VIII-
REFLEXÃO DOMINICAL II:
"VIVER HOJE O 'AMANHÃ' "
Ser santo não é uma decisão do homem, mas uma resposta ao
convite que Deus nos faz em Jesus Cristo: Sede perfeitos como o vosso Pai é
perfeito! Perfeição nesse sentido, nunca foi e nem será o forte do homem, feito
de barro, vulnerável ao pecado, sujeito a tantas fraquezas, marcado por tantas
limitações. Se santidade fosse isso, Deus seria o maior dos injustos, pois é o
mesmo que um homem perfeito sair em disparada e pedir para que um deficiente
físico o acompanhe nessa corrida. Nunca teríamos a menor chance de ser santos.
Há ainda outra corrente que acha que a santidade é apenas para alguns, que têm
uma conduta exemplar, são pacientes, tolerantes, dóceis, calmos, prestativos,
solidários, educados, nunca perdem a cabeça e o equilíbrio, nunca reclamam de
nada e aceitam tudo, sendo bondosos o tempo todo. De pessoas assim, é melhor
manter distância e ser cauteloso, porque me dizia um padre muito amigo, o
santinho de hoje pode ser o diabinho de amanhã!
Ser calmo ou ter os nervos a flor da pele, ter equilíbrio emocional,
demonstrar serenidade, ser amável e dócil, ser prestativo e educado, sem dúvida
que são belas virtudes, mas não necessariamente um indicativo de santidade,
pois conheço histórias de grandes santos que eram bem temperamentais. Há ainda
outro conceito perigoso de santidade, que é ter o poder de realizar coisas
prodigiosas, os chamados milagres. Conheço pessoas descrentes de Deus e da
igreja, e que, contudo praticam essas virtudes. E já tive conhecimento de curas
operadas por pessoas de outras correntes religiosas, até opostas ao
cristianismo.
A ideia de que santidade é coisa restrita de alguns homens e
mulheres especiais, parece-me um tanto quanto equivocada, pois o visionário do
apocalipse afirma categoricamente na primeira leitura, que se trata de uma
multidão, de onde se conclui facilmente, que santidade é uma proposta de vida
que Deus faz a toda humanidade, onde Jesus Cristo é o modelo e a referência
máxima, nele a gente se encontra como Filho de Deus, não mais desfigurado pela
corrupção do pecado, mas liberto, vitorioso e perfeito como fomos criados e
concebidos pelo Pai. Somente Nele, com ele e por ele seremos santos! Mas
encontrei nas leituras dessa "Festa de Todos os Santos", uma
definição ainda mais bonita e completa do que é a Santidade - "Viver hoje
o amanhã".
É preciso ter os pés no chão, pois uma coisa é enfrentar com
coragem os desafios do presente e buscar soluções concretas, o outro é camuflar
a situação, fazendo uma belíssima coreografia, sem mudar o cenário! É maquiar
para parecer belo! A copa do mundo que vai acontecer no Brasil em 2014, será um
desses momentos, de grande ilusão e utopia. Já se está vendendo a imagem de um
País que é um paraíso...
As bem-aventuranças proclamadas solenemente por Jesus, no alto
de um monte, são profundamente realistas: a Primeira e a Oitava trazem o verbo
no presente, "... Porque deles é o Reino dos Céus", ao passo que as
demais, usam o verbo no futuro, "porque serão, verão, alcançarão...".
Ser pobre em espírito é fazer de Deus a sua única riqueza, é possuir já nesta
vida a plenitude da vida futura. É ser discípulo e estar em constante
aprendizado a partir do evangelho, vivendo hoje tudo o que cremos e esperamos
no amanhã. Esta postura diferente trará incompreensão e perseguição, mas em
compensação, a alegria será verdadeira, porque não se fundamenta naquilo que se
vê, mas sim no que se espera.
Jesus Cristo trouxe o futuro até nós, sendo precisamente esta
crença e esperança que nos faz ter uma identidade própria, fomos marcados para
fazer a diferença neste mundo tão descrente, que não consegue vislumbrar a Vida
Nova, para a qual fomos destinados por Deus, desde o início da Criação.
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0375.htm#msg01
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