sexta-feira, 24 de maio de 2024

REFLEXÃO DOMINICAL I: EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO (Mt 28,19)

 

REFLEXÃO DOMINICAL I:

 

EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO (Mt 28,19)

 

 São Paulo diz aos Romanos que recebemos o Espírito de filhos adotivos no qual clamamos: Abá, ó Pai! Também diz que aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Rm 8,14-15). Na conclusão do evangelho de Mateus, Jesus diz que toda a autoridade lhe foi dada no céu e na terra. Portanto devemos ir e fazer seus discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 8,18- 19). Não vamos para essa missão em nosso próprio nome porque também não fomos salvos em nosso nome, mas fomos batizados em nome da Santíssima Trindade em cuja vida fomos introduzidos pela morte e Ressurreição de Cristo. Não nos salvamos a nós mesmos e, exatamente por isso, não pretendemos salvar ninguém em nosso frágil nome. Também sabemos que não nascemos filhos de Deus, mas fomos adotados filhos de Deus por meio do Espírito que recebemos pelo Pai e o Filho. Fomo criados à imagem e semelhança de Deus, mas não como filhos. Hoje em dia isso parece escandalizar se o dissermos assim! Quase todo mundo dá por descontado que todos são filhos de Deus e parece ofensa dizer o contrário. Mas, isso jamais foi pleiteado antes de Jesus. Foi Ele quem chamou Deus de Pai. E isso escandalizou os religiosos e líderes de seu tempo. Queriam matá-lo porque, ao chamar Deus de Pai, Ele se fazia igual a Deus (Jo 5, 18). Depois, Ele ensinou seus discípulos a rezarem chamando Deus de Pai Nosso. Então, a filiação divina não é senão uma fé cristológica e pneumatológica. Isto é, só cremos que somos filhos de Deus porque cremos na força do Cristo, Filho de Deus, e do Espírito Santo que nos concedeu o dom de nos tornarmos filhos adotivos de Deus. Assim, pelo batismo, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, passamos a fazer parte da vida Trinitária. Somos, portanto, filhos no Filho. Mas, não basta sermos batizados nesse nome. Como diz São Paulo, é necessário que nos deixemos conduzir pelo Espírito de Deus, Aquele mesmo pelo qual clamamos: Abá, ó Pai! Qual a lição concreta dessa compreensão? Entender que ser filhos de Deus não é uma consequência prática de nossa solidariedade humana. Na verdade, trata-se de um dom imerecido e imensurável da misericórdia divina. Não somos filhos porque alcançamos o Pai, mas nos tornamos filhos porque o Filho nos alcançou e nos concedeu essa graça pelo Espírito Santo que nos foi enviado. É como dizia Santo Agostinho: “Na verdade, que graça maior Deus poderia nos conceder do que, tendo um único Filho, fazê-lo Filho do homem e reciprocamente fazer os filhos dos homens serem filhos de Deus?” (Sermo 185: PL 38, 999). Não é questão de natureza, não é questão de mérito, não há nenhuma conquista. Tudo é graça! E é a consciência sobre isso que poderia nos impulsionar a abraçar a vida divina que recebemos no Batismo, a nos deixarmos conduzir pelo Espírito de Deus que nos tornou filhos e a vivermos nossa vida e missão em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!

 

Dom Rogério Augusto das Neves Bispo Auxiliar de São Paulo

 

https://arquisp.org.br/sites/default/files/folheto_povo_deus/ano-48b-41-solenidade-da-santissima-trindade-1.pdf

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