02- O Dia do Nascituro
Qual é o lugar mais perigoso de viver
no mundo hoje? Será a Síria, onde milhares morrem vítimas de uma atroz guerra
civil? Serão os lugares do submundo do crime? Seria nas igrejas cristãs,
situadas em pleno território islâmico? Onde? O lugar mais perigoso do mundo
para se viver é a barriga da própria mãe. É por essa razão que celebramos
o Dia do Nascituro.
Essa é uma realidade que seria
inimaginável se não fosse verdade. O lugar, que deveria ser o mais aconchegante
e terno do mundo, tornou-se a passagem mais perigosa que um ser humano pode
fazer na sua existência.
Se,
neste momento, eu fosse uma alma prestes a ser infundida num
embrião humano e tivesse consciência disso, eu estaria apavorado. Não são
milhares, mas milhões e milhões de crianças brutalmente assassinadas, por ano,
no ventre materno. E o pior: por quem? Pela própria mãe, pelo próprio pai.
A
importância do Dia do Nascituro
Se a vida humana, em seu momento mais
tenro e indefeso, está sob a mira de quem mais deveria guardá-la e protegê-la,
de que ela vale? Ela não tem mais valor absoluto e inviolável, está
condicionada à segurança, ao bem-estar e aos interesses de terceiros. Nessa
escala de valores, toda a vida humana está em risco.
Por
essa razão, o Dia do Nascituro, comemorado no
dia 8 de outubro, celebra, especialmente, a vida do bebê no ventre de sua mãe.
E não somente isso: celebramos, neste dia, o valor inviolável da dignidade da
vida humana, do seu início até o seu fim.
Não é somente a vida do nascituro que
está em questão, mas a vida humana, especialmente em sua condição de
fragilidade e inutilidade para a sociedade.
Tanto é
que a legalização do aborto, até o último instante antes do nascimento, em alguns países, já faz surgir uma
lógica, que é a “eutanásia de recém-nascidos”.
Algumas pessoas, na Holanda, Alemanha
e acadêmicos na Austrália, raciocinam que, se a criança pode ser morta um
minuto antes de seu nascimento natural, por que não poderia o ser alguns
minutos após o seu nascimento? Muito lógico!
Isso
pouparia os gastos com exames pré-natais, para verificar patologias genéticas entre outras.
Essa eugenia pós-natal ainda não soa
bem, mas, em breve, se tornará lei. Daí, virão novos passos, como eugenia em
qualquer fase da existência humana, conquanto que a vida não esteja de acordo
com os padrões sociais da época.
Cultura
da morte
Não
precisamos ir ao futuro. Hoje, se a vida vale tão pouco diante do bem-estar,
sucesso, bem materiais, até mesmo diante dos animais, ela acaba por perder o sentido em si
mesma. Sem sentido, os jovens se entregam às drogas, à prostituição até o fim
(também “lógico”), que é o suicídio, cada vez mais comum entre o público
juvenil.
Aí surge a pergunta: “Por que os
jovens estão tão violentos e sem esperança?”. Novamente, a lógica evidente:
nessa cultura de morte, na qual, inclusive, são bem aceitas celebrações
artísticas da morte (refiro-me, por exemplo, à naturalidade no uso da caveira
como ingênuo enfeite nas roupas de nossas crianças), que beleza e sentido tem a
vida? Para nós que cremos em Deus, um sinal inquestionável desse valor é o fato
de o próprio Criador ter escolhido passar por esse caminho da existência humana
e fazer essa nossa experiência de ser gente indefesa sob a guarda dos Seus
pais.
O Filho de Deus poderia ter entrado no
mundo de qualquer forma que quisesse, mas escolheu ser nascituro. Com isso,
esse momento da vida humana, que já era grande por si mesmo, ganhou significado
divino, porque o próprio Deus se fez nascituro.
Sendo de tão grande valor e beleza, a
vida do nascituro deve ser celebrada.
Celebrando
o Dia do Nascituro, queremos também protegê-lo ao suscitarmos nas pessoas, nas
famílias e na sociedade, a consciência de que os nascituros
têm o direito à proteção de sua saúde e vida, à alimentação, ao respeito e a um
nascimento sadio.
Celebrando o nascituro, celebramos a
vida de cada ser humano, porque todos, invariavelmente, foram ou serão um dia
um nascituro.
André L. Botelho de Andrade é casado e pai de
três filhos. Com formação em Teologia e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e
moderador geral da comunidade católica Pantokrator, à qual se dedica
integralmente.
http://www.pantokrator.org.br
Contato:
: http://facebook.com/andreluisbotelhodeandrade
https://formacao.cancaonova.com/bioetica/defesa-da-vida/o-dia-do-nascituro/
Nenhum comentário:
Postar um comentário