segunda-feira, 29 de julho de 2024

VIII- REFLEXÃO DOMINICAL III: ESPERANÇA E PARTILHA: GRANDES SINAIS

 

VIII- REFLEXÃO DOMINICAL III:

ESPERANÇA E PARTILHA: GRANDES SINAIS

O pão é o tema da Primeira Leitura; também do Salmo Responsorial e do Evangelho. A simbologia do pão, na Sagrada Escritura, recorda duas coisas importantes: a primeira, é que não somos autossuficientes e devemos renovar nossa vida a cada instante, lutar por ela; necessitamos do pão de todo dia. O segundo aspecto é que o homem - por si - não pode prover-se de pão: Deus nos dá a chuva que tornará o solo fecundo para germinar as sementes. A vida humana está na dependência de Deus. Necessitamos do pão nosso de cada dia: ele é um dom de Deus. Jesus se apresenta como quem sacia de sentido toda nossa existência. Marco Aurélio escreveu: Não é a morte que devemos temer; devemos ter medo de nunca começar a viver. Não há vida verdadeira para quem vive sem saber o sentido do seu viver. No deserto, Jesus pede que o povo sente na relva; toma os pães e os peixes; agradece, fraciona e distribui. Todos ficam saciados. Depois do milagre, muitos iam à procura de Jesus. Ele os recriminou: “Em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes os sinais, mas porque comestes os pães e ficastes saciados” (Jo 6,26). Pergunto eu: que sinal o povo deveria ter visto? No final do texto bíblico, muitos exclamam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo! O povo até começou a discernir o sentido do milagre mas, fascinado pelo pão material, com muita facilidade esqueceu do grande sinal. Falemos deste sinal. Jesus é o novo Moisés; é o profeta que o próprio Moisés anunciou: “O Senhor fará surgir - dentre vós - um profeta, e vocês o ouvirão” (Dt 18,15). Jesus reúne o povo num lugar deserto e, à semelhança de Moisés, sacia a todos com o pão. Jesus, porém, é mais que Moisés: é o Bom Pastor, que faz o rebanho repousar em verdes pastagens e lhes prepara uma mesa. Era isso que todos deveriam ter compreendido; e foi o que não compreenderam! Ao meu último escrito neste folheto litúrgico, lembro que dei o título: “Semear... mesmo na tribulação”. Agora, enquanto escrevo, me vem à mente uma canção do cantor/compositor baiano Elomar Figueira Mello. Com o falar sertanejo, das barrancas do rio Gavião, ele escreveu: “Josefina, sai cá fora e vem vê: óia os forro ramiado, vai chuvê. (...) Futuca a tuia, pega o catadô, vamo plantá feijão no pó.” Certa vez, ouvi o próprio cantor explicando “Arrumação”, título dessa canção. Disse ele: “Na madrugada, alguém percebe que o tempo ficou nublado. Tem jeito que vai chover. É necessário ter pressa, pular cedo e colocar a semente na terra. Plantar a semente no pó, na terra seca. E ficar à espera da chuva que fará brotar a semente”. É sobre ter fé, caríssimos irmãos! Semear, semear... plantar, mesmo na escuridão: uma aurora de paz, um tempo de salvação e um amanhã em que haja pão em todas as mesas. Nossa esperança cristã diz que é possível!

 Dom Jorge Pierozan Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-44-17o-domingo-do-tempo-comum.pdf

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