domingo, 21 de junho de 2020

DISSE SANTO AGOSTINHO...


SANTO AGOSTINHO: “AMA E FAZ O QUE QUISERES”


Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos.
(Homilia da Primeira Epístola de João).

"Ama e faz o que quiseres!"

Para Agostinho, pode-se amar um homem ou uma mulher, a música, seu trabalho, seus filhos, seus amigos e também amar a Deus. Pode-se amar a Deus como se ama a sua esposa? A resposta encontra-se nas Confissões X, livro 6. Ele descreveu com as mesmas palavras o amor humano e o amor divino. Elas tomam um sentido metafórico quando se trata de Deus. Elas são deficientes também quando se trata do amor. Para dizer o amor, a linguagem menos inadequada é a da poesia, da música: da imagem, da metáfora. A linguagem poética não pretende dizer o indizível, divino ou humano, mas apenas sugeri-lo. É dessa maneira que toca o nosso coração.

Há em mim mais do que eu mesmo. Há em mim alguém outro, há em mim um Outro. Arthur Rimbaud disse-o melhor que ninguém: “‘Eu’ é um outro”. Este outro nele, Agostinho chama de “homem interior”: é ele que toma Deus em seus braços, é ele que Deus toma em seus braços. Eles são um, como o homem e a mulher. É a maneira de dizer o que o Mestre Eckhart afirmará no século XIV: “Deus e eu somos um, somos semelhantes, somos iguais”. Nesse nível, o mistério de Deus e o mistério do homem são o mesmo. Falar de Deus e falar do homem é a mesma coisa.

"Fale-me sobre o amor...". Tudo bem, mas como saber se é realmente o amor que me faz agir? Que garantia eu tenho contra os erros e as ilusões? Para o Evangelho, o amor é julgado pelos frutos. Agostinho não nega isso, e sua homilia sobre a Primeira Epístola de João (7,7-8) mostra como ele é sensível à complexidade das situações. Mas, para ele, é o amor que pode e deve ser a regra da ação. Sempre o Amor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário