XIII- HISTÓRIA
INSPIRADORA DE MISSIONÁRIO
São Damião de Molokai, o missionário que se
tornou leproso por amor aos leprosos
Ele pediu ser enviado à ilha-colônia onde eram descartados aqueles
que ninguém queria: um inferno de desespero entre cães que comiam cadáveresA ilha
de Molokai,
no arquipélago do Havaí,
se tornou sinônimo de segregação e morte quando, no século XIX, passou a ser
usada como “colônia de leprosos” abandonados à própria sorte. Para lá eram
enviados os doentes de hanseníase das
outras ilhas, a fim de morrerem longe da assim chamada “comunidade sadia”.
Essa
desumanidade começou a ser corrigida graças à heroica dedicação de um santo
católico, tão entregue aos cuidados daqueles a quem ninguém desejava que ele
próprio contraiu a doença e dela morreu.
São Damião de Molokai, padre missionário católico
belga cuja festa é celebrada pela Igreja no dia 10 de maio (no Havaí, em 15 de
abril), costumava declarar:
“Nenhum sacrifício é grande demais se for feito por Cristo”.
São
Damião nasceu na Bélgica em 3 de janeiro de 1840, batizado como Jozef Van Veuster. Foi
como religioso na congregação dos Padres dos Sagrados Corações de Jesus e Maria
que ele adotou o nome pelo qual é hoje conhecido. Enviado em missão ao Havaí,
foi ordenado
sacerdote na capital das ilhas, Honolulu, em 24 de maio de
1864.
Ele
não apenas servia aos moradores como padre, mas ainda trabalhava com as próprias mãos para
ajudar a comunidade. A igreja local, por exemplo, foi literalmente construída
por ele, o que lhe rendeu muito apreço da população.
No
entanto, uma devastadora epidemia
de hanseníase começou a gerar o caos na comunidade e
provocou um grave fenômeno de discriminação, isolamento e cruel abandono,
causados basicamente pela ignorância generalizada.
Os
doentes eram segregados e enviados à “ilha-caixão” de Molokai, um destino não
somente de morte certa, mas de um fim de vida despojado de dignidade e
humanidade. Os doentes, rejeitados
como lixo vivo, buscavam algum alívio na embriaguez. A ilha era
palco de muita violência, fruto natural da privação de esperança e de
civilidade elementar. Os dias se arrastavam entre doentes bêbados, gemidos de
moribundos e uivos de cães que comiam os cadáveres abandonados ao léu.
Foi
a essa “colônia especial” que o padre Damião solicitou ser enviado.
Ele
desembarcou em Molokai com vários leprosos para lá desterrados, sabendo que,
muito provavelmente, jamais sairia vivo daquela ilha de sofrimento.
Aos
poucos, porém, o santo missionário foi transformando Molokai. Ele construiu
na ilha uma igreja dedicada a Santa Filomena, um hospital, uma enfermaria, uma
escola e algumas casas. Além das restrições materiais, teve de enfrentar as
zombarias de muitos dentre os próprios doentes, já contaminados por uma
desesperança tão mortal quanto era na época a sua enfermidade física.
Em
1885, aos 49 anos, o próprio pe. Damião contraiu a lepra. Tendo-lhe sido
oferecido sair da ilha para receber tratamento, ele se recusou:
“Eu me sinto feliz e contente. Mesmo que me fosse dada a
oportunidade de sair daqui em boa saúde, diria sem titubear: fico com os meus
leprosos”.
Apesar
das dores, ele deu prosseguimento à obra de Deus no meio daquele povo
desprezado. Pouco antes de morrer, pôde ver a chegada do pe. Wendelin e das
irmãs franciscanas, que assumiram a enfermaria. Uma delas era a beata Madre
Marianna Cope, que serviu
aos doentes da ilha durante mais de 30 anos.
O
pe. Damião partiu para a vida eterna em 15 de abril de 1889, foi beatificado
por São João Paulo II em 1995 e canonizado por
Bento XVI em 2009.
São
Damião de Molokai é tão reconhecido por católicos e não-católicos que, no
Capitólio dos Estados Unidos, a imagem que representa o Estado do Havaí é uma
estátua de bronze deste sacerdote-herói.
Nenhum comentário:
Postar um comentário