sexta-feira, 18 de julho de 2025

XII- SANTOS DA SEMANA DE 21 DE JULHO A 27 DE JULHO

 

 

XII-       SANTOS DA SEMANA DE 21 DE JULHO A 27 DE JULHO

 

Santo do dia 21 de Julho

São Lourenço de Bríndisi, presbítero e Doutor da Igreja (†1619). Santa Praxedes, virgem (†antes de 491). Consta ter sido filha do senador romano Pudente, convertido por São Pedro. Deu nome à Basílica de Santa Praxedes, no Esquilino.

Santo do dia 22 de Julho

Santa Maria Madalena. Beato Agostinho de Biella Fangi, presbítero (†1493). Sacerdote dominicano, oriundo da nobre estirpe dos Fangi, que dispensou numerosos benefícios em Soncino, Vigevano e Veneza.

Santo do dia 23 de Julho

Santa Brígida, religiosa (†1373). São João Cassiano, presbítero (†cerca de 435). Após ter sido monge na Palestina e eremita no Egito, fundou em Marselha, França, a abadia de São Vitor, composta de duas comunidades: uma masculina e outra feminina. Escreveu as Instituições Monásticas e as Conferências.

Santo do dia 24 de Julho

São Charbel Makhluf, presbítero (†1898). Santos Boris e Gleb, mártires (†1015). Filhos de São Vladimir, grão-duque de Kiev, Rússia, preferiram a morte a se oporem pela força ao seu irmão Sviatopolk.

Santo do dia 25 de Julho

São Tiago Maior, Apóstolo. Decapitado em Jerusalém por ordem de Herodes Agripa, foi o primeiro dos Apóstolos a receber a coroa do martírio. Santa Maria do Carmo Sallés y Barangueras, virgem (†1911). Fundadora da Congregação das Irmãs da Imaculada Conceição, em Madri.

Santo do dia 26 de Julho

São Joaquim e Sant’Ana, pais de Maria Santíssima. Santa Bartolomeia Capitanio, virgem (†1833). Junto com Santa Vicenta Gerosa, fundou a Congregação das Irmãs da Caridade de Maria Menina. Morreu tuberculosa aos 26 anos.

Santo do dia 27 de Julho

Beata Maria Madalena Martinengo, abadessa (†1737). De família nobre, entrou como religiosa no convento capuchinho de Bréscia. Foi favorecida com fenômenos místicos e deixou escritos que revelam sua incomum espiritualidade

https://www.xl1.com.br/santo-do-dia/santos-do-mes-de-julho/

 

III-      REFLETINDO COM LINDOLIVO SOARES MOURA ( *)

 

"CENAS E CENÁRIOS DO COTIDIANO: UMA HOMENAGEM A RUBEM ALVES"    -- PARTE III

            "- Não pode entrar A  igreja  está lo-

               tada.  - Preciso chamar  minha mãe.  É urgente!

               - ok.  Mas  nada de rezar enquanto estiver lá dentro" [L.S.M.]

Observação.: esta terceira parte complementa e finaliza as partes I e II de mesmo título.

CENA 21

– Hoje acordei cedo pra meditar.

– E conseguiu?                        

– Sim. Três minutos de respiração profunda, vinte e sete de cochilo inclinado e mais dez acordando assustado com o alarme que eu mesmo programei.

– Isso é meditação ou salada espiritual?

– Chamo de sono terapêutico não-intencional.

– E sentiu alguma diferença depois?

– E como! Um pouco de torcicolo, uma baita dor de cabeça, e uma falsa sensação de iluminação.

– E vai continuar tentando?

– Claro. Não desisto nunca. Estou me espiritualizando pouco a pouco.

– Você não acha que está enganando a si mesmo?

– Não. Estou apenas dando um upgrade na minha espiritualidade.

– Se continuar assim vai acabar virando monge.

– Experimente acender um incenso e vai ver como o aroma é relaxante.

– Já fiz isso. Mas o único estado alterado que consegui atingir foi que tossi o tempo todo.

– Então está no caminho certo. Só não sabemos de que tipo de iluminação se trata.

– Se for caminho para alcançar o nirvana, já estou me tornando um Buda. Só que menos carismático e cada vez mais asmático.

 

CENA 22

– Você tem hábito de leitura?

– Tenho, mas às vezes me pego lendo mais rótulos de shampoo e bula de remédio, do que páginas de algum bom livro.

– Como assim?

– Porque a leitura exige presença e introspecção, e o mundo cobra pressa e dispersão.

– E como equilibrar isso?

– Só mesmo com muito esforço. Um livro não consegue competir bem com uma tela piscando.

– Mesmo assim você acha que vale a pena insistir?

– Com certeza! Um parágrafo bem lido pode mudar o curso de um pensamento inteiro.

– É por isso que você lê pouco e devagar?

– Sim. Leio cada linha como se estivesse caminhando por dentro de si mesmo.

– E o que de mais interessante você tem aprendido ?

– Que a leitura não grita, apenas sussurra. E o mundo moderno precisa de mais sussurros do que de gritos.

– Já tentou reler algum livro depois de muitos anos?

– Já sim. Reli, e descobri que o livro era outro. Ou talvez quem tenha mudado fui eu.

– Eu imagino. Deve ser como rever fotos antigas e perceber o que antes não se conseguia.

– Exatamente. O livro é o mesmo, mas o leitor é sempre outro.

– E por que será que as pessoas leem tão pouco?

– Talvez porque estejamos preocupados demais tentando ser vistos, quando deveríamos estar mais ocupados em nos ver a nós mesmos. A leitura é como um espelho sem selfie.

CENA 23

– E então, Júlio, está assistindo à nova série?

– Estou sim. Quer dizer, estou tentando. Abri a plataforma, vi o pôster, li a sinopse, assisti dois trailers, e depois parei pra ver o que o Twitter achava.

– Já assistiu algum episódio?

– Ainda não. É muito compromisso esperando.

– E quantos episódios são?

– Oitenta e quatro, de uma hora cada.

– Você não acha isso um tanto exagerado?

– Com certeza. Mas todo mundo diz que “vale a pena depois da terceira temporada”.

– Então você pretende assistir?

– Só se houver um feriado prolongado, sem visita, sem celular, e talvez uma gripe leve que me obrigue a ficar na cama.

– Ou seja, nunca.

– Exatamente. Mas já recomendei pra três pessoas amigas minhas. Terapia "desocupacional".

– Pelo jeito você se considera menos um entusiasta da cultura do que um vendedor de expectativas.

– Eu sou um curador daquilo que não vejo, mas admiro.

– Isso não me parece muito normal: maratonar trailers e colecionar séries que nunca foram nem serão vistas.

– Isso é arte contemporânea. Sou um espectador do imaginário, um amante da ficção ficção.

CENA 24

– E então, continua fazendo exercícios regularmente?

– Sim. Todos os dias. Um pouco de alongamento, caminhada leve e respiração consciente.

– Parece que para você isso é muito importante.

– Acertou em cheio. Meu corpo é minha primeira morada, e quero ela sempre bem cuidada. De preferência, antes que a manutenção vire emergência.

– Mas nem sempre a gente está disposto, é ou não é verdade? Acho um saco!

– Tem dias que tudo pesa. Mas é justamente nesses dias que o movimento salva.

– E você acha que isso te ajuda a mudar por dentro?

– Com certeza. Quando o corpo se move, desperta a mente.

– Então é mais do que saúde física.

– É autocuidado.

– E o dia que você não consegue, fica frustrado?

– Não me culpo. Me perdoo. Regularidade não é perfeição.

– Mesmo se ninguém percebe o seu esforço?

– Melhor ainda. O corpo não precisa de testemunhas pra se sentir valorizado. Basta ser respeitado e bem tratado.

CENA 25

– Como está seu relacionamento, Jorge, segue firme?

– Uma montanha-russa, com menos cintos de segurança do que eu precisaria.

– E você não tem medo de onde isso vai acabar dando?

– Claro que sim! Mas tenho mais medo de voltar pra a solteirice dos aplicativos.

– Mas isso não seria uma falsa compensação?

– Considere como estratégia de sobrevivência digna.

– Mas afinal de contas vocês dois se amam ou não?

– Sim, nós nos amamos. Entre uma indireta e outra, uma acusação pra cá outra pra lá, sempre sobra um carinho e divisão de boletos.

– E o diálogo, ainda existe?

– Existe, claro. Em forma de mensagens e memes trocados no WhatsApp.

– Amor em tempos digitais.

– E ainda assim, mais sólido do que muitos relacionamentos analógicos por aí.

– Você acha que isso é amor de verdade?

– Acho que é amor possível, realista: você sabe que nem um nem outro surgiu de um conto de fadas, mas ainda assim decide ficar com o outro como ele é.

– E se um dia isso tudo acabar?

– A gente termina em paz, divide os livros, e cada um leva seu filtro de café. Trama sem drama. Só um delicado e respeitoso abraço.

CENA 26

– O que você acha de usar Facebook, Luca? Você usa?

– Uso sim. Não com frequência, mas como quem visita um antigo vilarejo da infância.

– E o que você costuma encontrar por lá?

– Memórias, pessoas que ficaram no tempo, coisas que não voltam mais, e por aí vai.

– E isso te satisfaz?

– Sinceramente, não totalmente. Mas me ajuda a compreender que o tempo passa pra todo mundo, e que nem todos querem passar a vida correndo.

– E vale a pena manter o perfil?

– Pode apostar. Por causa das fotos antigas, dos aniversários esquecidos, das mensagens inesperadas.

– Mas isso está me cheirando pura nostalgia.

– Isso é laço, tem cheiro de vínculo que insiste em não se desfazer. Às vezes o passado também cuida da gente.

– Mas você realmente sente falta daquele tempo?

– Sinto sim. De um tempo em que as coisas e as pessoas pareciam menos apressadas, menos viciadas em performance, menos carentes de visibilidade.

– Como assim?

– Antes, a gente postava por prazer, por vontade. A vida não era um palco com aplausos em forma de curtidas e à caça de seguidores daqui e dali.

– Se é assim, por que você ainda entra lá?

– Porque tem coisas que só sobrevivem naquele espaço. Memórias congeladas, um tipo de afeto que sobrevive por entre a poeira que o mundo digital vai deixando para trás.

CENA 27

– Já foi ao terapeuta hoje, Jorge?

– Fui. Mas passei a sessão inteira tentando não parecer nem louco nem funcional demais.

– Como assim?

– É que eu tenho um talento especial pra bancar o protagonista da minha própria série.

– E isso deu verto?

– Acho que sim. Ela anotava tudo, e fazia poucas perguntas. Disse que é lacaniana.

– Isso é bom ou ruim?

– Sei lá! Mas saí com vontade de me observar com atenção em cada detalhe, até quando escovo os dentes.

– Você acha que a terapia vai te consertar?

– Receio que não. É mais pra organizar a bagunça mesmo, ou pelo menos decorar melhor o caos.

– Isso significa que você pretende continuar?

– Claro. Nunca subestime o poder de falar por cinquenta minutos sem ser interrompido.

– Mas você falou mesmo ou só enrolou, como você disse?

– Falei tudo, inclusive sobre minha dúvida se vale a pena seguir pagando e continuar enrolando.

– E o que ela disse?

– Disse “hum!!!", com diferentes entonações. Um “hum” validante, um “hum” reflexivo e um “hum” que parecia julgamento disfarçado.

– E você!?

– Respondi com um “rsrsrs” verbal. E aproveitei para agendar a próxima sessão, claro. Combinamos dois horários seguidos.

– Mas por quê dois?

– Porque ainda estou cheio de problemas pra resolver. E deles é você. Rsrsrs!!!

CENA 28

– Qual a sua principal meta pra esse ano, Higor?

– Manter a integridade, sedo menos reativo e mais presente.

– Caramba! Isso com certeza não é nada fácil.

– Concordo. Porque o mundo grita, ao passo que o o espírito exige silêncio.

– Mas você acha que vai conseguir?

– Por que não?Aquilo que não se consegue controlar fora, precisa ser cuidado por dentro.

– Então suas metas são internas.

– Mais ou menos isso. Mais sentido, mais significado, e menos números e estatísticas.

– Você já se frustrou por não conseguir cumprir uma meta desse tipo?

– Com certeza! Mas hoje entendo que o caminhar já é uma meta. E saber parar também.

– E como você avalia se está crescendo ou não?

– Pelas escolhas pequenas que me acontecem, como quando respiro fundo antes de responder, quando me acolho nas besteiras que faço, ou quando consigo escutar alguém com o corpo inteiro.

– Mas você acha que isso é pouca coisa?

– Pelo contrário, isso é tudo. Crescer não é só alcançar metas. É também sustentar o que se aprendeu e o que já se conseguiu alcançar. Um dia eu chego lá.

CENA 29

– Você deveria aprender a ser mais grato para com as pessoas.

– Tenho tentado. Sempre que consigo não mandar ninguém pra aquele lugar antes das nove da manhã.

– Isso não é gratidão, isso é mecanismo de defesa chamado contenção.

– Pode ser. Para mim é um ato de autocontrole realizado com elegância.

– Acha mesmo que isso ajuda alguma coisa?

– Acho, não, tenho certeza. Às vezes, só o fato de não explodir já me faz sentir um monge da era digital.

– Você tem algum diário?

– Não, não tenho. Mas mentalmente, agradeço por cada café, por cada silêncio respeitado, e por cada fila que não é furada.

– E quando alguém fura a fila ou a fila não anda? Você amaldiçoa, mesmo que só em pensamento?

– Eu agradeço também. Porque é nessa hora que eu percebo como é fácil perder a compostura.

– Então, pelo jeito você se sente até mais agradecido que os demais.

– Não é bem assim. Às vezes apenas finjo que sou grato. Uma espécie de performance espiritual provisória.

– E isso funciona?

– Às vezes me convenço que sim. Outras vezes, só fico calado pra não estragar minha imagem nas redes sociais.

– Mas isso não  passa de hipocrisia.

– Para mim é esforço e tentativa. Hipocrisia seria postar uma foto sorrindo e depois gritar com o garçom. Respiro fundo, peço mais um café, e vida que segue.

CENA 30

– Não sei mais o que fazer para relaxar. Como você parece conseguir tão facilmente?

– Primeiro, me permitindo ser imperfeito e aceitando minhas limitações.

– Como se isso fosse fácil!

– Concordo que realmente não é. Mas é libertador, quando se consegue.

– E o que mais te relaxa, além disso?

– Um banho longo e sem pressa. Um silêncio sem culpa. Uma caminhada sem destino certo.

– Então não se trata do lugar físico.

– Certeza que não. Relaxar é lembrar de vez em quando que não sou máquina. Que cansaço não é fracasso. Que ninguém é de ferro.

– E você pratica isso todo dia?

– Pelo menos tento. Porque esquecer de relaxar é uma boa forma de adoecer.

– Nunca se cobrou por ficar descansando enquanto outros estão trabalhando?

– Claro que sim. Mas hoje entendo que descansar também é uma forma de se exercitar.

– Como assim?

– Num mundo obcecado por performance e produtividade, parar é quase um ato de subversão.

– E quando você para, consegue ouvir alguma coisa diferente?

– Ouço meus pensamentos, minhas emoções, meus medos, tudo sem filtro algum.

– E isso não te assusta de vez em quando?

– Às vezes. Mas prefiro ser assombrado pelo meu silêncio interior, do que ser anestesiado pelo barulho que vem de fora. Se você tentar, poderá se surpreender.

( * ) Texto enviado pelo autor, via Whatsapp, de Vitória (ES)

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