sábado, 9 de abril de 2022

REFLEXÃO SOBRE A PAIXÃO E MORTE DE JESUS


Nesta noite, contemplamos a fidelidade de Jesus ao Pai em seu grau máximo. Passando pelo sofrimento e a morte, foi fiel ao projeto divino até o fim, até as últimas consequências.

A sexta-feira santa é um dia sagrado e solene, mas também sóbrio e austero. Acompanhando os passos de Jesus, a Igreja faz memória de sua Paixão e Morte na Cruz. A humanidade, sensibilizada e reconhecida, para diante do Filho de Deus, nascido da Virgem Maria que passou a vida fazendo o bem a todos. O justo é condenado por júri injusto: com testemunhas falsas, torturas, autoridade lavando as mãos covardemente, cenas de violência e de morte.

Hoje, o drama da Paixão de Jesus é o drama do sofrimento do povo, sobretudo dos pobres e dos enfermos que, para chegarem a um razoável atendimento médico, são obrigados a uma verdadeira via crucis. São as imensas filas nas portas e nos corredores dos hospitais e nos órgãos de atendimento público. É a dura realidade de nossos irmãos e irmãs que vivem nas periferias e não tem acesso ao saneamento básico e à assistência de Saúde Pública condizente com suas necessidades e com sua dignidade.

A sexta-feira santa nos ajuda a contemplar o mistério do sofrimento e da cruz, que se levanta ante os olhares humanos, e brota centelhas de fé e esperança para os oprimidos pela dor.

Jesus foi enviado ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Ele não buscou a morte, mas a vida plena. Contudo, não se pode dar a vida sem doação. A vida é fruto do amor e germina onde há amor pleno, onde a doação de si é total. Não há amor maior do que dar a vida pelos amigos. Amar é doar-se sem se poupar, até desaparecer, a exemplo da vela acesa.

A morte é condição para que a vida se manifeste. A morte de Jesus não deve ser vista como um acontecimento isolado da sua vida, mas como ponto culminante de todo um processo de entrega de si mesmo. A entrega total, no alto da cruz, é seu último gesto de doação e sela sua definitiva entrega. O mistério da cruz revela o significado mais profundo do amor e constitui-se numa resposta às perguntas decisivas para a existência humana, especialmente sobre o mal e o sofrimento.

A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que acolhem a salvação ela é força de Deus. A livre aceitação da cruz atesta o amor do Filho pelo Pai e a confiança em sua obra de salvação.

As artimanhas políticas e religiosas das autoridades judaicas e romanas tinham por objetivo tirar a vida de Jesus. Na verdade, permitiram que Jesus fosse elevado para Deus. Por isso, a narrativa da morte de Jesus é feita com muita solenidade, pois quem morre é o Senhor da vida, consciente da missão que tinha recebido do Pai. Ele, que tinha vindo da parte do Pai, agora, realizada a missão que lhe fora confiada, retorna para o Pai. A narrativa do drama da paixão do Senhor revela como a força da vida e da ressurreição já estava presente e atuante na hora da própria morte.

Meus irmãos e minhas irmãs, a sexta-feira santa não é um dia de luto e de tristeza. Nesse dia, a Igreja não celebra um funeral, mas a morte vitoriosa do Senhor Jesus, geradora de vida nova para os seus seguidores. Por isso, olhando para a cruz, a Igreja canta: Vitória! Tu reinarás. Ó Cruz! Tu nos salvarás!

https://diocesevaladares.com.br/reflexao-sobre-a-paixao-e-morte-de-jesus-na-cruz/

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