que é estranho que algum cristão pretenda viver sob a interpretação de que a fidelidade a Deus garanta e assegure uma vida feliz e sem problemas nesse mundo. Era assim que pensavam as autoridades religiosas do tempo de Jesus. Viviam sob a chamada “Teologia da Retribuição”, que ensinava que Deus recompensa os bons, por isso eles estão imunes aos sofrimentos, à pobreza, às doenças. De outra parte, ensinava que, se alguém está sofrendo é porque pecou. Por isso perguntaram a Jesus diante de um cego de nascença: “Quem pecou para que ele fosse cego, ele ou seus pais?” Diziam isso porque, se ele nasceu cego é porque; ou pecou no ventre de sua mãe, ou está pagando pelos pecados dos pais. Por isso também foi que levaram Jesus para a Cruz e procuravam desmascará-lo dizendo: “Se és o Messias, desça da cruz e nós acreditaremos.” Foi assim que Deus se manifestou através de Moisés; fazendo um grande milagre, abrindo o Mar Vermelho para salvar o seu povo e depois fechando o Mar para afogar os seus perseguidores. Um Messias morrendo na cruz não era possível; onde os criminosos eram postos para morrer bem lentamente, podiam permanecer por dias pendurados, morrendo devagar e expostos, sendo devorados já em vida pelas aves carnívoras, num espetáculo de asco e de horror. Ninguém acreditava que um messias podia morrer na cruz. Deus teria se esquecido dele. Seria um sinal de que se tratava de um grande pecador. Por isso mesmo, Jesus sabia da fragilidade de seus discípulos e de como a Paixão poderia afetá-los. De fato, S. Marcos situa a Transfiguração entre o primeiro e o segundo anúncio da Paixão. Já o evangelho de Lucas afirma que Jesus conversava com Moisés e Elias sobre o seu êxodo que deveria acontecer em Jerusalém. Então, para que serve a glória que Deus manifesta nesse mundo em nossas vidas? Para preparar-nos para os incompreensíveis sofrimentos que fazem parte de nossa missão.

Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-18-2o-domingo-de-quaresma.pdf

REFLEXÃO DOMINICAL II 2º Domingo da Quaresma – B

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL  II

2º Domingo da Quaresma – B

 

Se superarmos as tentações da vida presente pela contínua conversão aos ensinamentos de Jesus no Evangelho: seremos também transfigurados.

 

Meus irmãos e minhas irmãs,

Vamos caminhando no nosso grande retiro espiritual na Santa Quaresma, tempo de penitência e tempo de conversão. Tempo da escuta da Palavra de Deus e dos seus desígnios para a nossa caminhada diária para que possamos voltar para a amizade com Deus. Deus não quer a morte do pecador, mas sim que esse pecador se converta e viva uma vida em abundância, dando testemunho do kerigma cristão.

Caros irmãos,

A liturgia deste domingo é repleta do mistério de Deus: a sua transfiguração. Esta passagem bíblica tem um significado muito profundo, tendo em vista que São João Paulo II, na sua Carta Apostólica do Rosário da Santa Virgem Maria, incluiu como quarto mistério luminoso exatamente da perícope que hoje refletimos a Transfiguração do Senhor Jesus (cf. Mc. 9,2-10)

Mas, irmãos, o que vem a ser a Transfiguração? A Transfiguração é o momento em que Jesus revela sua glória diante de seus discípulos. Esse é o resumo do Evangelho deste segundo domingo da Santa Quaresma.

Devemos situar esta visão no contexto em que Marcos criou ao conceber a estrutura fundamental dos evangelhos escritos. Na primeira parte de sua atividade, Nosso Senhor Jesus Cristo se dirige às multidões, mediante sinais e ensinamentos, que deixam transparecer o “seu poder e a sua autoridade”, mas não dizem nada sobre o Seu Mistério Interior. Na segunda metade de seu Evangelho, ele fala que Jesus revela às suas testemunhas – e depois discípulos – o seu Mistério interior: sua missão do Servo Padecente e sua união com o Pai. O que foi confiado a Jesus pessoalmente, pelo Pai, na hora do Batismo, quando a voz da nuvem lhe revelou: “Tu és o meu filho muito amado, em quem eu pus minha afeição” (Mc 1,11). Agora é revelado aos discípulos: “Este é o meu filho amado, escutai-o”. Isso para demonstrar que os mistérios de Deus não podem ser reservados para poucos, mas devem ser comunicados e partilhados com muitos para a edificação do Reino de Deus que se inicia na nossa peregrinação por este mundo.

O Evangelho de hoje nos mostra quem é Aquele que nos veio salvar e em que nos haveremos de transformar, se superarmos as tentações da vida presente pela contínua conversão aos seus ensinamentos e sua pessoa: seremos transfigurados.

Meus irmãos,

O Antigo Testamento é um compêndio de recados para o povo de Israel. Ali está presente a aliança entre Deus e a Nação Israelita. O povo prometeu: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse!” (Ex 24,3). Mas Jesus veio inaugurar um novo tempo. Deus nos apresenta o seu Filho Jesus, a nova Arca da Aliança, o novo templo de Deus, e recomenda com insistência: “Escutai-o!” Este era o dever dos apóstolos e o nosso hoje: escutar Jesus com mais atenção do que o povo de Israel escutou Moisés, que lhes transmitira a vontade de Deus. Apesar da morte, ele tem palavras de vida eterna.

Os caminhos de Deus ultrapassam as razões da inteligência humana; quanto mais, quando se trata da morte de quem, por definição, é imortal. Jesus não se transfigura para deslumbrar seus discípulos e seguidores e demonstrar-se superior a eles. Jesus tratou de um gesto para inspirar, criar e fundamentar a confiança de quem tinha razão para ter medo. Morte e vida não se contradizem, mas fazem parte de um processo natural e de um mistério de fé e esperança cristã. Jesus, Filho de Deus Altíssimo e destinado para ser rei eterno e universal, devia passar pelos escarros, pelas dores e pela morte. Por isso, o Monte Tabor e o Monte Calvário, postos hoje um perto do outro, nos ajudem a compreender que no mistério da dor há ricas e encantadoras sementes divinas.

O monte da Transfiguração é colocado hoje à luz do Monte Calvário. Não pelo formato geográfico, porque o Calvário não passa de uma pequena elevação, mas pelo seu significado simbólico dentro da história da salvação. O Calvário é marcado pelo sangue e pela dor, mas de seu chão brotam as raízes da vida eterna. O Tabor vem hoje envolto de luz e divindade, entretanto, profetizando um caminho de aniquilamento: cumprir a vontade do Pai até o extremo da renúncia e da morte. No Tabor ecoa a voz amorosa do Pai: “Este é meu filho muito amado, escutai-o”. No Calvário ouvimos a célebre frase da condição humana do Senhor: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? ” Aos olhos da fé, os dois montes se fundem, porque a crueza do Calvário revela a extrema misericórdia e o infinito amor de Deus.

A morte que Jesus anuncia como a sua, morte violenta, convida-nos a morrer diariamente para o pecado, a cada minuto, a cada instante, procurando sempre passar do Calvário para o Tabor, da desgraça para a luz, do pecado para a graça salvadora. Morrendo para o pecado estamos transfigurando para a vida eterna.

Meus irmãos,

Aparecem Moisés e Elias. Moisés o maior legislador e Elias o mais santo dos profetas. Jesus Cristo superou todos os profetas, porque nele se completou o tempo da salvação, porque “Ele é o Meu Filho muito amado”. Por isso, as atitudes que devemos cultivar nesta segunda semana da Quaresma são as seguintes: a humildade, o despojamento, o serviço, a doação em prol de muitos. Só podemos aceitar este ensinamento na confiança de que ele teve razão. A razão de Jesus é a razão do Batismo, em que somos lavados do pecado e inscritos como cidadãos do céu. Valorizamos nosso Batismo, passando do Calvário – sofrimento e pecado – para o Tabor – alegria e graça santificante de Deus.

Portanto, somos convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia de três de seus discípulos, viver a doce e cândida alegria da comunhão com ele. Somos embalados pelo testemunho da fé de Abraão e de Sara, que, obedientes à palavra de Deus e portadores da palavra da Salvação, desafiaram as deficiências da velhice e da esterilidade para gerar numerosa descendência. As dificuldades e sofrimentos da caminhada não podem nos abater ou desanimar. No meio dos conflitos da vida, o Pai nos permite vislumbrar, desde já, sinais de ressurreição e nos dá o mandamento de escutar a palavra de Jesus, o Filho amado.

Caros fiéis,

Na primeira leitura(Gn 22,1-2.9-13.15-18) Abraão revela, antes de mais, o lugar absolutamente central que Deus ocupa na sua existência. Deus é, para Abraão, o valor máximo, a prioridade fundamental; por isso, Abraão mostra-se disposto a fazer a Deus um dom total e irrevogável de si próprio, da sua família, do seu futuro, dos seus sonhos, das suas aspirações, dos seus projetos, dos seus interesses. Constata-se, claramente, que para Abraão, nada mais conta quando estão em jogo os planos de Deus. Na vida do homem do nosso tempo, contudo, nem sempre Deus ocupa o lugar central que Lhe é devido. Com frequência, o dinheiro, o poder, a carreira profissional, o reconhecimento social, o sucesso, ocupam o lugar de Deus e condicionam as nossas opções, os nossos interesses, os valores que nos orientam. Abraão, o crente para quem Deus é a coordenada fundamental à volta da qual toda a vida se constrói convida-nos, nesta Quaresma, a rever as nossas prioridades e a dar a Deus o lugar que Ele merece. Fazer de Deus o centro da própria existência e renunciar aos próprios critérios e interesses para cumprir os planos de Deus não é uma escravidão, mas um caminho que nos garante (a nós e aos nossos irmãos) o acesso à vida plena e verdadeira.

O crente Abraão ensina-nos, ainda, a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta e quando os caminhos de Deus se revelam estranhos e incompreensíveis. Quando os nossos projetos se desmoronam, quando as nuvens negras da guerra, da violência, da opressão se acastelam no horizonte da nossa existência, quando o sofrimento nos leva ao desespero, é preciso continuar a caminhar serenamente, confiando nesse Deus que é a nossa esperança e que tem um projeto de vida plena para nós e para o mundo.

Caros irmãos,

Na segunda leitura(Rm 8,31b-34) São Paulo diz que Deus ama-nos com um amor profundo, total, radical, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar. Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e transformou-a, capacitando-nos para caminharmos ao encontro da vida eterna. Ora, antes de mais, é esta descoberta que Paulo nos convida a fazer… Nos momentos de crise, de desilusão, de perseguição, de orfandade, quando parece que todo o mundo está contra nós e que não entende a nossa luta e o nosso compromisso, a Palavra de Deus grita: “não tenhais medo; Deus ama-vos”.

A razão para a esperança dos cristãos está na certeza que Deus ama todos os seus filhos com um amor imenso e eterno. O envio ao mundo de Jesus Cristo, o Filho único de Deus, que nos ensinou o caminho da vida plena e da felicidade sem fim, que lutou até à morte contra tudo o que oprimia e escravizava o homem, é a “prova provada” do imenso amor de Deus por nós (vers. 32). Ora, se Deus nos ama dessa forma tão intensa e tão total, nada nem ninguém nos pode acusar, condenar, destruir ou fazer mal. É Deus “quem nos justifica” (vers. 33) – quer dizer, é Deus que, na sua imensa bondade, pronuncia sobre nós um veredicto de graça e de perdão, apesar das nossas faltas e infidelidades. Ninguém nos condena, pois, o próprio Deus (o único que o poderia fazer) escolheu salvar-nos, mesmo que o não merecêssemos. Sendo assim, o cristão deve enfrentar a vida com serenidade e esperança, confiando totalmente no amor de Deus.

Renunciando aos vícios, libertando de tudo que vai contra os valores do Evangelho vamos assumir a nossa vocação de servir a Cristo, que é servir aos irmãos na busca de maior solidariedade e fraternidade. Amém!

Homilia por: Padre Wagner Augusto Portugal

 

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REFLEXÃO DOMINICAL III Homilia de D. Henrique Soares da Costa – II Domingo da Quaresma – Ano B Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115;Rm 8,31b-34;Mc 9,2-10

 

REFLEXÃO DOMINICAL  III

Homilia de D. Henrique Soares da Costa – II Domingo da Quaresma – Ano B

 

Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115;Rm 8,31b-34;Mc 9,2-10

Surpreende-nos, caríssimos, que neste tempo quaresmal, de tanta sobriedade, a Mãe católica nos coloque diante dos olhos Jesus transfigurado. Não seria mais adequado este texto num dos domingos da Páscoa? Cabe tanta glória, tanta luz, tanto esplendor, neste tempo de oração, penitência, esmola e combate espiritual? Mas, não duvidemos: a Igreja tem seus motivos; motivos sábios, motivos de mãe que educa com carinho.

Primeiramente, a glória de Jesus no Tabor, antegozo da sua Ressurreição, anima-nos e alenta-nos neste caminho quaresmal. Ao nos falar da oração, da penitência, da esmola, ao nos exortar ao combate aos vícios e à leitura espiritual, a Igreja, fazendo-nos contemplar o Transfigurado, revela-nos qual o objetivo da batalha da Quaresma: encontrar o Cristo cheio de glória e, com ele, sermos glorificados. Olhai o Tabor, irmãos, e vereis o que o Senhor preparou para nós! Pensai no Tabor, e a penitência terá um sentido, as mortificações deste tempo serão feitas com alegria! Que diz o Evangelho? Diz que, diante dos apóstolos, Jesus transfigurou-se: “Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar”. Eis! A Transfiguração é uma profecia, uma antecipação da glória da Páscoa; e a Páscoa de Cristo é a garantia da nossa glorificação. Porque Cristo morreu e ressuscitou, nós também, mortos com ele, seremos daquela multidão vestida de branco, de que fala o Apocalipse! (Ap 7,9) Então, ânimo! As observâncias da santa Quaresma não são um peso, mas um belo caminho, um belo instrumento para conduzir-nos à Páscoa do Senhor!

Mas, a leituras de hoje colocam-nos também diante de uma outra realidade, bela e profunda. Comecemos pela primeira leitura, na qual Deus pede a Abraão tudo quanto ele tinha: “teu filho único, Isaac, a quem tanto amas”. Isaac era tudo para Abraão: por ele, tinha deixado Ur na Caldéia, por ele, tinha esperado mais de trinta anos, por ele, tinha suportado todas as provas… E, agora, já idoso, sem nenhuma possibilidade de ter mais filhos, agora que o menino já está crescidinho e Abraão pensava poder descansar, Deus o pede a Abraão. Que prova, caríssimos! A fé de Abraão, aqui, chega quase que ao absurdo! Mas, ele foi em frente e “estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho”.

Caríssimos, Deus tinha o direito de pedir isso a Abraão? Deus tem o direito de nos provar, de tantas vezes nos pedir coisas que não compreendemos bem? Tem o direito de pedir fé e confiança diante dos percalços da vida? Poderíamos responder dizendo simplesmente que “sim”, porque ele é Deus; deu-nos tudo e pode pedir-nos o que desejar. Mas, não é essa a resposta que a Palavra de Deus nos indica na liturgia de hoje. Ele nos pode pedir, certamente, e nós devemos dar, com certeza, porque ele mesmo, o nosso Deus, nos deu tudo! Ele, que pede que Abraão lhe sacrifique o filho único e amado, é o mesmo Deus que, como diz São Paulo, na segunda leitura deste hoje, “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós!” Eis o grande mistério: Deus, no seu amor por nós – primeiro pelo povo de Israel, descendência de Abraão, e, depois, por toda a humanidade, com a qual ele deseja formar o novo povo, que é a Igreja – Deus, no seu amor por nós, entregou à morte o seu Filho único, o Amado, o Justo e Santo, aquele no qual Ele coloca todo o seu bem-querer. Não é assim que Ele no-lo apresenta hoje no Monte Tabor? “Este é o meu Filho amado. Escutai o que Ele diz!” É este Filho que será entregue à morte. O Evangelho de São Lucas nos diz que, precisamente nesta ocasião, Jesus transfigurado falava com Moisés e Elias “sobre a sua partida, isto é, a sua morte, que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). E no Evangelho de São Marcos, que escutamos, o próprio Jesus, ao descer da montanha, “ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”. Compreendei, caríssimos: sobre o Monte Tabor, com o Transfigurado envolto em glória, paira a sombra da paixão, da morte do Filho amado e único, que o Deus de Abraão entregará por nós até o fim. Ao filho de Abraão, a Isaac, Deus poupou no último momento; não poupará, contudo, o seu próprio Filho!

Isso nos revela a dimensão do amor de Deus, da sua paixão pela humanidade, do seu compromisso salvífico em nosso favor! Ele pode nos pedir tudo, caríssimos, e nós deveríamos dar-lhe tudo, porque, ainda que não compreendamos, ele deseja somente o nosso bem, a nossa vida, a nossa salvação. Somos preciosos a seus olhos! Escutai o Apóstolo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo juntamente com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo por nós?” Eis, pois, amados em Cristo, a dimensão e a profundidade, a largura e a altura do amor de Deus por nós! Deixemo-nos, portanto, tocar no nosso coração; convertamo-nos! Abramo-nos para o Senhor! Arrependamo-nos de nossas indiferenças, de nossa frieza, de nosso fechamento! Tenhamos vergonha de tanta incredulidade e desconfiança de Deus, simplesmente porque não entendemos seu modo de agir! Que Santo Abraão, nosso pai na fé, e a Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe na fé, intercedam por nós para uma verdadeira conversão quaresmal. E que, realizando com generosidade a amor, as práticas quaresmais, cheguemos às alegrias da Páscoa e contemplemos nos santos mistérios da Liturgia, a face do Cristo glorificado. Amém.

Henrique Soares da Costa

 

https://presbiteros.org.br/homilia-de-d-henrique-soares-da-costa-ii-domingo-da-quaresma-ano-b/

ESPIRITUALIDADE Homilética: 2º Domingo da Quaresma - Ano B: "Tribulações e consolações".

 

ESPIRITUALIDADE

Homilética: 2º Domingo da Quaresma - Ano B: "Tribulações e consolações".

 

O Evangelho deste domingo apresenta a fé dos Apóstolos, fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de Jesus. O Mistério da Transfiguração não deve ser separado do contexto do caminho que Jesus está a percorrer. Ele já se orientou decididamente para o cumprimento da sua missão, sabendo bem que, para alcançar a Ressurreição, deverá passar sempre através da Paixão e da Morte de Cruz. Disto falou abertamente aos discípulos, os quais contudo não compreenderam, aliás, recusaram esta perspectiva, porque não pensam segundo Deus, mas segundo os homens (cf. Mt 16, 23). Por isso, Jesus leva consigo três deles ao monte e revela a sua Glória divina, esplendor de Verdade e de Amor. Jesus quer que esta luz possa iluminar os seus corações quando atravessarem a escuridão espessa da sua Paixão e Morte, quando o escândalo da Cruz for para eles insuportável. Deus é luz, e Jesus deseja doar aos seus amigos mais íntimos a experiência desta luz, que habita n’Ele. Assim, depois deste acontecimento, será neles luz interior, capaz de os proteger dos assaltos das trevas. 

Ao olharmos um pouco o contexto, observamos que Jesus tinha anunciado aos seus que “é necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas. É necessário que seja levado à morte e ressuscite ao terceiro dia” (Lc 9,22); que ele tinha falado também que se alguém o quisesse seguir que tomasse a cruz (cf. Lc 9,23-24); por outro lado, alguns discípulos esperavam um messias político que vencesse pela força de um exército dominador o poder dos romanos, de cujo jugo desejavam ver-se livres.

Tendo em conta tudo isso, podemos dizer que os discípulos encontravam-se bastante desnorteados e até mesmo desanimados. A transfiguração do Senhor é um consolo. De fato, dizia São Leão Magno que “o fim principal da transfiguração foi desterrar das almas dos discípulos o escândalo da Cruz”; trata-se de uma “gota de mel” no meio dos sofrimentos. A transfiguração ficou muito gravada na mente dos três apóstolos que estavam com Jesus, anos mais tarde São Pedro lembrar-se-ia deste fato na sua segunda epístola: “Este é o meu filho muito amado, em quem tenho posto todo o meu afeto”. Esta mesma voz que vinha do céu nós a ouvimos quando estávamos com ele no monte santo” (2 Pd 1,17-18).  Ele, Jesus, continua dando-nos o consolo – quando necessário – para podermos continuar caminhando e para que nunca desistamos.

Vale a pena seguir alguém que vai morrer na Cruz? Uma pergunta semelhante pôde ter passado pela mente dos discípulos do Senhor como também pôde ter passado alguma vez pela nossa, quiçá formulada de outra maneira.

A transfiguração de Jesus é uma catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: O Filho Amado de Deus! É um momento antecipado de luz que nos ajuda também a nós, a fitarmos a Paixão de Jesus com o olhar da fé. Sim, ela é um mistério de sofrimento, mas é inclusive a “Paixão bem-aventurada” porque é – no núcleo – um mistério de amor extraordinário de Deus; é o êxodo definitivo que nos abre a porta para a liberdade e a novidade da Ressurreição, da salvação do mal. Temos necessidade disto no nosso caminho quotidiano, muitas vezes marcado também pela escuridão do mal! Agora Jesus leva consigo os três discípulos, para os ajudar a compreender que o caminho para alcançar a glória, a vereda do amor luminoso que vence as trevas, passa através do Dom total de Si, passa pelo escândalo da Cruz. E, sempre de novo, o Senhor deve levar – nos consigo também a nós, pelo menos para começarmos a compreender que este é o caminho necessário.

Os discípulos da transfiguração são os mesmos do Monte das Oliveiras, os da alegria são também os da agonia. Em nossa caminhada para a Páscoa somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos três discípulos, viver a alegria da comunhão com Ele. As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar. No meio dos conflitos, o Pai nos mostra desde já sinais da Ressurreição e do alto daquele monte Ele continua a nos gritar: “Este é o Meu Filho Amado, escutai-O”. É preciso acompanhar o Senhor em suas alegrias e em suas dores. As alegrias preparam-nos para o sofrimento e o sofrimento por e com Jesus dá-nos alegria. Os discípulos, que estavam desanimados diante do Mistério da Cruz, são consolados por Jesus na transfiguração e preparados para os acontecimentos vindouros, como, por exemplo, o terrível sofrimento que Ele padecerá no Getsêmani. Vale a pena segui-lo? Certamente.

Quero sublinhar que Transfiguração de Jesus foi substancialmente uma experiência de oração (Cf. Lc 9, 28 – 29). Com efeito, a oração atinge o seu ápice, e por isso torna – se fonte de luz interior, quando o espírito do homem adere ao de Deus e as suas vontades se fundem, como que para formar uma só unidade. Jesus viu delinear – se diante de si a Cruz, o sacrifício extremo, necessário para nos libertar do domínio do pecado e da morte. E no seu coração, mais uma vez, repetiu o seu “Amém”. Disse sim, eis – me, seja feita, ó Pai, a tua Vontade de amor. E, como tinha acontecido depois do Batismo no Jordão, vieram do Céu os sinais do agrado de Deus Pai: a luz, que transfigurou Cristo, e a voz que O proclamou “Filho muito amado” (Mc 9,7).

Juntamente com o Jejum e as obras de misericórdia, a oração forma a estrutura principal da nossa vida espiritual.

Não desanimemos diante das dificuldades! Os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim! Com efeito, a existência humana é um caminho de fé e, como tal, progride mais na penumbra que na plena luz, não sem momentos de obscuridade e até de total escuridão. Enquanto estamos aqui em baixo, o nosso relacionamento com Deus realiza-se mais na escuta do que na visão; e a própria contemplação tem lugar, por assim dizer, de olhos fechados, graças à luz interior acesa em nós pela Palavra de Deus. 

Esta centelha da glória divina inundou os Apóstolos de uma felicidade tão grande que fez Pedro exclamar: “Senhor, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas…” Pedro quer prolongar a situação! O que é bom, o que importa, não é estar aqui ou ali, mas estar sempre com Cristo, em qualquer parte, e vê-Lo por trás das circunstâncias em que nos encontramos. Se estamos com Ele, tanto faz que estejamos rodeados dos maiores consolos do mundo ou prostrados na cama de um hospital, padecendo dores terríveis. O que importa é somente isto: Vê-Lo e viver sempre com Ele! Esta é a única coisa verdadeiramente boa e importante na vida presente e na outra. Desejo ver-Te, Senhor, e procurarei o Teu rosto nas circunstâncias habituais da minha vida!

A vida dos homens é uma caminhada para o Céu, que é a nossa morada (2 Cor 5,2). Uma caminhada que, às vezes, se torna áspera e difícil, porque com frequência devemos remar contra a corrente e lutar com muitos inimigos interiores ou de fora. Mas o Senhor quer confortar-nos com a esperança do Céu, de modo especial nos momentos mais duros ou quando se torna mais patente a fraqueza da nossa condição: “À hora da tentação, pensa no Amor que te espera no Céu. Fomenta a virtude da esperança, que não é falta de generosidade” (São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 139).

O pensamento da glória que nos espera deve animar-nos na nossa luta diária. Nada vale tanto como ganhar o Céu.

Não podemos ficar no Monte… de braços cruzados… O seguidor de Cristo deve descer do monte para enfrentar o mundo e os problemas dos homens!

Cada domingo, ao participar da Santa Missa, subimos a Montanha, para contemplar o Cristo transfigurado (ressuscitado) e escutar a sua voz.

Depois, ao descer a Montanha (tendo participado da Missa, ao sair da Igreja) devemos prosseguir a nossa caminhada, sendo sal da Terra e luz do mundo.

Que neste tempo de Quaresma, possamos encontrar momentos de silêncio, possivelmente de Retiro, para rever a própria vida à luz do desígnio de amor do Pai celeste. Deixemo-nos guiar nesta escuta mais intensa de Deus pela Virgem Maria, mestra e modelo de oração. Ela, também na extrema obscuridade da Paixão de Cristo, não perdeu mas conservou na sua alma a luz do Filho divino. É por isso que a invocamos como Mãe da confiança e da esperança! Que Maria, nossa guia no caminho da fé, nos ajude a viver o tempo da Quaresma, encontrando todos os dias alguns momentos para a oração silenciosa e para a Palavra de Deus. Ela, que acompanhou o seu Filho Jesus até à Cruz, nos ajude a ser discípulos fiéis de Cristo, cristãos maduros, para podermos participar juntamente com Ela na plenitude da alegria pascal. Amém!

COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS

 

Leituras: Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18; Sl 115; Rm 8,31b-34; Mc 9,2-10

 

Caros irmãos e irmãs, neste segundo domingo do tempo quaresmal, a Liturgia da Palavra nos apresenta como primeira leitura um texto tirado do Livro do Gênesis, onde nos mostra Abraão conduzindo seu filho Isaac para o sacrifício. A figura de Abraão se caracteriza como o exemplo do homem que vive numa constante escuta de Deus, portador de uma fé sólida e inabalável, sendo conhecido como o pai de todos os crentes; o nosso pai na fé.

Segundo o Livro do Gênesis, que compõe o Pentateuco do Antigo Testamento, Deus pede a Abraão: “Sai da tua terra, deixa seus parentes e a casa de seu pai para ir para a terra que eu te mostrarei” (Gn 12,1-4). Em obediência à ordem do Senhor, Abraão deixa tudo, renuncia a tudo: pátria, família, estabilidade e confia apenas em Deus, pois ele tem consciência que só Deus governa a sua vida.  Nesta terra, os seus descendentes formariam uma grande nação e herdariam uma terra “onde corre leite e mel” (Gn 12,7).

Abraão acredita, mesmo sabendo que a esposa Sara é estéril e ele já tem 75 anos para o tempo da promessa. Mas mesmo passando vinte e quatro anos, após receber ele esta promessa, ocorre a visita do Senhor à sua tenda.  No final da visita, Abraão ouve: “Em um ano, a esta época, voltarei à tua casa e Sara terá um filho” (cf. Gn 18,14). E, como para Deus nada é impossível, assim aconteceu: o nascimento de Isaac, filho de um homem de 100 anos e uma mulher estéril de 90, e através de quem Abraão será o pai de um grande povo, o pai de todos os crentes.

Sendo o povo escolhido de Deus, os hebreus conquistariam a terra prometida de Canaã, uma terra de fartura, em comparação com as que Abraão deixara para trás. Foi assim que Abraão foi para Canaã, passando a ser o fundador da nação hebraica. Canaã era a terra prometida por Deus ao seu povo, desde o chamado de Abraão, que habitava a cidade caldeia de Ur, no sul da Mesopotâmia. Foram 24 anos de uma longa espera.

Isaac, este filho da promessa de Deus, começa a crescer, mas o Senhor intervém novamente para fazer um novo pedido a Abraão: Oferecer Isaac em sacrifício (cf. Gn 22, 1-2-9-18). Deus retorna para exigir de Abraão aquilo que lhe fora concedido como graça e sinal do cumprimento de uma promessa: Isaac deve ser sacrificado.  Mesmo diante deste pedido, Abraão é pronto na obediência, sem nenhum questionamento.  Ele sobe ao monte para cumprir os requisitos mais difíceis do Senhor: sacrificar o seu próprio filho.

Abraão encontra-se diante da perspectiva de uma ação que para ele, pai, é certamente,  a  maior e mais difícil. Abraão obedece e se dirige para o Monte Moriá com seu filho Isaac que, sem o saber, leva a lenha para seu próprio holocausto.  Deus parece romper sua palavra e fecha para Abraão toda a esperança para o futuro.  Abraão constrói um altar, coloca a lenha e, depois de amarrar o jovem, pega na faca para o imolar. Abraão confia totalmente em Deus, a ponto de estar disposto até a sacrificar o próprio filho e, com o filho, o futuro, porque sem o seu filho, a promessa da terra prometida não se realiza. É realmente um gesto de fé extremamente radical.

 

Mas, no momento decisivo o anjo do Senhor detém o braço de Abraão, e um carneiro substitui o filho no sacrifício (cf. Gn 22,13). Neste momento Abraão é detido por uma ordem do alto: Deus não quer a morte, mas a vida, o verdadeiro sacrifício não proporciona a morte, mas é a vida e a obediência de Abraão que se torna fonte de uma bênção imensa, que se concretizará ao longo dos anos seguintes. Em vista de sua comprovada fidelidade – Deus renova com Abraão sua promessa: descendência numerosa, terra em possessão e bênção para seu povo e a todas as nações da terra.

O texto evangélico nos apresenta o relato da Transfiguração de Jesus no Monte Tabor.  A cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos, e para os crentes, em geral, pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que ele é o Filho amado de Deus.  Na narração da Transfiguração de Jesus vamos encontrar alguns elementos que normalmente acompanham as manifestações de Deus, e que encontramos quase sempre presentes nos relatos teofânicos do Antigo Testamento: o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem, o medo e a perturbação daqueles que presenciam o encontro com o divino.

É sempre em um monte que Deus se revela; e, em especial, é no alto de um monte que Ele faz uma aliança com o seu Povo. A mudança do rosto e as vestes brancas e brilhantes recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Monte Sinai (cf. Ex 34,29), depois de se encontrar com Deus e de ter as tábuas da Lei.  O monte é o lugar de encontro com Deus: Moisés e Elias encontram Deus no Monte Horeb. A Sagrada Escritura nos diz que Jesus, por várias vezes, se retira para o monte, a fim de estar com Deus em oração.

A nuvem, por sua vez, indica a presença de Deus: era na nuvem que Deus manifestava a sua presença, quando conduzia o seu Povo através do deserto (cf. Ex 40,35; Nm 9,18.22). Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas; além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (cf. Dt 18,15-18). O temor e a perturbação dos discípulos são a reação lógica de qualquer pessoa, diante da manifestação da grandeza, da onipotência e da majestade de Deus (cf. Ex 19,16).

A mensagem fundamental, presente em todos estes elementos, pretende dizer quem é Jesus: o Filho amado de Deus, em quem se manifesta a glória do Pai. Ele é, também, esse Messias Salvador esperado por Israel, anunciado pela Lei (representada por Moisés) e pelos Profetas (representados por Elias). Jesus é um novo Moisés, isto é, aquele através de quem o próprio Deus dá ao seu Povo a nova lei e através de quem Deus propõe aos homens uma nova Aliança.

O desejo manifestado por Pedro de construir três tendas no alto do monte, pode significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.  O simples fato de ver, mesmo só por um instante, a humanidade de Cristo transfigurada na companhia de Moisés e Elias, cheio de entusiasmo, deseja retê-los: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias” (v.5).  Não deixa de ser a manifestação, nestas suas palavras, de um testemunho de um sentimento sincero.

Mas, logo em seguida, parece surgir uma resposta do próprio Deus a Pedro e aos demais discípulos que ali estavam: “Este é meu Filho amado, escutai-o” (v. 7).  Deus toma a palavra, pede para que reconheçam Jesus como seu Filho amado, e pede para O escutar.  O Evangelho é o lugar no qual Jesus fala-nos hoje: “Quem a vós escuta, a mim escuta” (Lc 10, 16). Com essa palavra: “Escutai-o!”, indica que em Cristo temos toda resposta.  Mas na Transfiguração ele também queria mostrar sua divindade a três de seus Apóstolos, depois de ter anunciado aos doze sua já próxima Paixão e Morte. Quis o Senhor com sua Transfiguração no Monte Tabor incentivá-los, fortalecê-los e prepará-los para o que, em seguida, aconteceria no Monte Calvário.

Como os três Apóstolos do Evangelho, também nós temos necessidade de subir ao Monte da Transfiguração para recebermos a luz de Deus, e para que a sua face ilumine o nosso rosto e nos faça crescer na fé e na oração.  Assim seja.

PARA REFLETIR

Surpreende-nos, caríssimos, que neste tempo quaresmal, de tanta sobriedade, a Mãe católica nos coloque diante dos olhos Jesus transfigurado. Não seria mais adequado este texto num dos domingos da Páscoa? Cabe tanta glória, tanta luz, tanto esplendor, neste tempo de oração, penitência, esmola e combate espiritual? Mas, não duvidemos: a Igreja tem seus motivos; motivos sábios, motivos de mãe que educa com carinho.

Primeiramente, a glória de Jesus no Tabor, antegozo da sua ressurreição, anima-nos e alenta-nos neste caminho quaresmal. Ao nos falar da oração, da penitência, da esmola, ao nos exortar ao combate aos vícios e à leitura espiritual, a Igreja, fazendo-nos contemplar o Transfigurado, revela-nos qual o objetivo da batalha da Quaresma: encontrar o Cristo cheio de glória e, com ele, sermos glorificados. Olhai o Tabor, irmãos, e vereis o que o Senhor preparou para nós! Pensai no Tabor, e a penitência terá um sentido, as mortificações deste tempo serão feitas com alegria! Que diz o Evangelho? Diz que, diante dos apóstolos, Jesus transfigurou-se: “Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar”. Eis! A Transfiguração é uma profecia, uma antecipação da glória da Páscoa; e a Páscoa de Cristo é a garantia da nossa glorificação. Porque Cristo morreu e ressuscitou, nós também, mortos com ele, seremos daquela multidão vestida de branco, de que fala o Apocalipse! (Ap 7,9) Então, ânimo! As observâncias da santa Quaresma não são um peso, mas um belo caminho, um belo instrumento para conduzir-nos à Páscoa do Senhor!

Mas, a leituras de hoje colocam-nos também diante de uma outra realidade, bela e profunda. Comecemos pela primeira leitura, na qual Deus pede a Abraão tudo quanto ele tinha: “teu filho único, Isaac, a quem tanto amas”. Isaac era tudo para Abraão: por ele, tinha deixado Ur na Caldéia, por ele, tinha esperado mais de trinta anos, por ele, tinha suportado todas as provas… E, agora, já idoso, sem nenhuma possibilidade de ter mais filhos, agora que o menino já esta crescidinho e Abraão pensava poder descansar, Deus o pede a Abraão. Que prova, caríssimos! A fé de Abraão, aqui, chega quase que ao absurdo! Mas, ele foi em frente e “estendeu a mão, empunhando a faca para sacrificar o filho”.

Caríssimos, Deus tinha o direito de pedir isso a Abraão? Deus tem o direito de nos provar, detantas vezes nos pedir coisas que não compreendemos bem? Tem o direito de pedir fé e confiança diante dos percalços da vida? Poderíamos responder dizendo simplesmente que “sim”, porque ele é Deus; deu-nos tudo e pode pedir-nos o que desejar. Mas, não é essa a resposta que a Palavra de Deus nos indica na liturgia de hoje. Ele nos pode pedir, certamente, e nós devemos dar, com certeza, porque ele mesmo, o nosso Deus, nos deu tudo! Ele, que pede que Abraão lhe sacrifique o filho único e amado, é o mesmo Deus que, como diz São Paulo, na segunda leitura deste hoje, “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós!” Eis o grande mistério: Deus, no seu amor por nós – primeiro pelo povo de Israel, descendência de Abraão, e, depois, por toda a humanidade, com a qual ele deseja formar o novo povo, que é a Igreja – Deus, no seu amor por nós, entregou à morte o seu Filho único, o Amado, o Justo e Santo, aquele no qual ele coloca todo o seu bem-querer. Não é assim que ele no-lo apresenta hoje no Monte Tabor? “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” É este Filho que será entregue à morte. O Evangelho de São Lucas nos diz que, precisamente nesta ocasião, Jesus transfigurado falava com Moisés e Elias “sobre a sua partida, isto é, a sua morte, que iria se consumar em Jerusalém” (Lc 9,31). E no Evangelho de São Marcos, que escutamos, o próprio Jesus, ao descer da montanha, “ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos”. Compreendei, caríssimos: sobre o Monte Tabor, com o Transfigurado envolto em glória, paira a sombra da paixão, da morte do Filho amado e único, que o Deus de Abraão entregará por nós até o fim. Ao filho de Abraão, a Isaac, Deus poupou no último momento; não poupará, contudo, o seu próprio Filho!

Isso nos revela a dimensão do amor de Deus, da sua paixão pela humanidade, do seu compromisso salvífico em nosso favor! Ele pode nos pedir tudo, caríssimos, e nós deveríamos dar-lhe tudo, porque, ainda que não compreendamos, ele deseja somente o nosso bem, a nossa vida, a nossa salvação. Somos preciosos a seus olhos! Escutai o Apóstolo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Deus que não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós, como não nos daria tudo juntamente com ele? Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que os declara justos? Quem condenará? Jesus Cristo, que morreu, mais ainda, que ressuscitou, e está à direita de Deus, intercedendo por nós?” Eis, pois, amados em Cristo, a dimensão e a profundidade, a largura e a altura do amor de Deus por nós! Deixemo-nos, portanto, tocar no nosso coração; convertamo-nos! Abramo-nos para o Senhor! Arrependamo-nos de nossas indiferenças, de nossa frieza, de nosso fechamento! Tenhamos vergonha de tanta incredulidade e desconfiança de Deus, simplesmente porque não entendemos seu modo de agir! Que Santo Abraão, nosso pai na fé, e a Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe na fé, intercedam por nós para uma verdadeira conversão quaresmal. E que, realizando com generosidade a amor, as práticas quaresmais, cheguemos às alegrias da Páscoa e contemplemos nos santos mistérios da Liturgia, a face do Cristo glorificado. Amém.

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