sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

REFLEXÃO DOMINICAL III DICAS DE HOMILIA - Sagrada Família, Jesus, Maria e José (Eclo 3,3-7.14-17a / Sl 127 / Cl 3,12-21 / Lc 2,41-52) Família: espaço do Amor - Família: espaço da Misericórdia - Família: espaço de Maturidade

 

 

REFLEXÃO DOMINICAL  III

DICAS DE HOMILIA - Sagrada Família, Jesus, Maria e José

 (Eclo 3,3-7.14-17a / Sl 127 / Cl 3,12-21 / Lc 2,41-52) 

Família: espaço do Amor - Família: espaço da Misericórdia - Família: espaço de Maturidade

No Primeiro Domingo depois do Natal do Senhor, a Igreja celebra a Sagrada Família de Nazaré, convidando todas as famílias a percorrerem o mesmo caminho trilhado por Jesus, Maria e José, reconhecendo neles um modelo de família para todas as famílias. A Primeira Leitura do livro de Sirácida recolhe, em poucos versículos, os passos de uma família fundamentada na Lei do Senhor, um espaço de comunhão e amor, no qual são todos formados para a fé. Na segunda leitura aos Colossenses, o autor apresenta como fundamental, em toda a ação dos cristãos a misericórdia, ela deve ser o fundamenta da vida eclesial, como um corpo unido a Cristo. Já no Evangelho, Lucas relata o momento em que a Família de Nazaré se recolhe no Templo para cumprir o preceito da Lei, que pedia a purificação de Maria e a apresentação do recém-nascido. Depois de ouvidas as palavras de Simeão e de Ana, o autor indica que a pequena e humilde família retorna para Nazaré, apresentado o espaço da casa como lugar da maturidade do menino Jesus, que crescia forte, em sabedoria e graça diante do Senhor.

Celebrar no último dia do ano civil a Sagrada Família é reconhecer nesse pequeno núcleo familiar um modelo para todas as famílias, marcadas por suas lutas, dificuldades e desafios cotidianos. O Livro de Sirácida traz uma reflexão sobre a sabedoria, não unida aos temas exatos ou científicos e abstratos, mas, ao contrário, propõe uma sabedoria vivida cotidianamente e que ganha força nas lutas diárias. Pois, para o autor, é sábio aquele que aprende a viver nos caminhos da própria vida, assumindo um modo de vida conforme à verdade, à dignidade e o reconhecimento de Deus e dos homens. Sendo assim, a sabedoria é um dom recebido por aquele que se coloca diante da vida no desejo de cumprir os desígnios de Deus, observando e cumprindo a Lei divina e seguindo os Seus preceitos nas pequenas coisas da vida. Na leitura proposta nesse domingo, o autor apresenta o temor do Senhor como princípio fundamental de sabedoria. Algo que deve ser entendido, não como um alienar-se dos deveres pessoais, mas um compromisso profundo com a própria responsabilidade pessoal diante de Deus e dos homens, de maneira especial, com os mais próximos, pais, mães, filhos e filhas. Sendo assim, o texto apresenta o espaço familiar como local propício para a formação, para o amor, colocando-a como um laboratório onde as primeiras relações e as mais importantes são aprendidas e comunicadas dos pais para os filhos. Nessa relação entre os pais e seus filhos é que nascem os homens e mulheres novos, marcados por laços de amor e fraternidade e convidados ao exercício da caridade no coração da família e para fora da mesma. Desse modo, o autor reforça que a família deve ser construída como um espaço de formação para respeito e o reconhecimento da dignidade dos pais pelos filhos e do cuidado dos filhos pelos seus genitores. A fim de que, nessa relação de amor mútuo se estabeleçam os laços de formação de pessoas marcadas por valores novos, nascidos no coração das famílias e comunicados aos filhos e filhas. Tudo isso, segundo o autor é dom de Deus e deve ser buscado por todos os membros da família, isto é, os pais e os filhos são responsáveis para fazer do lar um espaço fecundo para a formação do amor concreto e provado, nos desafios da vida cotidiana.   

Ao mesmo tempo que a família é apresentada como espaço de formação para o amor concreto, a segunda Leitura reforça a necessidade de se buscar a misericórdia como fundamento da vida eclesial e, por que não dizer, da própria família. A misericórdia é uma das ações que mais definem quem é Deus, Ele é misericordioso e cheio de compaixão para com os seus filhos e filhas. Em Jesus, a misericórdia de Deus é plenamente manifesta, todos são atingidos pelo amor do Pai que abraça a humanidade nos braços do seu Filho. Sendo assim, os cristãos atingidos por tamanho amor e bondade, são envolvidos em laços de misericórdia e formados nesse convívio divino. Desse modo, experimentando a misericórdia divina, todos são chamados a exercitá-la em seu dia a dia, a começar na comunidade eclesial e na vivência familiar. Quando o autor da carta aos Colossenses convida aos irmãos a viverem segundo a misericórdia, ele indica um modo de vida que deve ser para todas as Comunidades Eclesiais de Base, e, por que não dizer, para todas as famílias. Nessa vivência e exercício concreto da misericórdia no interior das famílias são formados homens e mulheres novos, marcados pela experiência do amor divino e convidados a se tornarem comunicadores do mesmo. Assim, nesse exercício contínuo dos valores do Evangelho, a família pode se tornar escola da vivência e da prática da misericórdia, lugar da comunhão e da fé.

        

No diálogo profundo da comunhão com o Senhor, todas as famílias são convocadas a viverem a sua vocação de escolas da fé, do amor, da misericórdia, enfim, dos valores do Evangelho. Nessa direção, o Evangelho desse domingo aponta esse caminho trilhado pela família de Nazaré, Jesus, Maria e José. O texto em questão, ressalta o cumprimento da Lei, na apresentação do menino Jesus ao Templo e na purificação de Maria,  segundo a Lei. O texto coloca diante do jovem casal de Nazaré dois anciãos, sinais claros de uma esperança nutrida no coração dos filhos e filhas de Israel. Todos desejavam ver a salvação do Senhor Deus, ansiavam por contemplar aquele que viria em nome do Senhor e, diante do menino Jesus, exultam por reconhecer o cumprimento das promessas divinas. A alegria invade o coração de Simeão e de Ana, que com o menino nos braços louvam o Deus Vivo e Verdadeiro. A família de Nazaré se apresenta diante de Deus e é acolhida por aqueles que ansiavam e esperavam a sua vinda. De fato, as palavras de ambos são de alegria, conforto e esperança, mas também indicam um caminho de provações e de dificuldades, ressaltando sempre, em todos os momentos a fidelidade de Deus. O Senhor será fiel àqueles que chamou para si e, nesse caso, sua fidelidade será sentida na vida dessa família na qual o seu Filho nasceu. O texto termina com o retorno de Maria, José e o menino Jesus à sua terra, escondem-se em Nazaré, voltam ao dia a dia, longe dos anjos que anunciaram aos pastores a alegria do Natal, distantes de Jerusalém. Eles retornam para o cotidiano da vida, lá onde as coisas simples acontecem, onde os filhos crescem e são formados, onde os pais trabalham e são desafiados pelas dificuldades do caminho e nutrem as suas maiores esperanças. Nesse espaço simples da vida, no coração da família, o texto do Evangelho diz que o menino Jesus se fortalecia, crescia em sabedoria e graça diante de Deus. A família foi para Ele, um espaço de maturidade, no qual, sem dúvida alguma Ele foi educado para a sua experiência com o Pai, no qual ele se descobriu e se reconheceu como Filho de Deus. Desse modo, a família de Nazaré oferece um caminho de maturidade para todos os pais e mães desse mundo, desafiados na educação de seus filhos e filhas e convocados a oferecerem, segundo aos valores da fé e do Evangelho, o que têm de melhor para aqueles que o Senhor lhes confiou. Um convite a fazerem do cotidiano da vida, um espaço de maturidade da fé e dos valores próprios daqueles que desejam seguir Jesus Cristo como seus discípulos e discípulas missionários. 

Que a celebração da Sagrada Família, nesse último domingo do ano, seja um sinal de esperança para todas as famílias, despertando nos corações dos pais, mães, filhos e filhas o desejo de viverem o amor concreto no coração das famílias. A fim de que na vivência do amor e da misericórdia todos sejam formados como novos homens e mulheres, capazes de trazer para todas as realidades dessa terra o novo do Reino de Deus. De modo que a família cumpra o seu papel, como espaço da formação de cristãos maduros, conscientes de seu papel na sociedade, promotores do bem comum, anunciadores do Evangelho, cheios da graça e da sabedoria de Deus.

 

Pe Andherson Franklin Lustoza de Souza

https://diocesecachoeiro.org.br/ler.asp?codigo=3375

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