sábado, 26 de fevereiro de 2022

REFLETINDO A QUARTA-FEIRA DE CINZAS

- Juntamente com a Sexta-feira Santa, este é o dia no qual se pede a todos os adultos que jejuem. Que renunciem ao menos a uma refeição importante do dia, em sinal de disponibilidade e solidariedade com tantos irmãos e irmãs que passam fome. Tentar se aproximar o máximo possível da dor do outro é reviver, de algum modo, a compaixão vivida por Jesus Cristo. Sempre que fazemos isso temos a oportunidade de nos tornar pessoas melhores.

-  A nossa vida é sempre rodeada de gestos e sinais, desde os mais simples, aqueles que nós entendemos logo o sentido, até os mais complicados, os quais nós demoramos um pouco mais para entender. Mas, uma coisa é certa: todo gesto ou sinal tem a intenção de nos mostrar alguma coisa, de nos ajudar a fazer uma determinada experiência. Todo gesto ou sinal aponta para um objetivo. Isso também vale para os gestos e sinais que nós utilizamos dentro da nossa liturgia.

- Hoje, de modo especial, nós vivenciamos um gesto muito antigo e muito significativo na nossa espiritualidade cristã. As cinzas que iremos receber nas nossas cabeças são definidas como "sinal sacramental da nossa conversão". Sinal também do compromisso que assumimos de viver nesse tempo quaresmal. Este gesto nos ajuda a entender que pouco sentido tem as cinzas na cabeça se não há um comprometimento, uma resposta fiel em relação ao que se busca: conversão, mudança de vida. Entendendo bem, assumiremos com maior liberdade e sinceridade o chamado que Deus faz a cada um de nós.

 - No Evangelho, Jesus distingue três práticas que falam de uma conduta de vida: esmola, jejum e oração. Naquele tempo eram muito comuns essas práticas. Em si, são boas, dignas de todo bom cristão. Mas que, infelizmente, não estavam sendo vividas de maneira sincera e autêntica. Para a mentalidade da época, a esmola, o jejum e a oração representavam o "tamanho da fé" das pessoas. Por isso eram feitas com tanto exibicionismo. Jesus mostra que, para além dos gestos externos, devemos nos preocupar, primeiramente, com a sincera conversão interior. O bem que fazemos deve nascer de um bonito processo de conversão. Jesus nos garante: "... e o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa".

 - Uma bonita e sincera experiência de conversão está na profecia de Joel que acabamos de escutar. Encontramos aí o caminho espiritual que somos convidados a percorrer nesse tempo quaresmal. Convite esse, feito pelo próprio Senhor: "Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo". E como nos mostra o apóstolo Paulo na segunda leitura de hoje, o perdão e o amor de Deus superam todos os nossos pecados e nossas faltas. Basta que voltemo-nos para Ele arrependidos, e orientemos a nossa vida em vista do que é certo e justo aos olhos de Deus.

 - Assim, em todos os anos, a quaresma se apresenta como um grande retiro a ser vivenciado no espírito do recolhimento e da renúncia. Oração, esmola e caridade farão parte de uma experiência de profunda intimidade com Deus, com o próximo e consigo mesmo. De modo que, numa atitude verdadeira e gratuita se poderá encontrar o sentido da vida e a conversão que Deus deseja aos seus filhos e filhas. Contudo, nenhuma experiência quaresmal terá seu objetivo alcançado sem ter diante dos olhos a vitória de Cristo na Ressurreição.

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