sábado, 23 de abril de 2022

REFLEXÃO DOMINICAL I


NÃO SEJAS INCRÉDULO, MAS FIEL

 

Celebramos o 2º Domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia. Jesus ressuscitado se faz presente no meio da comunidade, uma nova criação se inicia. Ele nos dá o Espírito Santo, a paz e o perdão, e nos enche de sua infinita misericórdia. Precisamos ter fé madura, não sermos incrédulos, mas fiéis e, à semelhança de Tomé, dizermos com toda confiança: “Meu Senhor e meu Deus”. Vamos dar graças ao Senhor, porque verdadeiramente Ele é bom, e eterna é a sua misericórdia (Sl 117). O texto do Evangelho de João (Jo 20,19-31) indica o novo tempo, é o domingo da Páscoa, o dia da ressurreição, é a vitória de Jesus sobre a morte. Ele se apresenta no meio da comunidade e saúda os discípulos desejando a plenitude dos bens messiânicos, “a paz esteja convosco” – shalom. Cheios de alegria, recebem a missão, sobre eles: Jesus soprou – “eu vos envio” -, receberam o Espírito Santo. Os discípulos de ontem, e nós hoje, recebemos a mesma missão, e pela ação do Espírito Santo, que anima e conduz a Igreja, somos testemunhas, manifestando por palavras e obras, o amor gratuito e generoso de Deus Pai. Por isso a necessidade de uma fé perseverante para anunciar Jesus Cristo, crucificado e ressuscitado, sua vitória sobre a morte se perpetua por todos os dias da história. A profissão de fé de Tomé – “Meu Senhor e meu Deus” – é iluminadora. Ele reconhece em Jesus o servo glorificado em igualdade com o Pai. Em Jesus Cristo se realiza o projeto de amor de Deus, de agora em diante é seu modelo e referência, como o é para todos nós. Somos bem-aventurados porque cremos sem ter visto. Os sinais no Evangelho de João foram escritos para que acreditemos que Jesus Cristo é verdadeiramente o Filho de Deus e pela fé, alcançar a vida eterna. Na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos (At 5, 12-16) vemos que o projeto de Deus, de paz e salvação, se prolonga na vida da comunidade: são tantos sinais e maravilhas que fazem ecoar a prática de Jesus. Na união, na oração comum, na escuta da Palavra de Deus, na cura dos doentes, no perdão dos pecados, a comunidade cristã se torna o lugar onde se exprime a novidade da salvação. Sabemos que também hoje é na oração, na partilha solidária, na comunhão e missão, que podemos e devemos evangelizar, propagar e testemunhar o Evangelho. A vida e a missão cristã, o testemunho da fé, encontram obstáculos e sofrimentos, como nos diz o texto do Apocalipse (Ap 1,9-11a.12-13.17-19). De fato, este Livro é um sinal e palavra de esperança para as comunidades tão ameaçadas. Na comum experiência de Cristo ressuscitado, somos chamados a sermos solidários com os irmãos que passam pela tribulação causada pelo sofrimento que o testemunho da fé provoca, como a perseguição, o exílio e a morte. A perseverança na fé é a capacidade de suportar ativamente, sem esmorecer nos momentos dolorosos de martírio, por causa do amor a Cristo e aos irmãos. Que estas palavras consoladoras nos animem sempre: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive”. É o Nosso Senhor e nosso Deus. Não sejamos incrédulos, acreditemos, sejamos fiéis, e vivamos na paz perdão, na paz e na misericórdia.

 

Dom Angelo Ademir Mezzari, RCJ Bispo Auxiliar de São Paulo

 

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-46-c-30-2-domingo-de-pascoa.pdf

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