domingo, 31 de maio de 2020

O PROBLEMA DA FOME EM TEMPOS DE PANDEMIA




A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS AUMENTOU A MISÉRIA

A crise do novo coronavírus poderá fazer com que mais de 135 milhões de pessoas entrem em situação de fome em 2020, diz ONU em novo informe sobre a desnutrição no mundo. No ano passado, estimava-se que 130 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar aguda e, em 2020, devido às consequências econômicas do Covid-19, esse número pode mais que dobrar e chegar a 265 milhões.

A crise do novo coronavírus poderá fazer com que mais de 135 milhões de pessoas entrem em situação de fome em 2020, diz ONU em novo informe sobre a desnutrição no mundo. No ano passado, estimava-se que 130 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar aguda e, em 2020, devido às consequências econômicas do Covid-19, esse número pode mais que dobrar e chegar a 265 milhões.

“A Covid-19 é potencialmente catastrófica para milhões de pessoas que já estão ‘por um fio'”, explicou Arif Husain, economista chefe e diretor de pesquisa do Programa Mundial de Alimentos. Segundo oficiais da ONU, África, Ásia e América Latina serão os mais atingidos. Terão desemprego, perda queda de exportação, perda de renda e crise sanitária.

O Brasil e a fome


No Brasil, o drama da fome faz parte da história e dos discursos de quem ocupou a cadeira principal do Executivo. “A fome não é um fenômeno natural. É um fenômeno social, produto de estruturas econômicas defeituosas”, afirmou, em 1946, o geógrafo e cientista social, Josué de Castro, no livro “Geografia da fome”.

Mais de sete décadas depois, o país ainda não foi capaz de acabar com esse problema estrutural e dramático, e que revela as profundas desigualdades no país.

“A questão da fome é ofuscada pela culpabilização dos pobres por sua situação, incluindo o número de filhos e falta de esforço, mas a condição de pobreza é estrutural, de exclusão e exploração socioeconômica”, acrescenta o professor de ciências políticas, Vicente Faleiros. Entre os anos de 1930 a 1963, o país, que passava pelo processo de industrialização, iniciou estudos da fome e da nutrição e percebeu que a classe trabalhadora sofria pela elevada ocorrência de doenças nutricionais relacionadas à miséria, à pobreza e ao atraso econômico.

Em 2014, a luta no combate à fome teve um avanço em números. O Brasil ficou entre as 10 maiores economias do mundo e 40 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema. “O Bolsa Família, que ajudou a perceber a fome como um problema integral, não pode ser entendido como uma medida auxiliar ou uma medida assistencialista, ele tem que ser entendido como uma medida pública, de estado, de desenvolvimento, de criação de empregos, de criação de renda”, analisa o professor e historiador Frederico Tomé.

Isso se deve ao sucesso de programas sociais como o Bolsa Família, responsável por retirar milhões de pessoas do mapa da fome. O IBGE mostra que a desnutrição caiu 82% entre 2002 e 2013. Em 2000, de acordo com a FAO, 18 milhões de pessoas passavam fome no Brasil.


ONU teme aumento de fome, conflitos e pobreza devido a pandemia


O Órgão pediu US$ 6,7 bilhões para ajudar países mais pobres e vulneráveis a enfrentar consequências do novo coronavírus. Pico de infecções ainda está por vir, mas populações já sofrem com escassez de alimentos.

As Nações Unidas temem que a população mais pobre do planeta sofra com mais fome, guerras e pobreza devido à pandemia do coronavírus Sars-Cov-2. 

A ONU disse precisar de um total de 6,7 bilhões de dólares para auxiliar países frágeis e vulneráveis a combater as consequências da disseminação do vírus. O montante é mais que o triplo do que foi estipulado em março pelo órgão, de 2 bilhões de dólares.  

"A não ser que adotemos ações agora, teremos que nos preparar para um aumento significativo de conflitos, fome e pobreza. O fantasma de múltiplas ondas de fome está à espreita", disse o coordenador da ajuda emergencial da ONU, Mark Lowcock. 

O chefe humanitário da ONU reiterou que o pico da pandemia só deverá atingir as nações mais pobres do planeta em três a seis meses. Porém, as populações mais vulneráveis já estão sentindo as consequências do coronavírus, com queda de salários, eliminação de postos de trabalho e escassez de alimentos. Além disso, as crianças de famílias economicamente frágeis estão ficando sem vacinas e merendas escolares. 

À agência de notícias alemã DPA, Lowcock disse também que o aumento da pobreza poderia deixar populações à mercê de extremistas, apontando para atividades terroristas crescentes no Oriente Médio e na região africana do Sahel.

Ele alertou igualmente para um aumento de movimentos migratórios no mundo. "Quando as pessoas não conseguem sobreviver, se deslocam", constatou. 



Fantasma da fome cresce no Brasil com destruição da renda na pandemia


As regras de isolamento afetaram abruptamente a renda dos brasileiros mais pobres e jogaram dezenas de milhões de trabalhadores do setor informal nas fileiras dos desempregados.

No Brasil, grandes avanços foram feitos para erradicar a fome na primeira década deste século, quando um sexto da população foi tirada da pobreza. Para muitos agora no Rio, seu retorno é devastador.

Embora não existam estatísticas nacionais sobre o aumento da fome desde a pandemia, grupos humanitários disseram que já estão lutando para intensificar os programas alimentares, desviando dinheiro de outras áreas para levar encomendas a pessoas como Paula.

Eles alertam que o novo coronavírus causará fome em uma escala nunca vista em décadas, agravando a pobreza que já estava aumentando devido a cortes nos programas sociais depois que o Brasil entrou em uma recessão profunda e duradoura em 2015, em meio ao colapso dos preços das commodities.

A tragédia crescente colocou em foco o custo humano dos bloqueios que, segundo especialistas em saúde, são necessários para retardar a propagação do vírus.

É provável que essa crise forneça munição ao presidente Jair Bolsonaro, que repetidamente ridicularizou as medidas de distanciamento social de linha dura como um "veneno", cujas consequências econômicas poderiam ser mais perigosas que o Covid-19.

Apesar de o Brasil ser um dos principais exportadores de alimentos, organizações humanitárias dizem que há famílias que ficam sem comer uma refeição por dois ou três dias em comunidades pobres. Agora, as ONGs estão se esforçando para intensificar seus programas alimentares para levar cestas a famílias carentes.

“A gente tem mais de 30 milhões de profissionais informais no Brasil inteiro que simplesmente do dia para noite foram jogados para extrema pobreza porque com a quarentena não podem trabalhar", disse Kiko Afonso, diretor-executivo da organização não governamental Ação da Cidadania, que está distribuindo toneladas de comida no Rio e em várias outras cidades brasileiras.

“As famílias nesta faixa de renda não têm crédito, não têm poupança, e sem renda passam a não ter absolutamente nada para usar para alimentos.”

COMIDA MESMO


O Congresso aprovou no final de março um pagamento mensal em dinheiro de 600 reais a trabalhadores informais que perderam sua renda, um programa de emergência que custará 98 bilhões de reais ao governo e beneficiará 54 milhões de pessoas. Mas especialistas dizem que isso não será suficiente para alimentar as famílias que estão passando para a extrema pobreza.

A pandemia atingiu o Brasil no momento em que a maior economia da América Latina ainda luta para superar uma recessão de 2015-2016 e lida com cortes em programas sociais que ajudaram a livrar 30 milhões de pessoas da pobreza e tiraram o Brasil do mapa da fome do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas em 2014.

Mais de 3 milhões de brasileiros caíram abaixo da linha de extrema pobreza entre 2014 e 2018, disse Marcelo Neri, especialista em desigualdade do FGV Social na Fundação Getúlio Vargas, no Rio.

Mais de 13 milhões de brasileiros foram considerados em extrema pobreza no final de 2019, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas dizem que esse número aumentou significativamente, pelo menos temporariamente.

A Caritas, organização católica de assistência, disse que as famílias brasileiras mais pobres já estavam sofrendo o impacto das políticas de austeridade, e a crise econômica agora tornará difícil colocar comida na mesa.

 

Oração do Papa à Virgem Maria para pedir ajuda contra o coronavírus


“Ó Maria,
Tu sempre brilhas em nosso caminho como sinal de salvação e esperança.
Nós nos entregamos a Ti, Saúde dos Enfermos, que na Cruz foste associada à dor de Jesus, mantendo firme a Tua fé.
Tu, Salvação do povo romano, sabes do que precisamos e temos a certeza de que garantirás, como em Caná da Galileia, que a alegria e a celebração possam retornar após este momento de provação.
Ajuda-nos, Mãe do Divino Amor, a nos conformarmos com a vontade do Pai e a fazer o que Jesus nos disser. Ele que tomou sobre si nossos sofrimentos e tomou sobre si nossas dores para nos levar, através da Cruz, à alegria da Ressurreição. Amém.
Sob a Tua proteção, buscamos refúgio, Santa Mãe de Deus.
Não desprezes as nossas súplicas, nós que estamos na provação, e livra-nos de todo perigo, Virgem gloriosa e abençoada”.


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