terça-feira, 24 de janeiro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL II: FELIZES OS POBRES EM ESPÍRITO

 

REFLEXÃO DOMINICAL II:

FELIZES OS POBRES EM ESPÍRITO

A liturgia deste domingo faz-nos meditar sobre as Bem-Aventuranças (cf. Mt 5, 1-12a), que abrem o grande sermão chamado “da montanha”, a Carta Magna do Novo Testamento. [...] Quero meditar sobre a primeira bem-aventurança: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (v. 4). O pobre em espírito é quem assumiu os sentimentos e as atitudes daqueles pobres que na sua condição não se rebelam, mas sabem ser humildes, dóceis, disponíveis à graça de Deus. A felicidade dos pobres — dos pobres em espírito — tem uma dupla dimensão: em relação aos bens e em relação a Deus. Relativamente aos bens, aos bens materiais, esta pobreza em espírito é sobriedade: não necessariamente renúncia, mas capacidade de apreciar o essencial, de partilhar; capacidade de renovar todos os dias a admiração pela bondade das coisas, sem sucumbir à opacidade do consumo voraz. Quanto mais tenho, mais quero; quanto mais tenho, mais quero: esse é o consumo voraz. E isso mata a alma. E o homem ou a mulher que faz isso, que tem essa atitude “quanto mais tenho, mais quero”, não é feliz e não alcançará a felicidade. Em relação a Deus é louvor e reconhecimento que o mundo é bênção e que na sua origem está o amor criador do Pai. Mas é também abertura a Ele, docilidade à sua senhoria: Ele é o Senhor, Ele é o Grande, eu não sou grande porque tenho muitas coisas! É Ele: Ele que quis o mundo para todos os homens e o quis para que os homens fossem felizes. O pobre em espírito é o cristão que não confia em si mesmo, nas riquezas materiais, não se obstina nas suas opiniões pessoais, mas escuta com respeito e aceita de bom grado as decisões de outros. Se nas nossas comunidades existissem mais pobres em espírito, haveria menos divisões, contrastes e polêmicas! A humildade, como a caridade, é uma virtude essencial para a convivência nas comunidades cristãs. Os pobres, nesse sentido evangélico, parecem-se com aqueles que mantêm viva a meta do Reino dos céus, fazendo entrever que este é antecipado de forma germinal na comunidade fraterna, que à posse privilegia a partilha. Gostaria de sublinhar isto: à posse privilegiar a partilha. Ter sempre o coração e as mãos abertas (faz o gesto), não fechadas (faz o gesto). Quando o coração está fechado (faz o gesto), é um coração apertado: nem sequer sabe como amar. Quando o coração está aberto (faz o gesto), se encaminha para a senda do amor. A Virgem Maria, modelo e primícia dos pobres em espírito, porque totalmente dócil à vontade do Senhor, nos ajude a abandonar-nos a Deus, rico em misericórdia, a fim de que nos enche dos seus dons, especialmente da abundância do seu perdão.

 Papa Francisco Ângelus , 01/2017

 

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47-a-13-4-domingo-do-tempo-comum.pdf

 

 


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