IV- OUTUBRO: MÊS MISSIONÁRIO E MARIANO
Outubro, um mês missionário e mariano Outubro é o mês
de Nossa Senhora Aparecida, mês de Nossa Senhora do Rosário, bem como é o mês
da última aparição de Nossa Senhora em Fátima, quando ela disse “Eu sou a
Senhora do Rosário”. Como o mês de maio, outubro também é considerado um mês
Mariano, porque Maria é a discípula e missionária por excelência.
4.1-Outubro: Mês Missionário
e mês do Rosário
Este mês das missões é também
denominado o mês do Rosário. É um ato de piedade importante dentro da tradição
da Igreja e que, assim como começou sua difusão, também hoje necessitamos de rezar
para vencer os combates de cada dia. A devoção à Virgem do Rosário remonta ao
século XIII, aproximadamente. Foi muito difundida pelos padres dominicanos. A
palavra vem do costume da idade Média da oferta de coroas de flores às
autoridades. Os cristãos adotaram esse costume oferecendo a Maria a tríplice
coroa de rosas, hoje acrescentada de mais uma. É uma devoção de cunho
eminentemente popular já que a recitação do rosário é, na verdade, uma
catequese, chamada de evangelho dos pobres, pois contemplam-se os principais
mistérios da fé que estão nas escrituras e, normalmente, as pessoas sabem de
cor já que no passado o analfabetismo impunha restrições aos textos escritos.
Em 1571, no levante naval de Lepanto, a vitória das frotas cristãs contra os
turcos foi atribuída a Nossa Senhora do Rosário. Como resultado, o Papa Pio V
estabeleceu liturgicamente a festa de Nossa Senhora da Vitória, que depois foi
mudada pelo Papa Gregório XIII em 1573 para festa da Virgem do Rosário,
inicialmente no primeiro domingo de outubro, que depois de 1913, foi
transferida para o dia 7. O seu culto foi ainda mais difundido após as
aparições de Lourdes, onde a Virgem recomendava a Bernadete a prática da
oração, através da recitação do rosário. A comemoração deste mês temático é um
convite para que todos possam refletir sobre os mistérios de Cristo,
acompanhado da Virgem Maria, que foi associada de forma especial à Sua
encarnação, paixão e glória da ressurreição. Durante muito tempo foi essa
oração simples e profunda que sustentou a vida de fé de nosso povo. Hoje a
grande difusão do “terço dos homens” renova e inova essa prática antiga e
alimenta a oração contemplativa e a vida de nosso povo. O rosário também tem
sua origem na oração judaica, onde se rezava recitando cotidianamente os salmos
de uma forma cadenciada. Esta maneira de rezar foi passada às primeiras
comunidades cristãs nascentes. No início eram rezados os 150 salmos
diariamente, prática que se estendeu por uma semana e hoje está estendida por
um mês. Quando se iniciaram as ordens missionárias, a oração monástica dos 150
salmos foi substituída pela oração do rosário, pois transportar os grandes
livros dos salmos tornava impossível a locomoção para as missões. Mais tarde se
introduziu o “breviário” para facilitar os que tinham que locomover muito.
Temos também notícias que já no século IX de que na Irlanda havia o hábito de
amarrar nós a uma corda para contar, em vez de salmos, as Aves Maria. Essa
prática devocional a Nossa Senhora foi depois espalhada pela Europa, e com grande
crescimento ao longo dos anos seguintes. O Santo Padre Leão XIII escreveu
documentos riquíssimos sobre o Rosário, dentre eles a sua Encíclica Supremi
officio, de 01 de setembro de 1883. Na ladainha dos Santos incluiu a menção a
Nossa Senhora do Rosário. Ele recebeu o título de Papa do Rosário. São João
Paulo II, por sua vez, publica em 16 de outubro de 2002, a Carta Apostólica
Rosarium Virginis Mariae. Nela o Papa acrescenta os Mistérios da Luz. Após o
dia 11 de setembro, na abertura do Sínodo dos Bispos daquele ano de 2001, o
Papa afirma categoricamente: “Eu desejo confiar à grande causa da Paz à oração
do Rosário. É cada vez mais necessário recorrermos ao poder da oração. Nesta
perspectiva, o Rosário torna-se fundamental. Ele constrói a paz, porque apela para
a graça de Deus, semeia o bem, a partir do qual podemos esperar o fruto da
justiça e da solidariedade para a comunidade e para a vida pessoal.” O rosário
é antes de tudo uma oração contemplativa, um caminho de contemplação. Ele nos
educa à contemplação dos mistérios de Cristo, sendo uma verdadeira pedagogia
para a santificação da vida. O Papa Paulo VI, em sua Exortação Apostólica sobre
Maria (Marialis cultus), recorda a importância da contemplação dos mistérios
durante a oração do rosário (n. 47). Neste sentido Paulo VI e a Igreja, querem
afirmar o sentido autêntico, genuíno desta oração mariana, que nunca deixa de
ser um meditar sobre os mistérios da vida do Senhor, visto através dos olhos de
Maria, que estava mais perto Dele. Assim, as riquezas insondáveis desta
meditação são reveladas. A afirmação do rosário como oração contemplativa
conseguiu até mesmo entrar para a linguagem popular: “hoje vamos
contemplar...”. A nossa vida cristã, assim, torna-se mais orante, mais
contemplativa, mais mistérica. Assimila-se no interior de nossos corações toda
a vida de Cristo. Entra-se na comunhão do Pai, por Cristo, no Espírito.
Ajuda-nos a aprofundar a nossa relação com Deus e nossos sentimentos de amor a
Cristo e a Maria. O rosário é uma escola de fé, uma comunhão de vida com
Cristo, o Senhor na vida do cristão, que deve, sem dúvida, impulsionar o devoto
à missão apostólica em favor da Igreja de Cristo. É a missionariedade que nasce
do Rosário. A contemplação do rosário leva-nos a entrar no grande mistério da
vinda de Jesus, que é um olhar, por certo, divino sobre o mundo e sua
realidade. Com a contemplação somos chamados a descer a montanha da
transfiguração, tal como Jesus o fez com os apóstolos, e olharmos o mundo com
os mesmos sentimentos de Cristo. Olharmos o homem e a realidade que o cerca, e
o que esta em acordo ou em desacordo com a vontade do Senhor. Estar com Deus
significa estar com o homem. O rosário nos traz o olhar de Mãe, que só quer o
bem de seus filhos, o seu crescimento, o seu desenvolvimento interior e também
de sua realização pessoal. Por isso, o rosário deve ser meditado na intenção
especial da Igreja de hoje, do mundo e também da realidade social, política e
econômica que nos envolve. É assim, poderíamos afirmar a dimensão cósmica da
recitação do rosário. E lembrando-nos do Filho não temos como não lembrar a
Mãe. O rosário está repleto de alusões à Virgem Maria. Indica-nos uma Maria
contemplativa conosco, que tudo guardava e meditava em seu coração (Lc 2,
19.51). Ela é uma mulher da meditação, com uma qualidade de vida contemplativa.
Ela é uma mulher de oração e com a Igreja, como a vemos no cenáculo com os
Apóstolos. Uma verdadeira oração eclesial cuja dimensão devemos nos ater. (Dom
Orani João Tempesta).
http://franciscanasdedillingen.org.br/images/acervo/Estudos/Outubro_Mes_do_Rosario.pdf
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