X-REFLEXÃO DOMINICAL III:
Jesus, Nosso Salvador e Rei do Universo!
“O Cordeiro que foi imolado é digno de
receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e
poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Estas palavras são da Antífona de
Entrada da Solenidade de hoje e dão o sentido profundo desta celebração de
Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.
Uma pergunta que pode vir – deveria vir! – ao
nosso coração é esta: Jesus é Rei? Como pode ser Rei, num mundo paganizado, num
mundo pós-cristão, num mundo que esqueceu Deus, num mundo que ridiculariza a
Igreja por pregar o Evangelho e suas exigências?… Pelo menos do Deus e Pai de
Nosso Senhor Jesus Cristo o mundo não quer saber… Como, então, Jesus pode ser
Rei de um mundo que não aceita ser o seu reinado? E, no entanto, hoje, no
último domingo deste ano litúrgico de 2003, ao final de um ciclo de tempo,
voltamo-nos para o Cristo, e o proclamamos Rei: Rei de nossas vidas, Rei da
história, Rei dos cosmo, Rei do universo. A Igreja canta, neste dia, na sua
oração: “Cristo Rei, sois dos séculos Príncipe,/ Soberano e Senhor das nações!/
Ó Juiz, só a vós é devido/ julgar mentes, julgar corações”. O texto do
Apocalipse citado no início desta meditação dá o sentido da realeza de Jesus:
ele é o Cordeiro que foi imolado. É Rei não porque é prepotente, não porque
manda em tudo, até suprimir nossa liberdade e nossa consciência. É Rei porque
nos ama, Rei porque se fez um de nós, Rei porque por nós sofreu, morreu e
ressuscitou, Rei porque nos dá a vida. Ele é aquele Filho do Homem da primeira
leitura: “Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e
línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu
reino, um reino que não se dissolverá”. Com efeito, o reinado de Cristo não tem
as características dos reinados do mundo.
(1) Ele é Rei não porque se distancia de nós,
mas precisamente porque se fez “Filho do homem”, solidário conosco em tudo. Ele
experimentou nossas pobrezas e limitações; ele caminhou pelas nossas estradas,
derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos
dos nossos medos. Ele morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele
reina pela solidariedade.
(2) Ele é Rei porque nos serviu: “O Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por
muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu dando sempre e em
tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo amor.
(3) Ele é Rei porque tudo foi criado pelo Pai
“através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo caminha para ele e, nele, tudo
aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade, ouve a minha voz”. É nele que o
mundo será julgado. A televisão, os modismos, os sabichões de plantão podem
dizer o que quiserem, ensinarem a verdade que lhes forem conveniente… mas, ao
final, somente o que passar pelo teste de cruz do Senhor resistirá. O resto, é
resto: não passa de palha. Ele reina pela verdade.
(4) Ele é Rei porque é o único que pode
garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória
sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e
verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da
terra”. Ele reina pela vida.
Sim, Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto
nasci, para isto vim ao mundo!” Mas seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo
dos reinos humanos – de direita ou de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele
que entrou em Jerusalém como Rei, veio num burrico, símbolo de mansidão e
serviço. Como coroa teve os espinhos; como cetro, uma cana; como manto, um
farrapo escarlate; como trono, a cruz. Se quisermos compreender a realeza de
Cristo, é necessário não esquecer isso! A marca e o critério da realeza de
Cristo é e será sempre, a cruz!
Hoje, assistimos, impressionados, a
paganização do mundo, e perguntamos: onde está a realeza do Cristo? – Onde
sempre esteve: na cruz: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse
deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos
judeus. Mas o meu reino não é daqui”. O Reino de Jesus não é segundo o modelo
deste mundo, não se impõe por guardas, pela força, pelas armas: meu Reino não é
daqui! É um Reino que vem do mundo do amor e da misericórdia de Deus, não das
loucuras megalomaníacas dos seres humanos. E, no entanto, o Reino está no
mundo: “Cumpriu-se o tempo; o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15); “Se é pelo
dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou para
vós” (Lc 11,20). O Reino que Jesus trouxe deve expandir-se no mundo! Onde ele
está? Onde estiverem o amor, a verdade, a piedade, a justiça, a solidariedade,
a paz. O Reino do Cristo deve penetrar todos os âmbitos de nossa existência: a
economia, as relações comerciais, os mercados financeiros, as relações entre
pessoas e povos, nossa vida afetiva, nossa moral pessoal e comunitária.
Celebrar Jesus Cristo Rei do Universo é
proclamar diante do mundo que somente Cristo é o sentido último de tudo e de
todos, que somente Cristo é definitivo e absoluto. Proclamá-lo Rei é dizer que
não nos submetemos a nada nem a ninguém, a não ser ao Cristo; é afirmar que
tudo o mais é relativo e menos importante quando confrontado com o único
necessário, que é o Reino que Jesus veio trazer. Num mundo que deseja esvaziar
o Evangelho, tornando Jesus alguém inofensivo e insípido, um deus de barro,
vazio e sem utilidade, proclamar Jesus como Rei é rejeitar o projeto pagão do
mundo atual e proclamar: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos
séculos”. Amém (Ap 5,12; 1,6).
D. Henrique Soares da
Costa
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0296.htm#msg01
Nenhum comentário:
Postar um comentário