sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL I O AMOR É MAIS FORTE QUE A LEI

 

REFLEXÃO DOMINICAL I

O AMOR É MAIS FORTE QUE A LEI

No trecho do Evangelho de hoje encontramos outra página do Sermão da montanha e percebemos Jesus que nos ensina a fazer uma releitura da lei mosaica conduzindo-nos à pratica de uma justiça maior em relação à dos escribas e dos fariseus. Uma justiça que é pautada pelo amor, pela caridade e pela misericórdia, capaz de realizar substancialmente os mandamentos, desconsiderando totalmente o mero formalismo. Seguir a lei sempre foi, para nós, católicos, indispensável para alcançar a salvação. Entretanto, a lei não é uma imposição ou um peso que tornam nossa vida difícil, mas uma dádiva da misericórdia de Deus por nós. Para percebermos Jesus que veio dar cumprimento da lei misericordiosa de Deus, o Evangelho nos propõe que examinemos três dos dez mandamentos: o homicídio, o adultério e o juramento. Ao mandamento “não matar”, Jesus nos convida a pensar em outras maneira pelas quais podemos “matar” alguém: “Todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘patife!’será condenado pelo tribunal” (Mt 5,22). Isso significa que este mandamento não diz respeito apenas ao ato efetivo, mas aos comportamentos que ofendem a dignidade da pessoa humana, inclusive as pala- vras injuriosas, pois quem insulta o irmão, o mata no próprio coração. Ao tratar sobre o adultério, Jesus nos propõe a irmos à raiz deste mal que não se restringe apenas ao ato sexual extraconjungal, mas que se estende a olhares, intenções e pensamentos: “Todo aquele que olhar para uma mulher, com desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração” (Mt 5,28). O adultério, como o furto, a corrupção e todos os outros pecados, são concebidos primeiro no íntimo do coração dos homens; por isso, o convite de Jesus hoje é, também, o de pensarmos sobre os nossos maus pensamentos e arrancarmos, ou, “cortarmos o mal pela raiz”. Por fim, Jesus diz aos seus discípulos para não jurar, afinal o juramento é sinal de insegurança e daquele que instrumentaliza a autoridade de Deus para dar garantia às suas vicissitudes. Ao contrário desta realidade de pecado, somos convidados a instaurar em nós, nas nossas comunidades, a clareza e a confiança recíproca. Portanto, Jesus que não veio para abolir a lei, mas para dar cumprimento dela, faz com que O olhemos como a própria lei. Assim, a lei não é apenas feita, proclamada e cumprida por Jesus, mas a aliança é Jesus de Nazaré, o filho de Deus; Ele é a síntese de toda a fé do Novo Testamento, pois Nele e com Ele, na solidariedade do amor libertador que se cumpre a sua lei, a lei do amor. Esta nova lei, é, essencialmente, uma lei interna, que toca o coração e nele se escreve (Jr 31,33). É, portanto, uma lei entre amigos, que nos oferece uma grande liberdade porque queremos segui-la em vez de apenas achar que é nosso dever obedecê-la. Diante do amor de Cristo, irmãos e irmãs, jamais poderemos estar em dia e tranquilos, achando que merecemos um prêmio por cumprirmos a lei. Diante Dele a verdadeira lei, seremos sempre tão pequenos, tão devedores, tão deficitários ao ponto de sempre nos lembrarmos que sem nos deixarmos guiar pelo Espírito o amor não será mais forte que a lei. Que Deus venha amar em nós e nos fazer sentir como Jesus, pensar como Ele, falar como Ele e agir como Ele. Esta é a Lei e os profetas.

 Dom Cicero Alves de França Bispo Auxiliar de São Paulo

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-47a-16-6-domingo-do-tempo-comum.pdf

 

 

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