sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III DICAS DE HOMILIA - 4º Domingo do Advento O Sim de Deus - O Sim de Maria - O Sim da Humanidade

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL  III

DICAS DE HOMILIA - 4º Domingo do Advento

O Sim de Deus - O Sim de Maria - O Sim da Humanidade

(2Sm 7,1-5.8b-12.14a.16 / Sl 88 / Rm 16,25-27 / Lc 1,26-38)

A Liturgia do Quarto Domingo do Advento coloca a todos diante do mistério do amor de Deus pelos homens e mulheres que escolheu para si, seu desejo de comunhão e a sua fidelidade à Aliança com o povo concluída. Em primeiro lugar está o sim de Deus oferecido aos seus filhos e filhas, algo presente na Primeira e Segunda Leitura, bem como no Salmo Responsorial. Mergulhada nesse mistério do amor divino encontra-se a Virgem Maria, que oferece no lugar de cada homem e mulher, dessa terra, um sim a Deus. O Sim de Maria ecoa no coração dos homens que também são chamados a dizer o seu sim a Deus, que lhes vem visitar nesse período de Advento, como preparação intensa para a grande Celebração do Natal do Senhor.

No princípio está o grande sim de Deus, marcado por sua incondicional gratuidade e infinito amor que brotam do coração de um Pai desejoso de fazer comunhão com os seus filhos e filhas. A Primeira Leitura apresenta o desejo de Deus de comunhão com o seu povo, manifestado em sua decisão de confirmar o reinado de Davi. É de Deus a iniciativa de construir um Templo para a sua morada junto de seus filhos e filhas, um lugar no qual todos poderiam invocar o seu Nome Santo. O mesmo está presente no Salmo Responsorial, quando o salmista canta o amor eterno e fiel de Deus para com os seus. Ele é o verdadeiro Pai de Israel, aquele que conduz o povo com laços de ternura e grande amor, o Deus fiel que sempre renova o seu sim à humanidade por ele criada. Já na Segunda Leitura, Paulo afirma que o mistério desse grande amor divino foi revelado em Jesus, e é o grande sim de Deus para os seus filhos e filhas. O Sim de Deus é sempre livre e independe, no primeiro momento, da acolhida ou não do homem, pois segue sempre o seu projeto de salvação. Nesse caso, o sim de Deus precede todo o sim da humanidade, que é convidada a acolher a proposta divina, oferecendo ao Senhor o seu sim, à exemplo de Maria. 

O Evangelho desse domingo apresenta o encontro do anjo Gabriel com Maria, uma vez mais, o sim amoroso de Deus é apresentado à humanidade. No diálogo entre o mensageiro do Senhor e a cheia de Graça se descortinava, uma outra vez o desejo divino de comunhão com os seus filhos e filhas. Na voz do anjo estava a Palavra e a Promessa do Senhor feita, não somente à Maria, chamada a ser Mãe do Salvador, mas, algo estendido a toda a humanidade. O universo inteiro se silenciou, depois da palavra do anjo, na expectativa de ouvir o Sim de Maria. Com a sua adesão à vontade de Deus, Maria rompe com o não outrora oferecido e abre, segundo a graça divina, nela presente, espaço para que o Filho de Deus se encarnasse. Desse modo, o sim de Maria se torna a porta aberta para o seu coração que deseja estar cheio da graça de Deus e cumprir com a vida o que o Senhor lhe propusera. O abandono de Maria nas mãos do Pai é sinal de um compromisso profundo selado em seu coração, um desejo de ser a serva do Senhor e cumprir a sua vontade durante toda a sua vida. Nesse caso, ao proclamá-la cheia de graça, preservada do pecado original, isto é, Imaculada, a Igreja reconhece a obra divina na serva do Senhor, algo que todas as gerações são convidadas a reconhecer e bendizer. Ela foi destinada a acolher o Filho e com Ele o próprio Pai, na graça do Espírito Santo, tornando-se imagem da Igreja que sabe dizer sim ao convite amoroso de Deus e se torna seu sinal no mundo.            

Desse modo, manifesta-se o mistério do amor de Deus que sempre oferece a sua face amorosa aos seus filhos e filhas, num sim irrestrito e constante, prova de sua fidelidade e Aliança eternas. Algo que encontra no coração da Virgem Maria acolhida, ao selar o seu desejo de unir-se à vontade do Pai, por meio de seu sim diante das palavras proferidas pelo anjo Gabriel. Nesse caso, todos que ouvem a voz da Virgem e o seu sim, são mergulhados numa tamanha gratuidade, seja pelo amor divino que não se cansa de procurar o homem, bem como, pela adesão da Virgem à vontade do Pai. Desse modo, todos são tocados pelo amor divino que sempre se debruça sobre a humanidade, no seu infinito desejo de abrir espaços de comunhão para os seus filhos e filhas. Diante desse mistério do amor divino, toda a Igreja é provocada a acolher a voz do Senhor, seu desejo de amor e comunhão e, à exemplo de Maria, dizer o seu sim ao Senhor.

Existe uma grande alegria que se espalha por todos os cantos, pois, uma filha desta terra, uma mulher como tantas outras, uma irmã tocada pela graça do Espírito Santo, pode dizer um sim ao Senhor, tornando-se Mãe do Salvador, Mãe de toda a humanidade. O seu sim, ainda hoje, ecoa cada vez que se ouve o relato do Evangelho desse domingo, convocando a todos os que o ouvirem a seguirem o seu exemplo. No sim de Maria está o caminho de seguimento da vontade do Pai, aberto por uma mulher que se deixou envolver pela graça de Deus. Desse modo, ao dizer sim ao seu Filho ela já se tornava também, além de sua mãe, sua seguidora, isto é, a primeira discípula missionária. Sendo assim, que a escuta da Palavra nesse período de Advento e a intensa preparação para o Natal do Senhor ajude a todos a seguirem os passos da Virgem. Que em cada Comunidade Eclesial de Base, onde se ouvir esse relato todos sintam-se convocados a assumir a sua mais profunda vocação, nascida nas águas do nosso batismo, de serem, nessa terra, discípulos missionários de Jesus Cristo, o Filho da Virgem Maria. Desse modo, aderindo à vontade de Deus, com um sim que envolve todas as dimensões da vida, cada fiel impulsionado pela graça divina seria transformado num sinal do Reino. Homens e mulheres que oferecem suas mãos, seus corações e as suas vidas, a fim de que a terra inteira seja transformada na casa da família de Deus. De modo que a promessa do Senhor feita a Davi se realize e que todos possam habitar numa terra sem males, uma casa comum, onde reine a justiça, a fraternidade e a liberdade. Que o sim de cada um ao plano de amor do Pai, à exemplo de Maria, faça de todos discípulos missionários de Jesus Cristo, promotores da paz e da justiça, homens e mulheres novos para o tempo novo de Deus, isto é uma sociedade justa, fraterna e solidária.     

Que nesse Quarto Domingo do Advento toda a Comunidade Eclesial de Base seja provocada a acolher o grande amor do Pai, no seu gesto de doação de seu próprio Filho que já está às portas. De modo que todos sejam tocados pelo sim irrestrito de Deus, aos seus filhos e filhas, que encontra no coração da Virgem Maria morada e acolhida. Que todos ao ouvirem as palavras proferidas pela Virgem e a sua sincera adesão ao projeto salvífico, sejam provocados a também dizerem o seu sim cotidiano ao Senhor. De modo que a terra seja marcada por homens e mulheres transformados pela graça do Espírito Santo, que fez de Maria e pode fazer de todos, discípulos missionários de Jesus Cristo.

Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza

 https://diocesecachoeiro.org.br/ler.asp?codigo=4482

Nenhum comentário:

Postar um comentário