sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

"SE PUDESSE VIVER A SUA VIDA NOVAMENTE, COMO VOCÊ A VIVERIA? ANTES DE PARTIR, QUE VÍNCULOS E RELACIONAMENTOS VOCÊ REVISITARIA E RESSIGNIFICARIA?"

 

"SE PUDESSE VIVER A SUA VIDA NOVAMENTE, COMO VOCÊ A VIVERIA? ANTES DE PARTIR, QUE VÍNCULOS E RELACIONAMENTOS VOCÊ REVISITARIA E RESSIGNIFICARIA?"

Por Lindolivo Soares Moura(*)

  "Um  dia é  preciso  parar  de  sonhar, e de algum modo partir"[Amor Klink]

   

Grau de parentesco: neta! Idade à época: seis para sete anos! Pergunta[a mais complicada com a qual eu já me deparei na minha vida!]: "vovô, se você pudesse perguntar a Deus apenas uma dessas duas coisas, o que você perguntaria: qual vai ser o dia de sua morte, ou de que tipo de morte você vai morrer!?". O adendo veio em seguida: "só uma, heim!!! Tem que escolher!". A pergunta foi feita "à queima roupa", sem aviso prévio e sem pedir licença! Pegou-me na mais absoluta surpresa e me deixou sem saída! Diante de situações desse tipo costumo silenciar; uma estratégia rápida, coisa de malandro e de quem foi pego "com a boca na botija", e que precisa de algum tempo, alguns segundos que sejam, para recuperar o fôlego e se recobrar. Como se o mata-leão já não bastasse, na mente o lembrete de Larry Dossey me advertia: "cuidado com o que você pede em suas orações! Você pode acabar sendo atendido!". Parcialmente recuperado do "choque" respondi o que me pareceu ser mais verdadeiro: "vovô não gostaria de saber nem uma coisa e nem outra! Eu, heim!!!". Não deu certo: a pequena filósofa, esperta e persistente como costuma ser toda criança - meu amigo e irmão Antônio Rocha que o diga - voltou à carga: "não vale, vô[veja que em segundos eu perdi metade do meu título de "vovô"]: tem que escolher uma das duas; não pode escolher 'nenhuma' não!". Já havia enfrentado alguns emaranhados filosóficos bastante complicados até então na minha vida, mas aquele estava a ponto de me levar a nocaute. Foi quando a malandragem característica de quem transita pela área da filosofia entrou em cena: "então vou pedir ajuda aos universitários!" - eu disse - "Você me ajuda"!? "Vôôô!!! Tem que responder sozinho!" - foi a resposta curta e grossa - "Não vou ajudar ninguém não!!!". Uma boa e bela risada acompanhou a explicação. "Vencido!" - pensei comigo mesmo - "literalmente vencido! Vencido pela curiosidade 'teimosa' de uma criança". "Então eu acho que vou ter que pensar" - foi minha última cartada tentando escapar daquela sinuca. "Aaaahhhh, vôôô!!!". Com essa espécie de choramingo, e visivelmente frustrada, a "bichinha" saiu de perto e foi para o quarto. "Salvo pelo gongo!" - disse eu em voz baixa - "Fazer o quê!!! Fica fazendo pergunta difícil! Essa vou ter que ficar devendo"! Finalmente eu pensei: "outra dessa e eu volto pra sala de aula pra refazer meu Curso de Filosofia"!

Se você está pensando que as coisas terminariam ali, concluiu erroneamente! Na verdade elas mal haviam começado! Quando se chega a uma certa fase mais avançada da vida, como é o meu caso, ou você começa a se envolver mentalmente num ritmo mais acelerado com certos assuntos, ou vai para o lado oposto e trata de ignorá-los o mais que possa. A morte é sem dúvida um desses  "pontos cegos", talvez o mais penoso para se "lidar com", e "falar sobre"! Pessoalmente imagino eu que meu inconsciente já havia se decidido pela segunda opção: deixar o assunto passar batido! "Vai ter que acontecer mesmo!" - sempre digo, tentando convencer a mim próprio! "Melhor então assumir uma postura 'a la' Mário Quintana: 'Um dia ... pronto! Me acabo! Pois seja o que tem que ser! Morrer!? Que me importa! O diabo é deixar de viver!'". Grande Mário! Sabia das coisas esse Quintana! Minha estratégia entretanto fora totalmente truncada e impedida de ser levada à frente! Com uma simples e despretenciosa pergunta - esse "despretenciosa" é por minha conta! - minha neta de pouco mais de seis anos havia arrastado para meu consciente aquilo que meu Inconsciente até então insistia em manter esquecido! A partir de então minha mente passou a andar ansiosa, inquieta, sem conseguir relaxar e se acalmar! Feito cachorro de rua, salivando e andando de um lado para o outro, diante de uma grade com aquela penca de frangos  sendo assados e girando de um lado para o outro o tempo todo. O certo é que aquela pergunta em dose dupla conseguiu manter, por um bom tempo, minha mente acesa e aquecida. Algumas cenas do filme "Antes de partir" passavam também voando pela minha mente, enquanto nas mãos eu segurava uma das obras primas do meu grande mestre Rubem Alves: "Se eu pudesse viver a minha vida novamente...". Abri o livro e lá estava, logo nas primeiras páginas, um poema de autoria discutível, segundo o próprio Rubem - Jorge Luís Borges ou Nadine Stair? - poema este que havia sido escolhido para ser o "pontapé inicial", digamos assim, da relíquia de obra que o Rubem daria à luz dali em diante. Concluí que a autoria não importava muito! E que o conteúdo, sim, deveria ter chamado sua atenção; caso contrário certamente não teria sido inserido justo ali!  Reli por várias e várias vezes, o poema! Sublinhei, dei colorido a diversas linhas, numerei, e finalmente tomei a decisão de que, em momento oportuno,  "destrincharia" um pouco mais as dicas, que no poema o autor sugeria. "Licença poética", diria meu amigo e irmão Antônio Rocha, outro cronista e poeta de mão cheia. E assim estou eu hoje aqui, determinado a realizar o que pretendia!

A presente reflexão nasceu daí: da pergunta impertinente e aparentemente despretenciosa de uma neta-criança de pouco menos de sete anos, passando pelos meus já quase sessenta e cinco atualmente - bem vividos, obrigado! - resvalando na trovinha impactante do Mário Quintana, e culminando com as reflexões sempre "o" e "ino"-portunas do Rubem [Sou íntimo sim; direito adquirido!]. Como alternativa de cabeçalho optei por conectar o título de sua obra ao nome do filme mencionado, deixando no ar uma reflexão em forma de "provocação". O poema que serve de "pretexto" e de ponto de partida para as reflexões, tanto para Rubem como para mim, está longe de se constituir numa queixa ou numa lamentação diante da vida ou para com ela. Diria que representa muito mais uma espécie de "revisão de vida", se se pode chamar assim, ou até mesmo um tipo particular de "exame de consciência", como gostariam certamente de chamar muitos religiosos e espiritualistas, vindo à luz provavelmente na fase de "maioridade" do seu autor. No caso de Rubem Alves parece claro que o otimismo atua como "fio condutor"; já em relação ao próprio poema, nem tanto assim! De qualquer forma, lá está ele, como que "prefaciando" a obra, o que lhe garante importância suficiente para que também nós possamos "explorá-lo" um pouco melhor, na forma da presente reflexão, tal como fez o próprio Rubem, através de seu maravilhoso livro. Basta de introduções e passemos, sem mais delongas, ao corpo de nossas considerações

Buscando facilitar as coisas para os... digamos "um tanto mais 'malandros' e menos apaixonados pela leitura", enumerei uma a uma a lista de "mudanças e transformações" sugeridas pelo poema! Com isso espero que você não se desanime e venha interromper a leitura e a reflexão lá pelas tantas, e consiga avançar mais confortável até o final da mesma. Lembrando que se você é daqueles que também esperam que conteúdos mais longos  "virem filme", para facilitar sua preguicisse, desista! Não houve patrocínio à altura para garantir o empreendimento! Vai ter que ser no trampo, no esforço e no sacrifício mesmo. Sendo assim, quanto antes começar, melhor, concorda? A divisão do conteúdo em duas partes, I e II, persegue o mesmo  objetivo: dar a você uma pausa para respirar, relaxar e se acalmar um pouco, e quem sabe ficar menos bravo com a extensão dos meus textos! Fechado!? Então vamos lá, antes que você desista e se ponha a "navegar" pra cá e prá lá, nesse bendito celular!"[se vai continuar no texto, mantenha o "bendito", se vai navegar, deleta e coloca "maldito" no lugar]! Feito isso, vamos lá!

"SE EU PUDESSE VIVER A MINHA VIDA NOVAMENTE, diz o poema:

 

01. "...trataria de cometer mais erros..."! Começou bem, não é, verdade!? Passaporte e carta branca para o que der e vier! Daqui para frente, "fazer o que der na telha, e seja o que Deus quiser!". Êpááá!!! Não é bem assim não! Falha de interpretação! A dica de ouro aqui é: "evitar a todo custo o 'perfeccionismo'"! São coisas parecidas, mas não são "a mesma coisa" não! São muito diferentes! A expressão "trataria de cometer mais erros" foi uma artimanha, uma espécie de "técnica de impacto", usada pelo poeta, para ver se assim consegue pelo menos "mexer", com a sensibilidade dos perfeccionistas de carteirinha! O que, convenhamos, não costuma ser nada fácil! Candidatos aos perfeccionismo tendem a ser dogmáticos, extremistas, polarizados e radicalizados; mais ou menos como aqueles que fizeram Brasília vir abaixo! Só que, naturalmente, por outro lado! Como porém nos extremos os contrários se tocam, dá no mesmo! Acabam provocando desastres e derrocadas, tanto na própria vida como na vida dos demais! Compreendeu agora, o "espírito da coisa"!? O poema está chamando atenção é para isso, e não para o "liberou geral!", como muitos gostariam que fosse! "Trataria de cometer mais erros..." é, portanto, uma espécie de "chamado à consciência" e ao bom senso, assim como ao equilíbrio da mente e do coração; conseqüentemente, das escolhas e do comportamento, por extensão. Não vá confundir as coisas não! Do contrário, a emenda fica pior que o soneto, como diz o ditado! Aí sim, as coisas vão desandar de vez, e então será com certeza um verdadeiro "Deus nos acuda"! O que o parágrafo quer chamar a atenção é para o fato de que todos somos seres humanos, limitados e imperfeitos, e por isso mesmo com certos direitos! Dentre eles, cometer alguns erros, de vez em quando! Santo perfeito, só Deus, mesmo! Errou, sem intenção e vontade deliberadas!?: "levanta, sacode a poeira e dá volta por cima"! Esse treco de culpa e depressão não vem de Deus não! Eu, heim!? Quando muito, vem do "encardido", como dizia o Padre Léo, isso sim! Errou uma, dez, cem vezes ou mais!? Se a mente está ciente, e o coração está contrito, para isso existe o perdão "di-vi-no"! Humanamente falando é mais difícil, mas a gente conversa! Tampouco é pra desistir facilmente! "A quem muito se ama, muito se perdoa"! Não fui eu quem disse isso não!  Se o perdão não vem..., tá faltando amor, aí nessa relação!!!

02. "SE EU PUDESSE VIVER A MINHA VIDA NOVAMENTE... seria mais higiênico..."! Lá vai você lavar as mãos, escovar os dentes e tomar dois banhos seguidamente! Para com isso, meu irmão!!! Falha de interpretação, novamente! Tá difícil, heim!? Isso tudo que você ia fazer aí é pressuposto, basicão! Diz respeito às coisas "do corpo"! Aqui se está falando das coisas da mente e do coração! Tudo bem, eu sei que você conhece o ditado e já deve estar repetindo aí consigo mesmo: "mens sana in corpore sano, mano"! Parabéns! Latinizou e mandou bem! Mas o poeta que escreveu o poema também é fã do "Pequeno Príncipe", do Exupéry! E sabe que "o mais importante é invisível aos olhos"! Aos olhos do corpo, naturalmente, mas não aos da mente e do coração! "O coração tem razões que a própria razão desconhece", lembra-se? Então não fique aí teimosamente forçando a interpretação e querendo ir pro chuveiro mais cedo não! Esquece e dispensa o "leito de Procusto"; depois interprete como se deve e procure manter coerência com a interpretação! Vou fazer uma pergunta de rotina, com sua permissão: você não faz, ou pelo menos não costuma contratar pra fazer, de vez em quando, uma faxina geralna sua casa!? Nããããão!?!?!?!? Então por favor não me convide para um jantar "entre amigos" não! Nem pensar! Eu, heim!!! Não sabe diferenciar um prato de um pinico, tá doido!!! Tô fora!!! Fui!!! Melhor, "fiquei"!!! Vou ficar por aqui mesmo! Nada de almoçar ou jantar fora hoje não! Deixando a brincadeira de lado, se sua casa merece uma boa faxina, de vez em quando, por que com a sua vida deveria ser diferente!? De vez em quando é necessário fazer uma limpeza se possível completa - não precisa ser "devassa", não! - das lembranças e recordações ruins, das intenções de mesmo "naipe", dos desejos de vingança por esse  ou aquele motivo, da raiva, dos ressentimentos, das provocações, e por aí vai! Dar um sumiço em tudo isso, é muito bom, de vez em quando! Tem baú de certas pessoas que já não cabe mais nada!!! Tá cheio dessa bagulhada! O sujeito foi guardando, guardando, juntando, acumulando, e de repente a vida virou um inferno! A própria, a de quem tá perto, e sabe-se lá Deus de quem mais! Queria o quê!? Olha bem, no que, você foi se apegando! Só energia negativa, ruim! E queria que sua vida fosse um paraíso!? Eu heim!!! Sai pra lá!!! Nem passe perto de mim, com esse arsenal de pólvora e esse barril de dinamite não! Passa longe! Quanto mais longe, melhor!!! Ou então dá um jeito de se desfazer ao menos da metade dessa tranqueira, e depois aí sim, me convide pra almoçar ou jantar!!! Será um prazer!

03. "SE EU PUDESSE VIVER A MINHA VIDA NOVAMENTE ... correria mais riscos..."! Se você tem vocação pra psicopatia, esquizofrenia paranóica, e outras doenças da mente, esquece o que foi dito nessa seção! Pelo amor de Deus! A dica é pra gente normal, mediana, quando muito meio neurótica! "Meio", heim, senão vira doença também! E se virar, aí é só com terapia mesmo! "Correr mais risco", como diz o poema, pode ser - e de fato é - só isso: uma boa dica para quem não arrisca nada e só quer ficar debaixo da cama se escondendo dos problemas e dos desafios! Gente desse tipo tem cérebro e mente de rato, que fica meia hora olhando de um lado pro outro, tremendo de medo, antes de sair do buraco! Tem gente que é tal e qual! Pra esses, Zé Ramalho até mudaria a versão da sua "Vida de Gado"! Ficaria mais ou menos assim: "..eh, eh, eh, vida de raaato! Povo fracot'iê, povo infeliz!". A vida não permite que se fique o tempo todo tremendo e rangendo os dentes no fundo de um buraco, não! "O medo - ensina Jean Commerson - é um microscópio que sempre aumenta o tamanho do perigo"!  E "Se a gente não arrisca nada o risco é ainda maior", adverte Érica Jong! Medo tudo bem, todo mundo tem! E ai de quem não tiver! Vai acabar virando presa fácil, de quem não está nem aí para com a vida e para com quem aparece meio perdido no pedaço! Cai no meio daquela gente que saqueou e quase destruiu Brasília pra você ver! Chega lá tranqüilo, de mansinho, e bem no meio de todo mundo queira dar uma de pacifista: "gente! Vamos com calma! Deus é amor! O caminho não é por aí não!". Vai ser pisoteado e morto antes de terminar seu discurso![se for ministro sagrado, e tiver meio empolgado, é "homilia", viu Frei João, Tatagiba, e demais mensageiros da paz!! Vacila não!]. Não se trata, portanto, de querer ser herói e sair por aí correndo risco abestalhadamente não! A dica oferecida se refere a assumir riscos "quando e somente quando for necessário", isto é, quando vale a pena e não se tem outra alternativa como solução. Riscos a serem assumidos de forma contida, serena e equilibrada, quando a situação e a vida nos pedem e não nos deixam outra saída! Para isso é preciso "sair da bolha", do escurinho do cinema e do anonimato, "dar as caras" e "dizer  a que veio", nesse mundão de Deus! Ou vai ficar o tempo inteiro aí, escondido debaixo das asas do pai e da barra da saia da mãe!? O sol nasce pra todos, filho de Deus!!! Saia para fora dessa caverna sombria e cheia de mofo, e venha curtir esse sol e esse mar maravilhosos e cheios de vida! Crie coragem e venha assumir, como todo mundo, sua cota e sua dose de risco! Ou vai ficar aí sentado, sem falar nada, com a boca escancarada e cheia de dentes, esperando a morte chegar!? Pensa aí, pelo menos uma meia hora, no que diz Rubem Alves: "Apesar de toda dor, sofrimento e provação, que ela nos impõe, a vida é e será sempre um verdadeiro show, um maravilhoso espetáculo!". Pelo menos pensar e refletir você pode, não pode!? Ou será que não!? Será que tá com medo até disso, meu irmão!?

04. "SE EU PUDESSE VIVER A MINHA VIDA NOVAMENTE ... viajaria mais, nadaria mais rios, subiria mais montanhas e contemplaria mais entardeceres..."! Se você não sabe nadar, corta o "nadaria mais" dos seus planos! Pelo amor de Deus! Não vá se empolgar com a dica e pular de qualquer jeito no mar ou na primeira piscina que encontrar pela frente, sem uma bóia, um adulto, ou um salva-vidas por perto! Já basta o número de gente que se acha esperta morrendo afogada por aí! O "nadaria mais" é só para quem entende do assunto, e de preferência pra quem já seja tarimbado na prática dos esportes aquáticos. Sair dando uma de golfinho ou de baleia jubarte mar adentro, não!!! Vai acabar perdendo a vida, e o salva-vidas a profissão. E emprego depois dessa bendita pandemia não tá fácil não! Então vê se sossega, leão! Dito isso, vamos ao que interessa! Nós ocidentais talvez sejamos os humanos mais "fissurados" em fazer, do mundo! Fazer qualquer coisa, não importa o quê! "Vivemos para trabalhar", enquanto deveríamos apenas "trabalhar para viver"! Tem gente tão fixada na coisa, que acaba virando "Workaholic" sem perceber! Quando percebe, "já era"! Ficou tão viciado e dependente do fazer, que não consegue mais encontrar a saída do círculo vicioso no qual foi se meter! Sabia que tem até terapeuta que às vezes cai de ponta-cabeça nessa armadilha!? Aí a gente fica pensando: o sujeito está todo desgraçado, infeliz, viciado em  trabalho  - trabalha dia e noite, noite e dia! - a ponto de só sonhar com essa coisa! Oxalá sonhasse mais "com aquilo"! Seria bem melhor! Ai com muito custo o dito cujo resolve buscar ajuda: "vou fazer terapia!", ele diz, feliz da vida, mas só para si mesmo, pois sempre achou que terapia era coisa de louco, de gente que já perdeu o juízo! Chega no Consultório e dá de frente com um terapeuta "Workaholic" igualzinho a ele ou ainda pior! Já imaginou onde isso vai dar!? Pois eu não quero nem pensar!!! Duas vacas - ou dois bois, ou um boi e uma vaca, ou uma vaca e um boi, seja lá o que for! - indo as duas pro mesmo brejo! Ou pra brejos diferentes, que seja! Mas não deixa de ser barro! Tudo é lama do mesmo jeito! Moral da história!? Um acaba convencendo o outro de que, ao contrário do que pensavam ambos, estão é trabalhando pouco! Eita vida "maledetta"! Haja louco pra esse hospício! "De poetas, palhaços e loucos a gente sabe que todo mundo tem um pouco"! Mas loucura total, não, gente, pelo amor de Deus! Senão acaba todo mundo indo parar no hospício! Se é que ainda se faça uso de hospício pra tratar loucura! Creio que não! - isso já seria coisa de maluco!

Vamos resumir, que o tópico está ficando longo! Tudo na vida precisa de "contraponto"! Senão aí sim, a gente fica maluco de verdade, "maluco beleza", como diz o Raul! Aquele, de sobrenome Seixas! Portanto se por um motivo ou por outro, você tenha que trabalhar mais do que deveria, não se esqueça do contraponto: divirta-se, relaxe, tire férias, brinque, ria, sorria, conte piada, dê gargalhada, mande tudo "praquele lugar" de vez em quando, solte uns palavrões quando for o caso, e daí pra frente! Só não deixe de se empanturrar de criancice e molequice. Resumindo: se você quer uma vida mais feliz e diferente, seja pra mesmo, seja prós demais, procure ser mais "light" daqui para frente! O mundo tá cansado de gente séria demais, gente rabujenta, ranzinza, "workaholizada", e que além de tudo ainda fica reclamando e aporrinhando a vida de todo mundo, o tempo todo! Ninguém agüenta não, eu heim!!! Que gente estressada!!! Ah! E cuidado com o terapeuta, caso você decida procurar por um! Veja antes se ele ou ela não segue essa linha e essa abordagem "workahólica" também! Se você ligar para o Consultório pra marcar uma consulta, e a secretária eletrônica responder com aquela voz de nariz meio entupido e gripado: "sinto muito! Horários todos agendados! Só pro mês que vem!", cai fora! Caso contrário, você já sabe aonde as vacas vão parar E você não quer ficar atolado na lama pro resto da vida, quer!?

05. "SE EU PUDESSE VIVER A MINHA VIDA NOVAMENTE ... iria a mais lugares onde nunca fui...". Foi isso que passaram a fazer os dois amigos "antes de partir", quando souberam que a vida de ambos estava por um fio, prestes a ruir. Um era pobre, o outro era rico, ricaço; mas a amizade falou mais alto: "vou fazer o que, com tanto dinheiro sobrando!?", disse o que estava nadando na grana!  "Sei lá!" - retrucou o que não tinha dinheiro pra viajar nem em pensamento, e por isso nem em sonho com isso sonhava - "faça o que você quiser! Deixe pros parentes, pra sua família! Mas eu não sou parte dela não!". ERA!!! E como era! "Irmãos de sangue a gente não escolhe - diz o ditado! - amigos-irmãos sim, a gente pode escolher e raramente se arrepende das escolhas que faz! Aí foi só alegria! Visitaram e conheceram "meio mundo"! Só não conheceram o mundo inteiro porque não dava mais tempo, mas amizade, essa sim, tava sobrando! Quando retornaram daquela última "turnê" maravilhosa, trataram logo de resolver algumas pendengas, que até então haviam ficado mal resolvidas. Voltar a falar com a filha e rever o neto, coisa que há anos não fazia, foi uma delas, realizada pelo ricaço! "A morte ensina", dizia Rubem Alves, e a proximidade dela então, nem se fale! "Não é nossa inimiga, como pensamos" - continua ele - "é nossa maior mestra e nossa melhor amiga!". O problema é que o medo é tanto que só de falar nela a gente fecha tudo que é porta e janela: não se aproxima, não ouve, não escuta, e também não pergunta nada! Acaba mesmo é se distanciando, na exata medida em que ela cada vez mais vai se aproximando! E aí as melhores lições ficam por ser ensinadas, guardadas na estante, quem sabe para o ano seguinte! Pena! Pena mesmo! Mas é assim que a vida toca! Ou melhor, é assim que a gente toca a vida! É dela que a gente quer falar, da vida! Da morte, nem pensar! Esta, precisa ser expulsa, "exorcizada", para que aí sim, a vida possa seguir em frente! Só quando chega a "hora agá!"... Bem! Aí é diferente! Aí já não tem jeito! Fazer o quê! Faz parte!  "Faz parte do quê!? - da vida ou da morte"!? Vá lá, Deus saber!!! 0 certo e que "só Ele" sabe! Mas antes que ela chegue - a morte - ou chegue muito perto, aproveite pra visitar "quem tá longe...", quem você puder! Sobretudo aqueles ou aquelas com quem você tenha alguma treta, alguma pendência ou algum vínculo "truncado", mal-resolvido, emperrado, e que precisa urgentemente ser desatado e destravado! "Partir" sem sequer tentar conciliar as coisas, fazer um movimento, resolver essas pendências, deve ser triste, muito triste! Tanto para quem vai como para quem fica! E como ninguém tem bola de cristal, melhor não deixar para amanhã o que se pode fazer hoje! O trem da "última partida" - coisa curiosa, essa! - não é como o trem das onze, do Ernesto! Não tem lugar fixo de partida, não tem plataforma, e nem tampouco tem hora certa pra sair! Ir, todos e cada um de nós teremos que ir, querendo ou não! Pra contar história ninguém fica! E não pense que você vai ser exceção dessa regra não! A questão é saber se viajaremos na primeira, na segunda, na terceira ou sabe-se lá Deus em que tipo de classe! Na econômica, lá no rabo do trem, nessa eu não pretendo viajar não! Se também for o seu caso, melhor "fazer por onde"! Não é sempre e nem a toda hora que a gente tem um amigo ricaço por perto pra bancar primeira classe não! Agora, se você estiver bem preparado, olha a canção maravilhosa que você irá ouvindo! Ouvindo "de camarote"!!!

 

Obs.: esta primeira parte se complementa e se conclui com a segunda, de mesmo título.

 

                     L.S.M. 01/23                

(*) Reflexão enviada de Vitória (ES)por whatsapp.

 

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