sexta-feira, 29 de setembro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL I DICAS DE HOMILIA - 26º domingo do Tempo Comum (Ez 18,25-28 / Sl 24 / Fl 2,1-11 / Mt 21,28-32) A Verdadeira Conversão da Fé - Realizar a Vontade do Pai - As Escolhas de Cristo

 

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL I   

DICAS DE HOMILIA - 26º domingo do Tempo Comum

 (Ez 18,25-28 / Sl 24 / Fl 2,1-11 / Mt 21,28-32)

A Verdadeira Conversão da Fé - Realizar a Vontade do Pai - As Escolhas de Cristo

A Liturgia da Palavra desse Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum trata da conversão da fé e de como essa está intimamente unida à realização da vontade do Pai. Tal proposta se encontra seja na Primeira Leitura, quanto no texto do Evangelho que traz a parábola dos dois irmãos e seu pai. Os cristãos, chamados a ser discípulos de Cristo, realizam a vontade do Pai quando se propõem a viver segundo as escolhas de Cristo, como diz Paulo na Segunda Leitura.

A Primeira Leitura do profeta Ezequiel traz uma questão muito importante que aparece no momento em que o povo de Israel se encontra no Exílio, isto é, quem é o culpado para tamanha desolação e castigo? O provérbio comumente utilizado, nesse período, era o que dizia: "os pais comeram uvas azedas e os dentes de seus filhos se estragaram?" (Ez 18,1-2). Na verdade, os filhos de Israel queriam encontrar um culpado para o fato de estarem exilados na Babilônia, no intuito de não assumirem as suas próprias responsabilidades. No entanto, o Profeta chama à atenção do povo e repropõe a questão, trazendo sobre cada um a própria responsabilidade sobre a sua conversão e vivência da Fé, fazendo com que todos questionassem o seu modo de agir e viver. Para o profeta, professar a fé, que nasce da conversão ao Senhor, significa assumir as suas próprias responsabilidades e tomar a direção da própria vida, conduzindo a sua estrada segundo os desígnios de Deus e segundo a sua vontade.

A queda, os deslizes e o próprio pecado acontecem e fazem parte do caminho, todavia, a coragem daquele que se coloca no processo de conversão está em se levantar e seguir a estrada proposta diante de Deus e dos homens. Nesse caso, a vida plena está na sincera conversão da Fé, que insere o fiel no caminho do Senhor, no desejo de cumprir a sua vontade, principalmente, na direção do serviço aos irmãos e irmãs. Nessa mesma direção se encontra o Evangelho, pois indica, por meio da parábola contada por Jesus, que a verdadeira conversão da Fé é a realização da vontade do Pai. A conversão implica, segundo o evangelista, na adesão profunda aos desejos de Deus, o que faz com que o fiel responda a cada dia ao seu projeto de amor.  

O texto do Evangelho desse domingo traz uma parábola que precisa ser bem compreendida, a fim de que não seja lida de modo simplista ou até reduzido. Os dois filhos, por vezes foram compreendidos como sendo, de um lado os judeus e do outro os recém convertidos ao cristianismo nascente. De fato, não é o interesse do evangelista problematizar essa relação já bastante conturbada, visto que, muitos dos judeus, não aceitavam o fato de que, os recém convertidos poderiam ter a mesma acolhida que eles, algo presente no Evangelho do Domingo passado, dos trabalhadores da vinha. Todavia, a questão de fundo é, quem seria o verdadeiro fiel, discípulo de Cristo, aquele que professa a Fé, mas não cumpre a vontade de Deus, ou aquele que, mesmo não professando tão claramente a fé, realiza a vontade do Pai. O evangelista não condena, de forma simplista, todos aqueles que professam a fé, mas questiona a fratura criada quando a profissão de fé não é acompanhada da realização da vontade de Deus. Neste caso, a união íntima entre a profissão de Fé e a realização da vontade do Pai é um ponto fundamental no Evangelho desse Domingo, isto é, a fé professada e vivida, como se conhece muito bem: Fé e Vida. Em outro texto, do Evangelho de Mateus, Jesus questiona aqueles que chegam até ele chamando-o de: Senhor, Senhor e dizendo que tinham realizado milagres e expulsado demônios. O Senhor os repreende e os afasta de Si, dizendo não conhecê-los, pois, apesar de realizarem tais obras, a sua conversão não estava na realização da vontade do Pai, mas, na busca de sua própria glória. Desse modo, é claro que a profissão de Fé verdadeira deve vir acompanhada do empenho em realizar a vontade de Deus, da vivência dos valores do Evangelho, de trazer em si, na própria vida as escolhas de Cristo.    

No contexto da parábola, as prostitutas e os publicanos se tornam um exemplo para todos aqueles que dizem sim à Fé, mas, não cumprem a vontade de Deus, isto é, não vivem de acordo com a Fé que professam. Algo que se vê, claramente descrito no Evangelho, pois, o primeiro filho disse não, mas realizou a vontade do Pai, já o segundo, num primeiro momento disse sim, mas, depois não seguiu os desejos do Pai. De fato, os pecadores públicos e as prostitutas, aqueles que acolhem o Evangelho que é o próprio Jesus, atuam na vida uma sincera conversão de Fé e buscam, em tudo, cumprir a vontade do Pai. Ao questionarem o seu modo de vida e desejarem abraçar uma estrada de seguimento de Cristo são inseridos no caminho do discipulado, no desejo de fazerem a vontade do Pai.  Aqueles que professavam a Fé e se sentiam seguros, pelo fato de serem reconhecidos pelas palavras da Fé pronunciadas, mas, não cumpriam o desejo de Deus, se afastavam do caminho do seguimento verdadeiro de Cristo. De modo diverso, se encontram aqueles que, reconhecendo o chamado à conversão e vida nova proposto pelo caminho do discipulado, abandonam a vida antiga e abraçam a Fé, na busca sincera de realizar a vontade de Deus na vida.   

Neste caso, quando a Liturgia da Palavra propõe a conversão da Fé e a realização da vontade do Pai como sendo inseparáveis, algo que fica claro na Segunda Leitura, quando Paulo apresenta o empenho de Jesus em cumprir a vontade daquele que o enviou. O apóstolo, ao expor o mistério da Encarnação e a obra da salvação realizada no gesto salvífico de Jesus, aponta um caminho de seguimento para todos os cristãos. Ao convidar os irmãos e irmãs de Filipos a aderirem ao caminho do discipulado, tendo em seus corações os mesmos sentimentos de Cristo, descortina diante deles a via segura da conversão da Fé. Ou seja, todos aqueles que desejam professar a Fé e vivê-la no seguimento de Cristo devem, acima de tudo, buscarem viver segundo os valores, as escolhas, enfim tudo o que movia o próprio Jesus. Todos os gestos, palavras e ações de Jesus eram movidos pela compaixão pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, no intuito de lhes apresentar a face amorosa e misericordiosa do Pai. Neste caso, quando o apóstolo Paulo convida os irmãos a serem movidos por tudo o que impulsionava Jesus a realizar a vontade do Pai, indica o caminho do seguimento no discipulado como via de profissão e vivência da Fé. Todo aquele chamado ao discipulado deve buscar uma adesão a Cristo pela Fé, de modo que a sua vivência seja marcada pelos valores do Evangelho e pelo sincero desejo de realizarem a vontade de Deus.    

Que a Liturgia da Palavra desse Vigésimo Sexto Domingo do Tempo Comum convide a todos a uma sincera e contínua conversão da Fé, marcada pelo empenho em realizar a vontade do Pai. Que seja a luz da Palavra a iluminar os corações, provocando em todos a revisão de vida e do caminho do seguimento de Jesus, como discípulos missionários. De modo que todos provocados pela Palavra de Paulo, empenhem-se em trazer na vida os valores do Evangelho, de modo a viver seguindo as escolhas de Cristo, tendo em seus corações e na vida, os mesmos sentimentos de Cristo Jesus.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

https://www.diocesecachoeiro.org.br/ler.asp?codigo=4360

 

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