II-
OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...
2.1- Bem-vindos, irmãos e irmãs!
Sejam bem-vindos, queridos irmãos e
irmãs! Bendito seja o Senhor que, por seu Espírito, moveu os nossos corações e
nos trouxe até aqui para celebrarmos a nossa fé. Que a acolhida cada vez mais
frutuosa da Palavra de Deus aumente a nossa esperança e nos motive à conversão.
Jesus
mostra aos discípulos o caminho da cooperação na missão evangelizadora e não da
divisão e do individualismo. Que a celebração da Eucaristia dê novo vigor ao
compromisso com a partilha dos nossos dons e talentos pelo bem do Reino de Deus.
O
último Domingo do mês de setembro é o dia da Bíblia, o "Domingo da Palavra
de Deus". A Liturgia neste dia
nos convida a acolher e guardar a Palavra em nossos corações, de modo que,
instruídos por ela, saibamos reconhecer a ação do Espírito que se manifesta em
diferentes realidades, para além da nossa Igreja e da nossa fé em Jesus. O Espírito
sempre nos precede e lança as suas sementes de bem, de justiça e de amor no
coração de todas as pessoas. A missão da Igreja é saber identificá-las,
acolhê-las e delas cuidar, para que continuem a crescer e produzir frutos.
No último
domingo do mês de setembro, celebramos o Dia Nacional da Bíblia. A
Igreja no Brasil dedica este mês à Bíblia. Neste ano de 2014,
aprofundamos o tema: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de
Mateus”, motivados pelo lema: “Ide fazer discípulos e ensinai”. A
motivação deste mês temático vem do fato de a Igreja celebrar, em 30 de
setembro, a memória do grande santo e doutor da Igreja, São
Jerônimo, que, a pedido do Papa Dâmaso (366-384), preparou a
tradução da Bíblia em latim, a partir das línguas originais. Foi um trabalho
gigantesco, que demandou muitos anos e estudos. São Jerônimo dizia que
quem não conhece os Evangelhos não conhece Cristo.
São
Jerônimo (347-420), chamado de “Doutor Bíblico”, nasceu
na Dalmácia e educou-se em Roma; é um dos Padres da Igreja Latina; sabia
o grego, o latim e o hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita.
Em 379, foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de
São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi
secretário do Papa São Dâmaso. Pregava o ideal de santidade entre as
mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia
os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a
austeridade, o temperamento forte, o amor à Igreja e à Sé de Pedro.
Conhecer
a Palavra de Deus é fundamental para todo cristão.
A Carta aos Hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de
dois gumes, e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e
discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). Jesus
conhecia profundamente o Antigo Testamento. Isso é o suficiente
para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, Ele venceu o
demônio lançando em seu rosto, por três vezes, a santa Palavra. Quando o
tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães para provar Sua filiação
divina, Jesus lhe disse: “O homem
não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt
8,3c).
É
preciso acolher, ler e estudar a Bíblia todos os dias! O Papa
Francisco insiste sempre em levarmos no bolso (e nos
aplicativos) um exemplar do Evangelho, para ler durante o dia onde
quer que estejamos. Isso nos faz aquecer a alma com um trecho dela; e saber
usá-la nos momentos de dor, dúvida, angústia, medo etc. Abra a Palavra,
deixe Deus falar a seu coração. E fale com Deus; é a maneira mais
fácil de rezar (Leitura, Meditação, Oração e Contemplação).
O
Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías;
cuja boca tornou “semelhante a
uma espada afiada” (Is 49,2): “Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter
regado a terra, sem a ter fecundado e feito germinar as plantas, sem dar o grão
a semear e o pão a comer, assim acontece à Palavra que minha boca profere: não
volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e
cumprido a sua missão” (Is 55,10).
A
Palavra de Deus é transformadora, santificante! São
Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo, com toda
convicção: “Toda a Escritura é
inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar
na justiça” (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento
indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter “os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl
2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a sua santa Palavra.
São Jerônimo dizia que “quem
não conhece o Evangelho não conhece Jesus Cristo”. Jesus nos
ensina que “a Escritura não pode
ser desprezada” (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo:
“aplica-te à leitura da Palavra” (1Tm
4,13). Ela não é palavra humana, mas “palavra de Deus... que age eficazmente em vós” (1Ts
2,13).
Jesus
é a própria Palavra de Deus, o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,1s). “No livro do Apocalipse, São João viu o
Filho do homem”… “e de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes” (Ap
1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de
Deus. Além da leitura, é muito importante aprofundar o conhecimento das
escrituras.
Cada
ano, no Brasil, no Mês da Bíblia somos convidados a aprofundar um dos livros
bíblicos. É preciso estudar a Bíblia, fazer um curso
bíblico ou outros tipos de aprofundamento para que não caiamos em
fanatismos e fundamentalismos. Ela não é um livro de ciência, mas, sim,
da revelação da vontade de Deus para nossa salvação.
É a
Igreja quem tem o serviço de interpretar os textos bíblicos. E
isso é feito de maneira especial através do Sagrado Magistério, dirigido pela
cátedra de Pedro (o Papa), e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o
acervo sagrado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou no
passado e continua fazendo no presente. (Jo 14, 15.25; 16, 12-13).
Conduzidos pelo Espírito e alicerçados no Magistério poderemos caminhar com
segurança, acolhendo a Palavra de Deus em nossas vidas: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da
verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13a).
Que
a leitura orante (lectio
divina), juntamente com o aprofundamento e conhecimento
das Sagradas Escrituras neste mês temático, nos ajudem ainda mais a amar
as Escrituras e encontrar, na revelação, que é Jesus Cristo Nosso Senhor, nossa
vida e salvação. A Ele queremos seguir e anunciar aos irmãos e irmãs. Ele
é a Palavra que se fez carne e veio habitar no meio de nós! N’Ele está
a vida e a salvação!
Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo
do Rio de Janeiro (RJ)
https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/dia-da-biblia-e-preciso-acolher-ler-e-estudar-a-biblia-todos-os-dias
2.2-
Liturgia do 26.º Domingo do Tempo Comum– Ano B
- A
liturgia deste Domingo é um convite a acolhermos a ação do Espírito que, como
vento, "sopra onde quer" (Jo 3,8). O Espírito Santo de Deus é livre,
e não se limita aos nossos esquemas hierárquicos, nem mesmo estruturais, ou de
pensamento, e muito menos em nossas ideologias. Quanto mais purificarmos o
nosso olhar para acolhermos a ação do Espírito que se manifesta no outro, no
diferente, naquele que não faz parte do meu grupo, ou até mesmo, da nossa
Igreja, com muito mais clareza entenderemos o seu projeto de amor e salvação
que atinge a todos os que, de uma forma ou de outra, permitem-se guiar por Deus
na prática do bem, na vivência do amor e na promoção da justiça.
- A primeira leitura nos mostra o episódio
em que Deus "divide o Espírito" que há em Moisés para liderar o povo
com os setenta anciãos escolhidos para ajudá-lo na missão de guiar o numeroso
povo de Israel em sua peregrinação pelo deserto rumo à Terra Prometida. Dois
deles não estavam reunidos com Moisés, porém, assim como os outros do
acampamento receberam também o Espírito e começaram a profetizar. Josué
aconselha Moisés que mandem estes que estavam fora do grupo a se calarem. No
Evangelho, uma cena semelhante: um homem expulsando demônios em nome de Jesus,
mas que foi proibido pelos discípulos. Em ambos os episódios, tanto Jesus
quanto Moisés permitem que estes continuem a manifestar, pelas suas obras, a
força do Espírito de Deus. Moisés diz: "Quem dera que todo o povo do
Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito!" (Nm
11,29) e Jesus diz: "Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome
para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor" (Mc
9,39-40).
-
Moisés e Jesus nos ensinam a acolher o dom do Espírito que se manifesta para
fora da comunidade. É preciso saber reconhecer a ação do Espírito que precede a
comunidade, muitas vezes, inclusive a chegada do Evangelho. Seria limitar
demais a ação de Deus aos nossos esquemas e organizações. Deus é maior que tudo
isso! Todavia, para reconhecer isso, é preciso, antes, acolhermos em nós tal
dom e alimentarmos o conhecimento de Deus, pela acolhida à sua Palavra. Neste
Domingo da Palavra de Deus, que encerra o mês da Bíblia, respondemos no salmo
que "A lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração" (Sl
18(19),8a.9a). O salmista canta a perfeição que encerra a Lei de Deus, seu
testemunho é fiel, seu julgamento é correto. A nós, cabe empenhar-nos em
guardar a Palavra, para acolhermos a sua sabedoria e por ela nos guiar em
nossas ações e decisões. O verdadeiro seguidor de Cristo é aquele que, movido
pelo Espírito, sabe que deve buscar para si a conversão, saber julgar e
examinar-se a si mesmo e não os outros. Aos outros, ele deve servir, oferecer o
seu amor e seu acolhimento, para que estes também façam a experiência plena do
Espírito que os leve também à conversão necessária. Não é apontando o dedo aos
pecados dos outros que vamos ajudá-los a conhecer Jesus, mas acolhendo as
sementes do Espírito que já agem nele e ajudando-o a fazer com que esta semente
germine, cresça e produza ainda mais frutos.
- O
Espírito Santo, que se faz presente onde quer, ao alcançar o coração dos seres
humanos, revela que a verdadeira riqueza é o Senhor e o seu plano de amor, e
não as riquezas deste mundo; assim denuncia profeticamente o Apóstolo Tiago.
Peçamos ao Senhor olhos espirituais capazes de ver que o Espírito de Deus está
agindo no meio das tantas formas de egoísmo e maldade que existem neste mundo,
de modo que, cuidando destas sementes do bem e da justiça que o Espírito já
espalhou unamos as nossas forças na construção de uma sociedade mais justa que
expresse, a beleza do Reino.
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