V- LITURGIA
DO 26.º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
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Neste Domingo, a liturgia nos convida a refletir a relação que estabelecemos
com os bens passageiros, a riqueza que leva à perdição. Precisamos enxergar
esses bens não como algo que nos pertence de forma exclusiva, possessiva. Do
contrário, enxerguemos como dons que Deus colocou em nossas mãos, para serem
administrados e partilhados, com gratuidade e amor, sobretudo com aqueles que
nada têm.
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Na primeira leitura, o profeta Amós
denuncia com autoridade uma classe dirigente que vive a ociosidade despreocupada,
no luxo à custa da exploração dos pobres e ignoram o sofrimento e a miséria dos
humildes. Este é o terceiro "ai" de Amós, dirigido às pessoas que se
encontram às portas da morte por causa de seus pecados. O profeta anuncia que
Deus não vai ser conivente com esta situação, porque esse sistema de egoísmo e
injustiça não é o projeto que ele sonhou para o ser humano no mundo.
- Na segunda
leitura, Paulo traça o perfil do "homem de Deus". Quem é esse
"homem"? É alguém que ama os irmãos, que é paciente, é brando, justo
e que transmite fielmente a proposta de Jesus. Ou seja, ele é um discípulo que
transmite a verdadeira fé. Sua vida prefigura a santidade enraizada na fé e no
amor. Porque, não vive para si, mas para partilhar tudo o que é e o que tem com
os irmãos.
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O Evangelho pode ser dividido em
duas partes. Na primeira (Lc 16,19-26), o evangelista nos apresenta os dois
personagens: o rico que vive luxuosamente e promove grandes festas e o pobre
Lázaro, que tem fome, está doente e vive na miséria. No entanto, a morte dos
dois muda a situação por completo. As ações boas ou más que ambos cometeram não
são relatadas, logo, não parece serem elas quem decide a sorte do rico e de
Lázaro. Assim, o objetivo do texto é uma catequese sobre a posse dos bens e o
uso deles.
- Na perspectiva
de Lucas, a riqueza é um pecado, pois supõe a apropriação, em benefício
próprio, dos dons de Deus que se destinam a todos, para serem partilhados e
assegurar-lhes uma vida digna. A parábola mostra que o amor da riqueza torna o
homem cego para Deus e para o pobre. Nela, vemos que quem está bem nutrido não
se dispõe a ceder suas riquezas nem diante dos maiores sinais, como, por
exemplo, a ressurreição de um morto. Para nós, Cristo ressuscitou e é o caminho
para a salvação. Infelizmente, muitos ainda continuam a ser cegos e não se
decidem diante dessa realidade, ou seja, utilizar dos bens materiais para fazer
o Reino de Deus acontecer pela acolhida, auxílio e solidariedade entre os
irmãos.
- A segunda
parte do texto (Lc 16,27-31) confirma o que já foi exposto, ou seja, o
caminho seguro para aprender e para assumir a atitude correta em relação aos
bens é ouvir a Palavra de Deus, ser transformado por ela e colocá-la em
prática. Quem recusa esse projeto e escolhe viver fechado no seu egoísmo e
autossuficiência, não faz parte desse mundo novo de fraternidade que Deus
propõe. Jesus ensina que não somos donos dos bens que Deus colocou em nossas
mãos, somos apenas adminis- tradores, encarregados de partilhar com os irmãos
aquilo que pertence a todos. Todos nós devemos anunciar e viver o projeto de
Deus que passa por um Reino de fraternidade, amor e partilha.
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