sábado, 14 de setembro de 2024

XIII- "INDAGAÇÕES..." Lindolivo Soares Moura (*) ( **)

 

XIII-  "INDAGAÇÕES..."

Lindolivo Soares Moura (*) ( **)

 

      "O coração tem  razões  que  a própria  razão desconhece" (René Pascal)

O que é, por favor me digam, essa tal de felicidade? Alguém que a tenha encontrado, pode acalmar minha alma!? Terá ela a ver com idade, menor ou maioridade, recordar ou esquecer!? Ou com chegada ou partida, o melhor ou pior desta vida, com o que a vida pode ser? Terá algo a ver com o medo, vazio ou desilusão, com aquilo que a paixão pode enfim oferecer? Ou terá a ver quem sabe, com a falta ou a fartura, o desapego ou a usura, um certo modo de ser?

Ou será talvez quem sabe, que essa tal de felicidade, tem a ver na verdade, com o que chamamos simplicidade? Com a leveza de um semblante, de um sorriso contagiante, que não conhece a maldade?Pergunto agora a você, que viveu um pouco mais: terá a felicidade, algo a ver com a esperança, com recordar as lembranças, do que não volta jamais!? Em reviver o passado, com tanta imaginação, com tanto amor e paixão, que a mente descansa em paz!?

Que me diga quem for adulto - redobro minha atenção - se tem valido de fato, tanta preocupação. Se todo o tempo investido, o esforço redobrado, o coração dividido, têm sido compensados.

Se quem você pensa que ama, que por você chama e reclama, se sente de fato amado. Poderia me responder, sem que se sinta culpado?

Com a palavra os mais jovens, para sua contribuição: por favor, vamos me ajudem, a formar opinião. Em que consiste, afinal, essa tal de felicidade? Sejam francos e sinceros, pois preciso da verdade. Um deles então me disse, que essa tal felicidade, poderia estar - quem sabe - em conhecer a verdade. Contou- me então que ouvira, de certo sábio um dia, em forma de cantoria, uma estranha afirmação: "que prazer e alegria, deveriam ser como irmãos. 'Irmãos gêmeos', repetia, e que é preciso certa magia, pra fazer a distinção: que o prazer alimenta o corpo, a alegria o coração. Juntos produzem benção, separados desilusão.

Foi-se o jovem muito triste, sem saber eu a razão; só mais tarde compreendi, por que a decepção: seu coração inquieto, aprendera a lição, sem porém haver ainda, alcançado essa união.

Finalmente resolvi, procurar pelas crianças: queria saber também delas, o que seria afinal, essa tal de "bem-aventurança". Nenhuma porém se deteve, para me dar atenção. Gritos sim, altos se ouviam, correria muito mais! Tudo parecia magia, a preencher suas almas. Decidi voltar pra casa, e acalmar meu coração, e quem sabe retornar, em melhor ocasião.

 

Foi então que me dei conta, de que a tal de felicidade, sem que eu me apercebesse, ao meu lado se encontrava. E que outra coisa não era, senão viver o presente, mas não viver por viver, e sim viver intensamente! Se há um tempo prá cada coisa, por que saltar de estação!? Se a hora é prá sorrir, por que tanta preocupação!? Se a tristeza bate forte, por que não lhe dar atenção!? Se o luto vem à porta, por que não dar-lhe vazão!? Mas se a alegria habita a alma, e a felicidade pede passagem, por que fechar-lhes o coração!? As crianças, dei-me conta, sem saber me ensinaram, que quem sabe "faz a hora", e que a hora "é agora". E que viver só vale a pena, se se vive com paixão!

E assim minha pergunta, pela tal felicidade, continuou ecoando, sem encontrar "a" verdade.

A cada alguém que eu indagava, em cada porta que eu batia, diferentes respostas me davam, outra lição aprendia.

Resolvi então abrir mão, de querer tudo entender, ouvir e obedecer, as exigências da razão. Ando menos preocupado, mais leve e mais ocupado, com as coisas do coração. Aos poucos vou descobrindo, que mistério e fantasia, sugerem contemplação. Técnica e tecnologia!? - Nada contra! Mas o que não posso e não quero, e disso não abro mão, é que diante do mistério, me exijam explicação. E que a vida foi toda feita, pra alegria e diversão, e que ação e trabalho, só mesmo como exceção.

Vez por outra eu confesso, elevo aos céus uma prece, pois como dizia Pascal, e nisso não sem razão, "o coração tem razões, que a própria razão desconhece"!

                

(*) Reflexão enviada por whatsapp, de Vitória(ES)

(**)(**)Psicólogo e Professor Universitário no Consultório de Psicologia- Universidade Federal do Espírito Santo- Vila Velha, Espírito Santo, Brasil.

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