REFLEXÃO DOMINICAL I:
QUAL É O MAIOR MANDAMENTO?
Jesus no Evangelho
proclamado hoje é questionado: “qual o maior mandamento?” Esta pergunta é feita
por um representante dos fariseus; os fariseus, observadores rigorosos da Lei,
eram tidos como “separados” do restante do povo que desconheciam a Lei e suas consequentes
exigências. Esta lei podia se contar ao todo seiscentos e treze mandamentos, o
que, naquele tempo, gerava muita discussão em querer saber qual, de fato, seria
o mandamento mais importante ou o maior a ser cumprido. Os fariseus organizados
em grupo querem fazer Jesus cair numa armadilha, colocando-o a prova (v. 3).
Qual a resposta de Jesus? O Senhor não responde o que eles querem ouvir: que
todos os mandamentos são importantes. Na continuidade do diálogo, Jesus
responde: “amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma,
e de todo o teu entendimento”. Jesus responde dizendo: este “é o maior e
primeiro mandamento”. E acrescenta: “o segundo é semelhante a este: amarás ao
teu próximo como a ti mesmo”. Estes dois mandamentos convertem-se na síntese de
todos os mandamentos e consequente de todo agir cristão. Deles dependem todos
os outros os mandamentos. O cristão é chamado a viver e construir relações a
partir de um amor vertical e horizontal, isto é, elaborar seu projeto de vida a
partir de um amor sincero a Deus e ao próximo, superando toda tentação de armar
armadilhas ou de colocar os outros à prova. O desafio está em amar, na mesma
medida, Deus e ao próximo: “amar com todo o coração, com toda alma, com todo
entendimento”, sem distinção, sem preconceitos. Não é possível ser fiel ao amor
de Deus sem ser fiel ao amor ao próximo e isto significa se relacionar com Deus
e com as pessoas, sem estabelecer graus de valor. Enfim, o evangelho nos faz um
grande alerta para não vivermos uma religião baseada numa espiritualidade
intimista e ao mesmo tempo personalista. Afinal, amar pressupõe sair de si para
ir ao encontro do outro; é ir até o coração, “morada da nossa afetividade” para
desbloqueá-lo, a fim de poder amar verdadeiramente e compromissadamente. Como
precisamos viver o evangelho, não somente com palavras, mas com atitudes, pois
o amor se diz, sobretudo, com as atitudes do coração. Um amor devotado a Deus e
ao irmão, é isso que dá sentido a uma Igreja que é chamada é ser sempre experiência
de comunhão e missão.
Dom
Cícero Alves de França Bispo Auxiliar de São Paulo
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