III- LITURGIA DA VIGÍLIA DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
- Hoje é
dia de muita alegria, pois é Noite de Natal. Celebramos o maior dom que a
humanidade já recebeu: nasceu para nós o Salvador! Por isso, esta é uma Noite
Santa! Uma noite de louvor e de ação de graças a Deus que não permaneceu
distante de nós, mas se dignou vir ao nosso encontro, assumindo a nossa carne
frágil e limitada, para nos resgatar do mundo do pecado e nos dar uma vida nova
em seu amor.
- A primeira leitura, do profeta Isaías, o
Evangelho de São Lucas e a nossa realidade atual, mesmo separadas por
séculos, compartilham um mesmo pano de fundo existencial: a experiência humana
de dor, opressão e trevas. Isaías descreve um povo esmagado pelo jugo dos
opressores, vivendo sob o domínio cruel da Assíria. No tempo de Jesus, o povo
estava novamente sob dominação estrangeira, agora pelas mãos do Império Romano,
submetido às ordens de César Augusto, que decretou um recenseamento. Foi esse
decreto que fez com que José e Maria peregrinassem a Belém, cidade de Davi, e
lá Jesus nascesse sem lugar digno para se abrigar, revelando, já no nascimento,
que Deus se fez pobre entre os pobres, solidário com os pequenos, próximo de
quem sofre. E aqui está o grande mistério: em meio às opressões do mundo, é
justamente uma criança frágil que nos é dada. Um menino envolto em faixas,
deitado numa manjedoura. Mas Ele será chamado Príncipe da Paz. Ele é o
Maravilhoso Conselheiro, o Deus Forte, o Pai para sempre, como anunciou Isaías.
Este menino pobre e vulnerável conduz o seu povo para a verdadeira felicidade,
não uma felicidade passageira, mas aquela que nasce da justiça e da dignidade.
É Ele quem nos dá vida em plenitude, vida digna para todos, especialmente para
os pobres, os marginalizados, os pequenos deste mundo. O Natal, por isso, nos
recorda que Deus escolheu os humildes para confundir os poderosos, e manifestou
sua glória na simplicidade e na pobreza. Nos nossos dias, também vivemos tempos
de trevas. Vemos crescente cinismo e indiferença espiritual, divisões sociais e
familiares, acúmulos escandalosos de riqueza ao lado de miséria extrema,
violência urbana e guerras globais, famílias desestruturadas, pessoas
abandonadas, descrença em Deus, e valores morais relativizados ou até mesmo
desprezados. Aos olhos humanos, tudo isso parece desesperador e sem saída.
- Mas é justamente aí que brilha a luz da fé.
Aos olhos de Deus, que caminha com seu povo, ainda há esperança. O profeta
Isaías anunciou com firmeza: "O povo que andava na escuridão viu uma
grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu"
(Is 9,1). E no Evangelho, essa luz se manifesta na encarnação do Verbo. O anjo
do Senhor anuncia aos pastores: "Eu vos anuncio uma grande alegria, que
será para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador,
que é o Cristo Senhor" (Lc 2,10-11). A noite de Natal é, portanto, uma
noite de luz em meio às trevas. Mas não qualquer luz: é a luz de uma promessa
cumprida pela Palavra que se fez carne; a luz da presença real de Deus na
história humana.
- Assim,
cuidemos para que o Natal não seja reduzido à festa da sociedade de consumo, à
celebração do esbanjamento institucionalizado, onde Cristo é deixado de fora.
Não podemos celebrar o nascimento do Salvador com um coração que ignora os
pobres e exclui os necessitados. Natal não pode ser apenas uma festa de
presentes e decorações luminosas, sem partilha e solidariedade; não pode ser um
tempo de poesia sentimental sobre bondade genérica, sem um compromisso real com
a vida do irmão. É inútil um Natal repleto de emoção superficial se falta conversão
e generosidade verdadeira. Natal é festa da encarnação do Reino entre nós pelo
Cristo Senhor. Nele encontramos o sentido de nossa vida para sermos discípulos
missionários; "peregrinos de esperança" na atualidade
https://diocesedesaomateus.org.br/wpcontent/uploads/2025/11/24_12_25.pdf
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