XIV- REFLEXÃO DOMINICAL IV: ACOLHER O REINO DE DEUS
Na Eucaristia, celebramos, por seu mandado e
em sua memória, a plenitude da vida, o dom de Cristo. Na mesa eucarística, o
Senhor nos alimenta com a sua Palavra e com o seu Corpo e Sangue. Estamos no
primeiro domingo deste mês de outubro, e, no ano dedicado à oração como
preparação ao Jubileu de 2025, com o tema “Peregrinos de Esperança”, somos
convidados a intensificar a participação na missa e a oração pela missão
evangelizadora da Igreja. Sabemos que, como Igreja que somos, e obedientes à
palavra do Salvador, devemos elevar a Deus, em cada celebração eucarística e
litúrgica, a insistente invocação “venha a nós o vosso Reino”. Na oração
incessante e na Eucaristia, somos chamados a ser peregrinos missionários da
esperança, a caminho da vida plena em Cristo, no eterno banquete preparado por
Deus para todos nós. A Palavra de Deus nos ilumina e conduz. Na primeira
leitura (Gn 2,18-24), somos levados ao grande mistério do amor de Deus revelado
na família, ou seja, uma relação de amor e de complementaridade entre duas
pessoas. De fato, “não é bom que o homem esteja só. Vou dar-lhe uma auxiliar
semelhante a ele”. Aqui se evidencia o projeto de Deus, o seu Reino, no ideal
das relações humanas no mundo criado, como parte da revelação de seu amor pelas
criaturas. Ser uma só carne significa estar em comunhão um com o outro; homem e
mulher os criou, sob o reconhecimento de igual dignidade. No Evangelho (Mc
10,2-6), ao ser questionado, Jesus responde baseado nas Escrituras e resgata a
dignidade das mulheres, afirmando a igualdade entre ambos – homens e mulheres –
em seus direitos e deveres. O projeto original de Deus é claro: “Desde o começo
da criação, Deus os fez homem e mulher”. Logo, “O que Deus uniu, o homem não
separe”. A dureza de coração indica insensibilidade e indiferença diante dos
ensinamentos divinos e da realidade humana. A indissolubilidade do matrimônio
deve ser entendida com profundidade, na perspectiva de um processo de relação
entre duas pessoas, unidas pela comunhão no amor, na fé e na vida. Deste modo,
como Jesus nos ensinou, somos convidados à fidelidade ao projeto de Deus sobre
a vida e a família, e a um acolhimento amoroso, principalmente aos excluídos e
discriminados. Essa atitude se revela tão bela e carinhosa na acolhida das
crianças, pois delas é o Reino de Deus. O gesto de Jesus demonstra a acolhida
fraterna e amorosa dos mais pobres, pequenos e vulneráveis, como parte do
projeto de Deus revelado na história. Como bem nos recorda a segunda leitura
(Hb 2, 9-11), “Ele não se envergonha de os chamar irmãos”. Estamos iniciando o
mês missionário. Todos somos discípulos missionários de Jesus Cristo. Eis o que
nos diz o Papa Francisco na mensagem para o Dia Mundial das Missões de 2024, a
ser celebrado no próximo dia 20 de outubro: um convite a um novo movimento
missionário: “E não esqueçamos que todo o cristão é chamado a tomar parte nesta
missão universal com o seu testemunho evangélico em cada ambiente, para que
toda a Igreja saia continuamente com o seu Senhor e Mestre rumo às «saídas dos
caminhos» do mundo atual. Oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de
novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo
movimento missionário, como nos alvores do cristianismo”.
Dom
Angelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar de São Paulo.
https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46b-54-27-domingo-tempo-comum.pdf
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