domingo, 29 de agosto de 2021

SEJA BEM-VINDO!

DOMINGO, 29 DE AGOSTO DE 2021

 “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior”( Mc 7, 15).

22.º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO B

AGOSTO, MÊS VOCACIONAL

 

DIA NACIONAL DO CATEQUISTA

Ano de São José e da Família Amoris Laetitia

OLÁ: PRA COMEÇO DE CONVERSA...

1- LITURGIA DO 22.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO B

A liturgia do 22º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a “Lei”. Deus quer a realização e a vida plena para o homem e, nesse sentido, propõe-lhe a sua “Lei”. A “Lei” de Deus indica ao homem o caminho a seguir. Contudo, esse caminho não se esgota num mero cumprimento de ritos ou de práticas vazias de significado, mas num processo de conversão que leve o homem a comprometer-se cada vez mais com o amor a Deus e aos irmãos.

A primeira leitura garante-nos que as “leis” e preceitos de Deus são um caminho seguro para a felicidade e para a vida em plenitude. Por isso, o autor dessa catequese recomenda insistentemente ao seu Povo que acolha a Palavra de Deus e se deixe guiar por ela.


No Evangelho, Jesus denuncia a atitude daqueles que fizeram do cumprimento externo e superficial da “lei” um valor absoluto, esquecendo que a “lei” é apenas um caminho para chegar a um compromisso efetivo com o projeto de Deus. Na perspectiva de Jesus, a verdadeira religião não se centra no cumprimento formal das “leis”, mas num processo de conversão que leve o homem à comunhão com Deus e a viver numa real partilha de amor com os irmãos.


A segunda leitura convida os crentes a escutarem e acolherem a Palavra de Deus; mas avisa que essa Palavra escutada e acolhida no coração tem de tornar-se um compromisso de amor, de partilha, de solidariedade com o mundo e com os homens.

 

A pandemia nos ajuda a entender importância das normas sanitárias no cuidado com a saúde e a vida. Como os mandamentos de Deus e outras leis sociais, elas não devem ser seguidas de forma legalista, mas de coração generoso. A catequese permanente nos auxilia a viver este compromisso, com o precioso serviço dos catequistas, verdadeiros educadores da fé, cujo Dia Nacional hoje celebramos.

 

2- ORAÇÃO DO CATEQUISTA

 

Hoje, dia 29 de agosto, dia Nacional do Catequista. Rezemos pelos nossos catequistas!

 

3- NOTÍCIAS DE SÃO PAULO, DO BRASIL E DA IGREJA (até 24/08):

 

Ø  Média móvel de mortes está em 766 por dia. O Brasil contabiliza 574.944 óbitos e 20.583.286 casos de coronavírus. Pessoas recuperadas 19.479.47.

Ø  Proteção de vacinas contra a Delta diminui após três meses da segunda dose.

Ø  O Ministério da Saúde diz ter vacinas para iniciar 3.ª dose em idosos em setembro.

Ø  Butantã entregou 4 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde nesta segunda-feira (23/08).

Instituto diz que irá concluir as 100 milhões previstas no contrato com o governo federal até o dia 31. Até agora, Butantã já liberou 78,8 milhões de doses ao governo federal.

Ø  SP: Comércios não serão obrigados a cobrar "passaporte da vacina". Secretário municipal de Saúde disse que comprovante de vacinação será exigido apenas em grandes eventos, como jogos de futebol.

Ø  Arroz e feijão sobem mais de 60% em um ano e encarece o Prato Feito (PF), segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ø  Estado de SP tem mês com maior número de focos de incêndio dos últimos 10 anos, aponta Inpe.

Parque estadual do Juquery já teve mais de 1.600 hectares (80% de toda a área) destruída por incêndio que começou no domingo. Polícia investiga se balão deu início às chamas. Fuligem do incêndio chegou à capital e pode fazer mal à saúde, alertam especialistas. Bombeiros controlaram incêndio no Parque Estadual do Juquery (SP) após mais de 30 horas de trabalho.

Ø  Estado de SP tem 60% dos alunos de volta à aulas presenciais. Na capital, retorno dos estudantes, que não é compulsório, chega a 64%.  Obrigatoriedade é de cumprir carga horária pré-definida.

Ø  Doria afastou coronel da PM em SP após manifestações pró-Bolsonaro. Lacerda fez convocação para protestos no dia 7 de setembro e atacou políticos. Regulamento da corporação proíbe manifestações.

Ø  Paralisação de linhas da CPTM afetou mais de 930 mil passageiros em SP.

Ø  Preço do etanol sobe em 21 estados; Amazonas tem a maior alta nacional, diz ANP.

Ø  Brasil está representado por 259 atletas nas Paraolimpíadas de Tóquio que começou na terça-feira. O Brasil participa em 20 das 22 modalidades. A modalidade com o maior número de atletas é o atletismo com 65 representantes e 19 atletas-guia.

Ø  Dez partidos assinaram manifesto contra impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes. Siglas divulgaram notas oficias após pedido de impeachment do ministro do STF feito pelo presidente Jair Bolsonaro.

Ø  Governos do PT contribuíram para ascensão política das Forças Armadas. O estudo aponta que a falta de uma política dos governos petistas para fortalecer a hierarquia civil sobre as Forças Armadas contribuiu para que os militares se sentissem à vontade para assumir maior protagonismo político nos últimos anos.

Ø  Seminaristas de todo o Brasil participam de encontro de formação.

Participaram 500 seminaristas e o objetivo foi promover e impulsionar o processo de formação missionária de candidatos ao presbiterado, em vista de uma Igreja em saída, na perspectiva da missão universal.

Ø  Paróquia na Diocese de Campos inicia a Pastoral da Ecologia Integral.

A Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, Itaperuna (RJ), iniciou domingo (22), a Pastoral da Ecologia Integral, com apresentação na missa presidida pelo bispo de Campos, dom Roberto Francisco Ferreira Paz.

Ø  CNBB em solidariedade aos povos indígenas visita o acampamento “Luta pela Vida”.

Presidente e secretário-geral da CNBB participam da visita ao   acampamento que reúne milhares de indígenas em Brasília

Ø  Bispo entregará carta do Papa às famílias das vítimas de atentado em Santa Catarina. Entrega da carta acontecerá durante a missa em Saudades (SC); atentado aconteceu em uma creche na mesma cidade, em maio deste ano.

Ø  Laudato si’ não é só uma encíclica “verde”, é social, lembra Papa.

Papa enviou videomensagem a participantes de congresso na Argentina   sobre a Laudato si’; evento será on-line em setembro

Ø  Grande preocupação da Santa Sé com a crise no Afeganistão: respeitar os direitos humanos

Para a Santa Sé, o "diálogo inclusivo" representa "o instrumento mais poderoso" para alcançar o objetivo da paz. O representante vaticano no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, exorta todas as partes "a reconhecer e defender o respeito à dignidade humana e aos direitos fundamentais de cada pessoa, incluindo o direito à vida, a liberdade de religião, o direito à liberdade de ir e vir e de reunião pacífica". E lança um apelo a toda a comunidade internacional a "passar das declarações à ação"

https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-08/preocupacao-santa-se-crise-afeganistao-respeito-direitos-humanos.html

SB SABENDO BEM DESTE DOMINGO E DESTA SEMANA:


01- OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA:

1. LITURGIA  DO 22.ºDOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO B;

2. ORAÇÃO DO CATEQUISTA;

3. NOTÍCIAS DE SP, DO BRASIL E DA IGREJA;

02- LEITURAS DO 22.º DOMINGO DO TEMPO COMUM (DTC)-ANO B;

03- LITURGIA DA SEMANA E DATAS COMEMORATIVAS;

04- REFLEXÃO DOMINICAL I: JESUS CONHECE BEM O CORAÇÃO DO HOMEM;

05- REFLEXÃO DOMINICAL II: MARCOS 7,1-8.14-15.21-23

06- RELIGIÃO: MINISTÉRIO DE CATEQUISTA É CRIADO PELO PAPA FRANCISCO;

07- CATEQUESE - PANDEMIA E CATEQUESE: DEPOIS DA PANDEMIA QUE CATEQUESE?

08- HISTÓRIA INSPIRADORA – OLIMPÍADAS: DEPOIS DE GANHAR O OURO, ATLETA EXIBE OUTRA MEDALHA ESPECIALÍSSIMA;

09- CATEQUESE COM ADULTOS E SEUS DESAFIOS E ATITUDES;

10- EDIÇÕES CNBB LANÇA O TEXTO-BASE E OS ENCONTROS BÍBLICOS PARA O MÊS DA BÍBLIA 2021;

11- SANTO AGOSTINHO E A CATEQUESE: A CATEQUESE AGOSTINIANA;

12- SUGESTÃO DE LEITURAS:

1. A Instrução dos Catecúmenos: Teoria e Prática da Catequese (Santo Agostinho);

2. Catequista: Vocação, ministério e missão.

DESEJO A TODOS UMA ÓTIMA REFLEXÃO!

Caro(a) Leitor(a) amigo(a):

O meu abraço fraterno e uma ótima semana a todos!

ACESSE SEMPRE O BLOG: sbsabendobem.blogspot.com e divulgue aos seus amigos, conhecidos e contatos nas redes sociais. Comente, faça sugestões. Agradeço!

Escreva para: bonadimansergio@gmail.com

# USO MÁSCARA PORQUE AMO A VIDA!


EU JÁ TOMEI A SEGUNDA DOSE
DA VACINA ASTRAZENECA
# VACINA SIM!

Agosto Azul – um mês de atenção à saúde do homem

LEITURAS DA MISSA

22º DOMINGO DO TEMPO COMUM- ANO B

1ª Leitura: Dt 4, 1-2.6-8
Leitura do Livro do Deuteronômio.

Moisés falou ao povo, dizendo: “Agora, Israel, ouve as leis e os decretos que eu vos ensino a cumprir, para que, fazendo-o, vivais e entreis na posse da terra prometida pelo Senhor Deus de vossos pais. Nada acrescenteis, nada tireis, à palavra que vos digo, mas guardai os mandamentos do Senhor vosso Deus que vos prescrevo. Vós os guardareis, pois, e os poreis em prática, porque neles está vossa sabedoria e inteligência perante os povos, para que, ouvindo todas as leis, digam: ‘Na verdade, é sábia e inteligente esta grande nação!’ Pois, qual é a grande nação cujos deuses lhe são tão próximos como o Senhor nosso Deus, sempre que o invocamos? E que nação haverá tão grande que tenha leis e decretos tão justos, como esta lei que hoje vos ponho diante dos olhos?”
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Salmo: Sl 14/15

Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo, habitará? Senhor, quem morará em vossa casa e no vosso monte santo, habitará?

É aquele que caminha sem pecado
e pratica a justiça fielmente;
que pensa a verdade no seu íntimo
e não solta em calúnias sua língua.

Que em nada prejudica o seu irmão,
nem cobre de insultos seu vizinho;
que não dá valor algum ao homem ímpio,
mas honra os que respeitam o Senhor.

Não empresta o seu dinheiro com usura,
nem se deixa subornar contra o inocente.
Jamais vacilará quem vive assim.
Jamais vacilará quem vive assim.

2ª Leitura: Tg 1,17-18.21b-22.27
Leitura da Carta de São Tiago.

Irmãos bem-amados: Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto; descem do Pai das luzes, no qual não há mudança, nem sombra de variação. De livre vontade ele nos gerou, pela Palavra da verdade, a fim de sermos como as primícias de suas criaturas. Recebei com humildade a Palavra que em vós foi implantada, e que é capaz de salvar as vossas almas. Todavia, sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando- -vos a vós mesmos. Com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo.
– Palavra do Senhor.
– Graças a Deus.

Evangelho: Mc 7,1-8.14-15.21-23

Aleluia, aleluia, aleluia! Aleluia, aleluia, aleluia!
Rendei graças ao Senhor, porque eterno é seu amor!

P. O Senhor esteja convosco.
A. Ele está no meio de nós.
P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.
A. Glória a vós, Senhor!

P. Naquele tempo, os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado. Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre. Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois, as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”. Em seguida, Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. Todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem”.
– Palavra da Salvação.
– Glória a vós, Senhor!

LITURGIA DA SEMANA E DATAS COMEMORATIVAS


LITURGIA DA SEMANA: DE 30 DE AGOSTO  A 05 DE SETEMBRO

30/08, 2ªf: 1Ts 4,13.18; Sl 95(96); Lc 4,16-30; São Félix e Santo Adauto.
31/08, 3ªf: 1Ts 5,1- 6.9-11; Sl 26(27); Lc 4,31-37; S. Raimundo Nonato.
01/09, 4ªf: Cl 1,1-8; Sl 51(52); Lc 4,38-44; São Gil e Santa Beatriz da Silva.
02/09, 5ªf: Cl 1,9-14; Sl 97(98); Lc 5,1-11; Santo Estêvão Rei.
03/09, 6ªf: Cl 1,15-20; Sl 99(100); Lc 5,33-39; São Gregório Magno.
04/09, Sáb: Cl 1,21-23; Sl 53(54); Lc 6,1-5; Nossa Senhora da Consolação (*)
05/09, Dom. 23º do TC-B: Is 35,4-7a; Sl 145(146); Tg 2,1-5; Mc 7,31-37 (Cura do surdo-mudo). São Lourenço Justiniano e Santa Teresa de Calcutá.

(*) Santoral Agostiniano.

DATAS COMEMORATIVAS:  30 DE AGOSTO A 05 DE SETEMBRO

30/08- Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimento forçados e Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla.

31/08- Dia da Nutricionista.

01/09- Dia da bailarina, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, Dia do Profissional de Educação Física, Dia do Corinthians.

02/09- Dia da florista, Dia do Repórter Fotográfico.

03/09- Dia do Biólogo, Dia do Guarda Civil, Dia das Organizações Populares.

04/09- Dia Mundial do Taekondo.

05/09- Dia da Amazônia, Dia do Irmão, Dia Nacional de Conscientização e Divulgação da Fibrose Cística, Dia Oficial de Farmácia no Brasil e Aniversário de Emancipação do Amazonas.

REFLEXÃO DOMINICAL I

JESUS CONHECE BEM O CORAÇÃO DO HOMEM

Padre Wagner Augusto Portugal

Meus queridos irmãos,

A liturgia de hoje é rica na dialética do seguimento de Jesus. A primeira leitura (Dt. 4,1-2.6-8) nos ensina que a Lei tem a sua riqueza: nada tirar nem acrescentar.

O Livro do Deuteronômio descreve muito bem o alto valor da Lei: um tesouro de sabedoria, que supera as leis e filosofias dos outros povos. E a primeira leitura diz muito bem o que é preciso fazer e o que não é preciso fazer. A Lei servirá para garantir a posse pacífica da Terra Prometida? E, mais do que isso, servirá como um testemunho de Deus entre as nações, pois qual é o povo que tem um Deus tão sábio?

Escrita no tempo de Israel, e não no tempo de Moisés, tendo em vista que o povo vivia a aflição do exílio babilônico, a conversão à prática da Lei seria o meio para voltar à Terra Prometida e, entretanto, já servia de testemunho entre as nações. Observar a lei, sem tirar ou sem colocar nenhuma nova prescrição, era manter viva a palavra divina de intervenções dos homens.

Os intérpretes da Lei, querendo protegê-la de ingerências humanas, fizeram uma blindagem em torno da Lei, pelas suas interpretações, tradições, jurisprudências etc. Querendo preservá-la, tornaram-na inacessível para os iletrados, para os simples, para os humildes. O principal, aquilo que ilumina a Palavra de Deus, foi relegado para segundo plano. Isso porque a Palavra de Deus, como expressão do amor de Deus, foi deixada de lado.

Essa prática trouxe consequências nefastas: somente eram justos aqueles que seguissem a Lei na sua integralidade. Os outros, que nem conheciam a Lei, ou ainda não tinham possibilidade de ter acesso à Palavra de Deus, eram considerados ignorantes. Tudo contra o espírito da Lei que veio para libertar e não para escravizar.

A Lei de Deus veio para anunciar e proclamar a Vida e a Vida em abundância. A Palavra de Deus deve iluminar nossa caminhada, e não se transformar numa nuvem negra de rigorismos. “A letra mata e o espírito vivifica”, adverte-nos São Paulo. Por isso, a lição da primeira Leitura é que cada um de nós deve procurar viver o espírito da Lei e não o seu rigorismo perfeccionista, porque nenhuma tradição está acima do amor fraterno. No meio de mundo cada vez mais frenético, temos de encontrar tempo para escutar Deus, para meditar as suas propostas, para repensar as suas leis e preceitos, para descobrir o sentido da nossa ação no mundo. Sem a escuta da Palavra, a nossa ação torna-se um “fazer coisas” estéril e vazio que, mais tarde ou mais cedo, nos leva a perder o sentido do nosso testemunho e do nosso compromisso.

Meus irmãos,

O Evangelho de hoje (Mc 7,1-8.14-15,21-23) pode ser pintado em três momentos de um belo quadro. O primeiro momento, a tela, nos fala dos fariseus e escribas oriundos de Jerusalém. Quem eram os fariseus do tempo de Jesus? Eram aqueles apegadíssimos às leis e às tradições e que se esforçavam por cumpri-las rigorosamente, ao pé da Letra.

Mas, por outro lado, é necessário perguntar: quem eram os Escribas? Como aqueles que copiavam a palavra de Deus, os escribas eram considerados os intérpretes das leis e dos costumes. Aqui, também, na tela, temos a presença dos Apóstolos que serão aqueles que anunciaram as Escrituras e as ensinariam por toda a terra. Ou seja, os apóstolos serão aqueles que vão interpretar, em nome de Jesus, as Leis e as Tradições. Não uma interpretação rigorosa, mas uma interpretação pautada pelo amor fraterno.

No segundo momento de pintura da tela encontramos o povo humilde, manipulado e explorado pelos dirigentes religiosos, que dominavam e oprimiam com práticas religiosas muito rigorosas. Já o terceiro momento, a moldura da tela, encontramos no ambiente familiar: Jesus e os discípulos, que comentam o mesmo assunto das Leis e das Tradições. Os discípulos foram tirados do meio do povo, do meio daquela gente, daquele ambiente social em que estavam bem arraigadas às leis e tradições judaicas. Era difícil para o coração dos apóstolos assimilar a nova dialética de Jesus.

Mais do que estas colocações, os apóstolos de Jesus eram considerados impuros públicos. Uns eram pescadores, portanto pecadores; outros eram cobradores de impostos e outros, ainda, estavam à margem da sociedade religiosa do tempo de Jesus.

A grande novidade do Evangelho escrito por Marcos reside no amor. Partindo do amor fraterno, Jesus, grande conhecedor do coração do homem e da mulher, nos diz que o coração é a raiz, a fonte e o fator decisivo das boas e más ações da criatura humana. É preciso que se reze com o coração, isto é, com a participação de todo o nosso ser.

Cumprir a lei externamente é muito fácil; o difícil é cumpri-la interiormente. Nada adianta cumprir todo o rigorismo litúrgico, canônico ou mesmo das prescrições morais, se se continua a fazer o mal, a não perdoar, a não amar. O amor e o perdão são o critério básico da salvação.

Aqui cabe a advertência de São João Paulo II, ao promulgar o novo Código de Direito Canônico: “Entre o direito e a salvação das almas, abandone-se o direito e opte-se pela salvação das almas. Esse é o espírito da Lei, que serve de normativa para que possamos arrepender do pecado, procurar a conversão, a emenda de vida, de vida externa e de vida interna, nos abandonando no amor misericordioso de Deus”.

Irmãos caríssimos,

Os ensinamentos do povo do Antigo Testamento eram feitos pela chamada tradição oral, ou seja, era passado de geração em geração. Havia, a partir daí, um grande respeito pela tradição, que tinha um valor normativo paralelo às leis. O povo hebreu sempre foi muito rico em suas tradições. Pernicioso era-lhes o apego exagerado às tradições – coisas mínimas, às vezes, como a lavação dos copos e o número de vezes que se devia lavar as mãos por dia. Essas leis foram colocadas e impostas pelos chamados fariseus de extrema observância, os fanáticos em linguagem atual.

Jesus sempre respeitou as leis e as tradições judaicas. Entretanto, em nome da libertação que Ele veio cumprir em nome de Deus Pai, com a sua morte redentora na Cruz e a sua ressurreição, nos ensina no Evangelho de hoje que não podemos nos apegar no Legalismo, que é o seguimento da Lei pela Lei. A Lei tem que nos libertar de todas as amarras, tem que nos dar o espírito da vida plena.

Os doutores da Lei pregavam o cumprimento da lei e dos preceitos ao pé da letra, isto é, na sua parte externa, não importando a intenção ou os sentimentos do coração. Jesus, ao contrário, veio implementar a Lei do coração, assimilando a vontade salvadora do Redentor e deixando o coração do homem se conduzir pelo Coração de Jesus.

Para Jesus e o seu Evangelho é importante acolher o irmão, principalmente o pecador, e procurar levá-lo à graça de Deus, porque o amor ao irmão é critério básico de nossa fé. Jesus nos ensina no Evangelho o que é verdadeiramente impuro e o que torna impura a criatura. Não são os preceitos, nem as tradições, nem o tipo de comida, nem as espécies de animais, mas é a maldade que sai do coração. Coração, aqui, tomado no sentido de pessoa integralmente: mente, vontade, sentimentos.

Todos nós temos a experiência da maldade. Jesus conhece bem o coração do homem. É esse interior do ser humano que lhe interessa curar, converter, isto é, fazer com que ao invés de se inclinar para o mal, se inclinar para o bem. É preciso mantermo-nos livres e críticos em relação às “leis” que nos são propostas, sejam elas leis civis ou religiosas… Elas servem-nos e devem ser consideradas se nos ajudarem a ser mais humanos, mais fraternos, mais justos, mais comprometidos, mais coerentes, mais “família de Deus”; elas deixam de servir se geram escravidão, dependência, injustiça, opressão, marginalização, divisão, morte. O processo de discernimento das “leis” boas e más não pode, contudo, ser um processo solitário; mas deve ser um processo que fazemos, com o Espírito Santo, na partilha comunitária, no confronto fraterno com os irmãos, numa procura coerente e interessada do melhor caminho para chegarmos à vida plena e verdadeira.

Meus irmãos,

A segunda leitura (Tg 1,17-18,21b-22.27) nos ensina que devemos cumprir, e não apenas ouvir, a Palavra de Deus. Deus é “limpo” no seu agir: não engana, propicia dádivas boas, é constante como o firmamento. Ele é que nos gerou pela Palavra da Vida, isto é, a multiforme manifestação de sua vontade, desde a Palavra da Criação até a sua plenitude em Cristo, que nos torna nova criatura. O cristão deve sempre ter claro que só Lei de Deus é intocável; as interpretações humanas, por necessárias que foram, não. Por isso, Jesus reduziu a Lei Antiga ao essencial: amor a Deus e ao próximo.

A Palavra de Deus que escutamos e que acolhemos no coração deve conduzir-nos à ação. Se ficamos apenas pela escuta e pela contemplação da Palavra, ela torna-se estéril e inútil. É preciso transformar essa Palavra que escutamos em gestos concretos, que nos levem à conversão e que tragam um acréscimo de vida para o mundo. A Palavra de Deus que escutamos tem de nos levar ao compromisso – à luta pela justiça, pela paz, pela dignidade dos nossos irmãos, pelos direitos dos pobres, por um mundo mais fraterno e mais cristão.

À vontade de Deus, não basta escutar sua formulação na Lei, é preciso executá-la. Verdadeira religião não é doutrina, mas amor prático para com os mais humildes, porque destes é o Reino dos Céus. Amém!

https://catequizar.com.br/liturgia/22o-domingo-do-tempo-comum-b/

REFLEXÃO DOMINICAL II

MARCOS 7,1-8.14-15.21-23 (ANO B)

Após uma interrupção de cinco domingos seguidos, a liturgia de hoje – o vigésimo segundo domingo do tempo comum – retoma a leitura do Evangelho segundo Marcos. O texto proposto é Mc 7,1-8.14-15.21-23, trecho que mostra mais uma controvérsia de Jesus com os fariseus e mestres da lei. Os devotos praticantes da religião oficial, fiéis guardiões da moral e dos bons costumes, observam que o comportamento de Jesus e seus discípulos não condiz com as tradições ensinadas e transmitidas pelos antepassados, por isso lhe questionam. A controvérsia presente no texto de hoje diz respeito às leis de pureza relacionadas às práticas alimentares.

Diz o texto que “Os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado” (vv. 1-2). Já fazia algum tempo que Jesus era considerado uma pessoa perigosa para a religião judaica, devido a sua maneira autônoma e livre de interpretar os costumes e tradições do seu povo, colocando sempre o bem da pessoa humana acima de qualquer norma. Por isso, seu ministério era monitorado pelas autoridades religiosas de Jerusalém que, informadas pelos fariseus da Galileia, enviavam comitivas para fiscalizar e conferir o seu comportamento fora dos padrões estabelecidos pela religião e a cultura da época (cf. Mc 3,22). Dessa vez, o foco da denúncia é o comportamento de alguns discípulos, acusados de não observar as leis de pureza relativas à alimentação. Porém, é impossível separar a prática dos discípulos da prática do mestre e, portanto, também o comportamento de Jesus era alvo da denúncia. A acusação é de que os discípulos comiam sem antes lavar as mãos. A prática de lavar as mãos antes da refeição não era uma regra de higiene, como é hoje, mas um preceito religioso: deixar de lavar as mãos tornava a pessoa impura e, por isso, distante de Deus. A não observância desse preceito pelos discípulos e, certamente também por Jesus, era uma denúncia a essa mentalidade religiosa fundamentalista e excludente, que reduzia a relação com Deus à práticas ritualistas e exteriores.

Escrevendo seu evangelho fora da Palestina, provavelmente em Roma, e para uma comunidade que não conhecia tão bem as tradições judaicas de pureza alimentar, o evangelista, para informar melhor os seus leitores, oferece uma nota explicativa: “Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre” (vv. 3-4). Com essa explicação, o evangelista visa advertir seus leitores a não reproduzirem na comunidade cristã as atitudes que Jesus reprovou na religião judaica de seu tempo. Como já afirmamos acima, as motivações de tal comportamento imposto pela religião não eram higiênicas, mas religiosas. O motivo de ter de tomar banho ao voltar da praça, por exemplo, era que o contato com outras pessoas que não praticassem a mesma religião tornava o judeu impuro e, de consequência, longe de Deus. A praça (em grego: αγορα – agorá) era o espaço de circulação de pessoas, comercialização de produtos e propagação de doutrinas filosóficas e religiosas, onde se encontravam pessoas de diversas culturas; para os judeus mais fundamentalistas, era um lugar perigoso, pois o simples contato com uma pessoa de outra cultura já tornava o judeu impuro; por isso, ao retornar para casa, era necessário purificar-se o quanto antes, com o ritual do banho (ablução). Havia prescrições determinando até mesmo a maneira de lavar os objetos domésticos.

O mestre tinha o dever de responder pelo comportamento dos seus discípulos; por isso, vendo nesses um comportamento irregular, fora dos padrões estabelecidos, é ao mestre que os vigilantes da religião pedem satisfações: “Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: ‘Porque os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” (v. 5). Mais que um simples questionamento, essa pergunta contém uma grave acusação: os discípulos de Jesus não seguem as tradições dos pais! Ora, além dos numerosíssimos mandamentos da Torá, principalmente do Levítico, os judeus mais fiéis, como os fariseus, seguiam também as leis da “tradição oral”; a essa tradição, eles atribuíam o mesmo valor da lei escrita, a Torá, pois também consideravam proveniente de Deus e transmitida a Moisés, o qual a repetiu para Josué e depois aos sucessivos chefes religiosos. Deixar de cumprir um só daqueles preceitos era ofender a Deus e desonrar os antepassados.

À pergunta acusatória dos fariseus e mestres da lei, “Jesus respondeu: ‘Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. De nada adianta o culto que me prestam, pois, as doutrinas que ensinam são preceitos humanos. Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens” (v. 6-7). A resposta de Jesus se fundamenta na herança mais autêntica da religião de Israel: a profecia! Ele cita explicitamente Isaías 29,13, denunciando a falsidade da religiosidade dos fariseus e mestres da lei, ao mesmo tempo provocando-os a buscar uma religião autêntica, vivida a partir de dentro, ou seja, do coração. Mesmo que tenha sido cultivada e transmitida durante muitos séculos, a tradição que separa, segrega e condena, não passa de preceito humano, não pode ser de origem divina. A chamar os fariseus e mestres da lei de hipócritas (u`pokrithj – hipocrites), termo grego que significa ator de teatro, Jesus denuncia que toda aquela religiosidade não passava de encenação, era um mero espetáculo, como é toda religião que, independente da época histórica, prioriza o rito e o preceito ao invés do amor, da justiça e da misericórdia. Jesus atualizou a denúncia profética de Isaías e o evangelista Marcos convida os seus leitores de todos os tempos a fazer o mesmo.

Jesus troca de interlocutores, considerando o risco que era a mentalidade dos fariseus para a multidão. Por isso, à multidão, transmite um ensinamento solene e importante: “Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai, todos, e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (vv. 14-15). Com esse ensinamento, Jesus decreta a inutilidade e ineficiência dos ritos judaicos de purificação e proclama que a relação do ser humano com Deus não depende de fatores externos, mas simplesmente do interior, ou seja, do coração. O mal não entra de fora no ser humano por contato com pessoas, coisas, lugares e alimentos, mas pode nascer de dentro quando o amor não é cultivado no coração, como ele mesmo afirma, na sequência: “Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo” (vv. 21-22). Esses treze elementos citados constituem o que pode realmente tornar o ser humano impuro, ou seja, longe de Deus, e são típicos de quem se fecha ao amor e à justiça; não são ocasionados por situações exteriores, mas depende somente do coração da própria pessoa. Por “falta de juízo”, o último dos males elencados, entende-se o egoísmo desenfreado que faz a pessoa pensar somente em si.

Assim, como “todas estas coisas más saem de dentro, e são elas que tornam impuro o homem” (v. 23), a boa religião para Jesus é aquela ajuda o ser humano a promover o bem e a ser, a cada dia, uma pessoa melhor. O ser humano é impuro quando não permite que de seu coração saiam coisas boas. Nenhum rito ou norma é capaz de determinar a relação com Deus, nem de determinar a bondade do ser humano, mas somente a disposição interior de fazer o bem.

Pe. Francisco Cornelio Freire Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN

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