sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL II A LEI DE DEUS

 

REFLEXÃO DOMINICAL II

A LEI DE DEUS

- A liturgia deste domingo nos fala sobre a Lei de Deus. No início do Evangelho de hoje, somos impressionados pela afirmação de Jesus: "Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, Eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra" (v. 17,18).

- Enquanto cristãos, deveríamos ficar inquietos com tais palavras, afinal nós não mais observamos a Lei de Moisés: não nos deixamos circuncidar, não guardamos o sábado, não somos contrários às imagens sagradas, não fazemos restrições alimentares, distinguindo entre alimento puro e impuro. E agora: como lidar com essa palavra tão clara de nosso Senhor?

- Cristo afirma, por essas palavras, que não vem abolir a Lei, vem cumpri-la. Mas, cumprir aqui não significa obedecer a Lei, senão realizá-la, dar cumprimento ao que ela anunciou e prometeu! Assim, cumprindo a Lei, Jesus realiza o que ela anunciou e a supera. Ele não a despreza; cumpre-a plenamente e, cumprindo-a, supera-a definitivamente!

- Com o seu nascimento, morte e ressurreição, nem uma letra, nem uma vírgula da Lei ficou em vão: tudo se cumpriu n'Ele, a plenitude da Lei e dos profetas. Eis porque, no Tabor, Moisés e Elias, a Lei e os profetas, apareceram envoltos na glória de Jesus (cf. Lc 9,29-32). É Cristo quem leva a Lei e os profetas à plenitude do cumprimento. É Ele, e só Ele, que tudo realiza em comunhão com o Pai e o Espírito Santo.

- Poderíamos perguntar: Então não há mais lei alguma no cristianismo? Os cristãos são livres para fazerem como bem desejarem, para viverem como bem imaginarem, tudo em nome da bondade e da misericórdia de Deus revelada em Jesus? Não. Esse pensamento seria totalmente falso. Não nos enganemos! O apóstolo Paulo nos previne contra esta ideia errada: "Iremos pecar porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça? De modo algum!" (Rm 6,15). Ele mesmo responde. A Lei de Moisés foi superada, mas o cristão vive sob uma nova Lei, muito mais santa, profunda e exigente, dada no Espírito Santo de Amor. Por isso, o Espírito foi derramado sobre a Igreja no dia de Pentecostes. Para os discípulos de Cristo, a Lei é essa ação do Espírito de Amor que no Batismo foi derramado em nossos corações (Rm 5,5). O cristão vive agora debaixo dessa Lei do Espírito. O Apóstolo diz: "Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós". E continua: "Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo!" (Rm 8,9). Portanto, é esse Santo Espírito, que nos dá a Vida de Cristo, seus sentimentos e sua sabedoria, tão diferente daquela do mundo, para vivermos segundo o Mestre.

- É o que Paulo nos fala na segunda leitura: quem pode compreender os preceitos do Senhor? Somente os que são sábios segundo Deus. Mas, essa sabedoria é escondida aos olhos do mundo, à lógica da nossa sociedade. Nenhum dos poderosos deste mundo conheceu tal sabedoria. E Paulo adverte: "Se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da glória" (v 8b).

- Ora, a sabedoria do mundo, fechada para o Espírito de Cristo, mata o Senhor em nosso coração. A verdadeira sabedoria, da verdadeira Lei, somente pode ser revelada através do Espírito, que "esquadrinha as profundezas de Deus" (v 10b). Ficai atentos, irmãos: é o Espírito que Cristo nos deu no Batismo e nos dá sempre de novo nos sacramentos da Igreja, quem imprime em nós a nova Lei, a Lei do Amor!

- Para os cristãos, a Lei, os mandamentos, resumem-se nisto: amar a Deus e amar os irmãos como Cristo nos amou. E amou até entregar-se na Cruz! Eis a Lei e a medida, eis o desafio e o consolo, eis a nossa desolação. Sigamos o conselho do Eclesiástico: guardemos o preceito de amor do Senhor e viveremos nele, graças à presença do seu Espírito em nós. Deixemo-nos conduzir por ele e obedeçamos a sua voz em nós, pois "o Senhor não mandou ninguém agir como ímpio e a ninguém deu licença de pecar" (Eclo 15,21), muito menos pecar contra o Espírito Santo de Amor, que nos impele a amar como Jesus amou.

- Coragem, pois o que é impossível ao homem não é impossível ao Senhor. Por isso, ele nos deu o seu próprio Espírito, para que impulsionados por ele, tenhamos em nós os seus sentimentos, suas atitudes, cumprindo o preceito do Apóstolo: "Tende em vós os mesmos sentimentos do Cristo Jesus" (Fl 2,5).

- Agora sim, podemos compreender a Palavra do Senhor Jesus: "Eu vos digo: se a vossa justiça não for maior que a justiça dos escribas e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus" (Mt 5,26). Para o cristão, a Lei é o Espírito de Cristo, Espírito de Amor, que nos imprime no coração os sentimentos de Cristo Jesus. A justiça do cristão, sua prática religiosa é impulsionada pelo Espírito de Jesus imolado e ressuscitado. Assim, no Evangelho de hoje, o Senhor dá três exemplos da Lei mosaica e os radicaliza, indo direto ao mais profundo contido neles. São exemplos que nos mostram que o Espírito de Amor em nós, leva-nos a amar na medida de Cristo, que nos amou sem medida. Que mistério, que desafio: diante do amor de Cristo, jamais poderemos estar em dia, tranquilos, achando que merecemos um prêmio por cumprirmos o testemunho da Lei do amor. - Pensemos em tudo isso e deixemo-nos guiar pelo Espírito de Cristo. Que ele mesmo venha amar em nós e nos fazer sentir, pensar, falar, agir e viver como Jesus Cristo, nosso Senhor. A ele a glória pelos séculos eternos. Amém

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