quarta-feira, 5 de outubro de 2022

O PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS

 

primeiro turno das eleições presidenciais, em que o ex-presidente Lula obteve 48,41% dos votos válidos ante 43,22% do atual presidente, Jair Bolsonaro, revela a "a existência de uma maioria democrática", mas, igualmente, a existência de "uma direita forte e resiliente", disse o sociólogo Benedito Tadeu César. Segundo ele, "as pesquisas acertaram os índices do Lula, que estavam dentro da margem de erro. Mas, potencialmente, se imaginava que haveria um voto maior no Lula por causa de um voto cauteloso que as pessoas não estavam revelando por medo dos atos fascistas da extrema-direita. Mas o que se viu foi o contrário: há um voto envergonhado muito consistente e significativo para o Bolsonaro. Isso não aconteceu somente no plano nacional. No Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni aparecia em segundo lugar, mas quando a direita se uniu, elegeu Mourão com força. Há uma força de direita muito grande em muitos estados. Há, obviamente, uma força de esquerda, de centro-esquerda ou de insatisfação e recordação dos bons tempos no Nordeste e não só; há a possibilidade de o candidato do PT vencer na Bahia, o que parecia impossível. Então, tem conquistas", afirma.

 

Na avaliação do economista Róber Iturriet Avila, o resultado do primeiro turno indica que "extrema-direita está enraizada e muito mais forte do que se supunha. Tem um tamanho que nunca teve na história brasileira, alavancada por empresários, produtores rurais e organizações internacionais". De outro lado, sublinha, "o PT e o Lula conseguiram resistir a esse crescimento e hoje representam o campo democrático no Brasil".

 

Para o pesquisador Ricardo Evandro Santos Martins, a votação deste domingo sinaliza uma "mudança nos ventos da eleição para Presidência. Tudo parece indicar, em mera projeção ainda, a vitória de Lula sobre Bolsonaro neste segundo turno que ainda vem. Isto significa que a gestão, a governamentalidade, as políticas sobre vidas e mortes, do atual presidente, geraram mesmo grande rejeição".

 

Segundo o cientista político Giuseppe Cocco, "o voto que outra vez chamaríamos de classe, hoje está compacto na procura de um outro mundo e dividido nas opções eleitorais. O desafio colossal é de revitalizar a democracia no terreno mesmo de uma política dos trabalhadores pobres e dos pobres trabalhadores".

 

O historiador Valter Pomar destaca que o "resultado do primeiro turno mostrou que a maioria do eleitorado não aprova o 'cavernícola'. E que há mais de 56 milhões de brasileiras e de brasileiros que consideram que a saída para a crise nacional é pela esquerda". De acordo com ele, "há resultados positivos em vários estados, que poderiam ter sido maiores se a linha política predominante no PT tivesse sido outra. O caso do Rio Grande do Sul é exemplar: se não tivessem atrapalhado, o segundo turno seria de esquerda contra direita", afirma.

 

Para o jurista e ex-reitor da Universidade de Brasília – UnB, José Geraldo de Sousa Júnior, o resultado das eleições aponta para o resgate das esperanças. "Abre enormes possibilidades para, como afirmou o presidente Lula, poucos dias antes da votação, em encontro com economistas, personalidades e empresários, criar um ambiente político para a 'reunião dos divergentes para vencer os antagônicos'".

 

Entre os fenômenos desta eleição a serem analisados nos próximos dias, o cientista político Rudá Ricci destaca o número de bancadas conquistadas no Congresso pelo PT e o PL. "PT e PL fizeram as maiores bancadas federais. PL fez 99 deputados e PT saltou de 56 para 76. Como se percebe, Bolsonaro transferiu o voto do PSL para o PL. Este é o fenômeno a ser analisado". Ele destaca ainda que a votação expressiva de Bolsonaro e do bolsonarismo se deu no Brasil profundo do Centro-Sul, mas não ocorreu no Nordeste".

 

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/622664-eleicoes-2022-uma-maioria-democratica-e-uma-direita-forte-e-resiliente-algumas-analises

 

 

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