quarta-feira, 22 de março de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III A Promessa da Vida - A Vitória da Vida - A Vida no Espírito Santo (Ez 37,12-14 / Sl 129 / Rm 8,8-11 / Jo 11,1-45)

 

REFLEXÃO DOMINICAL III

A Promessa da Vida - A Vitória da Vida - A Vida no Espírito Santo

(Ez 37,12-14 / Sl 129 / Rm 8,8-11 / Jo 11,1-45) 

A Liturgia da Palavra desse Quinto Domingo da Quaresma traz como tema principal a vitória da vida, sobre todas as adversidades e males. Algo que tem início com a apresentação da promessa, contida na Primeira Leitura, feita ao povo de Israel ainda exilado na Babilônia. Passando pela ressurreição de Lázaro, grande sinal do Quarto Evangelho, até chegar a vida no Espírito proposta por Paulo aos Romanos. Ao povo ferido de morte em sua esperança no exílio, Deus promete um caminho de retorno passando da morte para à vida. A ressurreição de Lázaro, o sinal do Quarto Evangelho, traz um respiro de grande esperança para todos os que são chamados a seguir Jesus por meio da fé. Por fim, nas palavras de Paulo aos Romanos encontra-se a exortação para uma vida segundo o Espírito Santo, caminho a ser trilhado por todos os que, pelo batismo, nasceram de novo em Cristo.  

A Leitura do profeta Ezequiel retrata uma das experiências mais dolorosas para o povo de Israel, isto é, o Exílio. O texto retrata a visão do profeta diante de um vale cheio de ossos secos, sinal claro da morte de toda a esperança que o povo nutria em seus corações. De fato, no Exílio o coração dos filhos de Israel foi provado em sua mais profunda experiência de Deus, já que a esperança de uma dinastia davídica, de um povo unido ao redor do Tempo e servindo a Deus em sua terra, foi radicalmente colocada à prova. Como confiar nas promessas de Deus? Como perceber o seu cuidado sendo relegado a viver numa terra estrangeira? Como perceber o auxílio do Senhor e não perder a esperança quando tudo parece desmoronar? Tais perguntas deveriam povoar o coração dos filhos e filhas do Senhor em sua estadia no Exílio da Babilônia. Perguntas que também podem povoar os corações dos discípulos e discípulas de Cristo ainda hoje, em meio às muitas situações que encontram no dia a dia da vida.     

Neste cenário de grande desolação e sofrimento, o profeta, em nome de Deus, anuncia a novidade da intervenção divina, o desígnio de Deus de salvar o seu povo e reconduzi-lo à sua terra. O Senhor abrirá as sepulturas nas quais o seu povo foi colocado, os fará ressurgir e os conduzirá até á sua terra, oferecendo a vida no lugar onde todos encontravam a morte. Com essa promessa e ação salvífica, Deus confirma a sua Palavra e demonstra diante de seu povo ser o Senhor que dá a vida e reforça a esperança. Na palavra do profeta, proferida em nome do Senhor, encontra-se a certeza de que as promessas divinas não caem por terra, mas, são confirmadas ao longo da história de Israel. De fato, o próprio Senhor, por meio de seu profeta, recorda ao povo que não pode perder a memória de suas promessas e ações, a fim de que, nos caminhos da vida, mesmo em meio às dificuldades, nunca perca a esperança. Por esta razão é que a noite de Páscoa se torna noite do memorial, do cultivo de uma memória agradecida que reconhece a ação divina e mantém firme a esperança na vitória da vida.

O texto do Quarto Evangelho traz o relato da ressurreição de Lázaro e de como esse sinal importante quer comunicar a vitória da vida, daqueles que se unem a Cristo, sobre a morte. O leitor é convidado, na sucessão de cenas, a entrar mais profundamente no relato, a ponto de poder perceber o que vai no coração dos personagens. A intenção primeira do autor do Evangelho é a de apresentar Jesus como vitorioso sobre a morte, um preanuncio de sua ressurreição, como também, do ultimo dia onde todos estarão unidos a Ele diante do Pai. A palavra de Jesus sobre a morte do amigo Lázaro, a quem muito amava, indicando que a sua doença não o levaria à morte, mas, serviria para glorificar a Deus, oferece ao leitor uma indicação do que poderá acontecer. Jesus ao chegar já encontra o seu amigo morto há quatro dias e é recebido por Marta, irmã de Lázaro. Ao entrar em diálogo com Marta, Ele oferece a ela e a todos os seus discípulos a certeza da vida eterna quando diz: "Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, mesmo que morra viverá" (v. 25). O Filho de Deus veio ao mundo para testemunhar o Deus da vida e a vitória da vida sobre toda a espécie de morte, de modo que, todo o que Nele professa a fé viverá eternamente.

A cena continua com o diálogo de Jesus com Maria, outra irmã de Lázaro e apresenta o Senhor que chora a dor da perda do amigo que amava. Deus não deseja a morte de seus filhos e filhas e as lágrimas de Jesus são expressão de uma imensa solidariedade de Deus com as dores humanas. Ao descer junto de seus filhos, Deus se faz próximo e solidário, coloca-se ao lado dos que sofrem e chora junto com todos aqueles que estão angustiados e perdidos. Ao se fazer próximo, o Senhor desce no mais íntimo da vida humana, para de lá resgatar todos os homens e mulheres das garras do pecado e da morte. Por fim, vemos Jesus sozinho diante do túmulo de Lázaro, momento no qual o texto descreve a sua oração ao Pai de modo muito particular e traz um elemento importante para a compreensão de todo o texto. É Jesus o grande protagonista de todo o relato, ao redor dele tudo acontece e é para Ele que todos os olhares se voltam, já que fica claro que é Ele o doador de toda a vida. Não existe uma preocupação do evangelista em detalhar, por demais o sinal,  mas, deseja comunicar a vitória da vida sobre a morte. Pois o Filho do homem deu a quem a Ele se une a certeza de que a morte nunca terá a última palavra e que, mesmo que o grão de trigo morra, caindo na terra, ele ressurgirá, para uma nova vida.

Seguindo o caminho da Liturgia da Palavra, na afirmação da vitória da vida sobre a morte, como sinal de esperança, a Segunda Leitura propõe uma vida segundo o Espírito, isto é, marcada pelos valores de Cristo. Paulo exorta aos Romanos a abraçarem um caminho de união à Cristo a fim de que a sua vida respire a vida do próprio Senhor. De fato, a experiência do apóstolo, relatada em suas cartas, sempre serviu de modelo para todos os cristãos e o seu caminho de união a Cristo sempre foi apresentado como modo de viver o Evangelho. Neste sentido, aqueles que experimentam a vida divina e a intervenção da graça em suas próprias vidas veem nascer em seu caminho uma série de posturas e gestos próprios dos discípulos do Senhor. Por isso, afirmar que aos discípulos de Cristo hoje é pedido uma vida segundo o Espírito Santo, é somente confirmar à sua vocação, ou seja, ressaltar o fato de que, a sua união ao Senhor deve marcar de forma profunda todas as dimensões de sua vida. De modo que o cristão se torne um sinal do Evangelho vivo no coração da sociedade, trazendo para o mundo o desejo de Deus, de uma sociedade marcada pela solidariedade, justiça e paz

Que a Liturgia da Palavra do Quinto Domingo da Quaresma provoque em todos um sincero desejo de renovação interior, por meio da união e seguimento de Jesus Cristo. De modo que todos se sintam tocados e transformados pela Palavra proclamada e acolhida nos corações, convidados a darem testemunho da vida divina que a todos é comunicada. Que o Senhor confirme os que chamou ao caminho do discipulado, por meio dos frutos de sua graça, sinais da ação do Espírito Santo comunicador de todos os dons e graças para a missão.

Pe.  Andherson Franklin Lustoza de Souza

 https://www.diocesecachoeiro.org.br/ler.asp?codigo=4069

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