VIII- REFLEXÃO DOMINICAL I
UM
EXIGENTE CAMINHO DE RENÚNCIA
A opção pelo Reino não é
escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de
renúncia e de doação da vida. Todo discípulo de Jesus, deve ter a capacidade
para refletir, deve ter senso crítico diante das variadas situações da vida e, acima
de tudo, saber decidir bem, qual direção ele deve levar a sua vida. É,
sobretudo, o Evangelho que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um
caminho em que o Reino deve ter a prioridade sobre todas as pessoas, sobre os
nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem
tomar contato com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se
tem forças para a acolher. Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o Reino
e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e a fundo perdido, ou não vale a
pena começar algo que não vai levar a lado nenhum. Jesus apresenta três
exigências fundamentais para quem quer seguir o caminho do discípulo e chegar a
sentar-se à mesa do Reino. Todas elas subordinadas ao tema da renúncia. A
primeira exige o preferir Jesus à própria família. A este propósito, Lucas põe
na boca de Jesus uma expressão muito forte. Para ser discípulo, é preciso pôr
em segundo lugar algo, porque apareceu na vida da pessoa um valor que ainda é
mais importante. É evidente que Jesus não está pedindo que as pessoas tenham
ódio de ninguém, muito menos a pessoas a quem temos laços de amor, nossos
familiares. Jesus está exigindo que as relações familiares não nos impeçam de
aderir ao Reino. Se for necessário escolher, a prioridade deve ser escolher os
valores do Reino. A segunda exige a renúncia à própria vida. O discípulo de
Jesus não pode viver fazendo escolhas egoístas, colocando em primeiro lugar os
seus interesses, os seus esquemas, aquilo que é melhor para ele; mas tem de
colocar a sua vida ao serviço do Reino e fazer da sua vida um dom de amor aos
irmãos, se necessário até à morte. Foi esse, de fato, o caminho de Jesus; e o
seu discípulo é convidado a imitar o mestre. A terceira exige a renúncia aos
bens. Jesus sabe que os bens podem facilmente transformar-se em deuses,
tornando-se uma prioridade, escravizando o homem e levando-o a viver em função
deles; assim sendo, que espaço fica para o Reino? Por outro lado, dar
prioridade aos bens significa viver de forma egoísta, esquecendo as
necessidades dos irmãos; ora, viver na dinâmica do Reino implica viver no amor
e deixar que a vida seja dirigida por uma lógica de amor e de partilha. Com
estas exigências, fica claro que a opção pelo “Reino” não é um caminho de
facilidade. É por isso que Jesus recomenda o pesar bem as implicações e as
consequências da opção pelo “Reino”. A parábola do homem que, antes de
construir uma torre, pensa se tem com que terminá-la e a parábola do rei que,
antes de partir para a guerra, pensa se pode opor-se a outro rei com forças
superiores convidam os candidatos a discípulos tomar consciência da sua força,
da sua vontade, da sua decisão em corresponder aos desafios do Evangelho e em
assumir, com radicalidade, as exigências que Jesus faz. No mundo de hoje,
diante de tantas propostas cheias de facilidades e de prazeres, onde a riqueza,
a fama, tomam o lugar de Deus, o discípulo deve ter o senso crítico para acima
de tudo escolher a proposta da paz e da vida que Jesus vem nos trazer. A
decisão é sempre pessoal.
Pe.
Carlos Alberto Doutel Vigário Episcopal e Geral para a Região Santana
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