sexta-feira, 22 de março de 2024

2.1- Liturgia do DOMINGO DE RAMOS –Ano B

 

2.1-       Liturgia do DOMINGO DE RAMOS –Ano B

- A Celebração do Domingo de Ramos marca o início da Semana Santa. Esta celebração se realiza em duas partes distintas: a primeira, fora da Igreja, celebra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Sua última viagem à Cidade Santa, a viagem rumo à Paixão. A Paixão é a segunda parte da liturgia deste dia. Nela escutamos as leituras e o relato da Paixão do Senhor, neste ano, segundo o olhar de São Marcos. Ele é o texto mais curto, pois o evangelista tem pressa em anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, para apresentar-nos o Filho de Deus. Contudo, no relato da Paixão ele diminui a velocidade, se dedica aos detalhes, a fim de colocar os ouvintes, em contato com o maior gesto de amor realizado por Deus a nosso favor. Esta narrativa longa e completa tem uma razão de ser: a fim de que contemplemos, cena a cena, a autoentrega do servo obediente do Senhor. Essa narrativa memorial da Paixão e Morte do Senhor é essencial para a nossa fé cristã.

- As leituras de hoje estão ligadas e narram o sofrimento do Senhor, como consumação da salvação da humanidade. A primeira Leitura é da profecia de Isaías. Segundo os estudiosos, o autor deste texto é um discípulo do profeta Isaías que fala ao povo exilado na Babilônia. Sua mensagem é de consolação e esperança. Seu objetivo é animar o povo para o retorno e a reconstrução da Cidade Santa. Muitos dos exilados encontram-se tristes e desesperançados, não querem escutar a sua voz. Sentem-se abandonados pelo Senhor, como se canta no Salmo. Mesmo assim, o profeta não deixa de anunciar a salvação que há de ser realizada pelos sofrimentos de um misterioso Servo do Senhor. Ele é apresentado como um servo carregado de sofrimentos para levar a bom termo a vontade do Senhor.

 - Neste primeiro canto do Servo, ele narra a sua vocação de discípulo e mestre. Como mestre, ele tem a "língua adestrada" para dizer palavras de conforto à pessoa abatida. Contudo, ele antes é discípulo, cujo ouvido é estimulado pelo Senhor. Seu anúncio de consolação não é dado por otimismo ingênuo, mas por um contato íntimo, refletido e acolhido da Palavra do Senhor que lhe vem ao ouvido. Rejeitado, humilhado, machucado, o Servo não esmorece, mas persevera na sua missão, "impassível como pedra" pois confia exclusivamente no Senhor e ama os seus irmãos para os quais leva a salvação. Sabe que a sua missão não é vã. A profecia descreve a vida de Jesus e, de modo especial, sua Paixão, como gesto de fidelidade a toda sua missão. A Paixão é a consumação do anúncio do Evangelho que deve dar vida nova a todos os filhos e filhas de Deus. Jesus rejeitado, permanece impassível, pois sabe que sairá vitorioso, mesmo passando por humilhações.

- Chegamos nesta celebração após um caminho de quarenta dias. Desde o início, foi-nos apresentado um único caminho para este momento em que, com Jesus, devemos abraçar também a Cruz: a humildade e a caridade. Jesus é o rei humilde, em contraposição a toda ostentação de poderio do mundo. Jesus é servo, humilde e sofredor, que, por caridade, nos alcança a salvação.

- À comunidade de Filipos, Paulo havia ensinado que para que reine a humildade, o amor e a concórdia, isto é, o Reino de Cristo, é necessário ter entre eles "os mesmos sentimentos de Cristo Jesus" (2,1-5). Assim, Paulo apresenta estes sentimentos que moveram o Senhor por meio deste antigo hino sobre a "Kênose", isto é, sobre o esvaziamento do Senhor. Estes são os sentimentos do Senhor, e estes são os sentimentos que devem mover também a comunidade cristã, discípula do Filho amado de Deus. Ele esvaziou-se, não bastando descer de sua condição divina, pré-existente e assumindo a humanidade, mas ainda mais rebaixando-se a si mesmo, como escravo, humilhando-se até a morte, e morte de cruz. A este rebaixamento, o Pai recompensa elevando-o ao mais alto grau, acima de todas as criaturas, do céu, da terra e debaixo da terra. Deus é o Senhor! Portanto, esta é a estrada para o Reino de Jesus: a humildade e a caridade. A comunidade não chegará a lugar algum pela arrogância. O orgulho é a raiz de todos os pecados. Por isso, na humildade fomos convidados ao reconhecimento de nossos pecados e de nossa condição de criaturas, salvas pela graça de Deus. Na caridade, somos convidados a unir o nosso sofrimento, e todo sofrimento existente, ao sofrimento de Cristo na cruz, pois foi isso que Ele fez pela humanidade. No altar da Cruz, Ele ofereceu o seu Corpo em sacrifício, para redenção de todo o sofrimento da humanidade ferida pelo pecado.

 - Hoje a Igreja, o Corpo de Cristo, pela Celebração da Eucaristia, continua oferecendo pelo mundo, não outro, mas aquele mesmo grande serviço da Páscoa a favor da humanidade. Assim, devemos assumir em nós a realeza de Cristo, pela realeza batismal, como autoridade para servir, para levar consolo aos que sofrem, para nos rebaixarmos humildemente à vontade do Senhor, e para continuamente unirmos, à Cruz de Cristo, o sofrimento de toda a humanidade, para que seja redimida e libertada pelo seu único Senhor e Salvador: Jesus Cristo. Permaneçamos firmes é impassíveis, mesmo diante das angústias, desafios e sofrimentos do tempo presente.

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