VIII-A VOCAÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS
“Pela
graça de Deus/sou aquilo que sou/ leigo na Igreja/membro do Corpo de Cristo
Jesus”. (Pe. Zezinho).
Na quarta semana de agosto, a Igreja Católica
celebra a vocação leiga. Os leigos são pessoas que, apesar do trabalho e da
rotina familiar, conseguem um tempo para se dedicar à missão na Igreja. Ministros da Eucaristia,
salmistas, acólitos, catequistas e aqueles que participam dos ministérios e
pastorais são exemplos de leigos dentro da Igreja.
Na sequência de reflexão
sobre as diversas vocações, nesse quarto domingo de agosto, a Igreja nos propõe
rezarmos e refletirmos sobre a vocação dos cristãos leigos e leigas.
Eles e elas são a grande
maioria na Igreja, e pelo Batismo e Crisma, efetivamente discípulos/as
missionários/as de Jesus Cristo. São chamados/as a anunciar a Boa Nova do Reino
de Deus na família, no ambiente de trabalho profissional, na sociedade de modo
geral, no mundo da política, nos movimentos sociais que buscam a efetivação dos
direitos, que garantam vida digna para todos.
São chamados/as igualmente
a participar na ação pastoral da Igreja como sujeitos eclesiais. “Ser cristão,
sujeito eclesial, e ser cidadão não podem ser vistos de maneira separada. O
Documento de Aparecida, rejeitando este dualismo, ainda presente na mentalidade
de muitos, afirma que “a construção de eclesialidade nos leigos, é um só e
único movimento e levam os cristãos leigos à comunhão e participação na Igreja
e à presença ativa no mundo”. Doc 105. nº 164
https://cffb.org.br/reflexao-a-vocacao-dos-cristaos-leigos-e-leigas/
Os
leigos são todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens ou do
estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os que foram incorporados a
Cristo pelo Batismo, que formam o Povo de Deus, e que participam da função
sacerdotal, profética e régia de Cristo.
Os
cristãos leigos estão na linha mais avançada da vida da Igreja; e devem ter uma
consciência clara, não somente de pertencerem à Igreja, mas de “serem” Igreja,
isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do chefe comum, o Papa, e
dos Bispos em comunhão com eles. Eles são a Igreja.
O
leigo tem como vocação própria, procurar o Reino de Deus exercendo funções no
mundo, no trabalho, mas ordenando-as segundo o Plano e a vontade de Deus.
Cristo os chama a ser “sal da terra e luz do mundo”. O leigo chega aonde o
sacerdote não chega. Ele deve levar a luz de Cristo aos ambientes de trevas, de
pecado, de injustiça, de violência, etc. Assim, no mundo do trabalho, levando
tudo a Deus, o leigo contribui para o louvor do Criador. Ele constrói o mundo
pelo trabalho, e assim coloca na obra de Deus a sua assinatura. Torna-se
co-criador com Deus.
O Concílio Vaticano II resgatou a atividade
do leigo na Igreja: “Os leigos que forem capazes e que se formarem para isto
podem também dar sua colaboração na formação catequética, no ensino das
ciências sagradas e atuar nos meios de comunicação social” (CIC §906).do
apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação, “eles têm a obrigação e
gozam do direito, individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar
para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os
homens e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em
conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e
conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão necessária que
sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das vezes, obter seu pleno
efeito” (CIC §900).
“Os leigos podem também sentir-se chamados ou
vir a ser chamados para colaborar com os próprios pastores no serviço da
comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da mesma, exercendo
ministérios bem diversificados, segundo a graça e os carismas que o Senhor
quiser depositar neles” (CIC §910).
Os leigos podem cooperar juridicamente no
exercício do poder de governo da Igreja, participando nos concílios
particulares, nos sínodos diocesanos nos conselhos pastorais; do exercício do
encargo pastoral de uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos
econômicos; da participação nos tribunais eclesiásticos etc. (cf. CIC §911)
O Código de Direito Canônico dá ao leigo o
direito e o dever de dar a sua opinião aos pastores: “De acordo com a ciência,
a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às vezes, até o
dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião sobre o que afeta o
bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos costumes e a reverência
para com os pastores, e levando em conta a utilidade comum e a dignidade das
pessoas, deem a conhecer essa sua opinião também aos outros fiéis” (CIC §907;
Cânon 212,3). Assim, os leigos devem se manifestar aos outros e aos pastores, quando
observa que algo errado se passa na Igreja: ensinamentos errados discordantes
com o Magistério da Igreja, conduta incorreta de pessoas do clero, etc.
Os leigos devem impregnar as realidades
sociais, políticas, econômicas, com as exigências da doutrina e da vida
cristãs. Os papas têm chamado os leigos a atuar especialmente na política, que
é boa, a arte do bem comum. O que não presta é a politicagem e o politiqueiro.
O Papa Francisco disse que a política anda
suja porque os cristãos se afastaram dela. E pede para que dela participem.
Vimos o povo nas ruas do Brasil, reclamando de tanta sujeira na vida pública,
tanta corrupção, imoralidade e malversação do dinheiro público. Isso ocorre
porque os cristãos leigos pecam por omissão política. Quantos cristãos dão seu
voto a pessoas que não são idôneas, que não comungam com os valores cristãos!
Muitos leigos ainda “vendem” o seu voto e a sua consciência, por um favor
recebido.
João Paulo II, na “Christifidelis laici”,
disse que “os fiéis leigos não podem absolutamente abdicar da participação na
«política», ou seja, da múltipla e variada ação econômica, social, legislativa,
administrativa e cultural, destinada a promover orgânica e institucionalmente o
bem comum… a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário
perigo moral, não justificam minimamente nem o cepticismo nem o absenteísmo dos
cristãos pela coisa pública” (n.42).
O Papa Bento XVI pediu: “Reitero a
necessidade e urgência de formação evangélica e acompanhamento pastoral de uma
nova geração de católicos envolvidos na política, que sejam coerentes com a fé
professada, que tenham firmeza moral, capacidade de julgar, competência
profissional e paixão pelo serviço ao bem comum” (Discurso ao CPL, Vaticano, 15
de novembro de 2008).
Mas, para que o leigo realize esta missão tão
importante na Igreja, ele tem de ser bem formado em sua fé, conhecendo bem a
doutrina ensinada pelo Magistério da Igreja, especialmente o Catecismo, e viva
uma vida espiritual sadia, com participação nos sacramentos, meditação da
Palavra de Deus, vida de oração, meditação, participação na pastoral,
penitência e caridade. Enfim, uma vida de santidade.
Prof.
Felipe Aquino
https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2020/08/26/vocacao-dos-leigos/
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