sábado, 28 de setembro de 2024

II- OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...

 

 

II-           OLÁ! PRA COMEÇO DE CONVERSA...

 

2.1- Bem-vindos, irmãos e irmãs!

 

Sejam bem-vindos, queridos irmãos e irmãs! Bendito seja o Senhor que, por seu Espírito, moveu os nossos corações e nos trouxe até aqui para celebrarmos a nossa fé. Que a acolhida cada vez mais frutuosa da Palavra de Deus aumente a nossa esperança e nos motive à conversão.

Jesus mostra aos discípulos o caminho da cooperação na missão evangelizadora e não da divisão e do individualismo. Que a celebração da Eucaristia dê novo vigor ao compromisso com a partilha dos nossos dons e talentos pelo bem do Reino de Deus.

 O último Domingo do mês de setembro é o dia da Bíblia, o "Domingo da Palavra de Deus". A Liturgia neste dia nos convida a acolher e guardar a Palavra em nossos corações, de modo que, instruídos por ela, saibamos reconhecer a ação do Espírito que se manifesta em diferentes realidades, para além da nossa Igreja e da nossa fé em Jesus. O Espírito sempre nos precede e lança as suas sementes de bem, de justiça e de amor no coração de todas as pessoas. A missão da Igreja é saber identificá-las, acolhê-las e delas cuidar, para que continuem a crescer e produzir frutos.

No último domingo do mês de setembro, celebramos o Dia Nacional da Bíblia. A Igreja no Brasil dedica este mês à Bíblia. Neste ano de 2014, aprofundamos o tema: “Discípulos Missionários a partir do Evangelho de Mateus”, motivados pelo lema: “Ide fazer discípulos e ensinai”. A motivação deste mês temático vem do fato de a Igreja celebrar, em 30 de setembro, a memória do grande santo e doutor da Igreja, São Jerônimo, que, a pedido do Papa Dâmaso (366-384), preparou a tradução da Bíblia em latim, a partir das línguas originais. Foi um trabalho gigantesco, que demandou muitos anos e estudos. São Jerônimo dizia que quem não conhece os Evangelhos não conhece Cristo.

 

São Jerônimo (347-420), chamado de “Doutor Bíblico”, nasceu na Dalmácia e educou-se em Roma; é um dos Padres da Igreja Latina; sabia o grego, o latim e o hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379, foi ordenado sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do Papa São Dâmaso. Pregava o ideal de santidade entre as mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam-se a austeridade, o temperamento forte, o amor à Igreja e à Sé de Pedro.

 

Conhecer a Palavra de Deus é fundamental para todo cristão. A Carta aos Hebreus diz que “a Palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até a divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). Jesus conhecia profundamente o Antigo Testamento. Isso é o suficiente para que todos nós façamos o mesmo. Na tentação do deserto, Ele venceu o demônio lançando em seu rosto, por três vezes, a santa Palavra. Quando o tentador pediu que Ele transformasse as pedras em pães para provar Sua filiação divina, Jesus lhe disse: “O homem não vive só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor” (Dt 8,3c).

 

É preciso acolher, ler e estudar a Bíblia todos os dias! Papa Francisco insiste sempre em levarmos no bolso (e nos aplicativos) um exemplar do Evangelho, para ler durante o dia onde quer que estejamos. Isso nos faz aquecer a alma com um trecho dela; e saber usá-la nos momentos de dor, dúvida, angústia, medo etc. Abra a Palavra, deixe Deus falar a seu coração. E fale com Deus; é a maneira mais fácil de rezar (Leitura, Meditação, Oração e Contemplação).

 

O Espírito Santo nos ensina essa verdade pela boca do profeta Isaías; cuja boca tornou “semelhante a uma espada afiada” (Is 49,2): “Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltam sem ter regado a terra, sem a ter fecundado e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à Palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado a minha vontade e cumprido a sua missão” (Is 55,10).

 

A Palavra de Deus é transformadora, santificante! São Paulo explica isso a seu jovem discípulo Timóteo, com toda convicção: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para persuadir, para corrigir e formar na justiça” (2Tm 3,16). Ela é, portanto, um instrumento indispensável para a nossa santificação. Não conseguiremos ter “os mesmos sentimentos de Cristo” (Fl 2,5) sem ouvir, ler, meditar, estudar e conhecer a sua santa Palavra. São Jerônimo dizia que “quem não conhece o Evangelho não conhece Jesus Cristo”. Jesus nos ensina que “a Escritura não pode ser desprezada” (Jo 10,34). São Paulo recomendava a Timóteo: “aplica-te à leitura da Palavra” (1Tm 4,13). Ela não é palavra humana, mas “palavra de Deus... que age eficazmente em vós” (1Ts 2,13).

 

Jesus é a própria Palavra de Deus, o Verbo de Deus que se fez carne (Jo 1,1s)“No livro do Apocalipse, São João viu o Filho do homem”… “e de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes” (Ap 1,16). É o símbolo tradicional da irresistível penetração da Palavra de Deus. Além da leitura, é muito importante aprofundar o conhecimento das escrituras.

 

Cada ano, no Brasil, no Mês da Bíblia somos convidados a aprofundar um dos livros bíblicos. É preciso estudar a Bíblia, fazer um curso bíblico ou outros tipos de aprofundamento para que não caiamos em fanatismos e fundamentalismos. Ela não é um livro de ciência, mas, sim, da revelação da vontade de Deus para nossa salvação.

 

É a Igreja quem tem o serviço de interpretar os textos bíblicos. E isso é feito de maneira especial através do Sagrado Magistério, dirigido pela cátedra de Pedro (o Papa), e da Sagrada Tradição Apostólica, que constitui o acervo sagrado da Igreja e de tudo quanto o Espírito Santo lhe revelou no passado e continua fazendo no presente. (Jo 14, 15.25; 16, 12-13). Conduzidos pelo Espírito e alicerçados no Magistério poderemos caminhar com segurança, acolhendo a Palavra de Deus em nossas vidas: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da verdade, ensinar-vos-á toda a verdade” (Jo 16,13a).

 

Que a leitura orante (lectio divina), juntamente com o aprofundamento e conhecimento das Sagradas Escrituras neste mês temático, nos ajudem ainda mais a amar as Escrituras e encontrar, na revelação, que é Jesus Cristo Nosso Senhor, nossa vida e salvação. A Ele queremos seguir e anunciar aos irmãos e irmãs. Ele é a Palavra que se fez carne e veio habitar no meio de nós! N’Ele está a vida e a salvação!

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

https://www.a12.com/redacaoa12/igreja/dia-da-biblia-e-preciso-acolher-ler-e-estudar-a-biblia-todos-os-dias

 

2.2-   Liturgia do 26.º Domingo do Tempo Comum– Ano B

- A liturgia deste Domingo é um convite a acolhermos a ação do Espírito que, como vento, "sopra onde quer" (Jo 3,8). O Espírito Santo de Deus é livre, e não se limita aos nossos esquemas hierárquicos, nem mesmo estruturais, ou de pensamento, e muito menos em nossas ideologias. Quanto mais purificarmos o nosso olhar para acolhermos a ação do Espírito que se manifesta no outro, no diferente, naquele que não faz parte do meu grupo, ou até mesmo, da nossa Igreja, com muito mais clareza entenderemos o seu projeto de amor e salvação que atinge a todos os que, de uma forma ou de outra, permitem-se guiar por Deus na prática do bem, na vivência do amor e na promoção da justiça.

- A primeira leitura nos mostra o episódio em que Deus "divide o Espírito" que há em Moisés para liderar o povo com os setenta anciãos escolhidos para ajudá-lo na missão de guiar o numeroso povo de Israel em sua peregrinação pelo deserto rumo à Terra Prometida. Dois deles não estavam reunidos com Moisés, porém, assim como os outros do acampamento receberam também o Espírito e começaram a profetizar. Josué aconselha Moisés que mandem estes que estavam fora do grupo a se calarem. No Evangelho, uma cena semelhante: um homem expulsando demônios em nome de Jesus, mas que foi proibido pelos discípulos. Em ambos os episódios, tanto Jesus quanto Moisés permitem que estes continuem a manifestar, pelas suas obras, a força do Espírito de Deus. Moisés diz: "Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito!" (Nm 11,29) e Jesus diz: "Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor" (Mc 9,39-40).

- Moisés e Jesus nos ensinam a acolher o dom do Espírito que se manifesta para fora da comunidade. É preciso saber reconhecer a ação do Espírito que precede a comunidade, muitas vezes, inclusive a chegada do Evangelho. Seria limitar demais a ação de Deus aos nossos esquemas e organizações. Deus é maior que tudo isso! Todavia, para reconhecer isso, é preciso, antes, acolhermos em nós tal dom e alimentarmos o conhecimento de Deus, pela acolhida à sua Palavra. Neste Domingo da Palavra de Deus, que encerra o mês da Bíblia, respondemos no salmo que "A lei do Senhor Deus é perfeita, alegria ao coração" (Sl 18(19),8a.9a). O salmista canta a perfeição que encerra a Lei de Deus, seu testemunho é fiel, seu julgamento é correto. A nós, cabe empenhar-nos em guardar a Palavra, para acolhermos a sua sabedoria e por ela nos guiar em nossas ações e decisões. O verdadeiro seguidor de Cristo é aquele que, movido pelo Espírito, sabe que deve buscar para si a conversão, saber julgar e examinar-se a si mesmo e não os outros. Aos outros, ele deve servir, oferecer o seu amor e seu acolhimento, para que estes também façam a experiência plena do Espírito que os leve também à conversão necessária. Não é apontando o dedo aos pecados dos outros que vamos ajudá-los a conhecer Jesus, mas acolhendo as sementes do Espírito que já agem nele e ajudando-o a fazer com que esta semente germine, cresça e produza ainda mais frutos.

- O Espírito Santo, que se faz presente onde quer, ao alcançar o coração dos seres humanos, revela que a verdadeira riqueza é o Senhor e o seu plano de amor, e não as riquezas deste mundo; assim denuncia profeticamente o Apóstolo Tiago. Peçamos ao Senhor olhos espirituais capazes de ver que o Espírito de Deus está agindo no meio das tantas formas de egoísmo e maldade que existem neste mundo, de modo que, cuidando destas sementes do bem e da justiça que o Espírito já espalhou unamos as nossas forças na construção de uma sociedade mais justa que expresse, a beleza do Reino.

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