sábado, 14 de janeiro de 2023

DESASTRE DA SELEÇÃO BRASILEIRA ENSINA: A FALÁCIA 🙏 DE QUE 'A MELHOR DEFESA É O ATAQUE' 🫣. DEU NO QUE DEU : DEU PIRIPAQUE.⚰️🤷🏾‍♂‍ "

 

DESASTRE  DA SELEÇÃO BRASILEIRA ENSINA:  A  FALÁCIA 🙏 DE QUE  'A MELHOR DEFESA É O ATAQUE' 🫣. DEU NO QUE DEU : DEU PIRIPAQUE.🤷🏾‍♂️ "

Lindolivo Soares Moura(*)]

     "A  marcha  da sabedoria  é  saber ler  o  momento presente  e  marchar  de  acordo com a ocasião" ( Homero).

                      Parte I

Chaves, chavinhas e chavões lapidares costumam ser  música para os ouvidos. "Caem  como uma luva", dirão os pedreiros mais espertos, precavidos e experimentados. Agora mesmo, nesse exato momento, você pode estar sendo seduzido, atraído e cooptado por um ou outro chavão - eu disse chavão, não palavrão! - cuidadosamente elaborado. Mas assim como para com tudo na vida, com chavões na poderia ser diferente: é preciso ter cuidado. Chavões  são pensamentos de alta performance e grande profundidade, "lapidares" e exemplares, que portam consigo lições e mensagens impactantes, por vezes quase arquetípicas e paradigmáticas, mensagens e lições estas que costumam ficar guardadas na memória, na mente, sobretudo na mente "inconsciente". Carl Jung sabia disso mais que ninguém - inclusive mais que Freud. Por isso falou de um "inconsciente coletivo", transpessoal e plasmador dos protótipos e arquétipos estruturantes da memória "coletiva" desse labirinto, verdadeira esfinge, que é a mente humana.

Freud não gostou nada da ideia! Considerou aquilo uma mera ilusão, brincadeira de mau gosto, para não dizer pura verborreia de quem para ele não tinha o que fazer e menos ainda o que dizer. De tanta decepção e indignação, quase arrancou, sem dó e nem piedade, as orelhas do "discípulo amado": "que foi que você me aprontou, meu caro Carl!? Só me faltava essa!". Mas Jung não se deu por vencido e menos ainda se fez de rogado. Arrumou as malas e foi abrir caminho próprio, deixar suas próprias pegadas, não sem antes agradecer ao mestre por tudo que com ele havia aprendido, os dias, meses e anos que juntos haviam passado. Discípulos brilhantes, fadados a se tornarem também eles grandes mestres, não são orgulhosos e arrogantes; pelo contrário, são pessoas humildes, respeitosas, reconhecidas e generosas, que sabem aprender com a vida e serem gratas e agradecidas. Isso não os impede - pelo contrário os impele - a trilhar seu próprio caminho quando a hora é chegada. Foi o que fez Aristóteles: "sou muito amigo de Platão - ele disse ao seu mestre- mas amigo ainda maior da verdade". Arrumou as malas, abraçou e agradeceu por tudo, e partiu. Viver talvez não seja senão isso: aprender com os que nos amam nossos primeiros passos, para depois então partir tomando rumo próprio, entre choros e abraços. Não foi o que disse o poeta? - "mãe, eu volto a te ver na antiga sala, onde um noite te deixei sem fala, dizendo adeus como quem vai partir. E me viste sair pela neblina, porque a sina das mães é esta sina: amar, criar, e depois perder!". Por isso Khalil Gibran, outro incansável peregrino e caminhante, deixou um recado precioso para os pais: "vossos filhos não são 'vossos' filhos - ele disse - são filhos e filhas da saudade da vida por si mesma. Eles vêm 'através' de vós, mas não 'de' vós, e embora vindos através de vós não vos pertencem!". Sabia das coisas, esse Khalil!

Grandes Mestres sabem como poucos a importância da liberdade quando chega a hora de partir e ir embora. Jamais "aprisionam" seus discípulos nas malhas de seus discursos e ensinamentos, como pretendia Odisseus que seu colega Neptolemus fizesse, aprisionando com suas palavras a alma de  seu poderoso inimigo Philoctetes. Sabem, por experiência própria, que todo ser humano nasce com coração de águia, voltado para as alturas, e não se contenta em permanecer no chão a ciscar feito galinha, cujas asas são mais para abrigar que para voar. Talvez tenha sido pensando em algo assim que C. Dossi escreveu:  "dêem aos outros muita liberdade se vocês quiserem ter a sua parte". Sem ela, a liberdade, e sem incentivo e autonomia - e como isso às vezes é difícil! -  permanecemos por muito tempo, mais que o devido e necessário sob as asas de nossos cuidadores, sobretudo se forem nossos pais. "Cada pessoa deve brilhar com luz própria entre todas as outras - nos ensina Eduardo Galeano - pois não existem duas fogueiras iguais". O importante quando chega a hora de partir, como sucedeu com o "filho pródigo" de uma certa história, é "não permitir que nossa cabeça sobrepuje a sabedoria do nosso coração", como nos lembra Lao-tsé. Bem lembrado, por sinal.

Partir para novas terras e mundos estranhos pode ser perigoso? Claro que sim, como não!? Mas, como nos ensina Erica Jong, "o problema é que se a gente não arrisca o risco pode ser ainda maior". E é preciso afastar o medo nessas horas, pois o receio e o temor, quando nascidos da indecisão, e pior ainda, da fraqueza e do medo - covardia então...! - não são bons companheiros de viagem, não são não. Pelo contrário, "o medo é um microscópio que sempre aumenta o perigo", nas palavras de Commerson, e "se o caminho não tem acidentes, porque jogar pedras à nossa frente?", deixou escrito certo autor desconhecido. Afinal, "só existe um sucesso - segundo Cristopher Morley - ser capaz de viver à nossa própria maneira". Por isso o ensinamento de Eleanor Roosevelt se torna um estímulo precioso: "o futuro - ela diz - pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos". Ou quem sabe Jung teria simplesmente sido "telepaticamente" orientado - seria o tal "inconsciente coletivo" entrando em ação? - pelas palavras de Muriel Strode: "não se contente em trilhar um caminho estabelecido. Ao contrário, vá para onde não existe caminho algum e deixe seu próprio rastro". Jamais saberemos ao certo quem ou o que exatamente o moveu a tomar a decisão final. O fato é que ele "arrumou as trouxas", abraçou seu mestre, agradeceu por tudo, e saiu. Se voltaram a se encontrar novamente, não sabemos. Freud era sem dúvida muito inteligente, mente brilhante, mas o que tinha de inteligência tinha também de teimoso e cabeçudo; como certas pessoas, que a gente encontra pela frente! Faz parte do jogo.

Falando em jogo está na hora de retomarmos o assunto central de nossa reflexão: o tremendo fiasco da nossa Seleção. O chavão escolhido para falar da "hecatombe" que representou o desastre, e das lições que tamanho fracasso coloca à nossa disposição, é certamente bem conhecido de todos, pois costuma andar à solta em palestras, conferências, assim como nas falas e preleções de técnicos e tecnólogos dos mais variados desportos. Refiro-me à conhecida e categórica afirmação de que "a melhor defesa é o ataque", que aplicado ao presente caso culminou em verdadeiro "piripaque", coletivo diga-se de passagem. "Piripaque", como assim o denominei, mas não um piripaque qualquer, semelhante a uma enxaqueca passageira e que demanda pouca preocupação, e sim um piripaque gigante, medonho e sem proporções. No caso específico da partida que resultou no fiasco final, só perdoável se se for Cristão - "perdoar setenta vezes sete vezes, elevado ao quadrado e depois remultiplicado à enésima potência" - arrisco-me, sem ser perito no assunto, a afirmar exatamente o contrário: "o melhor ataque teria sido a defesa". É claro que aí do outro lado você deve estar objetando: "agora é tarde; não adianta chorar o leite derramado!". No que você não deixa de ter razão; mas apenas em parte, eu diria, porque se chorar o leite derramado de fato não adianta mais, adianta e muito - aliás é o mais importante - analisar e refletir com calma sobre a razão ou as razões que levaram mais de duzentos milhões de brasileiros a ficar sem leite de uma hora para outra, em questão de quatro ou cinco minutos . Já não é mais pouca coisa, não é verdade? Quando um Ministro de um Tribunal Supremo, por exemplo - ou melhor, na "falta dele" -  responde a um cidadão que paga parte do seu salário, e para quem "o leite mal acabara de ser todo ele derramado", com uma chacota do tipo "perdeu, mané", ele está em última instância ironizando -  para não dizer "ofendendo" - "ipso facto", mais de cinquenta e dois milhões de cidadãos - e não "manés" - que pagam outro montante considerável do seu salário, e que também viram seu leite, manteiga e margarina, serem "despudoradamente" derramados. E aqui entre nós, salários de Ministros do tal Supremo ficam a quilômetros-luz do salário do "mané". De qualquer forma, trouxe o caso à tona apenas para lembrar que podemos por vezes considerar pequeno o montante do leite derramado,  até mesmo insignificante, quando na verdade ele daria para alimentar um grande contingente de pessoas; no caso da bancarrota da nossa Seleção, daria para alimentar uma nação.

Vou permanecer apenas em um parágrafo para ficar no fato "em si", e depois nas possíveis lições que ele possa nos trazer, que em última instância é o que realmente nos interessa, como já mencionado. Então vamos lá. A modalidade da partida, lembram-se? - "mata mata"; ou seja, perdido por  um perdido por mil, não faria a mínima diferença! A Contrapartida do raciocínio é igualmente simples: ganhando por um ou ganhando por mil não faria da mesma forma a mínima diferença, absolutamente nenhuma. Aí vem a pergunta que o líder máximo chamado de "Técnico", o líder em campo chamado de "Capitão", os mais "experientes" para não dizer "mais velhos", o goleiro, que mais que ninguém sabe o que é ficar desprotegido e que para exigir proteção só precisa dar um "berro", precisam responder URGENTEMENTE, sob pena de a gente acabar perdendo a compostura; sim,  porque a paciência, assim como a vaca, também já foi para o brejo: POR QUAL RAZÃO ESTAVAM OS DEZ JOGADORES DO TIME - só faltou o goleiro - PRATICAMENTE ENCIMA DA LINHA DO MEIO CAMPO, DEIXANDO TOTALMENTE DESGUARNECIDA A DEFESA E LITERALMENTE "TROMBANDO" UNS COM OS OUTROS NA LINHA DE FRENTE, TAMBÉM CHAMADA DE LINHA DE ATAQUE? Vou aguardar o tempo que for necessário para que alguém me dê uma resposta; convincente, naturalmente. Pode ser por telefone, "e-mail", ZAP, telégrafo, assovio ou interfone, do jeito que achar melhor! Escolham! Ah, deixei ainda de considerar o fato de que faltavam apenas e tão somente quatro ou cinco minutos para terminar a segunda parte "da prorrogação" - não era do tempo normal de jogo não! Da "pror-ro-ga-ção"! Nesse caso, me desculpem, mas já é coisa de "kamikase", coletiva diga-se de passagem. Ocorre que até onde eu sei coisa de kamikases está mais para situações drásticas, dramáticas e sem saídas, quando bate o desespero, e a morte está prestes e já entrando no raio de ação. Teria sido esse o caso? Se alguém respondeu que sim, eu pergunto: se a situação da nossa seleção era de tamanho desespero naquele momento - aos cento e dezesseis minutos do segundo tempo da prorrogação, e vencendo o jogo -  a de nossos "adversários" era de quê!? Tem nome!? Na minha modestíssima capacidade de percepção - não sou técnico nem de "jogo de botão" - quem àquela altura deveria estar morrendo de medo, desesperado, "cagando nas calças" - ou melhor, nos calções - se me permitem a expressão, era eles m.... caramba! Gostaria confesso de usar outra palavra, mas não vou me atrever a fazer isso não. Sei lá; vai que alguém mais religioso e praticante acabe ficando indignado, escandalizado, e lá vou eu para o purgatório mais próximo; e mais cedo, claro. Isso para não mencionar outro lugar muito mais desconfortável, apertado e muito menos arejado, no qual só de pensar no nome já me dá arrepios e calafrios.

Pelo amor de Deus, gente, quedê o Tite - foi no banheiro!? - quedê o Capitão desse time, quedê o goleiro, quedê os jogadores mais experientes!? A garotada, paciência - "vamos em frente, que atrás vem gente!". Se alguém gritou, certeza que não foi ouvido, e se foi ouvido, é certo que foi ignorado; e se todo mundo nesse time tá surdo, ou o que seria ainda pior, escuta mas não obedece ninguém, aí a vaca tinha mesmo é que ir pro brejo; não sozinha, claro, mas levando junto bois e boiada!  E segue o casório que atrás vem gente! Desculpem, eu quis dizer o velório. Mas o que foi que deu nesse povo, gente, nessa bendita seleção!? Quem foi que disse que em toda e qualquer situação a melhor defesa é o ataque!"? Foi o Tite, a Judite, o Tiuru, a Berenice!? Pelo amor de Deus alguém me diga! Caso contrário eu vou acabar concluindo que foi burrice; e aí o leite todo entorna de vez!

 

Na antiga tradição dos samurais ao receber a ordem para cometer o suicídio ritual chamado "sepuku" o guerreiro deveria antes do gesto final escrever um "haicai",  isto é, um poema mínimo e brevíssimo, de pouquíssimas palavras, pois a morte exige brevidade de tempo. Visto que nossos grandes guerreiros na trágica disputa em que cometeram seu "sepuku" coletivo, sequer tiveram tempo para o cumprimento desse detalhe do ritual, em nome de todos e de cada um deles, incluindo toda a Comissão Técnica, o Tite e a CBF, escreverei o "haicai" que imagino seria, se não do gosto de todos, ao menos da maioria. Ei-lo:

"VIEMOS, VIMOS E PERDEMOS! ATÉ AS CALÇAS! DEUS DO CÉU, QUANTA DESGRAÇA!!!".

Feita a análise "fisiológica" do fato, deixemos de lado por um tempo essa primeira modalidade de interpretação e passemos agora à segunda, menos simbólica e folclórica, em busca das lições para a vida - vida que segue! - que o fato nos proporciona. Para facilitar o acesso, a leitura e a reflexão, enumerá-las pode servir de facilitação. Sigamos em frente, então.

 

1°Lição: a importância fundamental da liderança.

Qualquer tipo de instituição onde a liderança está ausente, é fraca, ou é forte mas sabe-se lá Deus por qual motivo é simplesmente ignorada, sinaliza tragédia e fracasso.   A isso se chama "anarquia", do grego "an"= sem, ou ausente, e "arché"= "princípio" original e originante. Na falta de tal princípio organizador - aí teríamos a "anarché" = anarquia" - o que temos é um todo ou um grupo sem rumo e sem direção, "acéfalo", literalmente sem cabeça e sem cérebro, consequentemente incapaz de pensar e raciocinar. Isso vale não só para a Seleção, vale para qualquer grupo, sociedade, comunidade ou instituição. "Perder a cabeça" é expressão bem conhecida entre nós, assim como sabemos bem quais costumam ser as consequências quando isso acontece. Liderança pressupõe autoridade, claro, mas também hierarquia, respeito e obediência. Trabalhar com um conceito de democracia que não este, seja na família, na escola, na empresa ou em qualquer situação, é certeza de caos e tragédia, como foi o caso da Seleção. Pode-se levar anos para formar um boa equipe, um "time" realmente competitivo em qualquer área da vida humana; ausente ou ignorada a hierarquia e a liderança, bastam minutos - às vezes segundos - para o edifício inteiro vir abaixo. Até que se aprenda bem essa lição, muito leite certamente é derramado, acompanhado sem dúvida de muito choro, consolo e choramingança, como foi o caso da Seleção. É claro que o excesso de mando e controle também pode descambar para a burocracia, forma de liderança ou governo que, se acrescentarmos um pequeno "r' ao "buro", já sabemos que tipo de governança teremos. Hierarquia sim, bur(r)ocracia não! Mas para ser seguida e obedecida. Caso contrário é tragédia na certa!

2°Lição: a difícil tarefa de aliar experiência e juventude: seria perfeito se os mais jovens possuíssem a experiência dos mais velhos, e estes a energia e a força dos mais jovens. "Seria"! Com certeza! Mas na vida raramente é assim que as coisas acontecem. Portanto para ser competitivo aliar força e experiência torna-se imperativo em situações e desafios que a vida nos coloca, mas se a experiência falha, a força fica sem rumo e sem direção. Uma jamanta desgovernada é certeza de desastre e quase sempre perda de muitas vidas e outras consequências. Para que isso não aconteça é preciso sinergia e sincronismo, e isso só é possível com um equilíbrio de ciência e arte. Se a balança pende em excesso, para qualquer um dos lados, "já era!", tem tudo para dar errado. Excesso de experiência também pode não ser bom? Pode! Não se está dizendo que é, "apriori". Mas em se tratando de experiência até o excesso precisa ser controlado. Caso contrário pode levar ao exagero de confiança e à superestimação da própria capacidade de percepção, de julgamento e de tomada de decisão. Foi esse o caso com nossa seleção? Jamais saberemos! Mas na dúvida não ultrapasse: melhor manter em dia a lição.

3°Lição: todo cuidado é pouco quando se vai ao pote: esse é sem dúvida um ensinamento bem antigo. Quanto maior a sede, maior deve ser o cuidado quando se vai à fonte. A razão é simples, mas as consequências podem ser trágicas. Você está num deserto, sol a pique, e seu estoque de água é o mínimo do mínimo. Se você não tiver calma nessa hora, e a ânsia pela água falar mais alto que que a serenidade e o equilíbrio...Pronto! Atabalhoadamente você acaba deixando    a garrafa aberta cair, e lá se vão suas últimas gotas de água, o que pode acabar comprometendo sua sobrevivência. Na Seleção não foi, e na vida não é diferente: nunca vá com excesso de pressa ao pote. Sobretudo quando a situação por si só já é delicada e por vezes periclitante. "A pressa - ao menos na maioria das vezes - é inimiga da solução". Sei que você esperava "perfeição", como reza o dito popular, e não "solução". Esquece! O perfeccionismo é ainda mais desastroso que a pressa. E o que é triste: raramente admite exceção. É claro que você já percebeu que a água do pote, da qual aqui se fala, é um conceito-elemento arquetípico. Assim como o pão é para a fome, as chaves para a segurança e Deus para as diversas religiões, a água o é para a sede e para a própria subsistência. Ir ao pote, portanto, é ir de encontro a qualquer meta ou objetivo a que nos propomos perseguir buscando alcançá-lo, para então, a partir dele, continuarmos seguindo em frente. No caso da Seleção o objetivo era vencer a partida para que pudesse continuar perseguindo um objetivo ainda maior: ser campeão. Foi com muita sede ao pote, isto é, ao ataque, deu no que deu! Deu piripaque. Na vida e pela vida afora é preciso ter calma e equilíbrio diante das metas e objetivos a serem alcançados. Sobretudo aqueles todos como mais importantes e por vezes cruciais. Antes mais tarde em casa do que cedo no cemitério, não é verdade? Antes ir com calma e procurar conter a ansiedade, do que ter que se arrepender mais tarde, como foi o caso.

4°Lição: pior que o "já perdeu" é o "já ganhou": o primeiro redobra o esforço, o segundo a desatenção. "Camisa não ganha jogo", diz o refrão, que de tão conhecido a gente por vezes até esquece. Coisas do "inconsciente", diria Jung! E como Jung tinha razão! Todo mundo dizendo: "cuidado com as amarelinhas!"; "Brasil favorito para ser campeão! "Essa seleção joga bonito!", e por aí seguia o andar da autoestima, da autoimagem e da autopercepção. Para piorar as coisas os adversários, que de bobo não tinham nada, inflavam ainda mais o ego da "meninada": "Brasil é favorito!"; "primeira fase já está garantida!"; "como joga, essa Seleção!". Deu no que deu! Deu em nada! Ego é como balão de aniversário: só se deve explodir ou pocar depois da festa terminada. Pocaram antes, muito antes! A festa foi adiada. É triste mas é verdade; a mais pura e dura realidade. Daqui quatro anos tem mais; nada de pocar os balões do ego de tanto inflá-lo antes da hora! Vale para a vida toda? Claro que sim, como não!? A não ser que não se esteja disposto a aprender a lição. "Sobriedade", talvez seja essa a virtude necessária em situações do tipo; sobriedade, discrição e moderação. "Quem fala muito - tanto de si como dos demais - acaba dando bom dia a cavalo". Correto, o ditado! Para ser "vivido", certamente, e não apenas aprendido ou ensinado.

5°Lição: "meus meninos" e seus poderosos jatinhos! Gente, vamos acabar com a palhaçada: tragédia anunciada, tragédia acontecida, duas atitudes entre outras chamaram a atenção. Primeiro a saída do técnico em direção ao vestiário visivelmente decepcionado, frustrado ou enraivecido, uma das três coisas ou as três juntas, atitude que acabou sendo bastante contestada. Enquanto isso o Capitão da Seleção dava entrevista, e dentre outras coisas uma dela chamou a atenção: "...de qualquer forma - disse ele - estou muito satisfeito com 'os (meus?) meninos....', e a entrevista prosseguiu com a papagaiada. Agora paremos pra pensar um instante: você investe milhões em mais de 25 atletas por durante mais ou menos quatro anos, sem contar "staffings" e Comissão Técnica; atletas que recebem praticamente todos eles milhões de euros Europa afora, além de investir outros tantos milhões para acompanhar a estrutura de  uma Copa por praticamente um mês. Atletas que depois, num gesto da mais irrestrita irresponsabilidade jogam em quatro minutos todo esse projeto pelos ares, e que depois choram feito crianças como se o pirulito lhes tivesse sido tomado,  e que no dia seguinte no mais absoluto conforto já estavam regressando aos seus clubes de origem, alguns inclusive em seus jatinhos particulares. Aqui entre nós, que história é essa de chamar de "meninos" duas dúzias de marmanjos que proporcionam um fiasco sem tamanho decorrente da mais absoluta irresponsabilidade!? Espera aí! Tem alguma coisa errada! Para usar uma expressão bem nossa: "gente, essa ficha não cai não!?". Que brincadeira é essa!? Não restou ninguém para colocar ordem nessa casa ou nessa desordem não!? Viche Maria, Deus meu! Que foi que você disse mesmo, Capitão!? Chame do que você quiser seus "pupilos", mas por favor, de "meninos" não!

Esse é um dos problemas da nossa Seleção: se vencem viram "heróis - tipo Ulisses, Menelau e Aquiles - e se perdem são tratados como crianças!? Paulo Freire neles: "Professora sim, tia não!". Perder faz parte do jogo, todo mundo sabe disso! Perder em razão da mais absoluta irresponsabilidade não de um ou dois, mas de toda uma Seleção, isso não é coisa de menino e de criança não! Coerente sim, foi o Técnico, que não aceitou ser "porta-lágrimas" e menos ainda sair passando a mão na cabeça de marmanjo! Ora essa, era o que faltava! Quando muito desse um pirulito pra cada um e mandasse todo mundo ir "tomar banho"! Que por sinal era o passo seguinte. Lição que fica para a vida!? Premie quando houver mérito, cobre quando couber responsabilização! Caso contrário estará (mal)criando patricinhas e filhinhos de papai! E bastam os que já andam à solta por aí!  Qualquer leigo em filosofia e Psicologia da educação, bem como em política de prevenção, sabe disso! Só alguns capitães que não! Já dizia certo comentarista - dos bons, por sinal! - que hoje não mais se encontra entre nós: "e aí!? O que é que eu vou dizer lá em casa para os meus filinhos!?". Gente, esporte é esporte, sem dúvida, todo mundo de acordo! Mas não se pode levar na brincadeira, no banho-maria e nas coxas não! Afffff!!!

 

(*) Texto enviado por whatsapp, Vitória(ES).

 

 

 

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