X- SANTO AGOSTINHO E A MORTE
Reflexões
de Santo Agostinho sobre a morte
Rodrigo Luiz dos Santos
(*)
“(…) É como se estivesse
escondido no quarto ao lado. Eu sempre serei eu e tu serás sempre tu. O
que éramos antes um para o outro o somos ainda” (Santo Agostinho).
Santo Agostinho é um dos pensadores
mais estimados no mundo. Ele viveu por volta de 400 d.C. e, desde
então, suas obras têm sido lidas e estudadas na Europa e no resto do
mundo. Especialmente, suas frases sobre a morte são muito apreciadas.
Longe de serem algo sombrio, triste, desesperador (como poderia se esperar
de algum pensador dos tempos antigos), suas reflexões transmitem um
sentimento de serenidade e esperança. São frases maravilhosas, que
consolam quem enfrenta o luto.
Santo Agostinho não propõe a morte
como fim da vida e não transmite sentimentos de incerteza, desespero ou
terror que comumente são ligados a esse evento. Ele vê a morte
como uma condição natural, como uma passagem ou uma transformação do
estado da vida a um estado diferente, mas natural, que mantém
sua continuidade com a existência terrena.
A
morte não é o fim
Agostinho
fala da pessoa falecida como alguém que alcançou uma espécie de
condição superior: “aqueles que nos deixaram (…) têm os olhos
repletos de glória fixos nos nossos repletos de lágrimas”.
Uma presença constante que só se
tornou invisível aos nossos olhos, mas que, na realidade, está muito perto
de nós: “não estão distantes: estão do outro lado, virando a esquina”.
Santo Agostinho, embora seja um Padre
da Igreja, não faz referências a prêmios ou punições divinas, mas
fala da relação entre as pessoas que passaram para o outro lado e aquelas
que ficaram, evidenciando ainda a relação forte que permanece, ao ponto
que “um sorriso” do vivo se torna “a paz” da pessoa que não está mais
presente aqui.
Abaixo,
alguns pensamentos de Santo Agostinho a respeito dessa passagem para a
Eternidade:
“Reencontrarás o meu coração,
reencontrarás nele a ternura purificada. Enxuga tuas lágrimas e não
chores, se me amas: o teu sorriso é a minha paz.”
“O meu
nome seja sempre a palavra familiar de antes: pronunciai-o sem o mínimo
sinal de sombra ou de tristeza.”
“Aqueles que nos deixaram não estão
ausentes; são invisíveis, têm seus olhos repletos de glória fixos em
nossos repletos de lágrimas.”
“Se amas a vida e temes a morte, este
mesmo temor da morte é como um inverno diário.”
“A nossa vida conserva todo o
significado que sempre teve: é a mesma de antes; existe
uma continuidade que não se rompe.”
“O
horror da morte não nasce da fantasia, mas da natureza.”
“Aqueles que amamos e que perdemos
não estão mais onde estavam antes, mas estão onde quer que
estejamos.”
“Não podemos viver o quanto queremos,
e morreremos mesmo se não quisermos.”
“Por que eu deveria estar fora de teus
pensamentos e da tua mente, só porque estou fora da tua vista? Não estou
distante, estou do outro lado, logo virando a esquina. Tranquiliza-te,
está tudo bem.”
“A morte não é nada. Apenas fiz a
passagem para o outro lado: é como se estivesse escondido no quarto
ao lado. Eu sempre serei eu e tu serás sempre tu. O que éramos antes um para o
outro o somos ainda.”
A morte não é nada
(Santo Agostinho)
A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
Trecho
extraído do livro “Superando a dor da perda de quem você ama“, de padre Licio
Vale e Rodrigo Luiz dos Santos
(*) Missionário na
Canção Nova, Rodrigo Luiz formou-se em Jornalismo pela Faculdade Canção Nova. É
casado com Adelita Stoebel, também missionária na mesma comunidade. Autor de
livros publicados pela Editora Canção Nova.
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