sábado, 20 de dezembro de 2025

SB SABENDO BEM DE 24 DE DEZEMBRO DE 2025- NOITE DE NATAL- FELIZ NATAL A TODOS!

 


QUarta-feira,  24 de dezembro  DE 2025

“DEUS SE FEZ HOMEM POR NÓS”! FELIZ NATAL!!!

VIGÍLIA DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

Ano Jubilar - Peregrinos de esperança

-SB SABENDO BEM INFORMA

 

Caro(a) Leitor(a) amigo(a):

O meu abraço fraterno e uma ótima semana a todos!

ACESSE SEMPRE O BLOG: sbsabendobem.blogspot.com e divulgue aos seus amigos, conhecidos e contatos nas redes sociais. Comente, faça sugestões. Agradeço!

Escreva para: sbsabendobem@gmail.com

 

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F e l i z N a t a l para todos e que o ano que começa seja cheio de Luz e Amor!

 SEJA BEM-VINDO! SEJA BEM-VINDA!

SEJA BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM

 

I-         SEJA BEM-VINDO AO SB SABENDO BEM

01. LUCERNÁRIO e ACOLHIDA

- A Igreja deve estar na penumbra. Começa o Lucernário: uma jovem vestida de branco ou amarelo, acende as velas do altar dizendo:

 Jovem - Hoje nasceu para nós o Salvador do mundo. Brilhou nessa noite a claridade da verdadeira LUZ.

Refrão: A luz resplandeceu. Em plena escuridão. Jamais irão as trevas, vencer o seu clarão. Outras velas, colocadas em vários pontos da igreja serão acesas. Ao mesmo tempo, duas pessoas continuam proclamando:

Voz 1 - Um Salvador nasceu para nós!

Voz 2 - Que despertem todos os que dormem!

Voz 1 - Que levantem todos os encurvados da terra!

Voz 2 - Que haja um justo julgamento para os que matam e oprimem!

Voz 1 - Porque o Sol da justiça resplandeceu!

Voz 2 - Que todos os povos caminhem para a claridade de sua LUZ! Refrão: A luz resplandeceu...

C. Caríssimos irmãos e irmãs, sejam todos bem-vindos para celebrarmos com alegria esta Noite Santa em que celebramos o nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a manifestação do amor do Pai; entra na história assumindo a nossa condição humana para nos conduzir ao Reino dos Céus. Somos convidados a acolher este sinal da misericórdia divina, celebremos com fé este grande acontecimento. Com o coração agradecido, cantemos.

02. CANTO: Meus irmãos, é Natal... nº 189

03. SAUDAÇÃO

D. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. D. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco. Todos: Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo. 04.

ANÚNCIO DO NATAL - Texto do Missal Romano, pág. 1216 / Melodia: https:// youtu.be/O-H3D62eRfw?si=jxpRa-qNv8BV39QV

C. (Oitavo dia antes das Calendas de janeiro. Lua quinta,) Transcorridos muitos séculos desde a criação do mundo quando no princípio Deus criou o céu e a terra e formou o homem à sua imagem; depois de muitos séculos desde que, após o dilúvio o Altíssimo pusera entre as nuvens o arco sinal de aliança e de paz;

D. Vinte e um séculos depois que Abraão, nosso pai na fé, migrou da terra de Ur dos Caldeus; treze séculos depois da saída do povo de Israel do Egito, conduzido por Moisés; cerca de mil anos depois da unção real de Davi;

C. Na sexagésima quinta semana segundo a profecia de Daniel; durante a Olimpíada centésima nonagésima quarta; no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma;

D. No quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, quando a paz reinava sobre a terra, JESUS CRISTO, DEUS ETERNO E FILHO DO ETERNO PAI, querendo santificar o mundo com o seu piíssimo advento, concebido pelo Espírito Santo, decorridos nove meses após a sua concepção, nasceu em Belém de Judá, da Virgem Maria, feito homem: Natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne.

- Vinde cristãos, vinde à porfia... nº 1.177

- A Imagem é descoberta e apresentada a todos. Todos aclamam com palmas. As luzes são acesas. Crianças vestidas de anjos podem tocar sinos. Os participantes são convidados a beijarem ou fazerem um gesto de reverência à Imagem. Flores são trazidas e colocadas em lugares preparados.

II- LEITURAS DA VIGÍLIA DE NATAL

 

II- LEITURAS DA VIGÍLIA DE NATAL

 

Nesta noite do Santo Natal do Senhor, acolhamos a promessa de Deus e sua realização com a chegada do Menino Deus.

 

PRIMEIRA LEITURA (Is 9,1-6)

 

 Leitura do Livro do Profeta Isaías.

 

1 O povo, que andava na escuridão, viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu. 2 Fizeste crescer a alegria, e aumentaste a felicidade; todos se regozijam em tua presença como alegres ceifeiros na colheita, ou como exaltados guerreiros ao dividirem os despojos. 3 Pois o jugo que oprimia o povo, – a carga sobre os ombros, o orgulho dos fiscais – tu os abateste como na jornada de Madiã. 4 Botas de tropa de assalto, trajes manchados de sangue, tudo será queimado e devorado pelas chamas. 5 Porque nasceu para nós um menino, foi-nos dado um filho; ele traz aos ombros a marca da realeza; o nome que lhe foi dado é: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da Paz. 6 Grande será o seu reino e a paz não há de ter fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reinado, que ele irá consolidar e confirmar em justiça e santidade, a partir de agora e para todo o sempre. O amor zeloso do Senhor dos exércitos há de realizar estas coisas.

 

– Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

SALMO 95(96)

 

Nasceu hoje para nós o Salvador, / O Messias que é o Cristo, o Senhor.

 

1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, + cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira! * Cantai e bendizei seu santo nome!

2. Dia após dia anunciai sua salvação, + manifestai a sua glória entre as nações, * e entre os povos do universo seus prodígios!

3. O céu se rejubile e exulte a terra, * aplauda o mar com o que vive em suas águas; / os campos com seus frutos rejubilem * e exultem as florestas e as matas.

4.Na presença do Senhor, pois ele vem, * porque vem para julgar a terra inteira. / Governará o mundo todo com justiça, * e os povos julgará com lealdade.

 

SEGUNDA LEITURA (Tt 2,11-14)

 

Leitura da Carta de São Paulo a Tito.

 

Caríssimo: 11A graça de Deus se manifestou trazendo salvação para todos os homens. 12Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas e a viver neste mundo com equilíbrio, justiça e piedade, 13aguardando a feliz esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. 14Ele se entregou por nós, para nos resgatar de toda maldade e purificar para si um povo que lhe pertença e que se dedique a praticar o bem.

 

- Palavra do Senhor. T. Graças a Deus.

 

ACLAMAÇÃO (Lc 2,10-11)

 

Aleluia, aleluia, aleluia.

 

Eu vos trago a Boa Nova de uma grande alegria: / é que hoje vos nasceu o Salvador, Cristo, o Senhor.

 

EVANGELHO (Lc 2,1-14)

 

P. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós.

 

 P. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. T. Glória a vós, Senhor.

 

P. 1 Aconteceu que naqueles dias, César Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de toda a terra. 2 Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. 3 Todos iam registrar-se cada um na sua cidade natal. 4 Por ser da família e descendência de Davi, José subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até a cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, 5 para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6 Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, 7 e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. 8 Naquela região havia pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do seu rebanho. 9 Um anjo do Senhor apareceu aos pastores, a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo. 10O anjo, porém, disse aos pastores: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: 11Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. 12Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura”. 13E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: 14“Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados”.

 

– Palavra da Salvação. T. Glória a vós, Senhor.

 

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/10/Ano-50A-05-NATAL-MISSA-DA-VIGILIA.pdf

III- LITURGIA DA VIGÍLIA DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

 

III- LITURGIA DA VIGÍLIA DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

- Hoje é dia de muita alegria, pois é Noite de Natal. Celebramos o maior dom que a humanidade já recebeu: nasceu para nós o Salvador! Por isso, esta é uma Noite Santa! Uma noite de louvor e de ação de graças a Deus que não permaneceu distante de nós, mas se dignou vir ao nosso encontro, assumindo a nossa carne frágil e limitada, para nos resgatar do mundo do pecado e nos dar uma vida nova em seu amor.

- A primeira leitura, do profeta Isaías, o Evangelho de São Lucas e a nossa realidade atual, mesmo separadas por séculos, compartilham um mesmo pano de fundo existencial: a experiência humana de dor, opressão e trevas. Isaías descreve um povo esmagado pelo jugo dos opressores, vivendo sob o domínio cruel da Assíria. No tempo de Jesus, o povo estava novamente sob dominação estrangeira, agora pelas mãos do Império Romano, submetido às ordens de César Augusto, que decretou um recenseamento. Foi esse decreto que fez com que José e Maria peregrinassem a Belém, cidade de Davi, e lá Jesus nascesse sem lugar digno para se abrigar, revelando, já no nascimento, que Deus se fez pobre entre os pobres, solidário com os pequenos, próximo de quem sofre. E aqui está o grande mistério: em meio às opressões do mundo, é justamente uma criança frágil que nos é dada. Um menino envolto em faixas, deitado numa manjedoura. Mas Ele será chamado Príncipe da Paz. Ele é o Maravilhoso Conselheiro, o Deus Forte, o Pai para sempre, como anunciou Isaías. Este menino pobre e vulnerável conduz o seu povo para a verdadeira felicidade, não uma felicidade passageira, mas aquela que nasce da justiça e da dignidade. É Ele quem nos dá vida em plenitude, vida digna para todos, especialmente para os pobres, os marginalizados, os pequenos deste mundo. O Natal, por isso, nos recorda que Deus escolheu os humildes para confundir os poderosos, e manifestou sua glória na simplicidade e na pobreza. Nos nossos dias, também vivemos tempos de trevas. Vemos crescente cinismo e indiferença espiritual, divisões sociais e familiares, acúmulos escandalosos de riqueza ao lado de miséria extrema, violência urbana e guerras globais, famílias desestruturadas, pessoas abandonadas, descrença em Deus, e valores morais relativizados ou até mesmo desprezados. Aos olhos humanos, tudo isso parece desesperador e sem saída.

 - Mas é justamente aí que brilha a luz da fé. Aos olhos de Deus, que caminha com seu povo, ainda há esperança. O profeta Isaías anunciou com firmeza: "O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu" (Is 9,1). E no Evangelho, essa luz se manifesta na encarnação do Verbo. O anjo do Senhor anuncia aos pastores: "Eu vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor" (Lc 2,10-11). A noite de Natal é, portanto, uma noite de luz em meio às trevas. Mas não qualquer luz: é a luz de uma promessa cumprida pela Palavra que se fez carne; a luz da presença real de Deus na história humana.

- Assim, cuidemos para que o Natal não seja reduzido à festa da sociedade de consumo, à celebração do esbanjamento institucionalizado, onde Cristo é deixado de fora. Não podemos celebrar o nascimento do Salvador com um coração que ignora os pobres e exclui os necessitados. Natal não pode ser apenas uma festa de presentes e decorações luminosas, sem partilha e solidariedade; não pode ser um tempo de poesia sentimental sobre bondade genérica, sem um compromisso real com a vida do irmão. É inútil um Natal repleto de emoção superficial se falta conversão e generosidade verdadeira. Natal é festa da encarnação do Reino entre nós pelo Cristo Senhor. Nele encontramos o sentido de nossa vida para sermos discípulos missionários; "peregrinos de esperança" na atualidade

https://diocesedesaomateus.org.br/wpcontent/uploads/2025/11/24_12_25.pdf

iV- CANTOS PARA A MISSA DA NOITE DE NATAL- 24/12/2025

 

 

IV- CANTOS PARA A MISSA DA NOITE DE NATAL- 24/12/2025

 

MANTRA

A luz resplandeceu(refrão)

 

ENTRADA

Nas terras do Oriente

Hoje a Noite é Bela -Sinos de Belém

Cristãos Vinde Todos

Natal é vida que nasce

Nasceu-nos hoje um menino

 

PERDÃO

Quero confessar a ti, ilumina minh´alma

Como a ovelha perdida

KALENDA DE NATAL

Trascorridos muitos séculos...

 

PROCLAMAÇÃO DO NATAL

Ouçamos um canto novo

 

HINO DE LOUVOR

Vinde cristãos, vinde a porfia

Glória in excelsis-Prisminha 

SALMO 95

Hoje nasceu para nós o Salvador....

 

ACLAMAÇÃO

Aleluia..Eu vos trago a boa nova

Bendito seja Deus porque nos visitou

OFERTÓRIO

Cristãos Vinde Todos

Sobe a Jerusalem

As nossas mãos se abrem

SANTO

O Senhor é Santo

 

CORDEIRO

Cordeiro- Comunidade Recado

COMUNHÃO

Da cepa brotou a rama

Nós somos pastores

A luz resplandeceu em plena escuridão

No presépio pequenino

A estrela anuncia ao longe

Simplesmente amar

 

PÓS COMUNHÃO

Noite Feliz

Simplesmente amar

ENTRONIZAÇÃO DO MENINO JESUS

Noite Feliz

 

FINAL

Natal é conversão

Então é Natal

Marcas do que se foi

Hoje a Noite é Bela -Sinos de Belém

 

ENVIO

Quero ver você não chorar

https://www.folhetosdecanto.com/2014/11/cantos-missa-noite-natal-cifras.html

V- REFLETINDO O NATAL 5.1- É HOJE!

 

V- REFLETINDO O NATAL

5.1-       É HOJE!

Entre as muitas expressões bonitas da Liturgia do Natal encontramos diversas passagens com a palavra “hoje”. “Hoje nasceu para nós um Salvador” (Antífona do Salmo responsorial da missa da noite do Natal). Na Aclamação ao Evangelho da mesma missa aparece: “hoje nasceu para vós um Salvador, Cristo Senhor”. O Evangelho traz o anúncio do anjo aos pastores de Belém: “hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor” (Lc 2,11). Também na missa da Aurora encontramos diversas vezes a mesma referência temporal: “hoje resplandecerá sobre nós a luz, porque nasceu para nós o Senhor” (Antífona de entrada). E ainda: “hoje a luz resplandece sobre nós” (Salmo responsorial). “As nossas ofertas, ó Pai, sejam dignas do mistério que hoje celebramos” (Oração sobre as Ofertas). Na missa do Dia de Natal, a palavra aparece com força especial: “que pos- samos participar da vida divina do teu Filho, que hoje quis assumir a nossa natureza humana” (Oração da Cole- ta). E, mais uma vez, na aclamação ao Evangelho: “hoje, uma luz esplêndida desceu sobre a terra”; e na Oração após a comunhão: “Pai santo e misericordioso, o Salvador do mundo, que hoje nasceu e nos regenerou como teus filhos...” Jesus, o Filho de Deus feito homem, nasceu num determinado momento do tempo e, por isso, o evangelista São Lucas o situa no tempo do imperador romano Augusto, num certo contexto histórico, social, geográfico e cultural. E isso é importante, pois significa que o Filho de Deus entrou em nossa história, não apenas “espiritualmente”. São João Evangelista vai além e diz, de maneira ainda mais realista: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo,1,14). Mas o HOJE da Liturgia do Natal não tem apenas o sentido temporal, em referência a um fato situado em deter- minado dia do calendário no passado. Ele expressa um acontecimento que é mais que temporal. O nascimento do Filho de Deus em nossa carne faz parte do “hoje” de Deus, que não tem passado nem futuro, mas é um eterno presente. O Natal não celebra apenas um momento situado dois milênios atrás, mas refere-se à entrada de Deus e de seu Filho em nosso tempo, em nossa história. É por isso que nós também podemos dizer: Jesus nasceu hoje para mim e para todo povo do nosso tempo histórico. E podemos alegrar-nos, ainda mais que os pastores de Belém, acolher sua chegada, prestar-lhe homenagem, deixar-nos envolver com a sua luz radiosa. Isso é extraordinário! Queridos irmãos e irmãs, neste Natal, acolhamos de maneira renovada o “hoje” de Deus e da vinda de seu Fi- lho a nós. Podemos dizer, com razão: Ele está no meio de nós! Vamos ao seu encontro com louvores, homenagens e súplicas. O HOJE de Deus é irrevogável, não conhece pôr do sol nem noite, mas é o eterno Dia do Senhor compartilha- do conosco. Desejo feliz e santo Natal a todos. Alegremo-nos no Senhor! HOJE Deus nos manifestou a sua luz, seu amor misericordioso, sua proximidade conosco, nosso futuro, nossa esperança! HOJE nasceu para nós um Salvador, que é Cristo, Senhor! (cf. Lc 2,11).

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

https://arquisp.org.br/wp-content/uploads/2025/10/Ano-50A-05-NATAL-MISSA-DA-VIGILIA.pdf

5.2- 24 de dezembro – NATAL – MISSA DA NOITE (IP) A Luz resplandeceu em plena escuridão! Por Ir. Dra. Izabel Patuzzo (IP)* Prof. Ms. Celso Loraschi (CL)** Ir. Dra. Zuleica Aparecida Silvano (ZAS)**

 

5.2-       24 de dezembro – NATAL – MISSA DA NOITE (IP)

A Luz resplandeceu em plena escuridão!

Por Ir. Dra. Izabel Patuzzo (IP)* Prof. Ms. Celso Loraschi (CL)** Ir. Dra. Zuleica Aparecida Silvano (ZAS)***

 

I. INTRODUÇÃO GERAL

Nesta noite de festa, meditaremos sobre os detalhes do nascimento de Cristo, conforme a narrativa do Evangelho segundo Lucas. Aqui aprendemos sobre o censo que traz Maria e José de Nazaré a Belém, onde Jesus nasceu. Também ouvimos sobre o anúncio dessa Boa Notícia aos pastores por parte do anjo. Nesses detalhes, encontramos duas das preocupações particulares de Lucas: localizar a vinda de Cristo no quadro mais amplo da história da salvação, como a grande Boa-nova a todas as pessoas; gentios e judeus são agraciados pela vinda do Senhor a este mundo, na pobreza e humildade do menino Jesus na manjedoura.

Na primeira leitura, o profeta Isaías nos fala da chegada de um menino da descendência de Davi como dom de Deus para seu povo escolhido. Ele será o Príncipe da paz, enviado ao mundo para eliminar todo ódio, as guerras e toda sorte de sofrimentos; vem em missão de paz para inaugurar novo tempo de consolidação da justiça e da alegria.

A segunda leitura nos recorda as razões de nossa fé cristã. Pelo batismo, somos chamados a nos comprometermos verdadeiramente com Deus, sabendo que nossa morada neste mundo não é definitiva.

No Evangelho segundo Lucas, Jesus nasce como um dos pobres. Deitado em uma manjedoura em um estábulo – porque não havia lugar nas pousadas de Belém para acolher Maria e José –, ele vem ao mundo por meios obscuros e surpreendentes. No entanto, enquanto o anjo proclama essa Boa Notícia aos pastores, a criança é anunciada como o Messias e Senhor que vem trazer paz a toda a terra. No canto dos anjos, todos são convidados a dar glória a Deus por esse nascimento milagroso, no qual Deus vem compartilhar nossa humanidade.

II. COMENTÁRIO DOS TEXTOS BÍBLICOS

1. I leitura (Is 9,1-6)

A primeira parte do livro do profeta Isaías foi escrita por volta do século VIII a.C., durante o reinado de Ezequias. Uma das grandes preocupações do profeta era a infidelidade a Deus, visível nas atitudes de idolatria e injustiça praticadas pelo rei, as quais eram contrárias aos ensinamentos da Torá e desviavam muitas pessoas do caminho indicado por Deus. O texto da liturgia desta noite pertence à seção dos oráculos messiânicos do profeta. Eles anunciam que, num futuro próximo, Deus irá oferecer ao seu povo um mundo de justiça e paz.

Isaías descreve a situação que seu povo estava vivendo, marcada por opressão, desânimo, frustração e falta de perspectivas, como se ele estivesse mergulhado num caminho de trevas. A realidade era como habitar nas sombras da morte. A comunidade dos fiéis estava mergulhada numa atmosfera sombria, sem direção, pois as lideranças estavam roubando a paz e a segurança do povo.

No entanto, em meio a essa realidade caótica, surge uma grande luz. Essa luz faz o povo explodir de alegria, cujos motivos o profeta vai descrevendo. O primeiro deles é a chegada de uma colheita com muita fartura. A resposta vem da natureza, pois a terra produz muitos frutos. O tempo da escassez passou, e agora o povo tem alimento abundante. O povo, porém, ainda tem outros motivos para se alegrar. O jugo da guerra e da opressão que pesava sobre ele foi quebrado. As roupas manchadas com o sangue da guerra foram destruídas. Nasceu o menino que foi dado ao povo como filho para conduzi-lo para a luz.

Aqueles que Deus envia para conduzir seu povo jamais cometerão algum mal. Aqueles que assumem posição de liderança porque amam o povo apontam saídas que dão esperança e vida aos desesperançados. O menino foi enviado para restaurar a paz porque governa o povo com o direito e a justiça. Agora, os direitos dos pobres e oprimidos são respeitados, por isso esse menino é chamado de Príncipe da paz. Ele é dom de Deus ao seu povo, e Deus permanecerá com ele para que essa paz não tenha fim.

2. II leitura (Tt 2,11-14)

O destinatário desta epístola é Tito. Ele se tornou cristão a partir de seu contato com Paulo. Acompanhou Paulo em diversas missões; participou do Concílio de Jerusalém com ele, esteve em Éfeso, Corinto. Foi de grande ajuda para resolver alguns conflitos nessas comunidades a pedido do apóstolo.

Embora esta carta seja atribuída a Paulo, há dúvidas de que ele seja o autor, pois os problemas nela retratados parecem ter surgido bem depois da atividade missionária do apóstolo. A grande preocupação já não era a segunda vinda de Jesus Cristo, que seria iminente, mas sim estabelecer a conduta dos cristãos dentro da sociedade de seu tempo. Isso porque os cristãos estavam perdendo o entusiasmo, tinham se acomodado, e as comunidades estavam perdendo a vivacidade e o fervor.

Por isso, o autor da carta procura reencantar os cristãos, buscando razões válidas para que vivam sua fé de forma autêntica e comprometida. Ele os exorta a viver o tempo presente com temperança, justiça e piedade. A manifestação gloriosa de Cristo fundamenta a esperança. Só tem sentido esperar pela segunda vinda do Senhor se vivemos a caridade, não se apegando aos tesouros deste mundo, sabendo que a terra não é a pátria definitiva. O discípulo deve ter seu olhar fixo em Jesus, que se entregou por nós até a morte para nos libertar do pecado e do egoísmo. Ele é a medida de nosso amor e compromisso.

3. Evangelho (Lc 2,1-14)

No relato lucano do nascimento de Jesus, o menino nasce como um dos pobres. Deitado em uma manjedoura em um estábulo, porque não havia lugar na pousada, vem ao mundo por meios obscuros e surpreendentes. No entanto, enquanto o anjo proclama a Boa Notícia aos pastores, essa criança é anunciada como o Messias e Senhor. No canto dos anjos, todos são convidados a dar glória a Deus por esse nascimento milagroso, no qual Deus vem compartilhar nossa humanidade.

Lucas faz uso das tradições segundo as quais Maria e José vieram de Nazaré e Jesus nasceu em Belém da Judeia quando as figuras de Herodes, o Grande, César Augusto e Quirino eram autoridades políticas conhecidas. Todavia, o nascimento de Jesus vai ofuscar todas essas autoridades, porque Ele é o motivo da grande alegria. O evangelista o apresenta como o Messias davídico que traz o dom escatológico da paz. Em sua pequenez, em contraposição com os poderosos deste mundo, o recém-nascido é o Salvador e o portador da paz para todos.

Em sua revelação aos pastores, os anjos cantam que a vinda de Jesus traz paz. No entanto, há pouca coisa, nos detalhes do Evangelho, que dão evidência de paz. Jesus nasce como peregrino longe de casa, em um estábulo, numa cidade lotada e sob a ocupação de estrangeiros. A aparição do anjo aos pastores os assusta. Portanto, quando os anjos proclamam o nascimento de Jesus como o prenúncio da “paz na terra”, Lucas tem a intenção de desenvolver aos poucos os fatos que evidenciam ser Jesus o Príncipe da paz. É no decorrer de todo o terceiro Evangelho que essa Boa-nova é esclarecida. Os pastores são convidados a reivindicar uma fé que os capacitará para ver esta criança como um sinal da promessa de Deus de um Messias. É por meio dessa fé que se encontra a paz que os anjos cantam.

Os pastores são as primeiras testemunhas desse grande acontecimento. Eram considerados pessoas rudes, simples e pobres. É precisamente essa categoria de marginalizados que se alegra com a chegada de Jesus. A Boa Notícia é, em primeiro lugar, para eles. O título de salvador era atribuído apenas ao imperador romano. Lucas inverte toda a hierarquia da sociedade da época, aplicando a Jesus todos os títulos reservados às autoridades políticas. Ele é aquele que vem restaurar a paz, o Salvador, o Príncipe da paz; todas as autoridades políticas e religiosas fracassaram em sua missão de proporcionar a paz verdadeira, por isso o evangelista afirma que somente Jesus é o Senhor.

III. PISTAS PARA REFLEXÃO

O menino Jesus, que nasce pobre em Belém, é que dá sentido às profecias anunciadas por Isaías. Ele é aquele que vem arrancar o povo da escuridão e das sombras da morte. O nascimento de Jesus, que celebramos nesta noite, significa que Ele é, para nós, a esperança da nova ordem que as profecias apontam. E acolhê-lo implica entrar na dinâmica de seu projeto de paz. Sua chegada nos interpela: é realmente nele que depositamos toda a nossa confiança e esperança?

O presépio nos ajuda a contemplar que a lógica de Deus é muito diferente da lógica do mundo em que vivemos. Deus se manifesta na pequenez de uma criança, que nasce cercada de pessoas simples e de seres da natureza, e não em um ambiente de riqueza e esplendor. É na manjedoura, na fragilidade, na simplicidade que a luz do mundo brilha. Sua chegada é Boa Notícia, é ternura que enche de felicidade aqueles que estão à margem.

Nossa cultura globalizada institucionalizou e sacralizou muitos valores efêmeros, como dinheiro, status, bens de consumo, sucesso, poder e visibilidade midiática, e montou um sistema publicitário que nos induz à busca da felicidade falsa ou aparente. No entanto, esses valores frequentemente levam as pessoas a uma vida vazia e sem sentido. A celebração do Natal nos confronta, fazendo-nos pensar nos valores que norteiam nossa vida. É Jesus Cristo nossa referência? É ele que conduz nossa vida, ou preferimos seguir as propostas das autoridades deste mundo, que não passam de ídolos?

 

Ir. Dra. Izabel Patuzzo (IP)* Prof. Ms. Celso Loraschi (CL)** Ir. Dra. Zuleica Aparecida Silvano (ZAS)***

 

*da Congregação Missionárias da Imaculada, pime. Mestra em Aconselhamento Social pela South Australian University e em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Doutora em Teologia Bíblica pela PUC-SP.
**mestre em Teologia Dogmática, com concentração em Estudos Bíblicos, pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção (SP),
é autor do roteiro do Evangelho de Todos os Fiéis Defuntos e do roteiro da festa da Dedicação da Basílica do Latrão.
***religiosa paulina, mestra em Ciências Bíblicas (Exegese) pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma) e doutora em Teologia Bíblica pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (Faje), é autora do roteiro da festa da Sagrada Família.

https://www.vidapastoral.com.br/roteiros/24-de-dezembro-natal-missa-da-noite-ip/

VI- BÊNÇÃO DO PRESÉPIO

 

VI- BÊNÇÃO DO PRESÉPIO

- Obs.: A imagem é conduzida até o presépio. Os anjinhos tocam sino. O grupo de canto entoa o hino: Noite feliz!... nº 754

D. O Senhor esteja convosco. T. Ele está no meio de nós.

D. Deus eterno e onipotente, vosso Filho assumiu a condição humana, oferecendo-nos a graça da salvação. Abençoai este presépio, que recorda o nascimento de Jesus Cristo, nosso salvador, e tornai-nos dignos de participar de sua divindade, Ele que assumiu nossa humanidade. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

- Aspergir água benta no presépio. A imagem do Menino Deus é colocada no presépio. O Dirigente diz que todos são convidados a passar pelo presépio durante o canto de envio. A Bênção final pode ser realizada diante do presépio ou no presbitério.

VII-O NATAL NA PERSPECTIVA AGOSTINIANA Por Fr. Jeferson Felipe Gomes da Silva Cruz, OSA

 

VII-O NATAL NA PERSPECTIVA AGOSTINIANA

Por Fr. Jeferson Felipe Gomes da Silva Cruz, OSA

Por volta de 411 d.C., Agostinho trocou cartas com Volusiano, um pagão convicto, alto funcionário da corte romana, procônsul da África. A principal página desse epistolário é a carta 137. Nela Agostinho responde às dúvidas de Volusiano sobre o mistério da Encarnação.

Embora seja um conceito central para sua compreensão do mistério salvífico de Cristo, Agostinho não escreveu nenhum tratado específico sobre a Encarnação do Verbo de Deus. A carta a Volusiano e o conjunto de sermões natalinos, acrescidos de passagens em outras obras, cumprem essa função no opus agustinianum. A ausência de um tratado, contudo, não impede a aproximação e o aprofundamento da perspectiva agostiniana sobre o Natal do Senhor. E esta é, na medida do possível, a tentativa deste breve texto.

Já antes de sua conversão, Agostinho ocupou-se com o mistério escondido nas palavras “o Verbo se fez carne”. Sua compreensão, no entanto, foi aos poucos amadurecendo. Conforme ele mesmo narra em suas Confissões: “sabia apenas o que nos transmitiam as Escrituras, isto é: que (o Verbo feito carne) comeu, bebeu, dormiu e caminhou, sentiu alegria e tristeza, conversou com os homens. [...] Contudo [...] só muito mais tarde vim a saber o significado dado pela doutrina católica às palavras ‘o Verbo se fez carne’” (Conf. VII, 19, 25).

Na época de Agostinho havia muitas interpretações do mistério da Encarnação. Os apolinários, por exemplo, acreditavam que o Verbo eterno apenas se revestiu da carne humana, mas sem alma. Os fotinianos, por sua vez, viam em Cristo não o próprio Deus, mas apenas um homem milagroso, dotado de força divina. E, além desses, outros grupos, como os arianos, os adocionistas e os maniqueus também ofereciam interpretações.  Agostinho, ao contrário de todos esses grupos, defende que o Verbo assumiu a natureza humana em sua completude; “reconhecia em Cristo um homem completo, isto é, não somente o corpo de um homem, ou corpo sem alma inteligente, mas um homem real” (Conf. VII, 19, 25). “Ele é um homem porque na unidade de pessoa ele uniu a si mesmo uma alma racional e um corpo.” (Epist. 140, 14)       

O raciocínio para chegar a essa conclusão é simples: da mesma forma que Cristo exercia funções próprias do corpo (caminhar, comer, beber, tocar, enxergar, falar, etc.), exercia também ministérios exclusivos da alma (se maravilhar, se entristecer, se alegrar, se regozijar, se enfurecer, se compadecer, etc.); uma alma verdadeiramente humanadotada de inteligência e razãoUma alma racional.

Mas o Filho de Deus encarnado não é apenas verdadeiro homem, é também verdadeiro Deus, e não perdeu sua divindade ao fazer-se partícipe de nossa debilidade (De Civitate Dei, XXI, 15). Conforme diz Agostinho:

Jesus, Filho de Deus, é Deus e homem juntos [...]. Ele é Deus, porque é o Verbo de Deus, pois o Verbo era Deus (Jo 1,1); é homem, porque, na unidade da pessoa, o Verbo uniu a si uma alma racional e um corpo. Na medida em que é Deus, ele e o Pai são um; enquanto homem, o Pai é maior do que ele. Pela unidade das duas naturezas na única Pessoa do Verbo encarnado, aquele que é sempre Deus, não por usurpação, mas por natureza, humilhou-se tomando forma de servo (Fl 2, 6-7), mas sem perda ou prejuízo da forma de Deus. Assim, tornou-se menor, sendo o mesmo. Graças à unidade de pessoa, não existem dois Filhos de Deus, Deus e homem, mas apenas um: o Deus-homem, que é nosso Senhor Jesus Cristo”. (Enchiridion, 11, 36)

No mistério da Encarnação, “havendo de fazer deuses aos que eram homens, se fez homem o que era Deus” (Sermão 192, 1). Esse axioma da cristologia condensa a perspectiva agostiniana sobre o Natal. O evento maravilhoso, localizado pela Escritura em Belém da Judeia (Mt 2, 5-6; Lc 2, 4-7.11.15), é uma verdadeira dialética de contrastes, segundo a perspectiva agostiniana. A Encarnação é a suma de todos os paradoxos em que se desenrola a história da salvação.

Conforme lembra o Pe. Victorino Capanaga, o Natal agostiniano é a “esfera do paradoxo, como todo o mistério de Cristo, que é mistério de luz e de sombras, de cumes inacessíveis e manjedouras humildes. As coisas mais opostas se unem em sua pessoa: o alto e o baixo, o luminoso e o escuro, o feliz e o infeliz, o régio e o servil, o rico e o pobre, o glorioso e o vil”.[1] E a apresentação desse feliz paradoxo, ou dessa dialética de contrates, fica evidente na forma como Agostinho expõe o maravilhoso evento da Encarnação.

No Sermão 191, por exemplo, ele diz:

“Fazendo-se carne, o Verbo do Pai que fez os tempos, fez para nós no tempo o dia do seu nascimento. [...] Existindo junto com o Pai, ele precede todos os séculos; tendo nascido de mãe, foi introduzido neste dia ao longo dos anos. Aquele que fez o homem tornou-se homem. Desta forma, aquele que rege as estrelas é amamentado; o pão tem fome; a fonte tem sede; dorme aquele que é a luz; o caminho se cansa na caminhada; a verdade é acusada por falsas testemunhas; o juiz dos vivos e do mortos é julgado por um juiz mortal; a justiça é condenada pelos injustos; a disciplina é punida com chicotadas; o cacho de uvas é coroado de espinhos; a rocha é pregada em um madeiro; a força parece enfraquecida; a saúde ferida;
e a vida é morta.” (Sermão 191, 1)

Com essa belíssima dialética, Agostinho quer motivar os cristãos a subirem do temporal ao eterno, já que Deus dignou-se descer do eterno ao temporal e já que Cristo “não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fl 2, 6-7).

O paradoxo do Deus nascido está repleto de ensinamentos para os seres humanos. Conforme diz o próprio Agostinho, “vede, oh homem, o que Deus fez por ti; reconhece o ensinamento de grande humildade da boca do Mestre que ainda não fala” (Sermo 188, 3). Alguns desses ensinamentos Agostinho explicitou no livro XIII do De Trinitate:

Há na encarnação de Cristo muitos outros bens extremamente odiosos aos espíritos arrogantes,
cuja contemplação e memória são muito salutares. Um deles é fazer o homem compreender o lugar
que ocupa entre os seres que Deus criou, pois a natureza humana pôde estar tão intimamente unida a Deus, que uma pessoa surgiu das duas substâncias e, consequentemente, de três, Deus, alma e carne [...]. Além disso, a graça divina, concedida a nós sem qualquer mérito próprio, foi valorizada no homem Cristo; porque nem mesmo Cristo merecia por seus méritos anteriores estar tão unido ao Deus verdadeiro, que chegasse a formar uma pessoa, a do Filho de Deus; e no momento mesmo em que começou a ser homem, tornou-se Deus: daí a expressão o Verbo se fez carne. Um terceiro bem: o orgulho humano, principal obstáculo à união com Deus, foi corrigido e curado pela profunda humildade de Deus. Através dela, o homem sabe o quanto se afastou de Deus e pode apreciar melhor o valor terapêutico do sofrimento no caminho de seu retorno, graças à ajuda de tal Mediador, que vem, como Deus, em auxílio dos homens por meio de sua divindade, e como homem ele se parece conosco em fraqueza. E então, que exemplo sublime de obediência para nós, arruinados por um ato de desobediência, ver Deus Filho obedecer a Deus Pai até a morte na cruz! Onde poderia brilhar mais a recompensa da obediência do que na carne exaltada do Mediador ao ressuscitar para a vida eterna? Foi desígnio da justiça e da bondade do Criador derrotar o demônio através de uma criatura racional, descendente da mesma raça viciada em sua origem pela queda de um único homem, entregando ao seu poder todo gênero humano
.”


(De Trinitate, XIII, 22).

Os ensinamentos decorrentes do mistério da Encarnação são preciosos e urgentes, também, para o tempo desafiante que nos toca viver. A assunção, por Cristo, da real condição humana nos faz pensar na grandeza (ameaçada) da natureza humana. Deus quis ter carne. Deus quis para si um corpo. Deus quis viver com e como os seres humanos. Nós, contudo, celebramos esse maravilhoso desígnio envoltos em paradoxos blasfemos e condenáveis: proclamamos a humanização de Deus quando uma grande parcela da população mundial está condenada, pela homicida ambição de alguns, a uma vida sub-humana; cantamos o Natal do “príncipe da paz”, enquanto países travam guerra e semeiam morte; celebramos o nascimento d’Aquele que congrega a todos no amor, enquanto famílias, igrejas, comunidades padecem a divisão causada pelos extremismos ideológicos. Confessamos a assunção da natureza humana por Deus enquanto perseguimos, discriminamos e condenamos uma multidão de “seres humanos”.

Deus aceitou e assumiu a “dialética dos contrastes” para fazer-nos encontrar o caminho da concórdia, da reconciliação e da salvação. Ao que parece, nós ainda não aprendemos. Resta-nos insistir: “vamos, Senhor, age, desperta-nos, convoca-nos, inflama-nos e arrebata-nos, enche-nos de fogo e doçura! Amemos! Corramos!” (Conf. VIII, 4, 9).   

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