domingo, 15 de novembro de 2020

DISSE SANTO AGOSTINHO


Não se distingam as ações humanas a não ser pela raiz da caridade. Uma vez por todas, foi-te dado somente um breve mandamento: Ama e faze o que quiseres. Se te calas, cala-te movido pelo amor; se falas em tom alto, fala por amor; se perdoas, perdoa por amor. Tem no fundo do coração a raiz do amor: dessa raiz não pode sair senão o bem! (Santo Agostinho. Comentário da 1ª Epístola de São João VII, 8).

 

Dois amores fundaram, pois, duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo a Deus, a terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, a celestial. Gloria-se a primeira em si mesma e a segunda em Deus, porque aquela busca a glória dos homens, e tem esta por máxima a glória de Deus, testemunha de sua consciência. (Santo Agostinho, A cidade de Deus XIV, 28).

Não devemos desejar que haja infelizes para que possamos fazer obras de misericórdia. Dás pão a quem tem fome; contudo melhor seria que ninguém tivesse fome e que não precisasses de dar a alguém. Vestes a quem está nu; oxalá todos tivessem roupa para se vestir e não houvesse necessidade dessa obra de misericórdia! Todos estes serviços são exigidos porque há indigência. Suprime os infelizes; não haverá mais ocasião para obras de misericórdia. Extinguir-se-á por isto a chama do amor? Mais autêntico, mais puro, muito mais leal será teu amor por uma pessoa feliz, da qual não podes fazer devedor, pois, quando, com teus dons, empenhas gratidão do infeliz, talvez desejes elevar-te perante ele, talvez desejes que ele esteja abaixo de ti. Deseja, antes, que ele seja teu igual; ambos sede submissos Àquele que não tem que agradecer a ninguém.

(AGOSTINHO, Santo. Comentário da 1ª Epístola de são João, VIII, 5).

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