domingo, 20 de junho de 2021

REFLEXÃO DOMINICAL II

A FÉ NOS FAZ RESISTIR À TEMPESTADE

- As leituras de hoje nos convidam a deixar nossos lugares costumeiros, a perder o medo e partir para a outra margem. Enquanto estivermos dando demasiada atenção aos nossos problemas pessoais (à semelhança de Jó), não teremos abertura para evangelizar o mundo. O mundo parece estar no caos, as ondas se lançam contra a barca, mas Deus está no controle; é necessário arriscar-se em direção ao novo.

- A primeira leitura do livro de Jó parece incompreensível. Mas, na verdade, é de uma profundidade admirável. Jó tinha acabado de exigir uma audiência com Deus para perguntar-lhe sobre os motivos dos sofrimentos pelos quais estava passando. Jó não conseguia entender a ação de Deus, parecia que o Soberano estava muito mudado ou tinha perdido as rédeas do universo. Jó tinha muitas perguntas a fazer a Deus. Quem de nós, na hora do sofrimento, deixou de perguntar: "Por que, meu Deus…?"

- Na leitura Deus responde a Jó do meio da tempestade, mostrando que nenhum caos na nossa vida ou na natureza está acima dele. Ele é o Senhor do céu, da terra e do mar. Isso significa que Deus está no controle do universo. Não devemos ter medo, não devemos desanimar quando o sofrimento ou o pânico quiserem se apoderar de nós. Devemos estar atentos a essa conversa que Deus tem com Jó. Ela é bem didática. Ao chamar a atenção para os poderes da natureza e colocar-se acima deles, Deus leva Jó a considerar suas próprias limitações, pois o ser humano não é Deus, mas sim uma criatura entre as outras. E assim, do meio de suas crises, Jó é levado a considerar que sua efêmera existência é marcada por limites, por isso lhe é possível o sofrimento. Ao constatar a grandeza do universo e o poder de Deus, Jó deixa de ficar preso em si mesmo e realiza um êxodo existencial em direção ao outro. É o próprio Deus quem conduz Jó para fora de si mesmo, como faz com cada um de nós.

- Paulo chama a atenção dos coríntios para o sentido mais profundo da fé pascal. Afirma o apóstolo que o "amor de Cristo nos constrange" (v. 14). Cristo morreu por nós, e pouca coisa fazemos para corresponder tão grande dom. Se Cristo morreu por nós, conclui-se que o antigo modo de viver deve ser abandonado. Devemos assumir uma nova vida, nos mesmos moldes da vida de Cristo. É necessário sair dos nossos túmulos do egoísmo, remover a pedra do comodismo, para o raiar do dia novo da ressurreição.

- Paulo havia mudado radicalmente de vida, por isso tinha autoridade para exortar seus compatriotas a não se apegar ao fato de terem convivido com Jesus pelos caminhos da Galileia. O mais importante não é ter conhecido Cristo segundo a carne, ter sido testemunha ocular ou ser parente de Jesus. O mais importante é viver a vida nova que o Ressuscitado nos trouxe. Portanto, as palavras de Paulo nos alertam a sairmos do nosso fechamento ou nossa acomodação e nos lançarmos na missão, pois, "se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que novas são todas as coisas" (v. 17).

- O Evangelho de hoje pode ser entendido a partir do trecho anterior onde Jesus permanecia no barco, ensinando às multidões por meio de parábolas. Mas no final do dia, ele convocou seus discípulos para se dirigirem à outra margem do mar da Galileia, onde estavam outras cidades e culturas. Jesus diz aos seus discípulos que assumam o risco de sair de seu habitat original e levem o Evangelho a lugares diferentes, a pessoas de outras culturas, através das águas bravias e dos perigos costumeiros de uma viagem. Sair de si é sempre arriscado, e é comum sentir medo do desconhecido.

- A tempestade simboliza as dificuldades de uma jornada que leva para a outra margem. As multidões ficaram para trás, pessoas que poderiam dar apoio permaneceram do outro lado, agora é a vez de começar com diferentes culturas, religiões, tradições e costumes. Uma nova etapa, um novo começo na vida das comunidades. Trata-se simbolicamente do início da longa marcha da missão universal da Igreja que temos de estar dispostos a continuar, até que Cristo venha. Às vezes a barca parece afundar, sentimos pânico, mas Cristo está na popa (v. 38), lugar onde fica o piloto do barco. Pode parecer que Cristo dorme enquanto corremos o risco de perecer, mas Ele continua lá no controle do barco, das ondas e do vento. Não tenhamos medo, vamos à outra margem. Cristo está no barco, este jamais afundará. Vamos sair de nosso comodismo, há um mundo a ser evangelizado. Qual é o passo que nossa comunidade precisa dar em direção ao anúncio do Evangelho?

- Não tenhamos medo! Vamos para a outra margem. Este deve ser o grito de ordem para as comunidades de nosso tempo. Jesus, por meio das Sagradas Escrituras, insiste conosco: "Vamos à outra margem, meu Pai está no controle, eu conduzo o barco, as coisas antigas passaram, novas são todas as coisas. Não tenham medo!"

http://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2021/05/20_06_21.pdf

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