III-
LITURGIA DA SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO
- Celebramos hoje a
solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo. Cristo é rei porque é o mediador e
senhor de toda criação. Por ser a expressão do amor de Deus com a humanidade,
todas as coisas encontram nele seu acabamento e seu significado. Pelo amor,
Deus continua sua obra no mundo de tal forma que toda humanidade é chamada a
participar de sua divindade. Cristo por ser o homem-Deus é o primogênito de
toda criatura, é o rei da criação por ser a imagem do Deus invisível e ser a
expressão de sua vontade. Quando falamos em Reino de Deus há de se observar que
devemos fazer uma observação: a lógica do mundo, que geralmente vai buscar mais
poder para manter seu lugar de conforto, é diferente da lógica de Cristo, que
tem por base o amor e o serviço. Cristo é Rei não pelo uso da força, mas por
ter dado a vida gratuitamente pelos seus. Essa força do amor jamais será
vencida pelas potências deste mundo.
- O texto na primeira leitura aparece inserido numa reflexão mais ampla sobre a
história e os valores sobre os quais são construídos os impérios humanos. Os
reinos construídos pelos homens baseiam-se, frequentemente, num poder arrogante
e são geradores de exploração, miséria e violência. Segundo esse pensamento, a
humanidade estará, irremediavelmente, condenada a viver sob o domínio da
injustiça e da opressão onde nunca nos libertaremos desse ciclo de morte. O
autor do Livro de Daniel acredita que o reino do mal não será eterno e que Deus
intervém na história para destruir essas forças de morte que impedem os homens
de alcançarem a liberdade, a paz e a vida plena. Numa época em que os
imperialismos, fundamentalismos, colonialismos e a cegueira dos líderes das
nações poderosas multiplicam o sofrimento de tantos homens e mulheres, a
profecia de Daniel convida-nos à esperança e à confiança: Deus não abandona o
seu Povo em marcha pela história e saberá derrubar todos os poderes humanos que
impedem a realização plena do homem.
- No Evangelho, João apresenta uma realeza de
Jesus que contrasta com a do mundo. O evangelista fala que a realeza de
Cristo é paixão, morte, ressurreição e subida junto ao Pai. Neste mistério
notamos a realeza do amor: Cristo que dá a própria vida para que todos possam
viver (Jo 10,10), inclusive seu condenadores e algozes quando diz: "Pai,
perdoa-lhes: não sabem o que fazem" (Lc 23,34). As declarações de Jesus
diante de Pilatos não deixam dúvidas: Ele é "rei" e recebeu de Deus,
como diz a primeira leitura, "o poder, a honra e a realeza" sobre
todos os povos da terra. Jesus, o nosso Rei, é princípio e fim da história
humana. Mesmo diante dos desafios do tempo presente, não podemos cair no
desânimo. Cristo é quem preside a história e que, apesar das falhas dos homens,
continua a caminhar conosco e a nos apontar os caminhos da salvação e de vida. Jesus
apresenta-se aos homens sem qualquer ambição de poder ou de riqueza. Diante
deles apresenta-se só, indefeso, prisioneiro, revestido apenas com a força do
amor e da verdade. Não impõe nada; só propõe aos homens que acolham no seu
coração o amor, serviço, obediência a Deus e aos seus projetos de promoção de
vida e solidariedade com os pobres e marginalizados. É desta maneira que Ele
vai combater o egoísmo, autossuficiência, injustiça, exploração e tudo o que
gera sofrimento e morte.
- A
figura de Jesus no livro do Apocalipse é a figura do Senhor do Tempo e da
História, princípio e fim de todas as coisas. É a do "príncipe dos
reis da terra", que há de vir "por entre as nuvens" cheio de
poder, glória e majestade para instaurar um reino definitivo de felicidade,
vida e paz. Esta imagem de Jesus apela à confiança e à esperança: sejam quais
forem as vicissitudes e as derrapagens da história humana, o caminho dos homens
não será um caminho sem saída, destinado ao fracasso; mas será um caminho que
terá seu fim no Reino que Jesus veio anunciar e propor. Sua ação como Senhor da
História se concretizará na justiça, amor e paz para todos.
- Nesta
Solenidade somos convidados a agradecer a Deus pelo amor de Jesus derramado na
Cruz que nos libertou do egoísmo e da morte. Somos convidados, também, a
ter a mesma atitude de Jesus, que é viver o amor que se faz doação e serviço
aos homens. Nós, os que aderimos a Jesus e optamos por integrar a comunidade do
Reino de Deus, temos de dar testemunho deste projeto. A nossa vida, as nossas
opções, a forma de nos relacionar com aqueles com quem todos os dias nos
encontramos, devem ser marcadas por uma contínua atitude de serviço humilde,
dom gratuito, respeito, partilha e amor. Como Jesus, também nós temos a missão
de lutar contra todas as formas de exploração, injustiça, alienação e morte. O
reconhecimento da realeza de Cristo convida-nos a colaborar na construção de um
mundo novo, do Reino de Deus.
https://diocesedesaomateus.org.br/wp-content/uploads/2024/09/24_11_24.pdf
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