VIII-REFLEXÃO DOMINICAL I:
"UM REINO QUE NÃO É DAQUI"
A
resposta de Jesus à Pilatos, de que o seu reino não é deste mundo, poderá ser
mal interpretado, se não se conhecer o contexto do evangelho e o mal
entendimento poderá resultar em uma religião extremamente espiritualista,
alienada e descomprometida com as realidades terrestres que nos cercam. O
cristão sempre tem que ter os pés no chão da história e o olhar no paraíso onde
o reino irá atingir a sua plenitude pois o reino de Jesus não é uma utopia mas
realidade concreta.
A
igreja celebra neste domingo a Festa de Cristo Rei que marca o encerramento do
ano litúrgico e convida-nos a refletir sobre a realeza de Jesus porque muito
mais que súditos, com ele reinamos e vamos construindo o reino já nesta vida.
Importante entendermos que não se trata de dois reinos, um terrestre e um
celeste, mas de um único reino que um dia se tornará visível para toda
humanidade.
Em
sua vida pública Jesus viveu momentos em que poderia declarar-se rei, aliás, o
povo e os próprios discípulos em alguns desses momentos quiseram faze-lo um rei
porém, Jesus sempre fugiu desse populismo que não leva a nada a não ser
alimentar a vaidade humana.
A
confirmação de sua realeza diante de Pilatos,se dá em um momento dramático
quando Jesus está totalmente só e indefeso pois os amigos mais chegados o
abandonaram, o povo, a quem ele saciou a fome, instigado pelas lideranças
religiosas, haviam pedido a sua condenação, preferindo libertar Barrabás. É
portanto um momento de fracasso total e vergonhosa humilhação sendo assim,
nessas condições totalmente desfavoráveis, que Jesus confirma que é rei.
Portanto,
podemos compreender em um primeiro momento, que reinar com Jesus significa
percorrer o difícil caminho do discipulado que vai sempre na contra mão dos
projetos humanos, que buscam o Poder e o Ter como as únicas alternativas se ter
o domínio não só de um grupo mas de todas as nações da terra, em um absolutismo
cruel que atropela e faz sucumbir todos os sonhos e ideais de um povo,
desencadeando ódio e violência entre classes, levantando barreiras entre as
nações.
Neste
sentido Jesus é o único rei que une e congrega todas as nações da terra, no
mandato dos seus discípulos sua ordem foi bem clara:”Ide a todas as nações”. Os
grandes impérios humanos que existiram e que ainda vão existir, todos sem
exceção irão se acabar porque só o Reino de Deus é eterno e jamais passará.
Assim como no passado o rei Davi unificou o norte e o sul, Jesus unificou o
mundo inteiro e o seu reino não terá fim.
A
arma poderosa que Jesus usou, para expandir o seu reino e torna-lo conhecido no
mundo inteiro, não foi o poder bélico de um exército grandioso, nem tão pouco a
coragem e valentia dos seus seguidores, que no primeiro confronto com o poder,
fugiram todos deixando o mestre entregue nas mãos dos seus perseguidores.
Também
não fez uso do poder econômico já que nasceu, viveu e morreu pobre, muito menos
utilizou o poder divino para impor à força o seu reino. Mas empregou a força do
amor!
Amor
que ele manifestou em tantos gestos de acolhimento e misericórdia com os pobres
e pecadores pois Jesus nunca quis destruir os que se opuseram ao seu reino mas
ao contrário, quis ganha-los oferecendo também a eles a salvação enquanto que
os reinos do mundo destroem e eliminam quem se interpõe em caminho Jesus
constrói, restaura,renova e edifica o homem todo, sem distinção de raça, cor ou
religião.
Por
isso como Igreja, sinal deste reino no meio dos homens, muito mais que súditos
ou meros simpatizantes somos todos discípulos que devem ter o coração sempre
aberto a Deus e aos irmãos, manifestando em nossos gestos e palavras aquele
mesmo amor que na manhã de um domingo irrompeu da escuridão da morte derrotando
para sempre todas as forças do mal, inaugurando um reino que é definitivo.
José da
Cruz é Diácono da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0296.htm#msg01
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