X- REFLEXÃO
DOMINICAL IV
A
VONTADE DE DEUS É QUE SEJAIS SANTOS” (1Ts 4,3)
A
Solenidade de Todos os Santos lembra nossa vocação à santidade, o constante
chamado a crescer na graça batismal. E para alcançar esta meta, Jesus nos
propõe o caminho das bem-aventuranças, percorrido com o auxílio de sua graça,
não somente pelos nossos próprios esforços, pois sem Ele nada podemos fazer
(cf. Jo 15, 5). Em Mt 4, 24 nos é dito que levavam a Jesus muitos enfermos,
possessos, paralíticos e sofredores e Ele os curava, já no v. 25 lemos também
que “multidões numerosas o seguiam”. Jesus se dirige em primeiro lugar aos
discípulos, mas também à multidão esperançosa que simboliza a humanidade
inteira, pois a todos o Evangelho deve ser anunciado. Ele sobe ao monte, o qual
faz referência ao Monte Sinai, pois ali Ele proclamará a Nova Lei, a qual não estará
mais gravada em tábuas de pedra, mas nos corações, conforme a promessa feita em
Jr 31.33. Ele “abriu a boca” e, solenemente, como Mestre “começou a ensiná-
-los”! Não ensina como os doutores da Lei e os escribas, mas “como quem tem
autoridade” (Mt 7,29). Jesus então proclama as oito bem-aventuranças: a dos
pobres em espírito, dos aflitos, dos famintos e sedentos de justiça, dos
misericordiosos, dos puros de coração, dos promotores da paz, dos perseguidos
por causa da justiça e, por fim, dos perseguidos por causa de Jesus. São oito
no total. E podemos ver aí uma alusão à ressurreição de Jesus e ao fato que os
batizados ressuscitam com Ele para uma vida nova (cf. Rm 6) se pondo em marcha
para o Reino definitivo. Mateus usou 72 palavras no texto original das
bem-aventuranças, número que, na Bíblia Grega, indicava o número de povos que
habitavam a terra após o dilúvio era 72. Portanto, é a toda humanidade que
Jesus se dirige. Ele quer formar o Novo Povo de Deus, e o Sermão da Montanha é
sua constituição. O Papa Francisco nos diz que a palavra “feliz”, em seu
original, “não indica alguém que tem a barriga cheia ou está bem na vida, mas é
uma pessoa que está em condição de graça, que progride na graça de Deus e no
caminho de Deus” (Audiência Geral, 09/01/2020). E segundo André Chouraqui, no
texto original a palavra é “makarioi”, derivada do hebraico “ashréi” e que
indica “uma retidão (yashar) do homem marchando na estrada sem obstáculos que
leva a Deus e, aqui, em direção ao Reino de Deus” (cf. A. Chouraqui; Matyah, p.
83-84). Portanto, pode-se pensar na exclamação “em marcha!”. As
bem-aventuranças são o convite de Jesus para estarmos em marcha, buscando a
santidade, crescendo na graça enquanto caminhamos rumo ao Reino de Deus! Para
nos manter em marcha e para chegarmos à meta é importante ainda a
bem-aventurança da fé: “bem-aventurada aquela que acreditou” (cf. Lc 1,45) e
“bem- -aventurados os que creram sem ter visto” (cf. Jo 20,29)! Não pode faltar
a virtude da esperança que nos faz crer que estaremos “de pé diante do trono e
do Cordeiro” (cf. Ap 7,9) e que será grande a nossa recompensa nos céus (cf. Mt
5,12), nem a virtude da caridade, pois a Nova Lei é o Amor!
Dom Edilson de Sousa Silva Bispo Auxiliar de
São Paulo
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