VII-REFLEXÃO DOMINICAL I:
"O
CÉU NÃO ESTÁ A VENDA..."
“Bom Mestre, o que devo fazer para alcançar a Vida Eterna?” É a
pergunta que uma pessoa muito boa e piedosa da comunidade, dirige a Jesus no
evangelho desse domingo.
O conceito de um “céu” que pode ser conquistado com boas obras
está muito arraigado em todos nós porque é esta a pedagogia que se aplicou por
muito tempo na educação dos filhos e na escola. “Seja bonzinho, estude bastante
e passe de ano, que no final do ano eu te dou “aquele” presente que tanto você
quer”.
Na minha classe do antigo primário, eu sentava-me na fila “B”
onde os colegas nos chamavam de “burrinhos”, ás vezes só os alunos da fila “A”
saiam para o recreio, como estímulo para continuarem a ser bons, pois os “bons”
são sempre premiados. É normal que a maioria ainda pense assim em relação à
Vida Eterna.
Mas Jesus desmonta este esquema mercantilista quando afirma,
logo de início, que somente Deus é bom. Em seguida menciona a observância de
cinco mandamentos nas relações com o próximo: adultério, fraude, falso
testemunho, furto e a honra ao Pai e à Mãe. Note-se que não se tratam de
simples preceitos, mas de uma relação fundamentada no amor e na comunhão, sempre
marcada pela verdade, na vivência de algo que não se trata de uma simples
aparência, mas que provém do interior, das virtudes presentes no coração de
quem crê verdadeiramente e ama a Deus e ao seu reino.
O coração dessa pessoa, que se aproximou de Jesus, se encheu de
alegria, pois sentiu, na resposta de Jesus, que estava no caminho certo,
respondendo todo cheio de si, que já praticava tudo isso desde a sua infância.
Então, olhando para ele Jesus o amou. Quando Deus nos ama ele nos quer por
inteiro, ele quer ser o único em nossa vida e assim, Jesus convidou aquela
pessoa a dar mais um passo para a perfeição na Santidade, pois só lhe faltava
uma coisa: “vá, venda tudo o que tens e dá aos pobres”.
Esta última frase “dar aos pobres” é rica em significado, pois pobres
são pessoas que têm necessidades, é exatamente essa a nossa condição diante de
Deus: precisamos sempre dele, de sua Graça e Salvação, do seu amor e da sua
misericórdia. Ser pobre em espírito é ter esta consciência!
O evangelho nos relata que aquela pessoa foi embora triste,
porque no fundo achava que suas virtudes morais e aquela vida piedosa desde a
infância, já eram suficientes para conquistar a Vida eterna. A sua riqueza, que
era muita conforme menciona o e texto, considerada uma bênção, era um sinal de
que sua vida virtuosa tinha a aprovação de Deus. “Sejam bons, pratiquem o
evangelho, cumpram todas as obrigações para com Deus e a sua Igreja,
principalmente dando o dízimo, e a sua vida vai melhorar porque Deus lhes
abençoará dando-lhe prosperidade” Enfim, Deus me dá, porque eu mereço...
Essa religião dos merecimentos não nos conduzirá a Vida Eterna,
podemos ter a certeza! A Graça e a Salvação que Deus nos concedeu em Jesus
Cristo é puro dom imerecido. Na pobreza em espírito nos sentimos totalmente dependentes
de Deus.
Não é o nosso patrimônio, o capital ou a riqueza que temos, que
nos dá felicidade e segurança nessa vida, mas o senhor nosso Deus. Por isso,
quando não temos a Sabedoria de Deus, e não sabemos nos relacionar com os bens
deste mundo, eles se tornam um grande obstáculo e será muito difícil um rico
entrar no Reino de Deus. Os discípulos ficaram assombrados justamente porque a
riqueza, como já refletimos, era considerada uma bênção, dada a quem a
merecesse.
Quem então poderá se salvar? E diante dessa pergunta Jesus fala
da grande novidade, nada há que o homem possa fazer que mereça a Salvação, ela
é dada e oferecida gratuitamente por Deus a todos os homens. O apóstolo Pedro
ainda pensa em uma religião do merecimento quando menciona a si e aos demais,
que deixaram tudo para seguir a Jesus.
E aí vem a outra grande novidade que eles não sabiam: a Vida
Eterna já começa nesta vida e atinge a sua plenitude na eternidade.
Quem colocou toda sua confiança e esperança em Cristo Jesus, fazendo somente dele
a razão da sua esperança, nunca mais terá necessidade de nada em sua vida, e
assim terá de volta o cêntuplo, como garante o evangelho.
José da Cruz é Diácono
da
Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP
E-mail jotacruz3051@gmail.com
http://www.npdbrasil.com.br/religiao/rel_hom_gotas0373.htm#msg01
Nenhum comentário:
Postar um comentário